Asma: Como Tratar pelo SUS

Se você ou alguém da sua família sofre com asma, saiba que o SUS disponibiliza uma rede de atendimento estruturada para oferecer o suporte necessário. Vamos entender melhor como funciona essa doença e, principalmente, como navegar pelo sistema de saúde para obter o tratamento adequado.

4/27/202520 min read

Asma: Como Tratar pelo SUS - Passo a Passo Completo

O que é Asma e Como o SUS Pode Ajudar no Tratamento

A asma é uma doença respiratória crônica caracterizada pela inflamação e estreitamento das vias aéreas, causando episódios recorrentes de falta de ar, chiado no peito, tosse e sensação de aperto no tórax. Segundo dados do Ministério da Saúde, a asma afeta aproximadamente 6,4 milhões de brasileiros acima de 18 anos, sendo uma das doenças respiratórias crônicas mais comuns no país.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento completo para pessoas com asma, desde o diagnóstico até o acompanhamento contínuo, incluindo consultas com especialistas, exames e fornecimento de medicamentos. Este artigo apresenta um guia detalhado sobre como acessar todos os serviços disponíveis no SUS para o tratamento da asma, ajudando você a controlar a doença e melhorar sua qualidade de vida.

Se você ou alguém da sua família sofre com asma, saiba que o SUS disponibiliza uma rede de atendimento estruturada para oferecer o suporte necessário. Vamos entender melhor como funciona essa doença e, principalmente, como navegar pelo sistema de saúde para obter o tratamento adequado.

Entendendo a Asma: Sintomas, Causas e Impactos na Saúde

Principais Sintomas da Asma

A asma se manifesta através de diversos sintomas que podem variar em intensidade e frequência de pessoa para pessoa. Os sintomas mais comuns incluem:

  • Falta de ar (dispneia): Sensação de não conseguir respirar adequadamente

  • Chiado no peito (sibilância): Som agudo durante a respiração, especialmente na expiração

  • Tosse persistente: Principalmente à noite ou nas primeiras horas da manhã

  • Aperto no peito: Sensação de pressão ou constrição torácica

  • Dificuldade para realizar atividades físicas: Os sintomas podem piorar durante ou após exercícios

  • Dificuldade para dormir: Devido aos sintomas que frequentemente pioram à noite

Estes sintomas podem aparecer em episódios chamados de "crises" ou "ataques" de asma, que podem ser desencadeados por diversos fatores, como exposição a alérgenos, infecções respiratórias, exercícios físicos, ar frio, poluição, fumaça de cigarro, entre outros.

Causas e Fatores de Risco

A asma é uma doença multifatorial, ou seja, diversos elementos podem contribuir para seu desenvolvimento. Entre os principais fatores estão:

  • Predisposição genética: Histórico familiar de asma ou outras doenças alérgicas

  • Alergias: Pessoas com rinite alérgica, dermatite atópica ou outras condições alérgicas têm maior risco

  • Exposição a alérgenos: Ácaros, pelos de animais, pólen, fungos e baratas

  • Infecções respiratórias na infância: Especialmente infecções virais

  • Exposição à poluição e irritantes: Fumaça de cigarro, poluição do ar, produtos químicos

  • Obesidade: Está associada a maior risco de desenvolvimento de asma

Impactos da Asma na Qualidade de Vida

Quando não controlada adequadamente, a asma pode causar diversos impactos negativos na vida do paciente:

  • Limitação nas atividades diárias e exercícios físicos

  • Faltas frequentes na escola ou no trabalho

  • Distúrbios do sono e fadiga crônica

  • Necessidade de visitas frequentes a serviços de emergência

  • Hospitalizações recorrentes

  • Efeitos colaterais de medicamentos usados em excesso (como corticoides)

  • Impacto emocional e psicológico, incluindo ansiedade e depressão

Por isso, o diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para controlar a doença e minimizar seus impactos. Felizmente, o SUS oferece todos os recursos necessários para o manejo adequado da asma, desde a atenção primária até serviços especializados.

