Hipertensão Arterial: Como Tratar pelo SUS - Passo a Passo Completo
Saiba como tratar hipertensão arterial (pressão alta) pelo SUS: consultas, medicamentos gratuitos, exames e acompanhamento. Guia completo com passo a passo para acessar todos os serviços.
Hipertensão Arterial: Como Tratar pelo SUS - Passo a Passo Completo
O que é Hipertensão Arterial (Pressão Alta)
A hipertensão arterial, popularmente conhecida como pressão alta, é uma doença crônica caracterizada pelos níveis elevados da pressão sanguínea nas artérias. Ela acontece quando os valores das pressões máxima (sistólica) e mínima (diastólica) são iguais ou ultrapassam os 140/90 mmHg (ou 14 por 9). A pressão alta faz com que o coração tenha que exercer um esforço maior do que o normal para fazer com que o sangue seja distribuído corretamente no corpo.
Esta condição é um dos principais fatores de risco para a ocorrência de acidente vascular cerebral (AVC), enfarte, aneurisma arterial e insuficiência renal e cardíaca. No Brasil, estima-se que cerca de 30% da população adulta sofra de hipertensão, sendo que este número aumenta para mais de 50% em pessoas com mais de 60 anos. Dados alarmantes mostram que aproximadamente 388 pessoas morrem por dia no país devido a complicações relacionadas à hipertensão.
A hipertensão arterial pode ser classificada em dois tipos principais:
Hipertensão Primária ou Essencial
Representa cerca de 95% dos casos de hipertensão. Sua causa específica não é identificável, mas está relacionada a fatores genéticos e ambientais. O problema é herdado dos pais em 90% dos casos, mas há vários fatores que influenciam nos níveis de pressão arterial, como os hábitos de vida do indivíduo.
Hipertensão Secundária
Corresponde a aproximadamente 5% dos casos. Ocorre como consequência de outras doenças ou condições, como problemas renais, alterações hormonais, uso de certos medicamentos, entre outros. Quando a causa é tratada, a pressão arterial geralmente volta ao normal.
A hipertensão é conhecida como uma "doença silenciosa", pois muitas vezes não apresenta sintomas, mesmo quando os níveis pressóricos estão muito elevados. Por isso, é fundamental realizar a medição regular da pressão arterial, especialmente para pessoas com fatores de risco, como histórico familiar, idade avançada, obesidade, entre outros.
O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são essenciais para prevenir complicações graves e potencialmente fatais. Felizmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diagnóstico, tratamento e acompanhamento gratuitos para pessoas com hipertensão arterial, garantindo acesso a medicamentos, consultas médicas e exames necessários para o controle da doença.
Causas e Fatores de Risco da Hipertensão
A hipertensão arterial é uma doença multifatorial, ou seja, diversos elementos podem contribuir para seu desenvolvimento. Compreender as causas e os fatores de risco é fundamental para a prevenção e o tratamento adequado. Veja os principais:
Fatores Não Modificáveis
São aqueles sobre os quais não temos controle:
Hereditariedade: A hipertensão é herdada dos pais em aproximadamente 90% dos casos. Pessoas com histórico familiar de pressão alta têm maior probabilidade de desenvolver a doença.
Idade: O risco de hipertensão aumenta com a idade. Após os 65 anos, mais de 60% das pessoas apresentam pressão alta.
Raça: A incidência da pressão alta é maior na população negra, que tende a desenvolver quadros mais graves e com maior risco de complicações.
Sexo: Até os 50 anos, a hipertensão é mais comum em homens. Após a menopausa, as mulheres apresentam maior incidência devido às alterações hormonais.
Fatores Modificáveis
São aqueles relacionados ao estilo de vida e que podem ser controlados:
Obesidade: O excesso de peso sobrecarrega o sistema cardiovascular. Estima-se que 20% a 30% dos casos de hipertensão estejam relacionados à obesidade.
Sedentarismo: A falta de atividade física regular contribui para o aumento da pressão arterial e para o ganho de peso.
Consumo excessivo de sal: O sódio presente no sal retém líquidos no organismo, aumentando o volume sanguíneo e, consequentemente, a pressão arterial.
Consumo excessivo de álcool: O consumo regular e em grandes quantidades de bebidas alcoólicas eleva a pressão arterial e reduz a eficácia dos medicamentos anti-hipertensivos.
Tabagismo: O cigarro contém substâncias que lesionam as paredes das artérias, reduzem a elasticidade dos vasos sanguíneos e aumentam a pressão arterial.
Estresse: Situações de estresse prolongado podem elevar temporariamente a pressão arterial e, quando frequentes, contribuir para a hipertensão crônica.
Níveis altos de colesterol: O colesterol elevado favorece o acúmulo de placas nas artérias (aterosclerose), estreitando os vasos e aumentando a pressão arterial.
Condições Médicas Associadas
Algumas doenças e condições podem causar hipertensão secundária:
Doenças renais: Problemas nos rins podem afetar a regulação da pressão arterial.
Distúrbios das glândulas adrenais: Alterações na produção de hormônios como aldosterona e catecolaminas.
Apneia do sono: Pausas respiratórias durante o sono que causam queda na oxigenação e aumento da pressão arterial.
Doenças da tireoide: Tanto o hipertireoidismo quanto o hipotireoidismo podem afetar a pressão arterial.
Coarctação da aorta: Estreitamento congênito da aorta que dificulta o fluxo sanguíneo.
Uso de certos medicamentos: Anti-inflamatórios, anticoncepcionais, descongestionantes nasais, corticoides, entre outros.
Grupos de Maior Risco
Alguns grupos populacionais apresentam maior risco de desenvolver hipertensão e devem estar especialmente atentos à prevenção e ao diagnóstico precoce:
Pessoas com histórico familiar de hipertensão
Indivíduos acima de 60 anos
População negra
Pessoas com sobrepeso ou obesidade
Diabéticos
Pessoas com doença renal crônica
Mulheres que utilizam anticoncepcionais hormonais
Gestantes (hipertensão gestacional)
É importante ressaltar que a presença de múltiplos fatores de risco aumenta significativamente a probabilidade de desenvolver hipertensão. Por isso, mesmo pessoas sem histórico familiar da doença devem adotar hábitos saudáveis e realizar o monitoramento regular da pressão arterial, especialmente após os 40 anos de idade.
