Câncer de Mama: Como Tratar pelo SUS - Passo a Passo Completo

No Brasil, o câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todas as regiões do país, com exceção da região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa a primeira posição. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados mais de 66 mil novos casos por ano, representando cerca de 29% dos cânceres em mulheres.

4/28/202520 min read

Câncer de Mama: Como Tratar pelo SUS - Passo a Passo Completo

O que é o Câncer de Mama?

O câncer de mama é uma doença causada pela multiplicação desordenada de células anormais da mama, que forma um tumor com potencial de invadir outros órgãos. Existem vários tipos de câncer de mama, alguns com desenvolvimento rápido e outros mais lentos. A maioria dos casos tem bom prognóstico quando diagnosticados e tratados precocemente.

No Brasil, o câncer de mama é o tipo que mais acomete mulheres em todas as regiões do país, com exceção da região Norte, onde o câncer do colo do útero ocupa a primeira posição. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), são estimados mais de 66 mil novos casos por ano, representando cerca de 29% dos cânceres em mulheres.

Embora seja muito mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver câncer de mama, representando aproximadamente 1% do total de casos. A doença ocorre principalmente em mulheres acima dos 50 anos, mas pode afetar pessoas mais jovens, especialmente quando há histórico familiar ou predisposição genética.

O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento completo e gratuito para o câncer de mama, desde o diagnóstico até a reabilitação, incluindo cirurgias, quimioterapia, radioterapia, hormonioterapia e reconstrução mamária. Neste artigo, vamos explicar detalhadamente como acessar esses serviços e quais são seus direitos como paciente.

Fatores de Risco e Prevenção do Câncer de Mama

Conhecer os fatores de risco e as medidas preventivas é fundamental para a detecção precoce e o tratamento eficaz do câncer de mama. O SUS oferece programas de prevenção e diagnóstico precoce em todo o país.

Principais Fatores de Risco

  • Idade: O risco aumenta com a idade, sendo mais comum após os 50 anos;

  • Histórico familiar: Ter parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com câncer de mama, especialmente antes dos 50 anos;

  • Fatores genéticos: Mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 aumentam significativamente o risco;

  • Histórico reprodutivo: Primeira menstruação antes dos 12 anos, menopausa após os 55 anos, não ter tido filhos ou primeira gravidez após os 30 anos;

  • Exposição prolongada a hormônios: Uso de contraceptivos hormonais por longo período ou terapia de reposição hormonal na menopausa;

  • Estilo de vida: Consumo excessivo de álcool, obesidade (especialmente após a menopausa), sedentarismo;

  • Exposição à radiação: Principalmente na região do tórax e em idade jovem;

  • Histórico pessoal: Ter tido câncer de mama ou outras doenças mamárias não cancerosas.

Medidas Preventivas

Embora não seja possível prevenir completamente o câncer de mama, algumas medidas podem reduzir o risco:

  • Alimentação saudável: Rica em frutas, vegetais, grãos integrais e com baixo teor de gorduras saturadas;

  • Atividade física regular: Pelo menos 150 minutos de atividade moderada por semana;

  • Manutenção do peso adequado: Especialmente após a menopausa;

  • Limitação do consumo de álcool: No máximo uma dose diária para mulheres;

  • Amamentação: Quando possível, amamentar por períodos mais longos;

  • Avaliação do uso de terapia hormonal: Discutir riscos e benefícios com o médico;

  • Conhecimento do histórico familiar: Informar o médico sobre casos de câncer na família.

Rastreamento e Detecção Precoce pelo SUS

O SUS oferece programas de rastreamento para detecção precoce do câncer de mama, que incluem:

  • Exame clínico das mamas: Realizado por profissional de saúde durante consultas de rotina;

  • Mamografia: O SUS recomenda a realização de mamografia a cada dois anos para mulheres entre 50 e 69 anos. Mulheres com alto risco podem iniciar o rastreamento mais cedo, conforme orientação médica;

  • Ultrassonografia mamária: Complementar à mamografia, especialmente para mulheres com mamas densas ou com alterações na mamografia;

  • Autoexame das mamas: Embora não substitua os exames clínicos, o autoconhecimento do corpo pode ajudar a identificar alterações.

Para acessar esses serviços preventivos pelo SUS, procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência. Lá, você receberá orientações e, se necessário, encaminhamento para os exames apropriados.