Classificação da Asma e Níveis de Controle

Para definir o tratamento mais adequado, os médicos classificam a asma de acordo com sua gravidade e nível de controle:

Classificação quanto à gravidade:

  • Asma intermitente: Sintomas ocorrem menos de duas vezes por semana, com crises breves

  • Asma persistente leve: Sintomas mais de duas vezes por semana, mas não diários

  • Asma persistente moderada: Sintomas diários que afetam as atividades e o sono

  • Asma persistente grave: Sintomas contínuos, limitação física importante, crises frequentes

Classificação quanto ao controle:

  • Asma controlada: Sem sintomas diurnos ou com sintomas ≤ 2 vezes por semana, sem limitação de atividades, sem sintomas noturnos, uso de medicação de resgate ≤ 2 vezes por semana, função pulmonar normal

  • Asma parcialmente controlada: Presença de qualquer um dos seguintes: sintomas diurnos > 2 vezes por semana, alguma limitação de atividades, sintomas noturnos, uso de medicação de resgate > 2 vezes por semana, função pulmonar < 80% do previsto

  • Asma não controlada: Três ou mais características da asma parcialmente controlada presentes em qualquer semana

Estas classificações ajudam os profissionais de saúde a determinar o tratamento mais adequado e a ajustar as medicações conforme necessário. No SUS, o acompanhamento regular permite que essas avaliações sejam feitas periodicamente, garantindo o melhor controle possível da doença.

Diagnóstico da Asma no SUS: Primeiro Passo para o Tratamento

O diagnóstico correto é fundamental para iniciar o tratamento adequado da asma. No SUS, este processo segue um fluxo bem definido, começando pela Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da sua residência.

Passo a Passo para o Diagnóstico da Asma no SUS

  1. Consulta na Atenção Primária:

    O primeiro passo é procurar a UBS da sua região. Leve seu Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS), documento de identidade e comprovante de residência. Na UBS, você passará por uma consulta com um médico de família ou clínico geral, que fará uma avaliação inicial dos seus sintomas.

  2. Avaliação Clínica:

    Durante a consulta, o médico fará perguntas sobre seus sintomas, histórico de saúde pessoal e familiar, fatores desencadeantes e impacto dos sintomas na sua vida diária. Um exame físico também será realizado, com atenção especial à ausculta pulmonar.

  3. Solicitação de Exames:

    Para confirmar o diagnóstico, o médico pode solicitar exames como:

    • Espirometria: Teste de função pulmonar que mede a quantidade e a velocidade do ar que você consegue inspirar e expirar

    • Teste de broncoprovocação: Avalia a reatividade das vias aéreas

    • Pico de fluxo expiratório (PFE): Mede a velocidade máxima com que você consegue expirar

    • Radiografia de tórax: Para descartar outras condições

    • Exames de sangue: Para avaliar alergias ou inflamação

  4. Agendamento dos Exames:

    Com a solicitação médica em mãos, você deve agendar os exames na própria UBS ou em um centro de referência indicado. O tempo de espera pode variar conforme a disponibilidade na sua região.

  5. Retorno com Resultados:

    Após realizar os exames, retorne à UBS com os resultados para uma nova avaliação médica. Com base nos sintomas e nos resultados dos exames, o médico poderá confirmar o diagnóstico de asma.

  6. Encaminhamento para Especialista (se necessário):

    Casos mais complexos ou de difícil controle podem ser encaminhados para um pneumologista através do sistema de regulação do SUS. O encaminhamento é feito pelo médico da UBS.

Exames Disponíveis no SUS para Diagnóstico da Asma

O SUS oferece todos os exames necessários para o diagnóstico adequado da asma. Veja mais detalhes sobre os principais:

  • Espirometria:

    É o principal exame para diagnóstico da asma. Mede a função pulmonar e pode incluir um teste de reversibilidade com broncodilatador. No SUS, este exame é realizado em centros de referência em pneumologia ou em alguns hospitais. O tempo de espera médio varia de 30 a 90 dias, dependendo da região.

  • Pico de Fluxo Expiratório:

    É um teste simples que pode ser realizado na própria UBS. O aparelho (peak flow meter) mede a velocidade máxima do ar expirado, ajudando a monitorar a função pulmonar ao longo do tempo.

  • Radiografia de Tórax:

    Disponível em centros de diagnóstico por imagem do SUS, ajuda a descartar outras condições que podem mimetizar a asma, como pneumonia ou tuberculose.

  • Testes Alérgicos:

    Incluem testes cutâneos (prick test) e exames de sangue para identificar alérgenos específicos que podem desencadear crises. São realizados em centros especializados em alergia e imunologia do SUS.

