Tratamento da Tuberculose pelo SUS: Guia Completo para Pacientes
O SUS oferece tratamento gratuito e eficaz para tuberculose, com medicamentos, exames e acompanhamento por profissionais de saúde. Descubra como acessar todos esses serviços, quais são seus direitos e como obter a cura completa desta doença que tem tratamento e pode ser vencida.
4/28/202520 min read


Tuberculose: Como Tratar pelo SUS - Passo a Passo Completo
O que é a Tuberculose?
A tuberculose é uma doença infecciosa e transmissível causada pela bactéria Mycobacterium tuberculosis, também conhecida como bacilo de Koch. Apesar de ser uma enfermidade antiga, a tuberculose continua sendo um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo. Anualmente, cerca de 10 milhões de pessoas adoecem por tuberculose globalmente, sendo responsável por mais de um milhão de óbitos. No Brasil, mais de 84 mil casos novos são notificados a cada ano, ocorrendo aproximadamente 6 mil óbitos anuais.
A doença afeta prioritariamente os pulmões (forma pulmonar), embora possa acometer outros órgãos e sistemas do corpo (forma extrapulmonar). A forma pulmonar, além de ser mais frequente, é a principal responsável pela manutenção da cadeia de transmissão da doença, pois é através da tosse, fala ou espirro que a pessoa com tuberculose ativa libera no ar as bactérias que podem infectar outras pessoas.
A boa notícia é que a tuberculose tem cura e o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diagnóstico e tratamento completo e gratuito para todos os pacientes. Neste artigo, vamos explicar detalhadamente como acessar os serviços de tratamento para tuberculose pelo SUS, desde o diagnóstico até a cura completa.
Sintomas da Tuberculose
Reconhecer os sintomas da tuberculose é o primeiro passo para buscar diagnóstico e tratamento precoces. Os sintomas podem variar conforme a localização da doença no organismo, mas existem sinais clássicos que devem servir de alerta.
Sintomas da Tuberculose Pulmonar
A tuberculose pulmonar é a forma mais comum da doença e apresenta os seguintes sintomas:
Tosse persistente: O principal sintoma é a tosse, que pode ser seca ou produtiva (com catarro), por três semanas ou mais;
Expectoração com sangue (hemoptise): Em casos mais avançados, pode ocorrer eliminação de sangue ao tossir;
Febre baixa: Geralmente vespertina (no final da tarde), com temperatura entre 37,5°C e 38,5°C;
Sudorese noturna: Suor excessivo durante a noite, mesmo em ambientes frescos;
Perda de peso: Emagrecimento sem causa aparente;
Fadiga e fraqueza: Sensação constante de cansaço e falta de energia;
Dor torácica: Desconforto ou dor no peito, especialmente ao respirar profundamente ou tossir;
Falta de apetite: Diminuição do interesse por alimentos.
Sintomas da Tuberculose Extrapulmonar
Quando a tuberculose afeta outros órgãos além dos pulmões, os sintomas variam conforme a localização:
Tuberculose ganglionar: Aumento dos gânglios linfáticos, geralmente no pescoço;
Tuberculose pleural: Dor torácica, dificuldade para respirar;
Tuberculose óssea: Dor nas articulações ou na coluna vertebral, limitação de movimentos;
Tuberculose meníngea: Dor de cabeça intensa, rigidez na nuca, alterações de consciência;
Tuberculose geniturinária: Dor ao urinar, sangue na urina, alterações menstruais;
Tuberculose intestinal: Dor abdominal, diarreia, sangue nas fezes.
É importante ressaltar que esses sintomas não são exclusivos da tuberculose e podem estar presentes em outras doenças. Por isso, a avaliação médica é fundamental para o diagnóstico correto.
Quando Procurar Atendimento Médico
Recomenda-se que toda pessoa com sintomas respiratórios, especialmente tosse por três semanas ou mais, seja investigada para tuberculose. Quanto mais cedo o diagnóstico for realizado, maiores são as chances de cura e menor é o risco de transmissão para outras pessoas.
Caso apresente sintomas sugestivos de tuberculose, procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da sua residência para avaliação e realização de exames.
Transmissão da Tuberculose
Compreender como a tuberculose é transmitida é fundamental para adotar medidas de prevenção e controle da doença.