Sinais e Sintomas do Câncer de Mama

Reconhecer os sinais e sintomas do câncer de mama é fundamental para o diagnóstico precoce. Embora muitas mulheres não apresentem sintomas nas fases iniciais (por isso a importância do rastreamento), é importante estar atenta a:

  • Nódulo palpável na mama ou axila, geralmente indolor, com consistência endurecida e bordas irregulares;

  • Alterações no formato ou tamanho da mama;

  • Alterações na pele da mama, como vermelhidão, retração ou aspecto de "casca de laranja";

  • Alterações no mamilo, como inversão (mamilo voltado para dentro), retração ou desvio;

  • Saída espontânea de secreção pelo mamilo, especialmente se for sanguinolenta;

  • Dor ou desconforto persistente em uma região específica da mama;

  • Pequenos nódulos na região das axilas ou no pescoço;

  • Vermelhidão, calor ou inchaço na mama, que não melhora com antibióticos.

É importante ressaltar que a presença desses sinais não significa necessariamente que há câncer, pois podem estar relacionados a outras condições benignas. No entanto, qualquer alteração persistente deve ser avaliada por um profissional de saúde o mais rápido possível.

Se você identificar qualquer um desses sinais, procure imediatamente a Unidade Básica de Saúde mais próxima para avaliação médica. O diagnóstico precoce é o principal fator para aumentar as chances de cura do câncer de mama.

Diagnóstico do Câncer de Mama pelo SUS

O diagnóstico do câncer de mama envolve uma série de etapas e exames, todos disponíveis pelo Sistema Único de Saúde. Conheça o passo a passo:

1. Avaliação Clínica Inicial

O processo diagnóstico geralmente começa na Unidade Básica de Saúde (UBS), onde o médico realizará:

  • Anamnese detalhada (histórico médico e familiar);

  • Exame clínico das mamas, palpando as mamas e axilas em busca de alterações;

  • Avaliação dos fatores de risco individuais.

Se houver suspeita de alteração, o médico solicitará exames de imagem ou encaminhará para um especialista (mastologista ou ginecologista).

2. Exames de Imagem

Os principais exames de imagem utilizados no diagnóstico do câncer de mama pelo SUS são:

  • Mamografia: Radiografia das mamas que pode detectar lesões não palpáveis. É o principal método de rastreamento;

  • Ultrassonografia mamária: Complementa a mamografia, especialmente em mamas densas ou para avaliar melhor um achado suspeito;

  • Ressonância magnética das mamas: Utilizada em casos específicos, como avaliação da extensão da doença, planejamento cirúrgico ou rastreamento de mulheres com alto risco genético.

Estes exames são classificados segundo o sistema BI-RADS (Breast Imaging Reporting and Data System), que varia de 0 a 6, indicando o grau de suspeita de malignidade.

3. Biópsia

Se os exames de imagem identificarem uma lesão suspeita, será necessário realizar uma biópsia para confirmar o diagnóstico. A biópsia consiste na retirada de uma pequena amostra de tecido da lesão para análise laboratorial. Os principais tipos de biópsia disponíveis no SUS são:

  • Biópsia por agulha grossa (core biopsy): Realizada com anestesia local, utiliza uma agulha especial para retirar fragmentos do tecido suspeito;

  • Biópsia por agulha fina (PAAF): Coleta células da lesão para análise citológica;

  • Biópsia cirúrgica: Remoção de parte ou toda a lesão suspeita em procedimento cirúrgico.

A biópsia é fundamental para confirmar o diagnóstico de câncer e determinar suas características, como tipo histológico, grau de diferenciação e presença de receptores hormonais.

4. Exames Complementares

Após a confirmação do diagnóstico, outros exames podem ser solicitados para avaliar a extensão da doença e planejar o tratamento:

  • Exames de sangue: Hemograma completo, função hepática, função renal;

  • Radiografia de tórax: Para verificar se há comprometimento pulmonar;

  • Ultrassonografia de abdome: Para avaliar fígado e outros órgãos abdominais;

  • Cintilografia óssea: Para verificar se há metástases nos ossos;

  • Tomografia computadorizada: Para avaliação mais detalhada de órgãos específicos;

  • PET-CT: Em casos selecionados, para avaliação mais precisa da extensão da doença.