É importante ressaltar que, mesmo após o diagnóstico inicial, o acompanhamento regular é fundamental para ajustar o tratamento conforme necessário. O SUS oferece consultas de retorno e monitoramento contínuo para pacientes com asma.

Tratamento da Asma pelo SUS: Medicamentos e Terapias Disponíveis

O tratamento da asma no SUS segue as diretrizes nacionais e internacionais, visando controlar os sintomas, prevenir crises e melhorar a qualidade de vida do paciente. O SUS oferece uma ampla gama de medicamentos e terapias para o tratamento da asma, disponíveis gratuitamente.

Medicamentos para Asma Disponíveis no SUS

Os medicamentos para asma são divididos em duas categorias principais:

1. Medicamentos de Controle (uso contínuo):

  • Corticosteroides Inalatórios:

    São a base do tratamento da asma persistente. Reduzem a inflamação das vias aéreas e previnem crises.

    Disponíveis no SUS: Beclometasona (spray nasal e inalatório), Budesonida (cápsulas para inalação)

  • Broncodilatadores de Longa Duração (LABA):

    Usados em conjunto com corticosteroides inalatórios em casos de asma moderada a grave.

    Disponíveis no SUS: Formoterol (cápsulas para inalação)

  • Associações (corticosteroide + broncodilatador):

    Combinam os benefícios de ambos os medicamentos em um único dispositivo.

    Disponíveis no SUS: Budesonida + Formoterol (cápsulas para inalação)

  • Antagonistas de Leucotrienos:

    Medicamentos orais que ajudam a controlar a inflamação, especialmente úteis para pacientes com asma e rinite alérgica.

    Disponíveis no SUS: Montelucaste (comprimidos)

  • Corticosteroides Orais:

    Usados em cursos curtos para tratar exacerbações graves ou em doses baixas para asma grave de difícil controle.

    Disponíveis no SUS: Prednisona, Prednisolona (comprimidos)

2. Medicamentos de Alívio (para crises):

  • Broncodilatadores de Curta Duração (SABA):

    Usados para alívio rápido dos sintomas durante crises.

    Disponíveis no SUS: Salbutamol (spray inalatório e solução para nebulização)

  • Brometo de Ipratrópio:

    Broncodilatador que pode ser usado em conjunto com o salbutamol em crises mais graves.

    Disponível no SUS: Brometo de Ipratrópio (solução para nebulização)

Como Obter os Medicamentos para Asma pelo SUS

O acesso aos medicamentos para asma pelo SUS segue um processo específico:

  1. Consulta Médica:

    O médico da UBS ou especialista avaliará seu caso e prescreverá os medicamentos adequados.

  2. Receita Médica:

    Você receberá uma receita em duas vias, contendo o nome do medicamento, dosagem, posologia e duração do tratamento.

  3. Retirada dos Medicamentos:

    Os medicamentos podem ser retirados em diferentes locais, dependendo do tipo:

    • Medicamentos Básicos: Disponíveis nas farmácias das UBS (como o Salbutamol)

    • Medicamentos do Componente Especializado: Retirados nas Farmácias de Medicamentos Especializados (como Budesonida + Formoterol)

  4. Documentação Necessária:

    Para retirar os medicamentos, você precisará apresentar:

    • Receita médica (duas vias)

    • Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS)

    • Documento de identidade

    • Comprovante de residência

    • Para medicamentos do Componente Especializado: Laudo de Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamento (LME) preenchido pelo médico, cópia de exames que comprovem o diagnóstico e, em alguns casos, termo de consentimento

  5. Renovação da Receita:

    As receitas de medicamentos de uso contínuo geralmente têm validade de 3 a 6 meses. Após esse período, é necessário retornar ao médico para avaliação e renovação da prescrição.

Dispositivos Inalatórios e Técnicas de Uso

Além dos medicamentos, o SUS também fornece os dispositivos necessários para sua administração:

  • Inaladores Pressurizados (sprays):

    Usados com ou sem espaçadores, são os dispositivos mais comuns.

  • Inaladores de Pó Seco:

    Utilizados para medicamentos como Budesonida e Formoterol.

  • Espaçadores:

    Dispositivos que facilitam o uso de inaladores pressurizados, especialmente para crianças e idosos. Podem ser solicitados nas UBS.

  • Nebulizadores:

    Disponíveis para uso nas UBS e hospitais durante crises. Em alguns casos, podem ser fornecidos para uso domiciliar.