Sintomas e Diagnóstico da Hipertensão
A hipertensão arterial é frequentemente chamada de "assassina silenciosa" porque, na maioria dos casos, não apresenta sintomas evidentes, mesmo quando os níveis pressóricos estão muito elevados. Muitas pessoas descobrem que têm pressão alta apenas durante exames de rotina ou quando já desenvolveram complicações. Entender os possíveis sintomas e como é feito o diagnóstico é fundamental para a detecção precoce e o tratamento adequado.
Sintomas da Hipertensão
Embora a hipertensão geralmente seja assintomática, algumas pessoas podem apresentar sinais quando a pressão sobe muito. Os sintomas mais comuns incluem:
Dores de cabeça: Especialmente na região da nuca, ao acordar pela manhã.
Tontura e vertigem: Sensação de desequilíbrio ou de que o ambiente está girando.
Visão embaçada ou turva: Dificuldade para enxergar claramente.
Zumbido nos ouvidos: Sensação de barulho ou apito constante nos ouvidos.
Dores no peito: Desconforto ou pressão na região torácica.
Falta de ar: Dificuldade para respirar, especialmente aos esforços.
Palpitações: Sensação de que o coração está batendo mais forte ou acelerado.
Sangramento nasal: Episódios de sangramento pelo nariz sem causa aparente.
Fadiga excessiva: Cansaço desproporcional às atividades realizadas.
É importante ressaltar que esses sintomas geralmente aparecem apenas quando a pressão arterial está muito elevada ou quando já existem complicações. Por isso, não se deve esperar o surgimento de sintomas para verificar a pressão arterial.
Diagnóstico da Hipertensão pelo SUS
O diagnóstico da hipertensão arterial é relativamente simples e está disponível gratuitamente em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) do SUS. O processo envolve:
Medição da Pressão Arterial
A medição da pressão arterial é o principal método para diagnóstico da hipertensão. Para um diagnóstico preciso, são necessárias:
Pelo menos duas medições em dias diferentes
Medições em ambos os braços
Condições adequadas: repouso prévio de 5 minutos, bexiga vazia, sem ter consumido café, álcool ou cigarro nos 30 minutos anteriores
A pressão arterial é expressa por dois números: o primeiro (maior) representa a pressão sistólica, quando o coração contrai; o segundo (menor) representa a pressão diastólica, quando o coração relaxa. Os valores de referência são:
Normal: Abaixo de 120/80 mmHg
Pré-hipertensão: Entre 120-139/80-89 mmHg
Hipertensão Estágio 1: Entre 140-159/90-99 mmHg
Hipertensão Estágio 2: Entre 160-179/100-109 mmHg
Hipertensão Estágio 3: Igual ou maior que 180/110 mmHg
Hipertensão Sistólica Isolada: Pressão sistólica ≥ 140 mmHg e diastólica < 90 mmHg
Avaliação Clínica
Além da medição da pressão, o médico realizará:
Anamnese completa (histórico médico, histórico familiar, hábitos de vida)
Exame físico detalhado
Avaliação de outros fatores de risco cardiovascular
Investigação de possíveis causas secundárias de hipertensão
Exames Complementares
Para avaliar a condição geral do paciente e identificar possíveis danos em órgãos-alvo, o médico pode solicitar exames como:
Exames de sangue: Hemograma completo, glicemia de jejum, perfil lipídico (colesterol total, HDL, LDL, triglicérides), creatinina, ureia, ácido úrico, potássio, sódio
Exame de urina: Urina tipo I e microalbuminúria
Eletrocardiograma: Para avaliar a condição do coração
Ecocardiograma: Em casos específicos, para avaliar a estrutura e função cardíaca
Ultrassonografia de rins e vias urinárias: Para investigar causas renais de hipertensão
Fundoscopia (exame de fundo de olho): Para verificar possíveis danos na retina
Todos esses exames estão disponíveis pelo SUS, mediante solicitação médica. O tempo para realização pode variar conforme a disponibilidade em cada região.
Monitorização Ambulatorial da Pressão Arterial (MAPA)
Em alguns casos, o médico pode solicitar a MAPA, um exame que monitora a pressão arterial durante 24 horas, com medições a cada 15-30 minutos durante o dia e a cada 30-60 minutos durante a noite. Este exame é útil para:
Confirmar o diagnóstico em casos duvidosos
Identificar hipertensão do avental branco (pressão alta apenas no consultório médico)
Detectar hipertensão mascarada (pressão normal no consultório, mas elevada em casa)
Avaliar a eficácia do tratamento
A MAPA também está disponível pelo SUS, mas geralmente é realizada em centros de referência, mediante encaminhamento da Unidade Básica de Saúde.
Frequência Recomendada para Medição da Pressão
O Ministério da Saúde recomenda que:
Pessoas acima de 20 anos de idade devem medir a pressão ao menos uma vez por ano, mesmo sem sintomas
Pessoas com histórico familiar de hipertensão devem medir no mínimo duas vezes por ano
Pessoas já diagnosticadas com hipertensão devem seguir a orientação médica quanto à frequência de medição, geralmente mais frequente
A medição da pressão arterial pode ser realizada gratuitamente em qualquer Unidade Básica de Saúde, em farmácias que oferecem este serviço ou em casa, para quem possui aparelho próprio (desde que calibrado e utilizado corretamente).