5. Análise Patológica e Molecular

O material obtido na biópsia é analisado para determinar:

  • Tipo histológico do tumor (carcinoma ductal, lobular, etc.);

  • Grau de diferenciação celular (1 a 3);

  • Presença de receptores hormonais (estrogênio e progesterona);

  • Expressão da proteína HER2;

  • Índice de proliferação celular (Ki-67).

Estas informações são fundamentais para classificar o subtipo molecular do tumor (Luminal A, Luminal B, HER2 positivo ou Triplo Negativo) e definir o tratamento mais adequado.

Como Acessar o Diagnóstico pelo SUS

  1. Procure a UBS mais próxima de sua residência;

  2. Consulte-se com o médico da atenção primária (clínico geral ou médico de família);

  3. Se houver suspeita, você receberá encaminhamento para exames ou para consulta com especialista;

  4. Realize os exames solicitados nas unidades indicadas;

  5. Retorne com os resultados para avaliação e, se necessário, encaminhamento para serviço especializado em oncologia.

O tempo para realização dos exames pode variar conforme a região e a disponibilidade de serviços. Em caso de suspeita de câncer, o SUS prevê atendimento prioritário, e a Lei nº 13.896/2019 determina que exames relacionados ao diagnóstico de neoplasias malignas devem ser realizados no prazo máximo de 30 dias.

Tratamento do Câncer de Mama pelo SUS

O SUS oferece tratamento completo para o câncer de mama, seguindo protocolos e diretrizes clínicas baseados em evidências científicas. O tratamento é individualizado, considerando o tipo e estágio do tumor, características biológicas, idade e condições gerais de saúde da paciente.

1. Cirurgia

A cirurgia é geralmente o primeiro tratamento para o câncer de mama em estágios iniciais. O SUS oferece diferentes tipos de abordagens cirúrgicas:

  • Cirurgia conservadora (quadrantectomia ou setorectomia): Remove apenas o tumor e uma margem de tecido normal ao redor, preservando a maior parte da mama. Geralmente é seguida de radioterapia;

  • Mastectomia: Remoção completa da mama. Pode ser simples (apenas a mama) ou radical modificada (inclui também linfonodos axilares);

  • Biópsia do linfonodo sentinela: Técnica que identifica e remove apenas os primeiros linfonodos para onde o câncer provavelmente se espalharia, reduzindo complicações;

  • Esvaziamento axilar: Remoção de vários linfonodos da axila, quando há evidência de comprometimento.

A escolha do tipo de cirurgia depende do tamanho e localização do tumor, características biológicas, preferência da paciente e outros fatores clínicos.

2. Radioterapia

A radioterapia utiliza radiação ionizante para destruir células cancerígenas remanescentes após a cirurgia ou reduzir tumores antes da cirurgia. No SUS, estão disponíveis:

  • Radioterapia externa (teleterapia): A radiação é emitida por um aparelho externo direcionado à área afetada;

  • Radioterapia conformacional tridimensional (3D-CRT): Técnica mais precisa que minimiza danos aos tecidos saudáveis;

  • Radioterapia de intensidade modulada (IMRT): Disponível em alguns centros especializados, permite doses ainda mais precisas;

  • Braquiterapia: Em casos selecionados, consiste na colocação de material radioativo diretamente na área do tumor.

A radioterapia é geralmente realizada após a cirurgia conservadora ou, em alguns casos, após mastectomia quando há fatores de alto risco para recidiva local.

3. Quimioterapia

A quimioterapia utiliza medicamentos que circulam pela corrente sanguínea para destruir células cancerígenas em todo o corpo. Pode ser administrada:

  • Antes da cirurgia (neoadjuvante): Para reduzir o tamanho do tumor e possibilitar cirurgia menos extensa;

  • Após a cirurgia (adjuvante): Para eliminar possíveis células cancerígenas microscópicas e reduzir o risco de recidiva;

  • Como tratamento principal: Em casos de doença metastática ou localmente avançada.

O SUS disponibiliza diversos protocolos de quimioterapia, incluindo medicamentos como doxorrubicina, ciclofosfamida, paclitaxel, docetaxel, carboplatina, entre outros. A escolha do esquema depende do subtipo do tumor, estágio da doença e condições clínicas da paciente.