É fundamental aprender a técnica correta de uso dos dispositivos inalatórios para garantir a eficácia do tratamento. Os profissionais de saúde do SUS (médicos, enfermeiros e farmacêuticos) são treinados para ensinar essas técnicas aos pacientes.

Passo a Passo para Acessar o Tratamento Completo da Asma pelo SUS

Para garantir um tratamento eficaz da asma pelo SUS, é importante seguir um caminho bem definido dentro do sistema. Veja o passo a passo completo:

1. Entrada no Sistema: Unidade Básica de Saúde (UBS)

  1. Cadastro na UBS:

    Procure a UBS mais próxima da sua residência. Leve seu documento de identidade, CPF, comprovante de residência e, se já tiver, o Cartão SUS. Caso não tenha o Cartão SUS, ele será emitido na própria unidade.

  2. Agendamento da Primeira Consulta:

    Após o cadastro, solicite o agendamento de uma consulta com o clínico geral ou médico de família. Em algumas UBS, esse agendamento pode ser feito por telefone ou aplicativos como o Meu SUS Digital.

  3. Consulta Inicial:

    Durante a consulta, relate detalhadamente seus sintomas, histórico de crises e fatores desencadeantes. O médico fará uma avaliação clínica e, se suspeitar de asma, solicitará exames para confirmar o diagnóstico.

2. Diagnóstico e Início do Tratamento

  1. Realização de Exames:

    Com a solicitação médica, agende os exames necessários (espirometria, radiografia de tórax, etc.) na própria UBS ou em centros de referência indicados.

  2. Retorno com Resultados:

    Após realizar os exames, retorne à UBS para uma nova consulta. O médico analisará os resultados e, se confirmado o diagnóstico de asma, iniciará o tratamento.

  3. Prescrição de Medicamentos:

    O médico prescreverá os medicamentos adequados ao seu caso, explicando como e quando utilizá-los. Pergunte sobre qualquer dúvida que tenha sobre o tratamento.

  4. Orientações sobre Técnicas Inalatórias:

    O médico ou enfermeiro demonstrará como usar corretamente os dispositivos inalatórios. Preste muita atenção, pois a técnica correta é fundamental para o sucesso do tratamento.

3. Acesso aos Medicamentos

  1. Farmácia da UBS:

    Para medicamentos básicos como o Salbutamol (bombinha de resgate), dirija-se à farmácia da própria UBS com a receita médica, Cartão SUS e documento de identidade.

  2. Farmácia Popular:

    Alguns medicamentos para asma também estão disponíveis no Programa Farmácia Popular, onde podem ser obtidos gratuitamente ou com desconto mediante apresentação de receita médica (pública ou privada), documento de identidade e CPF.

  3. Farmácia de Medicamentos Especializados:

    Para medicamentos do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (como associações de corticoides inalatórios e broncodilatadores de longa duração), você precisará:

    • Obter o Laudo de Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamento (LME) preenchido pelo médico

    • Reunir cópias de documentos pessoais, comprovante de residência, exames que comprovem o diagnóstico e receita médica

    • Entregar a documentação na Farmácia de Medicamentos Especializados da sua região

    • Aguardar a análise e aprovação do pedido (geralmente leva de 7 a 30 dias)

    • Após aprovado, retirar o medicamento mensalmente

4. Acompanhamento Contínuo

  1. Consultas de Retorno:

    O médico indicará a frequência das consultas de acompanhamento, geralmente a cada 3 ou 6 meses para asma controlada, e mais frequentes para asma não controlada.

  2. Monitoramento da Função Pulmonar:

    Periodicamente, novos exames de função pulmonar podem ser solicitados para avaliar a resposta ao tratamento.

  3. Ajustes no Tratamento:

    Com base na evolução dos sintomas e nos resultados dos exames, o médico pode ajustar as doses ou trocar medicamentos para otimizar o controle da asma.

  4. Renovação de Receitas:

    As receitas de medicamentos de uso contínuo precisam ser renovadas periodicamente. Agende a consulta de renovação antes que seus medicamentos acabem.

5. Atendimento Especializado (quando necessário)

  1. Encaminhamento para Pneumologista:

    Casos de asma de difícil controle, asma grave ou diagnóstico incerto podem ser encaminhados para avaliação com pneumologista. O encaminhamento é feito pelo médico da UBS através do sistema de regulação.

  2. Centros de Referência em Asma:

    Algumas cidades contam com centros especializados no tratamento de asma grave. O acesso a esses centros é feito por encaminhamento médico.