Como Ocorre a Transmissão
A transmissão da tuberculose acontece por via respiratória, pela eliminação de aerossóis produzidos pela tosse, fala ou espirro de uma pessoa com tuberculose ativa (pulmonar ou laríngea), sem tratamento. Quando outras pessoas respiram essas partículas, há a possibilidade de se infectarem.
Calcula-se que, durante um ano, em uma comunidade, uma pessoa com tuberculose pulmonar e/ou laríngea ativa, sem tratamento, e que esteja eliminando aerossóis com bacilos, possa infectar, em média, de 10 a 15 pessoas.
Fatores que Influenciam a Transmissão
Concentração de bacilos no ar: Quanto mais bacilos no ambiente, maior o risco de transmissão;
Tempo de exposição: Quanto mais tempo em contato com a pessoa doente, maior a chance de infecção;
Ventilação do ambiente: Locais fechados e mal ventilados aumentam o risco;
Virulência do bacilo: Algumas cepas da bactéria podem ser mais infecciosas que outras;
Estado imunológico do exposto: Pessoas com sistema imunológico comprometido têm maior risco de adoecer após a infecção.
O que Não Transmite Tuberculose
É importante esclarecer que a tuberculose não se transmite por objetos compartilhados. Bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e talheres dificilmente se dispersam em aerossóis e, por isso, não têm papel importante na transmissão da doença. Portanto, não é necessário separar utensílios domésticos ou roupas da pessoa com tuberculose.
Período de Transmissibilidade
Com o início do tratamento adequado, a transmissão tende a diminuir gradativamente, e em geral, após 15 dias, o risco de transmissão da tuberculose é reduzido significativamente. Por isso, é fundamental iniciar o tratamento o mais rápido possível após o diagnóstico.
Medidas para Reduzir a Transmissão
Iniciar o tratamento imediatamente após o diagnóstico;
Manter ambientes bem ventilados e com luz natural direta;
Praticar a etiqueta da tosse (cobrir a boca com o antebraço ou lenço ao tossir);
Usar máscara nos primeiros dias de tratamento, especialmente em ambientes fechados e com aglomeração de pessoas;
Evitar contato próximo com pessoas de alto risco (crianças pequenas, idosos, pessoas com imunidade comprometida) nos primeiros dias de tratamento.
Diagnóstico da Tuberculose pelo SUS
O diagnóstico precoce da tuberculose é fundamental para o início oportuno do tratamento, o que melhora significativamente o prognóstico e reduz a transmissão da doença. O SUS oferece diversos métodos diagnósticos, disponíveis gratuitamente na rede pública de saúde.
Exames Disponíveis no SUS
1. Baciloscopia de Escarro (Teste de Escarro)
É o exame mais utilizado para o diagnóstico da tuberculose pulmonar. Consiste na análise do escarro (catarro) em microscópio para identificar o bacilo de Koch. Geralmente são coletadas duas amostras em dias consecutivos. É um exame simples, rápido e de baixo custo, disponível na maioria das Unidades Básicas de Saúde.
2. Teste Rápido Molecular para Tuberculose (TRM-TB)
É um teste que detecta o material genético (DNA) do bacilo da tuberculose e também verifica se há resistência à rifampicina (um dos principais medicamentos do tratamento). O resultado fica pronto em cerca de duas horas. Este teste está disponível em unidades de referência para tuberculose.
3. Cultura para Micobactérias
É um exame mais sensível que a baciloscopia, capaz de detectar um número menor de bacilos na amostra. No entanto, o resultado demora de 30 a 60 dias. É indicado principalmente para casos com suspeita de resistência aos medicamentos ou quando a baciloscopia é negativa, mas há forte suspeita clínica de tuberculose.
4. Teste de Sensibilidade aos Antimicrobianos (TSA)
Realizado a partir da cultura positiva, este teste verifica se o bacilo é resistente a algum dos medicamentos utilizados no tratamento. É fundamental para orientar o esquema terapêutico em casos de tuberculose resistente.
5. Radiografia de Tórax
É um método complementar importante na investigação da tuberculose pulmonar. Pode mostrar alterações sugestivas da doença, como cavidades, infiltrados e nódulos, principalmente nos lobos superiores dos pulmões. A radiografia de tórax está disponível em unidades de referência e hospitais do SUS.