Tratamento da Hipertensão pelo SUS
O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento completo e gratuito para pessoas com hipertensão arterial, incluindo consultas médicas, medicamentos, exames e acompanhamento multidisciplinar. O tratamento da hipertensão visa não apenas reduzir os níveis pressóricos, mas também prevenir complicações cardiovasculares, renais e cerebrais. Conheça as opções de tratamento disponíveis:
Tratamento Não Medicamentoso
As mudanças no estilo de vida são fundamentais para o controle da pressão arterial e, em alguns casos de hipertensão leve, podem ser suficientes para normalizar os níveis pressóricos sem necessidade de medicamentos. O SUS oferece orientação e acompanhamento para:
Alimentação Saudável
Redução do consumo de sal: Recomenda-se consumir no máximo 5g de sal por dia (aproximadamente uma colher de chá).
Dieta DASH: Rica em frutas, vegetais, grãos integrais, laticínios com baixo teor de gordura e pobre em gorduras saturadas e açúcares.
Aumento do consumo de potássio: Presente em frutas, vegetais e leguminosas.
Redução do consumo de álcool: Limite de uma dose diária para mulheres e duas para homens.
Prática Regular de Atividade Física
Recomenda-se pelo menos 150 minutos semanais de atividade física moderada (como caminhada) ou 75 minutos de atividade intensa.
O SUS oferece programas como Academia da Saúde e grupos de caminhada em muitas localidades.
Controle do Peso
A perda de peso em pessoas com sobrepeso ou obesidade pode reduzir significativamente a pressão arterial.
O SUS oferece acompanhamento nutricional e programas de controle de peso.
Cessação do Tabagismo
O SUS oferece o Programa Nacional de Controle do Tabagismo, com grupos de apoio e, em alguns casos, medicamentos para auxiliar no abandono do cigarro.
Controle do Estresse
Técnicas de relaxamento, meditação e atividades de lazer são recomendadas.
Em algumas unidades do SUS, são oferecidas práticas integrativas como yoga, tai chi chuan e acupuntura.
Tratamento Medicamentoso
Quando as medidas não medicamentosas não são suficientes, ou em casos de hipertensão moderada a grave, é necessário o uso de medicamentos. O SUS disponibiliza gratuitamente diversos anti-hipertensivos, que podem ser retirados nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) ou através do Programa Farmácia Popular. Os principais são:
Diuréticos
Hidroclorotiazida: 12,5mg e 25mg - Comprimido
Espironolactona: 25mg e 100mg - Comprimido
Furosemida: 40mg - Comprimido e 10mg/mL - Solução injetável
Bloqueadores Adrenérgicos
Atenolol: 25mg, 50mg e 100mg - Comprimido
Propranolol: 10mg e 40mg - Comprimido
Metoprolol: 25mg, 50mg e 100mg - Comprimido de liberação prolongada
Metildopa: 250mg - Comprimido
Doxazosina: 2mg e 4mg - Comprimido
Bloqueadores dos Canais de Cálcio
Anlodipino: 5mg e 10mg - Comprimido
Nifedipino: 10mg - Comprimido/Cápsula
Verapamil: 80mg e 120mg - Comprimido
Inibidores da Enzima Conversora da Angiotensina (IECA)
Captopril: 25mg - Comprimido
Enalapril: 5mg, 10mg e 20mg - Comprimido
Bloqueadores dos Receptores da Angiotensina II (BRA)
Losartana: 50mg - Comprimido
Vasodilatadores Diretos
Hidralazina: 25mg e 50mg - Comprimido
Nitroprusseto de sódio: 50mg - Pó para solução injetável (uso hospitalar)
A escolha do medicamento ou da combinação de medicamentos depende de diversos fatores, como idade, presença de outras doenças, gravidade da hipertensão e resposta individual. O médico é o profissional habilitado para definir o melhor esquema terapêutico para cada paciente.
Acompanhamento Multidisciplinar
O tratamento da hipertensão no SUS envolve uma equipe multidisciplinar, que pode incluir:
Médicos: Clínicos gerais, médicos de família, cardiologistas e outras especialidades
Enfermeiros: Realizam orientações, acompanhamento e verificação da pressão arterial
Nutricionistas: Orientam sobre alimentação adequada para controle da pressão
Farmacêuticos: Auxiliam na orientação sobre o uso correto dos medicamentos
Educadores físicos: Orientam sobre atividade física adequada
Psicólogos: Apoiam no enfrentamento emocional da doença crônica
Assistentes sociais: Auxiliam no acesso a benefícios e direitos
Programas Específicos
O SUS possui programas específicos para o cuidado de pessoas com hipertensão:
Programa Nacional de Assistência Farmacêutica para Hipertensão Arterial e Diabetes Mellitus (HIPERDIA): Garante o acesso gratuito aos medicamentos e o acompanhamento regular dos pacientes.
Programa Academia da Saúde: Oferece espaços públicos com equipamentos e profissionais para a prática de atividade física.
Programa Nacional de Controle do Tabagismo: Auxilia os pacientes que desejam parar de fumar.
Tratamento das Complicações
O SUS também oferece tratamento para as complicações da hipertensão:
Doenças cardiovasculares: Tratamento de infarto, insuficiência cardíaca, arritmias
Acidente Vascular Cerebral (AVC): Atendimento de urgência, reabilitação
Doença renal crônica: Acompanhamento nefrológico, diálise, transplante renal
Retinopatia hipertensiva: Tratamento oftalmológico
É importante ressaltar que a adesão ao tratamento é fundamental para o controle da hipertensão e a prevenção de complicações. Isso inclui tomar os medicamentos conforme prescrito, adotar as mudanças no estilo de vida recomendadas e comparecer regularmente às consultas de acompanhamento.
Passo a Passo para Acessar o Tratamento de Hipertensão pelo SUS
Acessar o tratamento completo para hipertensão arterial pelo Sistema Único de Saúde (SUS) envolve alguns passos importantes. Siga este guia detalhado para garantir que você receba todos os cuidados necessários:
1. Cadastro na Unidade Básica de Saúde (UBS)
Localize a UBS mais próxima: Procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua residência. Você pode consultar o endereço no site da secretaria municipal de saúde ou ligando para o Disque Saúde (136).
Documentos necessários: Leve documento de identidade (RG), CPF, comprovante de residência e Cartão SUS (se já tiver).