4. Terapia Hormonal

Para tumores com receptores hormonais positivos (cerca de 70% dos casos), o SUS oferece terapia hormonal, que bloqueia a ação dos hormônios que estimulam o crescimento do tumor. Os principais medicamentos disponíveis são:

  • Tamoxifeno: Utilizado em mulheres pré e pós-menopáusicas;

  • Inibidores da aromatase (anastrozol, letrozol, exemestano): Para mulheres na pós-menopausa;

  • Fulvestranto: Em casos selecionados de doença avançada;

  • Supressão ovariana (gosserrelina): Para mulheres na pré-menopausa em situações específicas.

A terapia hormonal geralmente é administrada por 5 a 10 anos após o tratamento inicial.

5. Terapias-Alvo

Para tumores HER2 positivos (cerca de 20% dos casos), o SUS disponibiliza terapias-alvo que bloqueiam especificamente esta proteína:

  • Trastuzumabe: Anticorpo monoclonal que bloqueia a proteína HER2, utilizado em tratamento adjuvante e metastático;

  • Pertuzumabe: Em casos selecionados de doença metastática ou localmente avançada;

  • T-DM1 (trastuzumabe emtansina): Para casos específicos de doença metastática.

6. Imunoterapia

Em casos selecionados, principalmente para tumores triplo-negativos metastáticos, o SUS tem incorporado imunoterápicos como:

  • Atezolizumabe: Em combinação com quimioterapia para casos específicos.

7. Reconstrução Mamária

A reconstrução mamária é um direito garantido por lei (Lei nº 12.802/2013) para todas as mulheres que passaram por mastectomia devido ao câncer de mama. O SUS oferece:

  • Reconstrução imediata: Realizada no mesmo ato cirúrgico da mastectomia, quando as condições clínicas permitirem;

  • Reconstrução tardia: Realizada após a conclusão dos tratamentos complementares;

  • Diferentes técnicas: Com implantes de silicone, expansores teciduais ou retalhos do próprio corpo (TRAM, grande dorsal, etc.);

  • Procedimentos complementares: Reconstrução do complexo aréolo-papilar e simetrização da mama contralateral.

8. Reabilitação

O SUS também oferece serviços de reabilitação para pacientes com câncer de mama, incluindo:

  • Fisioterapia: Para prevenir e tratar complicações como linfedema e limitação de movimentos do braço;

  • Terapia ocupacional: Para auxiliar no retorno às atividades diárias;

  • Suporte psicológico: Para lidar com os aspectos emocionais do diagnóstico e tratamento;

  • Aconselhamento nutricional: Para manutenção de alimentação adequada durante e após o tratamento.

9. Cuidados Paliativos

Para pacientes com doença avançada, o SUS oferece cuidados paliativos, que visam aliviar sintomas, controlar a dor e melhorar a qualidade de vida. Estes cuidados podem incluir:

  • Controle da dor e outros sintomas físicos;

  • Suporte psicológico, social e espiritual;

  • Assistência à família;

  • Cuidados domiciliares quando possível.

Passo a Passo para Acessar o Tratamento de Câncer de Mama pelo SUS

Navegar pelo sistema de saúde pode ser desafiador, especialmente em um momento de fragilidade emocional. Aqui está um guia detalhado para acessar o tratamento de câncer de mama pelo SUS:

1. Diagnóstico e Encaminhamento

  1. Após a confirmação do diagnóstico, você receberá um encaminhamento para um serviço especializado em oncologia (CACON - Centro de Alta Complexidade em Oncologia ou UNACON - Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia);

  2. Este encaminhamento deve ser feito através da Central de Regulação do seu município ou estado;

  3. Leve todos os exames já realizados (mamografia, ultrassom, biópsia, etc.) e laudos médicos.

2. Primeira Consulta no Serviço de Oncologia

  1. Na primeira consulta, o oncologista avaliará seu caso e solicitará exames complementares, se necessário;

  2. Será elaborado um plano terapêutico individualizado, considerando o tipo e estágio do tumor, suas características biológicas e suas condições gerais de saúde;

  3. O médico explicará as opções de tratamento, seus benefícios e possíveis efeitos colaterais.

3. Autorização para Tratamento

  1. O serviço de oncologia providenciará a Autorização para Procedimento de Alta Complexidade (APAC) ou Autorização de Internação Hospitalar (AIH), documentos necessários para iniciar o tratamento pelo SUS;

  2. Estes documentos são processados internamente, geralmente sem necessidade de intervenção da paciente;

  3. Em alguns casos, pode ser necessário aguardar a liberação da autorização, mas a lei estabelece prazos máximos para início do tratamento oncológico.