  3. Programas de Reabilitação Pulmonar:

    Pacientes com asma grave podem se beneficiar de programas de reabilitação pulmonar, disponíveis em alguns hospitais e centros especializados do SUS.

6. Atendimento de Urgência para Crises de Asma

  1. Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h):

    Em caso de crise de asma que não melhora com o uso da medicação de resgate, procure a UPA 24h mais próxima.

  2. Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU):

    Para crises graves com dificuldade respiratória intensa, ligue para o SAMU (192).

  3. Pronto-Socorro Hospitalar:

    Crises muito graves podem necessitar de atendimento em pronto-socorro hospitalar, com possibilidade de internação.

Seguindo este passo a passo, você terá acesso a um tratamento completo e contínuo para asma pelo SUS, desde o diagnóstico até o controle a longo prazo da doença.

Programas Especiais do SUS para Pacientes com Asma

Além do atendimento regular, o SUS oferece programas especiais que beneficiam pacientes com asma, proporcionando acesso facilitado a medicamentos e cuidados específicos.

Programa Farmácia Popular

O Programa Farmácia Popular disponibiliza medicamentos para asma gratuitamente ou com preços reduzidos. Os medicamentos para asma disponíveis neste programa incluem:

  • Brometo de Ipratrópio (solução para inalação)

  • Dipropionato de Beclometasona (spray nasal e inalatório)

  • Sulfato de Salbutamol (aerossol e solução para nebulização)

Para acessar esses medicamentos, basta apresentar:

  • Receita médica válida (do SUS ou de serviços privados)

  • Documento de identidade com foto

  • CPF

As receitas para medicamentos de uso contínuo têm validade de 180 dias, e você pode retirar os medicamentos mensalmente.

Programa de Medicamentos do Componente Especializado

Medicamentos mais específicos para asma moderada a grave estão disponíveis através do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), como:

  • Budesonida (cápsulas inalantes)

  • Formoterol (cápsulas inalantes)

  • Associação Budesonida + Formoterol

  • Montelucaste de sódio

  • Omalizumabe (para asma alérgica grave)

O acesso a estes medicamentos segue protocolos específicos definidos pelo Ministério da Saúde, e requer documentação mais detalhada, conforme mencionado anteriormente.

Programa Nacional de Controle da Asma (PNCA)

Embora não esteja implementado em todas as regiões do país, o Programa Nacional de Controle da Asma visa melhorar a assistência aos pacientes com asma através de:

  • Capacitação de profissionais de saúde

  • Educação dos pacientes sobre a doença

  • Fornecimento de medicamentos

  • Monitoramento da qualidade do atendimento

Verifique na sua UBS se este programa está disponível na sua região.

Programa de Reabilitação Pulmonar

Pacientes com asma grave podem se beneficiar de programas de reabilitação pulmonar, que incluem:

  • Exercícios respiratórios

  • Condicionamento físico supervisionado

  • Educação sobre a doença

  • Suporte psicológico

Estes programas são oferecidos em centros especializados e hospitais de referência do SUS, mediante encaminhamento médico.

Programa Saúde na Escola (PSE)

Para crianças e adolescentes com asma, o Programa Saúde na Escola inclui ações de:

  • Identificação precoce de sintomas respiratórios

  • Educação sobre asma para alunos, pais e professores

  • Orientações sobre o uso correto de medicamentos

  • Encaminhamento para atendimento na rede de saúde

Este programa é uma parceria entre os Ministérios da Saúde e da Educação, e funciona nas escolas públicas de ensino fundamental e médio.

Direitos dos Pacientes com Asma no SUS

Pessoas com asma têm direitos específicos garantidos pela legislação brasileira e pelas políticas do Sistema Único de Saúde. Conhecer esses direitos é fundamental para garantir um tratamento adequado.

Direito ao Diagnóstico e Tratamento Integral

Todo cidadão brasileiro tem direito a atendimento integral pelo SUS, o que inclui:

  • Consultas médicas com clínicos gerais e especialistas

  • Exames diagnósticos (espirometria, radiografias, etc.)

  • Medicamentos necessários para o tratamento

  • Dispositivos inalatórios e espaçadores

  • Atendimento de urgência e emergência em crises

  • Internação hospitalar quando necessário

  • Reabilitação pulmonar

Este direito está garantido pela Constituição Federal (artigo 196) e pela Lei Orgânica da Saúde (Lei nº 8.080/1990).