6. Teste Tuberculínico (PPD)
É utilizado principalmente para o diagnóstico da infecção latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB), quando a pessoa está infectada pelo bacilo, mas não desenvolveu a doença. Consiste na aplicação de uma substância na pele do antebraço, com leitura do resultado após 48-72 horas.
7. IGRA (Ensaio de Liberação de Interferon-Gama)
É um teste sanguíneo também utilizado para diagnóstico da ILTB, disponível em alguns centros de referência do SUS.
Onde Realizar os Exames
Os exames para diagnóstico da tuberculose podem ser solicitados nas seguintes unidades de saúde:
Centros de Referência para Tuberculose;
Ambulatórios de Pneumologia;
Serviços de Atendimento Especializado em HIV/AIDS (para pessoas vivendo com HIV);
Hospitais da rede SUS.
Fluxo Diagnóstico
Procure a UBS mais próxima da sua residência se apresentar sintomas sugestivos de tuberculose;
Um profissional de saúde fará uma avaliação clínica e, se houver suspeita de tuberculose, solicitará os exames necessários;
Você receberá orientações sobre como coletar o escarro (se for solicitada a baciloscopia) ou será encaminhado para realizar os demais exames;
Após a realização dos exames, retorne à unidade de saúde na data agendada para receber os resultados;
Se o diagnóstico de tuberculose for confirmado, o tratamento será iniciado imediatamente.
Diagnóstico em Populações Especiais
Crianças
O diagnóstico da tuberculose em crianças é mais difícil, pois elas geralmente apresentam poucos bacilos (paucibacilares) e têm dificuldade em expectorar. Nestes casos, o diagnóstico baseia-se principalmente em critérios clínicos, epidemiológicos (contato com adulto com tuberculose), radiológicos e na prova tuberculínica.
Pessoas Vivendo com HIV
Em pessoas com HIV, a tuberculose pode se apresentar de forma atípica, dificultando o diagnóstico. Além disso, a baciloscopia pode ser negativa com mais frequência. Por isso, são utilizados métodos diagnósticos adicionais, como cultura, testes moleculares e biópsias.
Gestantes
O diagnóstico da tuberculose em gestantes segue os mesmos princípios utilizados para a população geral, com cuidados especiais na realização de exames radiológicos, que devem ser feitos com proteção abdominal.
Tratamento da Tuberculose pelo SUS
O tratamento da tuberculose no Brasil é padronizado, gratuito e está disponível exclusivamente no Sistema Único de Saúde (SUS). Com o tratamento adequado, a tuberculose tem cura em praticamente 100% dos casos sensíveis aos medicamentos.
Medicamentos Utilizados
São utilizados quatro medicamentos para o tratamento dos casos de tuberculose que utilizam o esquema básico:
Rifampicina (R): Atua inibindo a síntese de RNA da bactéria;
Isoniazida (H): Interfere na síntese da parede celular bacteriana;
Pirazinamida (Z): Atua em ambiente ácido, como o interior dos macrófagos;
Etambutol (E): Inibe a síntese da parede celular bacteriana.
Estes medicamentos são fornecidos em comprimidos com doses fixas combinadas, o que facilita a tomada e melhora a adesão ao tratamento. Existem apresentações específicas para adultos e crianças.
Esquema de Tratamento
O esquema básico para o tratamento da tuberculose em adultos e adolescentes é dividido em duas fases:
Fase Intensiva (2 meses)
Nos primeiros dois meses, são utilizados os quatro medicamentos (RHZE) diariamente. Esta fase visa reduzir rapidamente a população bacilar e a transmissibilidade da doença.
Fase de Manutenção (4 meses)
Nos quatro meses seguintes, são utilizados apenas dois medicamentos (RH) diariamente. Esta fase visa eliminar os bacilos persistentes e prevenir recidivas.
Portanto, o tratamento completo dura no mínimo seis meses. É fundamental completar todo o tratamento, mesmo após o desaparecimento dos sintomas, para garantir a cura e evitar o desenvolvimento de resistência aos medicamentos.