4. Início do Tratamento

  1. Conforme o plano terapêutico, você iniciará o tratamento, que pode incluir cirurgia, quimioterapia, radioterapia, terapia hormonal ou uma combinação destes;

  2. A Lei nº 12.732/2012 (Lei dos 60 dias) determina que o tratamento deve ser iniciado em até 60 dias após o diagnóstico confirmado por biópsia;

  3. Cada modalidade de tratamento tem seu próprio fluxo e equipe responsável dentro do serviço de oncologia.

5. Para Cirurgia

  1. Você passará por avaliação pré-operatória, que inclui exames de sangue, eletrocardiograma e outros conforme necessidade;

  2. Será agendada a data da cirurgia;

  3. Receberá orientações sobre jejum, medicamentos e cuidados pré e pós-operatórios;

  4. Após a cirurgia, permanecerá internada pelo tempo necessário à recuperação (geralmente 1 a 3 dias para cirurgias conservadoras e 2 a 5 dias para mastectomias);

  5. Receberá alta com orientações de cuidados com a ferida operatória e data de retorno para avaliação.

6. Para Quimioterapia

  1. Antes de iniciar, passará por consulta com o oncologista clínico, que explicará o esquema de tratamento;

  2. Realizará exames pré-quimioterapia para avaliar condições gerais de saúde;

  3. As sessões são agendadas conforme o protocolo definido (geralmente a cada 21 ou 28 dias);

  4. A administração é feita em hospital-dia ou ambulatório de quimioterapia;

  5. Receberá medicamentos para prevenir ou minimizar efeitos colaterais;

  6. Entre as sessões, poderá ser necessário realizar exames de sangue para monitoramento.

7. Para Radioterapia

  1. Inicialmente, passará por uma simulação, onde será definido o campo de tratamento;

  2. Serão feitas marcações na pele para garantir precisão nas aplicações;

  3. As sessões são geralmente diárias (segunda a sexta-feira), por 3 a 6 semanas, dependendo do protocolo;

  4. Cada sessão dura poucos minutos;

  5. Durante o tratamento, receberá orientações sobre cuidados com a pele da área irradiada.

8. Para Terapia Hormonal e Terapias-Alvo

  1. Estes medicamentos são prescritos pelo oncologista e dispensados pela farmácia do serviço de oncologia;

  2. Você receberá orientações sobre como tomar os medicamentos e possíveis efeitos colaterais;

  3. Consultas periódicas serão agendadas para monitoramento;

  4. A terapia hormonal geralmente é mantida por 5 a 10 anos.

9. Para Reconstrução Mamária

  1. Se você passou por mastectomia, tem direito à reconstrução mamária pelo SUS;

  2. Converse com seu cirurgião sobre as opções disponíveis;

  3. A reconstrução pode ser imediata (no mesmo ato da mastectomia) ou tardia (após concluir outros tratamentos);

  4. Você será encaminhada para avaliação com cirurgião plástico, se a reconstrução não for realizada pela mesma equipe da mastectomia;

  5. Após a reconstrução principal, procedimentos complementares podem ser necessários para refinamento estético.

10. Acompanhamento após o Tratamento

  1. Após concluir o tratamento inicial, você entrará na fase de acompanhamento;

  2. Consultas periódicas serão agendadas (geralmente a cada 3-6 meses nos primeiros anos, espaçando gradualmente);

  3. Exames de imagem e laboratoriais serão solicitados conforme protocolo;

  4. Mantenha todos os retornos agendados, mesmo se estiver se sentindo bem;

  5. Reporte imediatamente ao seu médico qualquer sintoma novo ou preocupante.

Dicas Importantes

  • Mantenha uma pasta organizada com todos os seus exames, laudos e receitas;

  • Anote suas dúvidas antes das consultas para não esquecer de perguntar ao médico;

  • Se possível, leve um acompanhante às consultas para ajudar a lembrar das informações;

  • Informe-se sobre seus direitos como paciente oncológica (transporte, medicamentos, afastamento do trabalho, etc.);

  • Busque grupos de apoio, que podem oferecer suporte emocional e informações práticas;

  • Em caso de dificuldades de acesso ao tratamento, procure o serviço social do hospital, a ouvidoria do SUS ou a Defensoria Pública.