Realize o cadastro: Na recepção da UBS, informe que deseja se cadastrar. Se ainda não tiver o Cartão SUS, ele será emitido neste momento.
Verifique a equipe responsável: Após o cadastro, você será vinculado a uma equipe de Saúde da Família, que será responsável pelo seu acompanhamento.
2. Consulta Inicial e Diagnóstico
Agende uma consulta: Solicite o agendamento de uma consulta com o médico da UBS. Em algumas unidades, há dias específicos para acolhimento de demanda espontânea (sem agendamento prévio).
Verificação da pressão arterial: Antes da consulta médica, geralmente um enfermeiro ou técnico de enfermagem realizará a medição da sua pressão arterial.
Consulta médica: Durante a consulta, relate seus sintomas (se houver), histórico de saúde, histórico familiar e hábitos de vida. O médico avaliará a medição da pressão e, se necessário, solicitará exames complementares.
Realização de exames: Com a solicitação médica, dirija-se ao laboratório indicado pela UBS para coleta dos exames (geralmente sangue, urina e eletrocardiograma).
Retorno com resultados: Após receber os resultados, retorne à UBS para nova consulta médica. Se confirmado o diagnóstico de hipertensão, o médico iniciará o plano de tratamento.
3. Cadastro no Programa de Hipertensão
Solicite o cadastramento: Após o diagnóstico, peça ao médico ou enfermeiro para cadastrá-lo no Programa de Hipertensão e Diabetes (HIPERDIA) ou programa similar do seu município.
Documentos necessários: Para o cadastro, geralmente são necessários: Cartão SUS, documento de identidade, comprovante de residência e receita médica com o diagnóstico de hipertensão.
Receba o cartão de acompanhamento: Em algumas localidades, você receberá um cartão específico para acompanhamento da hipertensão, onde serão registradas consultas, medicações e resultados de exames.
4. Acesso a Medicamentos
Receita médica: O médico prescreverá os medicamentos necessários para o controle da pressão arterial.
Farmácia da UBS: Com a receita em mãos, dirija-se à farmácia da própria UBS para retirar os medicamentos. A maioria dos anti-hipertensivos está disponível nas farmácias das UBS.
Documentos para retirada: Para retirar os medicamentos, leve: receita médica original (geralmente válida por 3-6 meses para medicamentos de uso contínuo), Cartão SUS e documento de identidade.
Programa Farmácia Popular: Alternativamente, alguns medicamentos para hipertensão também estão disponíveis gratuitamente no Programa Farmácia Popular. Para acessá-los, apresente receita médica (do SUS ou particular), Cartão SUS e documento de identidade em uma farmácia credenciada. Os medicamentos disponíveis incluem: Atenolol 25mg, Captopril 25mg, Enalapril 10mg, Hidroclorotiazida 25mg, Losartana 50mg e Propranolol 40mg.
5. Acompanhamento Regular
Consultas médicas: Mantenha as consultas regulares com o médico da UBS (geralmente a cada 3-4 meses para pacientes estáveis).
Consultas com enfermagem: Entre as consultas médicas, participe das consultas de enfermagem para monitoramento da pressão e orientações.
Grupos educativos: Participe dos grupos educativos sobre hipertensão oferecidos pela UBS, que fornecem informações valiosas sobre autocuidado.
Exames periódicos: Realize os exames solicitados pelo médico para monitorar o controle da pressão e verificar possíveis complicações. Geralmente, são solicitados exames de sangue, urina e eletrocardiograma anualmente.
6. Acesso a Especialistas
Encaminhamento: Se necessário, o médico da UBS fará o encaminhamento para especialistas (cardiologista, nefrologista, oftalmologista, etc.).
Agendamento: O agendamento com especialistas geralmente é feito pela própria UBS através do sistema de regulação. Em alguns lugares, você receberá um protocolo de encaminhamento para acompanhar o status do agendamento.
Consulta especializada: Compareça à consulta com o especialista na data agendada, levando todos os exames e o histórico de tratamento.
Retorno à UBS: Após a consulta com o especialista, retorne à UBS com o relatório ou receitas fornecidos para continuidade do cuidado.
7. Acesso a Programas Complementares
Programa de Atividade Física: Informe-se na UBS sobre programas como Academia da Saúde, que oferecem atividades físicas orientadas.
Atendimento nutricional: Solicite encaminhamento para nutricionista para orientação alimentar específica para hipertensão.
Programa de Controle do Tabagismo: Se você é fumante, informe-se sobre o programa de cessação do tabagismo disponível na rede pública.
8. Acesso a Serviços de Urgência
Reconheça os sinais de alerta: Aprenda a identificar sinais de crise hipertensiva, como dor de cabeça intensa, visão turva, dor no peito, falta de ar.
Onde buscar atendimento: Em caso de emergência relacionada à pressão alta, procure a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) mais próxima ou, em casos graves, acione o SAMU pelo telefone 192.
Documentos e informações: Se possível, leve seu Cartão SUS, receitas médicas e anote os valores recentes de pressão arterial para informar à equipe de saúde.
9. Documentos Necessários
Para facilitar o acesso aos serviços, mantenha sempre em mãos:
Cartão SUS
Documento de identidade
Receitas médicas atualizadas
Resultados de exames recentes
Cartão de acompanhamento da hipertensão (se fornecido pela UBS)
10. Em Caso de Dificuldades de Acesso
Ouvidoria do SUS: Se encontrar dificuldades para acessar medicamentos, consultas ou outros serviços, registre uma reclamação na Ouvidoria do SUS pelo telefone 136.
Conselho Municipal de Saúde: Procure o Conselho Municipal de Saúde para relatar problemas no acesso aos serviços.
Defensoria Pública: Em casos de negativa persistente de acesso a medicamentos ou tratamentos previstos em protocolos, procure a Defensoria Pública.
Associações de Pacientes: Busque apoio em associações de pacientes com hipertensão, que podem orientar sobre direitos e formas de acesso.
