Quais Tratamentos para Miomas Uterinos são Oferecidos pelo SUS?

O tratamento dos miomas uterinos no SUS é individualizado, dependendo dos sintomas, tamanho e localização dos miomas, idade da paciente e desejo de gravidez. Nem todos os miomas precisam de tratamento, especialmente os assintomáticos. Quando o tratamento é necessário, o SUS oferece opções clínicas e cirúrgicas:

5/5/20257 min read

Quais Tratamentos para Miomas Uterinos são Oferecidos pelo SUS?

O tratamento dos miomas uterinos no SUS é individualizado, dependendo dos sintomas, tamanho e localização dos miomas, idade da paciente e desejo de gravidez. Nem todos os miomas precisam de tratamento, especialmente os assintomáticos. Quando o tratamento é necessário, o SUS oferece opções clínicas e cirúrgicas:

1. Acompanhamento Clínico (Expectante)

Para mulheres com miomas pequenos e assintomáticos, ou com sintomas leves que não incomodam, a conduta pode ser apenas o acompanhamento regular com exames ginecológicos e ultrassonografias periódicas (geralmente a cada 6 a 12 meses) para monitorar o crescimento dos miomas. Essa abordagem é comum, especialmente em mulheres próximas à menopausa, quando os miomas tendem a regredir naturalmente.

2. Tratamento Clínico (Medicamentoso)

O tratamento medicamentoso visa controlar os sintomas, principalmente o sangramento menstrual intenso e a dor, mas não elimina os miomas. As opções disponíveis no SUS incluem:

  • Anti-inflamatórios Não Esteroides (AINEs): Como ibuprofeno ou ácido mefenâmico, ajudam a aliviar as cólicas menstruais.

  • Ácido Tranexâmico: Um medicamento não hormonal que ajuda a reduzir o sangramento menstrual intenso, agindo na coagulação sanguínea.

  • Contraceptivos Hormonais (Pílulas Combinadas, Progestagênios Isolados): Podem ajudar a reduzir o sangramento e as cólicas, além de regular o ciclo menstrual. Podem ser usados de forma contínua para suspender a menstruação.

  • DIU Hormonal (SIU-LNG): O Dispositivo Intrauterino liberador de levonorgestrel (como Mirena®) é muito eficaz na redução do sangramento menstrual intenso causado por miomas, embora não reduza significativamente o tamanho deles. Está disponível no SUS para casos selecionados conforme protocolos.

  • Análogos do GnRH: Medicamentos que induzem uma menopausa temporária, bloqueando a produção de estrogênio e progesterona. São muito eficazes na redução do tamanho dos miomas e do sangramento, mas devido aos efeitos colaterais (fogachos, perda óssea), são geralmente usados por curtos períodos (3-6 meses), principalmente para preparar a paciente para a cirurgia (reduzir o tamanho do mioma e corrigir a anemia).

O tratamento medicamentoso é frequentemente a primeira opção para controlar os sintomas em mulheres que desejam preservar a fertilidade ou evitar a cirurgia.

3. Tratamento Cirúrgico

A cirurgia é indicada quando os sintomas são intensos e não respondem ao tratamento clínico, quando há crescimento rápido dos miomas, infertilidade associada ou suspeita de malignidade (muito rara). As principais cirurgias oferecidas pelo SUS são:

  • Miomectomia: Consiste na retirada apenas dos miomas, preservando o útero. É a opção preferencial para mulheres que desejam engravidar no futuro. Pode ser realizada por diferentes vias:

    • Miomectomia Histeroscópica: Realizada por via vaginal, sem cortes no abdômen. Um histeroscópio (câmera fina) é inserido no útero para remover miomas submucosos. A recuperação é rápida.

    • Miomectomia Laparoscópica: Cirurgia minimamente invasiva, feita por pequenos cortes no abdômen para inserir uma câmera e instrumentos. Indicada para miomas subserosos ou intramurais não muito grandes. A recuperação é mais rápida que a cirurgia aberta.

    • Miomectomia Abdominal (Laparotomia): Cirurgia aberta, com um corte maior no abdômen (semelhante a uma cesárea). Indicada para miomas múltiplos, grandes ou de difícil acesso por laparoscopia. A recuperação é mais longa.