Direitos da Paciente com Câncer de Mama

Pacientes diagnosticadas com câncer de mama têm diversos direitos garantidos por lei. Conhecê-los é fundamental para acessar benefícios que podem facilitar o tratamento e a recuperação:

1. Direitos Relacionados ao Tratamento

  • Início do tratamento em até 60 dias: A Lei nº 12.732/2012 estabelece que o tratamento deve ser iniciado em até 60 dias após o diagnóstico confirmado por biópsia;

  • Reconstrução mamária: A Lei nº 12.802/2013 garante o direito à reconstrução mamária pelo SUS após mastectomia, preferencialmente no mesmo ato cirúrgico;

  • Tratamento fora do domicílio (TFD): Quando o tratamento não está disponível em sua cidade, você tem direito a transporte, hospedagem e ajuda de custo para tratamento em outro município;

  • Medicamentos gratuitos: Todos os medicamentos necessários para o tratamento do câncer devem ser fornecidos gratuitamente pelo SUS;

  • Prótese mamária externa: Mulheres que passaram por mastectomia têm direito a receber prótese mamária externa pelo SUS.

2. Direitos Trabalhistas e Previdenciários

  • Auxílio-doença: Benefício temporário para pacientes que precisam se afastar do trabalho durante o tratamento;

  • Aposentadoria por invalidez: Quando o câncer causa incapacidade permanente para o trabalho;

  • Saque do FGTS: Pacientes com câncer podem sacar integralmente o saldo do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço;

  • PIS/PASEP: É possível sacar o saldo dessas contas em caso de diagnóstico de câncer;

  • Estabilidade no emprego: Embora não haja lei específica, jurisprudência tem reconhecido a estabilidade provisória para pacientes em tratamento de câncer.

3. Isenções Fiscais e Tributárias

  • Isenção de Imposto de Renda: Pacientes com câncer são isentos de IR sobre aposentadoria, pensão ou reforma;

  • Isenção de IPI na compra de veículos adaptados: Para pacientes com sequelas que comprometam a locomoção;

  • Isenção de ICMS e IPVA: Varia conforme legislação estadual, geralmente para veículos adaptados;

  • Isenção de IOF: Para financiamento de veículos adaptados.

4. Outros Direitos

  • Quitação do financiamento da casa própria: Se houver seguro por invalidez permanente no contrato;

  • Andamento processual prioritário: Processos judiciais e administrativos têm tramitação prioritária;

  • Passe livre no transporte público: Em algumas cidades, para pacientes em tratamento;

  • Cirurgia plástica reparadora: Além da reconstrução mamária, outras cirurgias reparadoras relacionadas ao tratamento.

Como Acessar estes Direitos

Para acessar estes direitos, geralmente são necessários:

  • Laudo médico detalhado, especificando o diagnóstico (CID), tratamento e prognóstico;

  • Exames que comprovem o diagnóstico (biópsia, imagens, etc.);

  • Documentos pessoais (RG, CPF, comprovante de residência);

  • Em alguns casos, perícia médica oficial.

O serviço social do hospital onde você realiza o tratamento pode orientar sobre como acessar estes direitos. Associações de apoio a pacientes com câncer também oferecem orientação jurídica gratuita.

Suporte Psicológico e Grupos de Apoio

O diagnóstico e tratamento do câncer de mama trazem desafios emocionais significativos. O suporte psicológico e a participação em grupos de apoio são fundamentais para o bem-estar durante esse processo.

Suporte Psicológico pelo SUS

O SUS oferece atendimento psicológico para pacientes com câncer através de:

  • Serviços de psicologia nos hospitais oncológicos: Muitos CACONs e UNACONs contam com psicólogos na equipe multidisciplinar;

  • Centros de Atenção Psicossocial (CAPS): Oferecem atendimento psicológico mediante encaminhamento;

  • Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF): Contam com psicólogos que atendem pacientes encaminhados pelas UBS;

  • Ambulatórios de saúde mental: Disponíveis em algumas cidades para atendimento especializado.

Para acessar estes serviços, converse com seu médico oncologista ou com o serviço social do hospital onde realiza tratamento. Eles podem fazer o encaminhamento adequado.