Tratamento Diretamente Observado (TDO)
O Tratamento Diretamente Observado (TDO) é uma estratégia recomendada pela Organização Mundial da Saúde e adotada pelo Brasil para aumentar a adesão ao tratamento da tuberculose. Consiste na observação da tomada do medicamento pela pessoa com tuberculose sob a supervisão de um profissional de saúde ou por outros profissionais capacitados, como profissionais da assistência social, entre outros, desde que supervisionados por profissionais de saúde.
O TDO deve ser realizado, idealmente, em todos os dias úteis da semana, ou excepcionalmente, três vezes na semana. O local e o horário para a realização do TDO devem ser acordados com a pessoa e com o serviço de saúde.
Esta estratégia tem se mostrado eficaz na redução do abandono do tratamento e, consequentemente, no aumento das taxas de cura e na diminuição da resistência aos medicamentos.
Monitoramento do Tratamento
Durante o tratamento, são realizados exames periódicos para avaliar a resposta terapêutica e detectar possíveis efeitos adversos:
Baciloscopia de controle: Realizada ao final do segundo, quarto e sexto mês de tratamento para verificar a negativação do escarro;
Exames laboratoriais: Hemograma, função hepática e renal, glicemia, entre outros, para monitorar possíveis efeitos adversos dos medicamentos;
Avaliação clínica: Consultas médicas regulares para avaliar a melhora dos sintomas e o surgimento de efeitos adversos.
Efeitos Adversos dos Medicamentos
Os medicamentos utilizados no tratamento da tuberculose podem causar efeitos adversos, que variam de leves a graves. Os mais comuns incluem:
Náuseas, vômitos e dor abdominal;
Alterações cutâneas (coceira, vermelhidão);
Dor nas articulações;
Neuropatia periférica (formigamento, dormência nas extremidades);
Alterações visuais (relacionadas ao etambutol);
Hepatotoxicidade (dano ao fígado);
Alteração da coloração da urina, suor e lágrimas para vermelho-alaranjado (devido à rifampicina, sem significado patológico).
É importante informar ao profissional de saúde qualquer sintoma novo ou desconforto durante o tratamento. Em alguns casos, pode ser necessário ajustar as doses ou substituir medicamentos.
Tratamento em Situações Especiais
Gestantes
O esquema básico com RHZE pode ser utilizado em gestantes. A estreptomicina (medicamento injetável usado em alguns esquemas especiais) é contraindicada durante a gestação por seu potencial efeito tóxico para o feto. O aleitamento materno não é contraindicado para mães em tratamento de tuberculose, desde que estejam em tratamento regular.
Pessoas Vivendo com HIV
O tratamento da tuberculose em pessoas vivendo com HIV segue o mesmo esquema básico, mas requer atenção especial às interações medicamentosas entre os antirretrovirais e os tuberculostáticos. O início do tratamento para ambas as condições deve ser coordenado pela equipe de saúde.
Hepatopatas (pessoas com doenças hepáticas)
Em pessoas com doenças hepáticas, pode ser necessário ajustar o esquema terapêutico, substituindo medicamentos potencialmente hepatotóxicos ou realizando monitoramento mais frequente da função hepática.
Tuberculose Resistente aos Medicamentos
Nos casos de tuberculose resistente a um ou mais medicamentos, são utilizados esquemas especiais, que podem incluir medicamentos de segunda linha, com duração mais prolongada do tratamento (18 a 24 meses). Estes casos são geralmente tratados em centros de referência para tuberculose.
Passo a Passo para Acessar o Tratamento de Tuberculose pelo SUS
Se você apresenta sintomas sugestivos de tuberculose ou foi diagnosticado com a doença, siga estes passos para acessar o tratamento pelo SUS:
1. Busque Atendimento Médico
Procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da sua residência. Você pode encontrar a UBS de referência para seu endereço através do aplicativo Meu SUS Digital ou ligando para o Disque Saúde (136);
Ao chegar à UBS, informe na recepção que você está com sintomas respiratórios (tosse) há mais de três semanas ou que suspeita de tuberculose;
Por se tratar de uma doença de notificação compulsória e transmissível, o atendimento para casos suspeitos de tuberculose é prioritário.