Direito a Medicamentos Gratuitos

Pacientes com asma têm direito a receber gratuitamente os medicamentos necessários para seu tratamento, através de diferentes programas:

  • Componente Básico da Assistência Farmacêutica (nas UBS)

  • Programa Farmácia Popular

  • Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (para medicamentos de alto custo)

Caso o medicamento prescrito não esteja disponível no SUS, em situações específicas, é possível solicitar judicialmente seu fornecimento, com base no direito constitucional à saúde.

Direitos Trabalhistas e Previdenciários

Pacientes com asma grave podem ter direitos trabalhistas e previdenciários específicos:

  • Afastamento temporário: Em casos de crises ou exacerbações que impossibilitem o trabalho, mediante atestado médico

  • Auxílio-doença: Para afastamentos superiores a 15 dias, após perícia médica do INSS

  • Aposentadoria por invalidez: Em casos muito graves, quando a asma incapacita permanentemente para o trabalho

  • Readaptação funcional: Direito a ser realocado em função compatível com suas limitações

Para acessar esses benefícios, é necessário documentação médica detalhada comprovando a gravidade da doença e suas limitações.

Direitos Educacionais para Crianças e Adolescentes

Crianças e adolescentes com asma têm direitos específicos no ambiente escolar:

  • Administração de medicamentos na escola, quando necessário

  • Abono de faltas por motivos de saúde relacionados à asma

  • Adaptações nas atividades físicas, conforme recomendação médica

  • Atendimento educacional domiciliar ou hospitalar durante internações prolongadas

Estes direitos são garantidos pelo Estatuto da Criança e do Adolescente e por resoluções do Conselho Nacional de Educação.

Como Garantir seus Direitos

Se você enfrentar dificuldades para acessar tratamento ou medicamentos para asma no SUS, pode recorrer a:

  1. Ouvidoria do SUS:

    Registre sua reclamação pelo telefone 136 ou pelo site da Ouvidoria do SUS.

  2. Conselho Municipal de Saúde:

    Procure o Conselho Municipal de Saúde da sua cidade para relatar problemas no atendimento.

  3. Ministério Público:

    Em casos de negativa persistente de atendimento ou fornecimento de medicamentos, procure a Promotoria de Justiça de Defesa da Saúde do Ministério Público do seu estado.

  4. Defensoria Pública:

    Oferece assistência jurídica gratuita para pessoas que não podem pagar por advogados particulares.

Lembre-se de sempre documentar suas solicitações e guardar cópias de receitas, laudos médicos e protocolos de atendimento, pois eles são fundamentais para comprovar suas necessidades.

Dicas para Viver Melhor com Asma: Além dos Medicamentos

O tratamento da asma vai além do uso de medicamentos. Mudanças no estilo de vida e cuidados com o ambiente podem fazer grande diferença no controle da doença e na qualidade de vida.

Controle Ambiental

Identificar e evitar fatores desencadeantes é fundamental para prevenir crises:

  • Ácaros da poeira:

    Use capas anti-ácaros em colchões e travesseiros; lave roupas de cama semanalmente com água quente; reduza tapetes, cortinas e objetos que acumulam poeira; limpe a casa regularmente com pano úmido.

  • Pelos de animais:

    Se possível, evite animais de estimação com pelos ou penas; caso tenha animais, mantenha-os fora dos quartos e dê banhos regulares neles.

  • Mofo e umidade:

    Mantenha ambientes bem ventilados; repare infiltrações; use desumidificadores em áreas úmidas; limpe áreas com mofo usando solução de água sanitária diluída.

  • Fumaça:

    Não fume e evite ambientes com fumaça de cigarro; evite queimadas e locais com poluição do ar.

  • Poluentes domésticos:

    Evite produtos com cheiros fortes como perfumes, produtos de limpeza e inseticidas; prefira produtos hipoalergênicos.

  • Alimentos:

    Identifique e evite alimentos que possam desencadear sintomas (em alguns casos, conservantes, corantes e sulfitos podem piorar a asma).