Grupos de Apoio

Os grupos de apoio reúnem pessoas que vivenciam ou vivenciaram situações semelhantes, proporcionando troca de experiências, informações práticas e suporte emocional. No Brasil, existem diversos grupos para pacientes com câncer de mama:

  • Rede Feminina de Combate ao Câncer: Presente em várias cidades brasileiras;

  • Instituto Oncoguia: Oferece grupos online e presenciais;

  • Associação de Mulheres Mastectomizadas: Existente em diversos estados;

  • Grupos em hospitais oncológicos: Muitos serviços de oncologia mantêm grupos de apoio coordenados por profissionais;

  • Grupos online: Comunidades em redes sociais e aplicativos que conectam pacientes.

Pergunte ao serviço social do hospital sobre grupos de apoio disponíveis em sua região. Muitas vezes, estes grupos também oferecem serviços complementares como oficinas de autoestima, doação de perucas, sutiãs adaptados e próteses mamárias externas.

Benefícios do Suporte Psicológico e Grupos de Apoio

  • Redução da ansiedade e depressão associadas ao diagnóstico e tratamento;

  • Melhora da adesão ao tratamento;

  • Compartilhamento de estratégias para lidar com efeitos colaterais;

  • Informações práticas sobre direitos e recursos disponíveis;

  • Sentimento de pertencimento e compreensão;

  • Oportunidade de ajudar outras pessoas em situação semelhante;

  • Apoio para familiares e cuidadores.

Outras Formas de Suporte

Além do atendimento psicológico formal e dos grupos de apoio, outras formas de suporte podem ser benéficas:

  • Terapias complementares: Yoga, meditação, arteterapia, musicoterapia;

  • Atividade física adaptada: Programas específicos para pacientes em tratamento oncológico;

  • Suporte espiritual: De acordo com as crenças individuais;

  • Voluntariado: Ajudar outras pessoas pode trazer sensação de propósito;

  • Programas de reabilitação estética: Como o "Programa Mulher de Peito" e "Look Good Feel Better", que oferecem dicas de maquiagem, cuidados com a pele e uso de lenços durante o tratamento.

Perguntas Frequentes sobre Câncer de Mama e o SUS

Quanto tempo demora para conseguir uma mamografia pelo SUS?

O tempo de espera para mamografia pelo SUS varia conforme a região e a demanda local. Em média, pode levar de algumas semanas a alguns meses. No entanto, quando há suspeita clínica de câncer, o exame deve ser priorizado. Se você perceber demora excessiva, procure a ouvidoria da secretaria de saúde local ou o Ministério Público.

Posso escolher o hospital onde farei meu tratamento?

No SUS, o encaminhamento para tratamento oncológico segue o sistema de regulação, que considera a disponibilidade de vagas e a proximidade geográfica. Embora não seja possível escolher livremente o hospital, você pode solicitar encaminhamento para determinada instituição se houver justificativa médica ou social relevante. Converse com o médico que faz seu encaminhamento sobre essa possibilidade.

O SUS cobre todos os tipos de quimioterapia para câncer de mama?

O SUS cobre os principais protocolos de quimioterapia para câncer de mama, conforme diretrizes clínicas baseadas em evidências científicas. Medicamentos mais recentes podem levar algum tempo para serem incorporados ao sistema. Se seu médico recomendar um medicamento não disponível no SUS, é possível solicitar via judicial, demonstrando a necessidade específica para seu caso.

Como funciona a reconstrução mamária pelo SUS?

A reconstrução mamária pelo SUS é um direito garantido por lei para mulheres que passaram por mastectomia devido ao câncer de mama. Pode ser realizada no mesmo ato cirúrgico da mastectomia (reconstrução imediata) ou posteriormente (reconstrução tardia). O SUS oferece diferentes técnicas, incluindo uso de implantes de silicone e retalhos do próprio corpo. O cirurgião avaliará qual método é mais adequado para cada caso.

Quanto tempo dura o tratamento completo para câncer de mama?

A duração do tratamento varia conforme o estágio da doença e o plano terapêutico individual. Em geral:

  • Cirurgia: Internação de 1 a 5 dias, com recuperação de 2 a 8 semanas;

  • Quimioterapia: Geralmente 4 a 8 ciclos, ao longo de 3 a 6 meses;

  • Radioterapia: Aproximadamente 3 a 6 semanas de sessões diárias;

  • Terapia hormonal: Geralmente 5 a 10 anos;

  • Terapias-alvo (como trastuzumabe): Geralmente 1 ano.