Lembre-se que o tratamento da hipertensão é contínuo e requer comprometimento tanto da equipe de saúde quanto do paciente. Mantenha seus documentos e receitas organizados, compareça às consultas agendadas e siga corretamente as orientações médicas para garantir o melhor controle possível da pressão arterial.
Direitos das Pessoas com Hipertensão no SUS
As pessoas com hipertensão arterial têm direitos específicos garantidos por lei no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Conhecer esses direitos é fundamental para garantir o acesso a um tratamento adequado e integral. Veja os principais direitos:
Direito ao Diagnóstico e Tratamento
Acesso a exames diagnósticos: Direito a realizar gratuitamente todos os exames necessários para o diagnóstico da hipertensão e avaliação de possíveis complicações.
Consultas médicas regulares: Direito a consultas com médicos generalistas, especialistas em hipertensão (cardiologistas) e outros especialistas necessários para o tratamento de complicações.
Atendimento multidisciplinar: Direito a atendimento com equipe multidisciplinar, incluindo enfermeiros, nutricionistas, psicólogos, educadores físicos, entre outros profissionais.
Direito a Medicamentos
Medicamentos gratuitos: Direito a receber gratuitamente os medicamentos para controle da hipertensão, conforme prescrição médica, nas Unidades Básicas de Saúde ou pelo Programa Farmácia Popular.
Fornecimento contínuo: Os medicamentos para hipertensão são de uso contínuo e devem ser fornecidos regularmente, sem interrupções.
Receita de longa duração: Para medicamentos de uso contínuo, a receita médica pode ter validade de até 6 meses, dependendo da regulamentação local.
Direito a Exames de Acompanhamento
Exames periódicos: Direito a realizar regularmente exames para monitoramento do controle pressórico e para detecção precoce de complicações.
Exames cardiovasculares: Direito a exames como eletrocardiograma, teste ergométrico, ecocardiograma, quando necessários.
Avaliação renal: Direito a exames para avaliação da função renal (creatinina, ureia, microalbuminúria).
Avaliação oftalmológica: Direito a exame de fundo de olho para detecção de retinopatia hipertensiva.
Direitos Trabalhistas e Previdenciários
Afastamento do trabalho: Em caso de descompensação da hipertensão ou complicações graves, direito a afastamento temporário do trabalho com manutenção do salário (nos primeiros 15 dias pelo empregador, após esse período pelo INSS).
Auxílio-doença: Direito a receber auxílio-doença do INSS em caso de incapacidade temporária para o trabalho por mais de 15 dias devido a complicações da hipertensão.
Aposentadoria por invalidez: Em casos de complicações graves que impossibilitem permanentemente o trabalho, direito a aposentadoria por invalidez.
Reabilitação profissional: Direito a reabilitação profissional pelo INSS quando necessário.
Direitos Fiscais e Benefícios
Isenção de IPI na compra de veículos: Pessoas com hipertensão que desenvolveram deficiência física em decorrência da doença (como sequelas de AVC) podem ter direito à isenção de IPI na compra de veículos adaptados.
Isenção de ICMS: Em alguns estados, pessoas com hipertensão que desenvolveram deficiência podem ter direito à isenção de ICMS na compra de veículos.
Isenção de IPVA: Em alguns estados, pessoas com hipertensão que desenvolveram deficiência podem ter direito à isenção de IPVA.
Benefício de Prestação Continuada (BPC): Pessoas com hipertensão que desenvolveram incapacidade para o trabalho e para a vida independente, e que comprovem não possuir meios de prover a própria manutenção nem de tê-la provida por sua família, podem ter direito ao BPC.
Outros Direitos
Atendimento prioritário: Pessoas com hipertensão que desenvolveram complicações graves têm direito a atendimento prioritário em filas e serviços públicos.
Transporte para tratamento fora do domicílio (TFD): Quando o tratamento não está disponível no município de residência, o paciente tem direito ao TFD, que pode incluir transporte, alimentação e hospedagem.
Educação em saúde: Direito a participar de programas educativos sobre manejo da doença, alimentação adequada e autocuidado.
Acesso a órteses e próteses: Em caso de sequelas de AVC decorrentes da hipertensão, direito a órteses, próteses e meios auxiliares de locomoção pelo SUS.
Como Garantir seus Direitos
Para garantir o acesso a todos os direitos, é importante:
Manter documentação organizada: Guarde todas as receitas médicas, laudos, resultados de exames e outros documentos relacionados ao seu tratamento.
Conhecer os fluxos locais: Informe-se na Unidade Básica de Saúde sobre os procedimentos específicos para acesso a medicamentos e especialistas em sua região.
Registrar negativas por escrito: Em caso de negativa de atendimento ou fornecimento de medicamentos, solicite que a negativa seja registrada por escrito, com justificativa.
Utilizar os canais de reclamação: Em caso de dificuldades, utilize a Ouvidoria do SUS (telefone 136), o Conselho Municipal de Saúde ou o Ministério Público.
Buscar apoio jurídico: Se necessário, procure a Defensoria Pública para orientação jurídica gratuita sobre como garantir seus direitos.
Participar de associações: Associações de pacientes com hipertensão podem oferecer orientação e apoio na garantia de direitos.
Lembre-se que o conhecimento dos seus direitos é o primeiro passo para garantir um tratamento adequado e integral para a hipertensão pelo SUS.
Prevenção de Complicações da Hipertensão
A hipertensão arterial, quando não controlada adequadamente, pode levar a complicações graves que afetam diversos órgãos e sistemas do corpo. O SUS oferece recursos para ajudar na prevenção dessas complicações. Veja as principais medidas preventivas:
Controle da Pressão Arterial
Manter os níveis de pressão arterial dentro das metas estabelecidas pelo médico é a principal forma de prevenir complicações. O SUS oferece:
Monitoramento regular da pressão: Verificação da pressão arterial nas consultas de rotina e orientação para monitoramento domiciliar.
Ajustes no tratamento: Consultas regulares para ajustes na medicação conforme necessário.