2. Avaliação Médica e Solicitação de Exames
Durante a consulta, o médico ou enfermeiro fará uma avaliação clínica, questionando sobre seus sintomas, histórico de saúde e possível contato com pessoas com tuberculose;
Se houver suspeita de tuberculose, serão solicitados exames diagnósticos, como baciloscopia de escarro, teste rápido molecular para tuberculose, radiografia de tórax, entre outros;
Você receberá orientações sobre como coletar o escarro (se for solicitada a baciloscopia) e onde realizar os demais exames;
É importante seguir corretamente as instruções para a coleta de escarro, preferencialmente pela manhã, em jejum, após lavar bem a boca (apenas com água), em local aberto e ventilado.
3. Retorno para Resultado dos Exames
Após realizar os exames, retorne à UBS na data agendada para receber os resultados;
Se o diagnóstico de tuberculose for confirmado, o tratamento será iniciado imediatamente;
Caso os exames iniciais sejam negativos, mas a suspeita clínica persista, o médico poderá solicitar exames adicionais ou encaminhar você para um serviço especializado.
4. Início do Tratamento
O profissional de saúde explicará detalhadamente o esquema de tratamento, incluindo:
Quais medicamentos você tomará;
Como e quando tomá-los;
Possíveis efeitos adversos;
Duração do tratamento;
Importância da adesão ao tratamento.
Será discutida a modalidade de tratamento (autoadministrado ou diretamente observado);
Se for indicado o Tratamento Diretamente Observado (TDO), serão acordados o local e horário para a tomada supervisionada dos medicamentos;
Você receberá os medicamentos gratuitamente, geralmente para um período de 30 dias.
5. Acompanhamento do Tratamento
Durante o tratamento, você deverá comparecer às consultas de acompanhamento agendadas, geralmente mensais;
Serão realizados exames de controle, como baciloscopia de escarro ao final do segundo, quarto e sexto mês de tratamento;
O profissional de saúde avaliará a melhora dos sintomas, o surgimento de possíveis efeitos adversos e a adesão ao tratamento;
Se estiver em TDO, deverá comparecer à unidade de saúde nos dias acordados para a tomada supervisionada dos medicamentos.
6. Avaliação de Contatos
As pessoas que convivem com você (contatos domiciliares) serão convidadas a comparecer à unidade de saúde para avaliação;
Os contatos serão avaliados quanto à presença de sintomas sugestivos de tuberculose;
Poderão ser solicitados exames como radiografia de tórax e teste tuberculínico;
Contatos assintomáticos menores de 10 anos, após descartada a tuberculose ativa, poderão receber tratamento preventivo para tuberculose (tratamento da infecção latente).
7. Conclusão do Tratamento
Após completar os seis meses de tratamento (ou mais, em casos especiais), você realizará uma avaliação final;
Se os exames de controle forem negativos e houver melhora clínica, você receberá alta por cura;
É importante manter hábitos saudáveis e procurar atendimento médico caso os sintomas retornem no futuro.
8. Em Caso de Dificuldades Durante o Tratamento
Se apresentar efeitos adversos aos medicamentos, não interrompa o tratamento por conta própria. Procure imediatamente a unidade de saúde onde faz o tratamento;
Se tiver dificuldades para comparecer às consultas ou para tomar os medicamentos, converse com a equipe de saúde, que poderá buscar alternativas para facilitar seu tratamento;
Em caso de mudança de endereço durante o tratamento, informe à equipe de saúde para que seja providenciada a transferência para outra unidade de saúde.
Documentos Necessários
Para iniciar o tratamento da tuberculose pelo SUS, você precisará apresentar:
Documento de identidade com foto;
Comprovante de residência;
Resultados de exames (se já tiver realizado).
Caso não possua algum desses documentos, o atendimento não será negado, mas é importante regularizar a situação o quanto antes para facilitar o acompanhamento do tratamento.
Prevenção da Tuberculose
A prevenção da tuberculose envolve diversas estratégias, desde a vacinação até medidas de controle ambiental. O SUS oferece gratuitamente todas as medidas preventivas.
Vacina BCG
A vacina BCG (Bacilo Calmette-Guérin), oferecida pelo SUS, protege a criança das formas mais graves da doença, como a tuberculose miliar e a tuberculose meníngea. A vacina está disponível nas salas de vacinação das unidades básicas de saúde e em algumas maternidades.