O tratamento completo inicial (cirurgia, quimio e radioterapia) pode durar cerca de 6 a 12 meses, seguido de terapias de manutenção mais longas.

Posso trabalhar durante o tratamento de câncer de mama?

Muitas pacientes conseguem manter atividades profissionais durante o tratamento, especialmente com adaptações no horário ou função. A capacidade de trabalhar depende do tipo de tratamento, efeitos colaterais, tipo de trabalho e condições individuais. Converse com seu médico sobre sua situação específica. Se necessário, você tem direito a afastamento temporário com auxílio-doença pelo INSS.

O SUS oferece exames genéticos para avaliar risco de câncer de mama hereditário?

O SUS oferece testes genéticos para mutações nos genes BRCA1 e BRCA2 em casos selecionados, geralmente para pacientes com forte histórico familiar ou características sugestivas de câncer hereditário. O acesso a estes testes varia conforme a região e disponibilidade. Converse com seu oncologista sobre a indicação e possibilidade de realizar estes exames.

Como agilizar o início do tratamento pelo SUS?

Para agilizar o início do tratamento:

  • Tenha todos os exames e laudos organizados;

  • Informe ao médico sobre a Lei dos 60 dias (Lei nº 12.732/2012);

  • Procure diretamente um hospital habilitado em oncologia, se possível;

  • Em caso de demora, procure o serviço social do hospital, a ouvidoria do SUS ou a Defensoria Pública;

  • Associações de apoio a pacientes com câncer podem ajudar a orientar sobre os caminhos mais ágeis em sua região.

O que fazer se o câncer voltar após o tratamento?

Em caso de recidiva (retorno do câncer), o SUS oferece tratamento completo novamente. O plano terapêutico será reavaliado considerando o local da recidiva, o tempo desde o tratamento inicial e as características do tumor. Procure seu oncologista imediatamente se notar qualquer sintoma suspeito, mesmo anos após o tratamento inicial.

O câncer de mama é uma doença desafiadora, mas o Sistema Único de Saúde oferece tratamento completo e gratuito, desde o diagnóstico até a reabilitação. O diagnóstico precoce continua sendo o principal fator para aumentar as chances de cura, por isso é fundamental realizar os exames de rastreamento recomendados e procurar atendimento médico imediatamente ao notar qualquer alteração nas mamas.

O tratamento pelo SUS segue protocolos baseados em evidências científicas e é realizado por equipes multidisciplinares especializadas. Embora existam desafios como filas de espera em algumas regiões, conhecer seus direitos e os caminhos corretos dentro do sistema pode facilitar o acesso aos serviços necessários.

Além do tratamento médico, o suporte psicológico, a participação em grupos de apoio e o conhecimento sobre direitos sociais são fundamentais para enfrentar a jornada do tratamento com mais qualidade de vida. Lembre-se que você não está sozinha nessa jornada – milhares de mulheres passam por situação semelhante todos os anos, e muitas organizações e profissionais estão disponíveis para oferecer apoio.

Se você ou alguém que você conhece foi diagnosticada com câncer de mama, incentive a busca por informações confiáveis, o acesso rápido ao tratamento e a participação ativa nas decisões sobre os cuidados. Com o tratamento adequado e suporte integral, é possível enfrentar o câncer de mama com dignidade e esperança.

Referências

  • Instituto Nacional de Câncer (INCA). Diretrizes para a Detecção Precoce do Câncer de Mama no Brasil. Rio de Janeiro: INCA.

  • Ministério da Saúde. Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas em Oncologia. Brasília: Ministério da Saúde.

  • Brasil. Lei nº 12.732, de 22 de novembro de 2012. Dispõe sobre o primeiro tratamento de paciente com neoplasia maligna comprovada e estabelece prazo para seu início.

  • Brasil. Lei nº 12.802, de 24 de abril de 2013. Altera a Lei nº 9.797, de 6 de maio de 1999, para dispor sobre a cirurgia plástica reconstrutiva da mama.

  • Sociedade Brasileira de Mastologia. Diretrizes para o Tratamento do Câncer de Mama.

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