Fornecimento de medicamentos: Acesso gratuito aos medicamentos anti-hipertensivos.
Prevenção de Doenças Cardiovasculares
A hipertensão é um dos principais fatores de risco para infarto, insuficiência cardíaca e outras doenças cardiovasculares. Para prevenir:
Controle do colesterol: O SUS fornece medicamentos para controle do colesterol (estatinas) e exames periódicos para monitoramento.
Exames cardiovasculares: Eletrocardiograma, teste ergométrico e outros exames quando necessário.
Orientação sobre atividade física: Programas como Academia da Saúde oferecem atividades físicas orientadas.
Cessação do tabagismo: Programas de apoio para quem deseja parar de fumar.
Prevenção de Acidente Vascular Cerebral (AVC)
A hipertensão é o principal fator de risco para AVC. Para prevenir:
Controle rigoroso da pressão: Manter a pressão arterial abaixo de 140/90 mmHg (ou meta individualizada conforme orientação médica).
Uso de antiagregantes plaquetários: Em casos específicos, o médico pode prescrever medicamentos como AAS para prevenir a formação de coágulos.
Controle de outros fatores de risco: Diabetes, colesterol alto, tabagismo.
Proteção Renal
A hipertensão não controlada pode levar à doença renal crônica. Para proteger os rins:
Exames de função renal: O SUS oferece exames como microalbuminúria e creatinina para detecção precoce de problemas renais.
Controle da pressão arterial: Manter a pressão em níveis adequados é fundamental para proteger os rins.
Controle do diabetes: Para pacientes que também têm diabetes, o controle da glicemia é essencial para proteger os rins.
Hidratação adequada: Orientação sobre a importância de ingerir líquidos em quantidade adequada.
Proteção Ocular
A hipertensão pode causar danos à retina (retinopatia hipertensiva). Para prevenir:
Exame de fundo de olho: O SUS oferece este exame para detecção precoce de alterações na retina.
Controle da pressão arterial: Manter a pressão em níveis adequados é fundamental para proteger os olhos.
Encaminhamento para oftalmologista: Em caso de alterações, encaminhamento para especialista.
Alimentação Saudável
A alimentação adequada é fundamental para o controle da hipertensão. O SUS oferece:
Consultas com nutricionista: Orientação nutricional personalizada.
Grupos educativos: Informações sobre alimentação saudável e controle do sódio.
Material educativo: Cartilhas e folhetos sobre alimentação para hipertensão.
As principais recomendações incluem:
Reduzir o consumo de sal para menos de 5g por dia
Aumentar o consumo de frutas, verduras e legumes
Preferir alimentos integrais
Reduzir o consumo de gorduras saturadas e trans
Limitar o consumo de álcool
Aumentar o consumo de alimentos ricos em potássio, como banana, laranja, batata
Atividade Física
A prática regular de atividade física ajuda a controlar a pressão arterial e reduz o risco de complicações. O SUS oferece:
Programa Academia da Saúde: Espaços públicos com equipamentos e profissionais para orientação de atividades físicas.
Grupos de caminhada: Organizados pelas Unidades Básicas de Saúde.
Orientação com educador físico: Em algumas localidades, há educadores físicos nas equipes do NASF (Núcleo Ampliado de Saúde da Família).
Recomenda-se:
Pelo menos 150 minutos semanais de atividade moderada (como caminhada)
Ou 75 minutos semanais de atividade intensa
Associar exercícios aeróbicos com exercícios de resistência (musculação)
Distribuir a atividade ao longo da semana, preferencialmente todos os dias
Controle do Peso
O excesso de peso aumenta o risco de complicações da hipertensão. O SUS oferece:
Acompanhamento nutricional: Para elaboração de plano alimentar individualizado.
Grupos de controle de peso: Atividades educativas e de apoio para perda de peso.
Orientação sobre atividade física: Para auxiliar no gasto calórico.
Cessação do Tabagismo
O tabagismo aumenta significativamente o risco de complicações cardiovasculares em pessoas com hipertensão. O SUS oferece:
Programa Nacional de Controle do Tabagismo: Grupos de apoio para cessação do tabagismo.
Medicamentos: Em alguns casos, fornecimento de medicamentos que auxiliam a parar de fumar.
Acompanhamento psicológico: Para lidar com a dependência e a abstinência.
Controle do Estresse
O estresse crônico pode elevar a pressão arterial e aumentar o risco de complicações. O SUS oferece:
Atendimento psicológico: Para aprender técnicas de manejo do estresse.
Práticas integrativas: Em algumas unidades, são oferecidas práticas como yoga, meditação, acupuntura.
Grupos de relaxamento: Atividades coletivas para redução do estresse.
Adesão ao Tratamento
A adesão ao tratamento medicamentoso e não medicamentoso é fundamental para prevenir complicações. O SUS oferece:
Orientação farmacêutica: Sobre o uso correto dos medicamentos.
Grupos de adesão: Atividades educativas sobre a importância de seguir o tratamento.
Consultas de enfermagem: Para reforço das orientações e esclarecimento de dúvidas.
Simplificação dos esquemas terapêuticos: Quando possível, uso de medicamentos de dose única diária ou combinações fixas.
Vacinação
Pessoas com hipertensão, especialmente idosos ou com complicações cardiovasculares, devem manter a vacinação em dia. O SUS oferece:
Vacina contra gripe: Anualmente, pessoas com hipertensão são grupo prioritário.
Vacina contra pneumonia: Recomendada para pessoas com complicações cardiovasculares.
Outras vacinas do calendário adulto: Conforme recomendação do Programa Nacional de Imunizações.
Lembre-se que a prevenção de complicações da hipertensão requer um esforço conjunto da equipe de saúde e do paciente. Mantenha suas consultas regulares, siga as orientações médicas, tome os medicamentos conforme prescrito e adote um estilo de vida saudável para reduzir significativamente o risco de complicações.
Perguntas Frequentes sobre Hipertensão e o SUS
Como saber se tenho hipertensão?