Essa vacina deve ser ministrada às crianças ao nascer, ou, no máximo, até os 4 anos, 11 meses e 29 dias. A aplicação é feita por via intradérmica, no braço direito, e deixa uma pequena cicatriz característica.
Tratamento da Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis (ILTB)
A ILTB ocorre quando uma pessoa se encontra infectada pelo Mycobacterium tuberculosis, sem manifestação da doença ativa. As pessoas com ILTB possuem um maior risco de adoecimento, uma vez que o bacilo pode ser reativado caso a resposta imunológica esteja alterada.
O diagnóstico e tratamento da ILTB é uma das principais estratégias para interromper a cadeia de transmissão da tuberculose e prevenir o desenvolvimento da forma ativa da doença, especialmente para:
Contatos domiciliares de pessoas diagnosticadas com TB;
Crianças;
Pessoas vivendo com HIV;
Pessoas em uso de tratamentos imunossupressores.
O tratamento da ILTB é realizado com isoniazida, por um período de 6 a 9 meses, ou com outros esquemas de menor duração, conforme avaliação médica. Este tratamento reduz significativamente o risco de desenvolvimento da tuberculose ativa.
Medidas de Controle Ambiental
Para reduzir o risco de transmissão da tuberculose em casa e em locais públicos, recomenda-se:
Manter os ambientes bem ventilados e com entrada de luz solar;
Praticar a higiene da tosse (cobrindo a boca com o antebraço ou um lenço ao tossir e espirrar);
Evitar aglomerações, especialmente em ambientes fechados;
Em serviços de saúde e instituições com espaços fechados ou com alta circulação de pessoas, é essencial adotar estratégias de controle da infecção, incluindo medidas administrativas e gerenciais, ações ambientais e o uso de equipamentos de proteção respiratória.
Diagnóstico e Tratamento Precoces
Uma das formas mais eficazes de prevenir a disseminação da tuberculose é o diagnóstico e tratamento precoces dos casos. Pessoas com sintomas sugestivos de tuberculose devem procurar atendimento médico o quanto antes, e aquelas diagnosticadas devem iniciar e completar o tratamento adequadamente.
Aplicativo Prevenir TB
O Ministério da Saúde disponibiliza o aplicativo Prevenir TB, que facilita o monitoramento do tratamento, tornando-o mais flexível e acessível. Essa abordagem contribui para uma maior adesão ao tratamento e aumenta as chances de cura.
Educação em Saúde
A disseminação de informações corretas sobre a tuberculose é fundamental para combater o estigma associado à doença e promover a busca por diagnóstico e tratamento. O SUS realiza campanhas educativas e ações de conscientização, especialmente no Dia Mundial de Luta contra a Tuberculose, celebrado em 24 de março.
Direitos das Pessoas com Tuberculose
As pessoas diagnosticadas com tuberculose têm direitos específicos garantidos por lei, que visam facilitar o tratamento e a recuperação:
Direito à Saúde
Atendimento integral pelo SUS: Diagnóstico, tratamento, acompanhamento e reabilitação gratuitos;
Medicamentos gratuitos: Todos os medicamentos necessários para o tratamento da tuberculose são fornecidos gratuitamente pelo SUS;
Prioridade no atendimento: Por ser uma doença transmissível, casos suspeitos ou confirmados de tuberculose têm prioridade no atendimento em serviços de saúde;
Sigilo médico: As informações sobre o diagnóstico são confidenciais.
Direitos Trabalhistas e Previdenciários
Auxílio-doença: Se a tuberculose impedir o trabalho temporariamente, o trabalhador tem direito ao auxílio-doença do INSS, desde que tenha contribuído por pelo menos 12 meses (carência). Para a tuberculose ativa, há isenção de carência, ou seja, não é necessário ter contribuído por 12 meses para ter direito ao benefício;
Aposentadoria por invalidez: Em casos graves, quando a tuberculose causa incapacidade permanente para o trabalho e não há possibilidade de reabilitação profissional;
Estabilidade no emprego: Não pode ser demitido durante o tratamento, exceto por justa causa;
Faltas justificadas: Para consultas médicas e exames, mediante apresentação de atestado.