  • Histerectomia: Consiste na retirada total do útero. É o tratamento definitivo para os miomas, eliminando completamente os sintomas e a possibilidade de recorrência. É indicada para mulheres com sintomas graves, que não desejam mais engravidar ou que não tiveram sucesso com outros tratamentos. Pode ser realizada por via vaginal, laparoscópica ou abdominal.

4. Embolização das Artérias Uterinas (EAU)

É um procedimento minimamente invasivo realizado por um radiologista intervencionista. Pequenas partículas são injetadas nas artérias que nutrem os miomas, bloqueando o fluxo sanguíneo e fazendo com que eles diminuam de tamanho e os sintomas melhorem. É uma alternativa à cirurgia para algumas mulheres, preservando o útero. A disponibilidade da EAU pelo SUS pode variar dependendo da região e dos centros de referência, sendo geralmente indicada em casos selecionados.

Importante: A escolha do tratamento ideal deve ser feita em conjunto com o médico ginecologista, considerando as características individuais de cada paciente, seus sintomas e seus objetivos reprodutivos.

Como Acessar o Diagnóstico e Tratamento para Miomas pelo SUS: Passo a Passo

O fluxo de atendimento para miomas no SUS geralmente segue estas etapas:

  1. Procure a UBS: O ponto de partida é a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Estratégia Saúde da Família (ESF) mais próxima.

  2. Consulta e Suspeita Diagnóstica: Agende uma consulta com o médico ou enfermeiro. Relate seus sintomas (sangramento, dor, etc.). O profissional fará a avaliação clínica e o exame ginecológico.

  3. Solicitação de Exames: Se houver suspeita de miomas, será solicitada a ultrassonografia pélvica (transvaginal e/ou abdominal).

  4. Realização da Ultrassonografia: Com a solicitação, você será encaminhada para realizar o exame em um serviço credenciado pelo SUS. O agendamento é feito pela central de regulação do município (geralmente via UBS).

  5. Retorno e Diagnóstico: Leve o resultado do ultrassom de volta à UBS. O profissional confirmará o diagnóstico, avaliará o tamanho, número e localização dos miomas e discutirá a conduta inicial.

  6. Definição do Tratamento Inicial ou Encaminhamento:

    • Se os miomas forem assintomáticos ou os sintomas leves, a conduta pode ser o acompanhamento na própria UBS.

    • Se houver sintomas que necessitam de tratamento clínico (medicamentos), este pode ser iniciado e acompanhado na UBS.

    • Se os sintomas forem intensos, os miomas forem grandes/múltiplos, houver desejo de gravidez com dificuldade, ou se for necessário tratamento cirúrgico ou especializado (como EAU), você será encaminhada para um serviço de referência em ginecologia.

  7. Atendimento Especializado: No serviço de referência, você passará por consulta com ginecologista especialista, que poderá solicitar exames adicionais (ressonância, histeroscopia) se necessário e discutirá as opções de tratamento mais adequadas (clínico avançado, miomectomia, histerectomia, EAU).

  8. Agendamento de Cirurgia (se indicada): Caso a cirurgia seja a melhor opção, você será incluída na fila de espera do hospital de referência para realizar o procedimento pelo SUS. O tempo de espera pode variar.

  9. Acompanhamento Pós-Tratamento: Após o tratamento (clínico ou cirúrgico), o acompanhamento regular com o ginecologista (no serviço especializado ou na UBS, dependendo do caso) é essencial para monitorar a resposta, ajustar tratamentos e verificar a recorrência.

Perguntas Frequentes sobre Miomas Uterinos

1. Mioma pode virar câncer?

É extremamente raro um mioma se transformar em câncer. Miomas são tumores benignos. Existe um tipo raro de câncer uterino chamado leiomiossarcoma, que pode ser confundido com mioma em exames de imagem, mas a chance de um mioma ser ou se tornar um leiomiossarcoma é muito baixa (menos de 1 em 1000 casos).

2. Quem tem mioma pode engravidar?

Sim, a maioria das mulheres com miomas consegue engravidar sem problemas. No entanto, dependendo da localização (especialmente submucosos) e do tamanho, os miomas podem dificultar a gravidez ou aumentar o risco de complicações (abortamento, parto prematuro). Se você tem miomas e deseja engravidar, converse com seu ginecologista para avaliação e orientação.

3. Todo mioma precisa de cirurgia?

Não. A maioria dos miomas, especialmente os que não causam sintomas, não requer cirurgia. O tratamento cirúrgico é reservado para casos com sintomas intensos que não melhoram com medicamentos, crescimento rápido, infertilidade ou complicações.