A hipertensão geralmente não apresenta sintomas, por isso é conhecida como "doença silenciosa". A única forma de saber com certeza se você tem hipertensão é medindo sua pressão arterial. Valores iguais ou superiores a 140/90 mmHg, confirmados em pelo menos duas ocasiões diferentes, indicam hipertensão. Você pode verificar sua pressão gratuitamente em qualquer Unidade Básica de Saúde do SUS, em farmácias que oferecem este serviço ou em casa, se tiver um aparelho próprio devidamente calibrado.
Quais medicamentos para hipertensão o SUS oferece gratuitamente?
O SUS oferece gratuitamente diversos medicamentos para hipertensão, incluindo:
Diuréticos: Hidroclorotiazida, Espironolactona, Furosemida
Betabloqueadores: Atenolol, Propranolol, Metoprolol
Bloqueadores dos canais de cálcio: Anlodipino, Nifedipino, Verapamil
Inibidores da ECA: Captopril, Enalapril
Bloqueadores dos receptores da angiotensina: Losartana
Vasodilatadores: Hidralazina
Ação central: Metildopa
Além disso, o Programa Farmácia Popular oferece gratuitamente: Atenolol 25mg, Captopril 25mg, Enalapril 10mg, Hidroclorotiazida 25mg, Losartana 50mg e Propranolol 40mg em farmácias privadas credenciadas.
Com que frequência devo medir minha pressão arterial?
A frequência recomendada para medição da pressão arterial varia conforme a situação:
Pessoas sem diagnóstico de hipertensão e sem fatores de risco: pelo menos uma vez por ano
Pessoas sem diagnóstico, mas com fatores de risco (histórico familiar, obesidade, etc.): pelo menos duas vezes por ano
Pessoas com pré-hipertensão (pressão entre 120-139/80-89 mmHg): a cada 3-6 meses
Pessoas com hipertensão em tratamento e pressão controlada: a cada 1-3 meses, conforme orientação médica
Pessoas com hipertensão não controlada ou em ajuste de medicação: semanalmente ou até diariamente, conforme orientação médica
A medição pode ser realizada gratuitamente em qualquer Unidade Básica de Saúde do SUS.
Tenho direito a consulta com cardiologista pelo SUS?
Sim, pessoas com hipertensão têm direito a consulta com cardiologista pelo SUS, especialmente em casos de difícil controle, suspeita de hipertensão secundária ou presença de complicações cardiovasculares. O acesso ao especialista ocorre por meio de encaminhamento do médico da Unidade Básica de Saúde, através do sistema de regulação. O tempo de espera pode variar conforme a disponibilidade de especialistas na região. Enquanto aguarda a consulta especializada, continue o acompanhamento com o médico da UBS, que pode ajustar o tratamento conforme necessário.
Posso receber medicamentos para hipertensão em casa?
Em algumas localidades, o SUS oferece o serviço de entrega domiciliar de medicamentos para pacientes com dificuldade de locomoção, idosos ou em situações especiais. Este serviço não está disponível em todos os municípios e pode ter critérios específicos para inclusão. Informe-se na Unidade Básica de Saúde sobre a disponibilidade deste serviço em sua região. Alternativamente, um familiar ou representante pode retirar os medicamentos na UBS ou na Farmácia Popular, apresentando a receita médica, documento de identidade do paciente e seu próprio documento.
O que fazer se minha pressão estiver muito alta?
Se você verificar que sua pressão está muito alta (acima de 180/110 mmHg) e não estiver sentindo nenhum sintoma, procure atendimento médico na Unidade Básica de Saúde mais próxima no mesmo dia. Se, além da pressão muito alta, você estiver sentindo sintomas como dor de cabeça intensa, visão turva, dor no peito, falta de ar ou confusão mental, trata-se de uma emergência hipertensiva e você deve procurar imediatamente uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou acionar o SAMU pelo telefone 192. Enquanto aguarda atendimento, mantenha-se calmo, em repouso e não tome medicamentos por conta própria.
Posso fazer atividade física se tenho hipertensão?
Sim, não apenas pode como deve! A atividade física regular é uma das principais medidas não medicamentosas para controle da hipertensão. Estudos mostram que exercícios aeróbicos regulares podem reduzir a pressão sistólica em 4-9 mmHg. No entanto, é importante seguir algumas recomendações:
Antes de iniciar um programa de exercícios, consulte seu médico, especialmente se sua pressão não está bem controlada
Prefira atividades aeróbicas como caminhada, natação, ciclismo
Comece devagar e aumente gradualmente a intensidade
Evite exercícios muito intensos ou que envolvam levantamento de peso pesado sem orientação
Hidrate-se adequadamente antes, durante e após o exercício
O SUS oferece programas como Academia da Saúde e grupos de caminhada em muitas localidades, com orientação profissional gratuita.
Qual a diferença entre hipertensão e pressão alta?
Não há diferença técnica entre os termos "hipertensão" e "pressão alta" - ambos referem-se à mesma condição médica caracterizada por níveis elevados de pressão arterial (igual ou superior a 140/90 mmHg). "Hipertensão arterial" é o termo médico oficial, enquanto "pressão alta" é a denominação popular mais conhecida. É importante não confundir com "estar com a pressão alta momentaneamente", que pode ocorrer em situações de estresse, exercício físico ou dor, sem necessariamente caracterizar hipertensão arterial, que é uma condição crônica.
Hipertensão tem cura?
A hipertensão primária ou essencial, que representa cerca de 95% dos casos, não tem cura, mas tem tratamento e pode ser controlada. Com o tratamento adequado, que inclui medicamentos e mudanças no estilo de vida, é possível manter a pressão arterial em níveis normais e prevenir complicações. Já a hipertensão secundária, que corresponde a aproximadamente 5% dos casos e ocorre como consequência de outras doenças ou condições, pode ser curada se a causa subjacente for tratada. Por exemplo, se a hipertensão for causada por um tumor na glândula adrenal, a remoção do tumor pode normalizar a pressão arterial.
Posso parar de tomar os remédios quando minha pressão normalizar?