Benefícios Sociais
Benefício de Prestação Continuada (BPC): Para pessoas com tuberculose que cause impedimentos de longo prazo (mínimo de 2 anos) e que comprovem não possuir meios de prover a própria subsistência nem tê-la provida pela família. É necessário que a renda per capita familiar seja inferior a 1/4 do salário mínimo;
Transporte gratuito: Em algumas cidades, pessoas em tratamento de tuberculose têm direito a passe livre no transporte público para comparecer às consultas e exames;
Cesta básica: Alguns municípios oferecem cestas básicas para pessoas em tratamento de tuberculose, como incentivo à adesão ao tratamento.
Como Acessar estes Direitos
Para acessar estes direitos, geralmente são necessários:
Laudo médico: Deve especificar o diagnóstico (CID A15 a A19 para tuberculose), tempo de tratamento, prognóstico e impacto funcional;
Documentos pessoais: RG, CPF, comprovante de residência, Cartão SUS, carteira de trabalho (para benefícios trabalhistas);
Comprovantes de renda familiar: Para benefícios sociais como o BPC.
O serviço social da unidade de saúde onde você realiza tratamento pode orientar sobre como acessar estes direitos. A Defensoria Pública também oferece orientação jurídica gratuita.
Perguntas Frequentes sobre Tuberculose e o SUS
A tuberculose tem cura?
Sim, a tuberculose tem cura. Com o tratamento adequado e completo, a taxa de cura para casos novos de tuberculose sensível aos medicamentos é superior a 95%. É fundamental seguir o tratamento corretamente e pelo tempo recomendado (mínimo de seis meses) para garantir a cura e evitar recidivas.
Quanto tempo dura o tratamento da tuberculose?
O tratamento da tuberculose dura no mínimo seis meses para casos novos sensíveis aos medicamentos. Para casos de retratamento ou tuberculose resistente, a duração pode ser maior, chegando a 18-24 meses em casos de tuberculose multirresistente.
Posso trabalhar durante o tratamento da tuberculose?
Depende da forma e gravidade da doença. Nos primeiros 15 dias de tratamento, quando ainda há risco de transmissão, recomenda-se afastamento das atividades, especialmente se o trabalho envolve contato com muitas pessoas ou com indivíduos vulneráveis (crianças, idosos, imunodeprimidos). Após esse período, com a melhora dos sintomas e redução significativa da transmissibilidade, muitas pessoas podem retornar ao trabalho, conforme avaliação médica.
Preciso ficar isolado durante o tratamento?
O isolamento completo não é necessário durante todo o tratamento. Nos primeiros 15 dias, recomenda-se evitar ambientes fechados e aglomerações, usar máscara em locais com muitas pessoas e dormir em quarto separado, se possível. Após esse período, com a redução significativa da transmissibilidade, essas precauções podem ser relaxadas, conforme orientação médica.
Preciso separar meus utensílios domésticos (pratos, talheres, copos) durante o tratamento?
Não. A tuberculose não se transmite por objetos compartilhados. Bacilos que se depositam em roupas, lençóis, copos e talheres dificilmente se dispersam em aerossóis e, por isso, não têm papel importante na transmissão da doença. Portanto, não é necessário separar utensílios domésticos ou roupas da pessoa com tuberculose.
Quais são os efeitos colaterais mais comuns dos medicamentos para tuberculose?
Os efeitos colaterais mais comuns incluem náuseas, vômitos, dor abdominal, alterações cutâneas (coceira, vermelhidão), dor nas articulações e alteração da coloração da urina, suor e lágrimas para vermelho-alaranjado (devido à rifampicina, sem significado patológico). Efeitos mais graves, como hepatotoxicidade (dano ao fígado) e neuropatia periférica (formigamento, dormência nas extremidades), são menos frequentes. É importante informar ao profissional de saúde qualquer sintoma novo ou desconforto durante o tratamento.
Posso consumir bebidas alcoólicas durante o tratamento da tuberculose?
Não é recomendado o consumo de bebidas alcoólicas durante o tratamento da tuberculose, pois o álcool pode aumentar o risco de hepatotoxicidade (dano ao fígado) causada pelos medicamentos, especialmente a isoniazida, a rifampicina e a pirazinamida. Além disso, o consumo de álcool pode comprometer a adesão ao tratamento.
Posso engravidar durante o tratamento da tuberculose?