4. Quais os riscos da cirurgia de mioma?

Como qualquer cirurgia, a miomectomia e a histerectomia têm riscos, como sangramento, infecção, lesão de órgãos vizinhos (bexiga, intestino), reações à anestesia e formação de aderências. A miomectomia, por preservar o útero, pode deixar cicatrizes que, em futuras gestações, aumentam o risco de ruptura uterina durante o trabalho de parto (podendo ser indicada cesárea). Converse detalhadamente com seu médico sobre os riscos específicos do procedimento indicado para você.

5. Como é a recuperação após a cirurgia de mioma?

A recuperação varia conforme o tipo de cirurgia. A miomectomia histeroscópica tem recuperação mais rápida (poucos dias). A miomectomia laparoscópica geralmente requer de 1 a 2 semanas de repouso relativo. Já a miomectomia abdominal ou histerectomia abdominal exigem um período maior, de 4 a 6 semanas, para retorno às atividades normais, evitando esforços físicos intensos nesse período. O retorno às relações sexu ais é recomendado apenas após 40 dias da cirurgia.

6. Os miomas podem voltar após a cirurgia?

Após a histerectomia (retirada do útero), os miomas não podem voltar, pois o órgão onde eles se desenvolvem foi removido. Já após a miomectomia (retirada apenas dos miomas), existe a possibilidade de novos miomas se desenvolverem, com taxa de recorrência de aproximadamente 15-30% em 10 anos. O risco é maior em mulheres jovens e com múltiplos miomas.

7. Existe alguma forma de prevenir os miomas?

Não há uma forma comprovada de prevenir os miomas, pois sua causa exata não é totalmente conhecida. No entanto, alguns fatores de estilo de vida podem ajudar a reduzir o risco ou minimizar os sintomas: manter peso saudável, praticar exercícios regularmente, evitar alimentos que aumentam a inflamação e o estrogênio (como carnes vermelhas em excesso e alimentos ultraprocessados) e consumir mais frutas, vegetais e alimentos ricos em vitamina D.

8. A embolização das artérias uterinas é segura para quem quer engravidar?

A embolização das artérias uterinas (EAU) não é a primeira opção para mulheres que desejam engravidar no futuro, pois pode afetar a reserva ovariana e a vascularização do útero. Para mulheres com desejo reprodutivo, a miomectomia (especialmente a laparoscópica ou histeroscópica) é geralmente a opção preferida. No entanto, há relatos de gestações bem-sucedidas após EAU, e em casos selecionados, pode ser uma alternativa.

Busque Ajuda no SUS para Tratar seus Miomas

Os miomas uterinos são extremamente comuns e, embora muitas vezes não causem sintomas, podem impactar significativamente a qualidade de vida de algumas mulheres. O SUS oferece uma abordagem completa para o diagnóstico e tratamento dos miomas, desde o acompanhamento clínico e medicamentos até procedimentos cirúrgicos como a miomectomia e a histerectomia.

Se você apresenta sintomas como sangramento menstrual intenso, dor pélvica ou dificuldade para engravidar, não hesite em procurar a Unidade Básica de Saúde. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem aliviar os sintomas e prevenir complicações, permitindo que você retome sua rotina com qualidade de vida.

Lembre-se: cada caso é único, e o tratamento deve ser individualizado. Converse abertamente com seu médico sobre seus sintomas, preocupações e planos reprodutivos para encontrar a melhor abordagem para você.

Referências

1. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica: Saúde das Mulheres. Brasília: Ministério da Saúde, 2016.

2. Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Manual de Orientação em Miomas Uterinos. São Paulo: FEBRASGO, 2018.

3. Tua Saúde. Cirurgia de mioma: quando é indicada, como é feita, riscos e recuperação. Disponível em: https://www.tuasaude.com/miomectomia/

4. Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Rede pública de saúde oferece tratamento para miomas uterinos. Disponível em: https://agenciabrasilia.df.gov.br/2023/09/04/rede-publica-de-saude-oferece-tratamento-para-miomas-uterinos/

5. Secretaria de Saúde da Bahia. Tratamento para miomas evita cirurgia e até perda do útero. Disponível em: https://www.saude.ba.gov.br/2019/07/26/tratamento-para-miomas-evita-cirurgia-e-ate-perda-do-utero/