Não. Um dos erros mais comuns no tratamento da hipertensão é interromper o uso dos medicamentos quando a pressão se normaliza. Os medicamentos anti-hipertensivos controlam a pressão, mas não curam a hipertensão. Se você parar de tomá-los, a pressão provavelmente voltará a subir, aumentando o risco de complicações. Qualquer alteração no tratamento medicamentoso deve ser feita apenas com orientação médica. Se você está tendo efeitos colaterais ou outras dificuldades com os medicamentos, converse com seu médico, que poderá ajustar a dose ou trocar por outro medicamento mais adequado para você.
Hipertensão na gravidez tem tratamento pelo SUS?
Sim, o SUS oferece tratamento completo para hipertensão na gravidez, que pode se manifestar como hipertensão crônica (já existente antes da gravidez), hipertensão gestacional (que surge após a 20ª semana de gestação) ou pré-eclâmpsia (hipertensão com proteinúria após a 20ª semana). O tratamento inclui:
Acompanhamento pré-natal de alto risco, com consultas mais frequentes
Monitoramento regular da pressão arterial
Medicamentos seguros para uso na gestação (como metildopa, nifedipino)
Exames mais frequentes para avaliar o bem-estar materno e fetal
Internação hospitalar, quando necessário
Parto em maternidade de referência para gestação de alto risco
Para acessar esses serviços, a gestante deve informar sua condição na UBS onde realiza o pré-natal, e será encaminhada ao serviço de pré-natal de alto risco.
Como Acessar este Serviço pelo SUS
Para acessar o tratamento completo para hipertensão arterial pelo Sistema Único de Saúde (SUS), siga este passo a passo detalhado:
1. Diagnóstico
Procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência. Leve documento de identidade, CPF, comprovante de residência e Cartão SUS (se já tiver).
Faça o cadastro na UBS, caso ainda não seja cadastrado. Se não tiver o Cartão SUS, ele será emitido neste momento.
Solicite a verificação da pressão arterial, que será realizada por um enfermeiro ou técnico de enfermagem.
Se a pressão estiver elevada (igual ou superior a 140/90 mmHg), agende uma consulta médica ou, em algumas unidades, você poderá ser atendido no mesmo dia.
Na consulta médica, o profissional avaliará sua pressão novamente, fará perguntas sobre seu histórico de saúde e solicitará exames complementares.
Realize os exames solicitados no laboratório indicado pela UBS.
Retorne à UBS com os resultados para nova consulta médica. Se confirmado o diagnóstico de hipertensão, o médico iniciará o plano de tratamento.
2. Tratamento
Receba orientações sobre mudanças no estilo de vida, como alimentação com menos sal, prática de atividade física, controle do peso, cessação do tabagismo e redução do consumo de álcool.
Receba a receita médica com os medicamentos prescritos para o controle da pressão arterial.
Retire os medicamentos gratuitamente na farmácia da própria UBS ou, para alguns medicamentos específicos, em Farmácias de Referência. Leve a receita médica, Cartão SUS e documento de identidade.
Alternativa: Programa Farmácia Popular - Alguns medicamentos para hipertensão também estão disponíveis gratuitamente no Programa Farmácia Popular. Para acessá-los, apresente receita médica (do SUS ou particular), Cartão SUS e documento de identidade em uma farmácia credenciada.
3. Acompanhamento
Cadastre-se no programa de hipertensão da sua UBS (HIPERDIA ou similar).
Mantenha consultas regulares com o médico da UBS, geralmente a cada 3-4 meses para pacientes com pressão controlada.
Participe das consultas de enfermagem entre as consultas médicas para verificação da pressão e orientações.
Realize os exames periódicos solicitados pelo médico para monitorar sua saúde geral e verificar possíveis complicações.
Participe dos grupos educativos sobre hipertensão oferecidos pela UBS, que fornecem informações valiosas sobre autocuidado.
4. Acesso a Especialistas
Se necessário, o médico da UBS fará o encaminhamento para especialistas como cardiologista, nefrologista ou oftalmologista.
O agendamento com especialistas geralmente é feito pela própria UBS através do sistema de regulação.
Compareça à consulta especializada na data agendada, levando todos os exames e o histórico de tratamento.
Após a consulta com o especialista, retorne à UBS para continuidade do cuidado.
5. Programas Complementares
Academia da Saúde: Informe-se na UBS sobre este programa, que oferece espaços públicos com equipamentos e profissionais para a prática de atividade física.
Programa de Controle do Tabagismo: Se você é fumante, pergunte sobre este programa, que oferece apoio para quem deseja parar de fumar.
Atendimento nutricional: Solicite encaminhamento para nutricionista para orientação alimentar específica para hipertensão.
6. Em Caso de Emergência
Se sua pressão estiver muito alta (acima de 180/110 mmHg) e você estiver sentindo sintomas como dor de cabeça intensa, visão turva, dor no peito ou falta de ar, procure imediatamente uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou acione o SAMU pelo telefone 192.
Após o atendimento de emergência, retorne à UBS para ajuste do tratamento e acompanhamento.
7. Documentos Necessários
Para facilitar o acesso aos serviços, mantenha sempre em mãos:
Cartão SUS
Documento de identidade
Receitas médicas atualizadas
Resultados de exames recentes
Cartão de acompanhamento da hipertensão (se fornecido pela UBS)
8. Canais de Apoio
Em caso de dificuldades para acessar os serviços:
Ouvidoria do SUS: Telefone 136
Conselho Municipal de Saúde: Procure informações na secretaria municipal de saúde
Defensoria Pública: Para casos de negativa persistente de acesso a medicamentos ou tratamentos
Lembre-se que o tratamento da hipertensão é contínuo e requer comprometimento. Mantenha seus documentos e receitas organizados, compareça às consultas agendadas e siga corretamente as orientações médicas para garantir o melhor controle possível da pressão arterial e prevenir complicações.
Fonte: Ministério da Saúde, Sociedade Brasileira de Cardiologia, Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas do SUS