Atividade Física

Contrariamente ao que muitos pensam, a atividade física regular é benéfica para pessoas com asma:

  • Melhora a capacidade respiratória e a tolerância ao exercício

  • Fortalece os músculos respiratórios

  • Reduz a frequência e intensidade das crises

  • Ajuda no controle do peso, o que beneficia o controle da asma

  • Melhora a qualidade de vida e reduz o estresse

Dicas para praticar exercícios com segurança:

  • Consulte seu médico antes de iniciar um programa de exercícios

  • Use seu broncodilatador de resgate 15-30 minutos antes do exercício, se recomendado pelo médico

  • Faça aquecimento adequado antes e desaquecimento após o exercício

  • Evite exercícios em ambientes muito frios, secos ou poluídos

  • Hidrate-se adequadamente antes, durante e após o exercício

  • Atividades como natação, caminhada, ciclismo e yoga são geralmente bem toleradas

Alimentação Saudável

Uma dieta equilibrada pode contribuir para o controle da asma:

  • Alimentos anti-inflamatórios:

    Frutas, vegetais, peixes ricos em ômega-3, azeite de oliva, nozes e sementes podem ajudar a reduzir a inflamação.

  • Vitamina D:

    Níveis adequados de vitamina D estão associados a melhor controle da asma. Fontes incluem exposição solar moderada, peixes gordurosos, ovos e alimentos fortificados.

  • Controle do peso:

    A obesidade pode piorar os sintomas da asma. Manter um peso saudável através de alimentação equilibrada e exercícios regulares é importante.

  • Hidratação:

    Beber água suficiente ajuda a manter as secreções respiratórias mais fluidas.

Controle do Estresse

O estresse e as emoções fortes podem desencadear ou piorar crises de asma. Técnicas para gerenciar o estresse incluem:

  • Meditação e mindfulness

  • Técnicas de respiração profunda

  • Yoga e tai chi

  • Atividades relaxantes como leitura, música ou hobbies

  • Terapia psicológica, quando necessário

O SUS oferece práticas integrativas e complementares em algumas unidades, como yoga, meditação e acupuntura, que podem ajudar no manejo do estresse.

Plano de Ação para Crises

Ter um plano de ação escrito para crises é fundamental:

  • Reconhecer os sinais de alerta de uma crise

  • Saber quais medicamentos usar e em que dosagem

  • Identificar quando procurar atendimento médico de emergência

  • Ter contatos de emergência facilmente acessíveis

Peça ao seu médico para elaborar um plano de ação personalizado e mantenha-o sempre à mão.

Vacinação

Pessoas com asma devem manter suas vacinas em dia, especialmente:

  • Vacina contra influenza (gripe) anualmente

  • Vacina pneumocócica

  • Vacina contra COVID-19

Estas vacinas estão disponíveis gratuitamente no SUS e são importantes para prevenir infecções respiratórias que podem desencadear crises de asma.

Grupos de Apoio

Participar de grupos de apoio para pessoas com asma pode trazer benefícios como:

  • Troca de experiências e dicas práticas

  • Suporte emocional

  • Acesso a informações atualizadas sobre a doença

  • Motivação para aderir ao tratamento

Informe-se na sua UBS sobre grupos de apoio disponíveis na sua região ou busque comunidades online.

Perguntas Frequentes sobre Asma e Tratamento pelo SUS

1. A asma tem cura?

Atualmente, a asma não tem cura definitiva, mas com o tratamento adequado, a grande maioria dos pacientes consegue controlar completamente os sintomas e levar uma vida normal. Em algumas crianças, os sintomas podem diminuir significativamente ou até desaparecer na adolescência, mas a predisposição à doença permanece.

2. Posso ficar sem usar os medicamentos quando estou sem sintomas?

Não é recomendado interromper o uso dos medicamentos de controle (como corticoides inalatórios) mesmo quando os sintomas desaparecem. Esses medicamentos atuam prevenindo a inflamação das vias aéreas e, se interrompidos, os sintomas tendem a retornar. Qualquer ajuste na medicação deve ser feito apenas com orientação médica.

3. Os corticoides inalatórios causam os mesmos efeitos colaterais dos corticoides orais?

Não. Os corticoides inalatórios são muito mais seguros que os orais, pois agem diretamente nas vias aéreas em doses muito menores. Quando usados nas doses recomendadas e com a técnica correta, os efeitos colaterais são mínimos e localizados (como candidíase oral, que pode ser prevenida com higiene bucal após o uso).

4. Crianças com asma podem praticar esportes?

Sim, absolutamente. Com o tratamento adequado, crianças com asma podem e devem praticar esportes. A atividade física regular melhora a capacidade respiratória e o condicionamento físico, contribuindo para o controle da asma. Em alguns casos, o médico pode recomendar o uso de broncodilatador antes do exercício para prevenir sintomas.