Idealmente, recomenda-se evitar a gravidez durante o tratamento da tuberculose. No entanto, se ocorrer uma gravidez, o tratamento não deve ser interrompido, pois os riscos da tuberculose não tratada para a mãe e o feto são maiores que os riscos potenciais dos medicamentos. O esquema básico (RHZE) pode ser utilizado em gestantes, com acompanhamento médico rigoroso.
A tuberculose pode voltar depois de curada?
Sim, a tuberculose pode recidivar (voltar) após a cura, especialmente se o tratamento anterior não foi completado corretamente ou se houver nova exposição ao bacilo. Pessoas com sistema imunológico comprometido, como aquelas vivendo com HIV, têm maior risco de recidiva. Por isso, é importante completar todo o tratamento, mesmo após o desaparecimento dos sintomas, e manter hábitos saudáveis para fortalecer o sistema imunológico.
Como é feito o diagnóstico da tuberculose em crianças?
O diagnóstico da tuberculose em crianças é mais difícil, pois elas geralmente apresentam poucos bacilos (paucibacilares) e têm dificuldade em expectorar. Nestes casos, o diagnóstico baseia-se principalmente em critérios clínicos, epidemiológicos (contato com adulto com tuberculose), radiológicos e na prova tuberculínica. Em alguns casos, podem ser utilizados métodos como lavado gástrico ou indução de escarro para obtenção de amostras para exames bacteriológicos.
Posso amamentar se estiver com tuberculose?
Sim, mulheres com tuberculose podem amamentar, desde que estejam em tratamento regular. Os medicamentos utilizados no tratamento da tuberculose são compatíveis com a amamentação. No entanto, se a mãe tiver tuberculose pulmonar ativa e ainda não tiver iniciado o tratamento ou estiver nas primeiras semanas de tratamento, recomenda-se o uso de máscara durante a amamentação para reduzir o risco de transmissão para o bebê.
Conclusão
A tuberculose é uma doença que, apesar de antiga, continua sendo um importante problema de saúde pública no Brasil e no mundo. No entanto, com o diagnóstico precoce e o tratamento adequado, a tuberculose tem cura. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece gratuitamente todos os recursos necessários para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento da doença.
É fundamental que pessoas com sintomas sugestivos de tuberculose, especialmente tosse por três semanas ou mais, procurem atendimento médico o quanto antes. O diagnóstico precoce não só aumenta as chances de cura, como também reduz a transmissão da doença para outras pessoas.
O tratamento da tuberculose dura no mínimo seis meses e deve ser seguido rigorosamente, mesmo após o desaparecimento dos sintomas. A adesão ao tratamento é essencial para garantir a cura e prevenir o desenvolvimento de resistência aos medicamentos.
Além do tratamento, o SUS oferece medidas preventivas, como a vacina BCG para crianças e o tratamento da infecção latente para pessoas com maior risco de adoecimento. A educação em saúde e a redução do estigma associado à doença também são importantes estratégias para o controle da tuberculose.
Se você ou alguém que você conhece apresenta sintomas sugestivos de tuberculose, não hesite em procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima. Lembre-se: a tuberculose tem tratamento e tem cura!
Referências
Ministério da Saúde. Manual de Recomendações para o Controle da Tuberculose no Brasil. 2ª edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
Ministério da Saúde. Protocolo de Vigilância da Infecção Latente pelo Mycobacterium tuberculosis no Brasil. Brasília: Ministério da Saúde, 2018.
Ministério da Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. 3ª edição. Brasília: Ministério da Saúde, 2019.
Ministério da Saúde. Tuberculose na Atenção Primária à Saúde: Protocolo de Enfermagem. Brasília: Ministério da Saúde, 2022.
Organização Mundial da Saúde. Global Tuberculosis Report 2022. Genebra: OMS, 2022.
Brasil. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as condições para a promoção, proteção e recuperação da saúde, a organização e o funcionamento dos serviços correspondentes e dá outras providências.
© 2025 Viva o SUS - Informações sobre saúde pública e serviços do SUS
Saúde para todos.
Tudo sobre o Sistema Único de Saúde Brasileiro e notícias relacionadas.
QUEM SOMOS
© 2025 Viva o SUS. All rights reserved.
Institucional
O que é o SUS
Hierarquização do SUS
Meu SUS Digital