5. Quanto tempo leva para conseguir consulta com pneumologista pelo SUS?

O tempo de espera varia conforme a região e a disponibilidade de especialistas. Em média, pode levar de 1 a 6 meses. No entanto, casos mais graves recebem prioridade. Enquanto aguarda a consulta especializada, continue o acompanhamento com o médico da UBS, que pode iniciar o tratamento e ajustar medicações conforme necessário.

6. O que fazer se o medicamento prescrito não estiver disponível na farmácia do SUS?

Se o medicamento não estiver disponível, você pode:

  • Verificar em outras unidades de saúde da região

  • Consultar a Farmácia Popular, que pode ter o medicamento gratuitamente ou com desconto

  • Informar ao médico, que pode prescrever uma alternativa terapêutica disponível

  • Registrar uma reclamação na Ouvidoria do SUS (telefone 136)

  • Em último caso, para medicamentos essenciais, buscar orientação jurídica na Defensoria Pública

7. Pessoas com asma têm maior risco de complicações por COVID-19?

Pessoas com asma não controlada podem ter maior risco de complicações por COVID-19. Por isso, é fundamental manter o tratamento regular da asma, seguir as medidas de prevenção recomendadas e estar com a vacinação em dia. Pacientes com asma bem controlada não parecem ter risco significativamente maior que a população geral.

8. É possível desenvolver asma na idade adulta?

Sim. Embora a asma frequentemente se manifeste na infância, ela pode surgir em qualquer idade. A asma de início na idade adulta pode estar relacionada a exposições ocupacionais, alergias desenvolvidas recentemente, infecções respiratórias graves ou outros fatores. O diagnóstico e tratamento seguem os mesmos princípios, independentemente da idade de início.

9. Quais são os sinais de que devo procurar atendimento de emergência durante uma crise?

Procure atendimento de emergência imediatamente se apresentar:

  • Falta de ar intensa, mesmo em repouso

  • Dificuldade para falar frases completas devido à falta de ar

  • Uso visível dos músculos do pescoço e entre as costelas para respirar

  • Lábios ou unhas azulados (cianose)

  • Confusão mental ou sonolência

  • Não melhora após usar o broncodilatador de resgate conforme orientação médica

10. Posso engravidar se tenho asma?

Sim, mulheres com asma podem engravidar e ter gestações saudáveis. É importante manter a asma bem controlada durante a gravidez, pois crises podem afetar o fornecimento de oxigênio para o bebê. A maioria dos medicamentos para asma é segura durante a gestação, e os benefícios do controle da doença superam os riscos potenciais. O acompanhamento pré-natal deve ser feito em conjunto com o pneumologista.

Atenção

A asma é uma doença crônica que, quando não tratada adequadamente, pode limitar significativamente a qualidade de vida. Felizmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um tratamento completo e gratuito, permitindo que pessoas com asma vivam normalmente, com poucos ou nenhum sintoma.

Neste artigo, apresentamos um guia detalhado sobre como acessar todos os serviços disponíveis no SUS para o tratamento da asma, desde o diagnóstico até o acompanhamento contínuo. Vimos que o caminho começa na Unidade Básica de Saúde (UBS), onde é possível realizar a primeira consulta, obter o diagnóstico e iniciar o tratamento.

Destacamos a importância de seguir corretamente o tratamento prescrito, usar adequadamente os dispositivos inalatórios e comparecer às consultas de acompanhamento. Também abordamos os direitos dos pacientes com asma, os programas especiais disponíveis e dicas para melhorar a qualidade de vida além dos medicamentos.

Lembre-se que o controle efetivo da asma depende de uma parceria entre você e os profissionais de saúde. Mantenha-se informado sobre sua condição, siga as orientações médicas e não hesite em buscar ajuda quando necessário.

Com o tratamento adequado pelo SUS e cuidados no dia a dia, é possível controlar a asma e viver uma vida plena, sem limitações. Se você ou alguém que você conhece tem sintomas de asma, não deixe de procurar atendimento médico. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado fazem toda a diferença.

Para mais informações sobre outros serviços e tratamentos oferecidos pelo SUS, consulte nossos artigos sobre diabetes, hipertensão e outras condições de saúde.

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Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui a consulta a profissionais de saúde.