Bronquite: Diagnóstico e Tratamento pelo SUS

Descubra como realizar o diagnóstico e tratamento da bronquite pelo SUS. Aprenda sobre a prevenção e as melhores práticas para lidar com essa condição respiratória. Informações essenciais para pacientes e profissionais de saúde.

5/2/20257 min read

Diagnóstico da Bronquite pelo SUS

O diagnóstico da bronquite, seja aguda ou crônica, é essencialmente clínico, baseado na história do paciente e no exame físico realizado pelo médico na Unidade Básica de Saúde (UBS) ou em outros serviços de saúde.

Durante a consulta, o médico irá perguntar sobre:

  • Os sintomas (tipo de tosse, presença de catarro, falta de ar, febre, etc.)

  • A duração dos sintomas (fundamental para diferenciar aguda de crônica)

  • Histórico de tabagismo (principal fator de risco para bronquite crônica)

  • Exposição a outros irritantes (poluição, poeira, produtos químicos)

  • Histórico de outras doenças respiratórias (asma, rinite) ou outras condições de saúde

  • Histórico de infecções respiratórias recentes

No exame físico, o médico realizará a ausculta pulmonar com estetoscópio para verificar a presença de ruídos anormais, como sibilos (chiado) ou roncos, que podem indicar estreitamento ou secreção nas vias aéreas. Ele também avaliará a frequência respiratória e a presença de sinais de esforço respiratório.

Exames complementares podem ser solicitados em algumas situações:

  • Radiografia de Tórax (Raio-X): Principalmente na bronquite aguda, pode ser solicitada para descartar outras condições com sintomas semelhantes, como a pneumonia. Na bronquite crônica, pode mostrar alterações relacionadas à DPOC, mas não é o exame principal para diagnóstico.

  • Espirometria (Prova de Função Pulmonar): É um exame fundamental para o diagnóstico da bronquite crônica e da DPOC. Ele mede a quantidade de ar que a pessoa consegue inspirar e expirar e a velocidade com que o faz. Ajuda a confirmar a obstrução das vias aéreas e a classificar a gravidade da doença. O SUS oferece a espirometria em serviços especializados ou centros de diagnóstico conveniados, mediante encaminhamento médico.

  • Oximetria de Pulso: Mede a saturação de oxigênio no sangue e pode ser útil para avaliar a gravidade de uma crise ou da doença crônica.

  • Exames de Sangue: Geralmente não são necessários para o diagnóstico de bronquite, mas podem ser úteis em casos específicos para avaliar inflamação ou infecção.

Na maioria dos casos de bronquite aguda, o diagnóstico é clínico e não requer exames adicionais. Para a bronquite crônica, a história clínica detalhada e a espirometria são essenciais.

Tratamento da Bronquite Aguda no SUS

Como a bronquite aguda é majoritariamente causada por vírus, o tratamento oferecido pelo SUS foca no alívio dos sintomas e no conforto do paciente, enquanto o corpo combate a infecção. As principais medidas incluem:

  • Repouso: Descansar ajuda o corpo a se recuperar.

  • Hidratação: Beber bastante líquido (água, chás, sucos) ajuda a fluidificar o muco, facilitando sua eliminação pela tosse, e previne a desidratação.

  • Analgésicos e Antitérmicos: Medicamentos como Paracetamol ou Dipirona, disponíveis gratuitamente nas farmácias das UBS ou via Farmácia Popular, podem ser usados para aliviar a febre, dores no corpo ou dor de garganta, conforme orientação médica.

  • Evitar Irritantes: É fundamental evitar a exposição à fumaça de cigarro e outros irritantes pulmonares, que podem piorar a inflamação e a tosse.

  • Umidificação do Ar: Usar umidificadores ou vaporizadores, ou mesmo inalar o vapor do chuveiro quente, pode ajudar a aliviar a congestão e a tosse.

  • Medicamentos para Tosse: Devem ser usados com cautela. A tosse é um mecanismo de defesa para eliminar secreções. Xaropes expectorantes podem ajudar a fluidificar o catarro, mas antitussígenos (que inibem a tosse) geralmente não são recomendados, a menos que a tosse seja muito intensa, seca e atrapalhe o sono, e sempre sob orientação médica.

  • Antibióticos: Não são indicados para a maioria dos casos de bronquite aguda, pois não combatem vírus. Seu uso desnecessário pode causar efeitos colaterais e contribuir para a resistência bacteriana. O médico só prescreverá antibióticos se houver suspeita de infecção bacteriana secundária.

A bronquite aguda geralmente se resolve em poucas semanas. Se os sintomas persistirem por mais de 3 semanas, piorarem significativamente ou se surgirem sinais de gravidade (como falta de ar intensa, febre alta persistente, dor no peito forte), é importante procurar atendimento médico novamente na UBS ou em uma UPA.

Tratamento da Bronquite Crônica (DPOC) no SUS

O tratamento da bronquite crônica, como parte da DPOC, é contínuo e visa controlar os sintomas, prevenir crises (exacerbações), retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida. O SUS oferece uma abordagem multifacetada e gratuita:

  1. Cessação do Tabagismo: É a medida mais importante e eficaz. Parar de fumar é crucial para reduzir a inflamação, aliviar os sintomas e frear a piora da função pulmonar. O SUS oferece apoio gratuito para parar de fumar, incluindo aconselhamento e medicamentos (como adesivos de nicotina, bupropiona), disponíveis nas UBS.

  2. Medicamentos: O SUS disponibiliza gratuitamente diversos medicamentos essenciais para o controle da bronquite crônica/DPOC, principalmente através da retirada direta nas farmácias das UBS ou pelo programa Farmácia Popular.

    • Broncodilatadores: Relaxam a musculatura das vias aéreas, abrindo os brônquios e facilitando a respiração. Podem ser de curta duração (para alívio rápido, como Salbutamol, Fenoterol) ou de longa duração (para controle contínuo, como Formoterol, Salmeterol, Tiotrópio). Muitos estão disponíveis gratuitamente.

    • Corticoides Inalatórios: Reduzem a inflamação nos brônquios. Exemplos incluem Beclometasona, Budesonida e Fluticasona. Frequentemente são usados em combinação com broncodilatadores de longa duração em dispositivos inalatórios únicos. Também são oferecidos gratuitamente pelo SUS/Farmácia Popular para DPOC e asma.

    • Antibióticos: São utilizados apenas durante as exacerbações (crises) causadas por infecção bacteriana, conforme prescrição médica.

    • Mucolíticos: Podem ser considerados em alguns casos para ajudar a fluidificar o catarro espesso, mas seu benefício é limitado.

    Como obter os medicamentos gratuitos: Para retirar os medicamentos para bronquite crônica/DPOC (e asma) gratuitamente, o paciente deve apresentar em uma farmácia da rede própria do SUS ou em uma farmácia credenciada no programa "Aqui Tem Farmácia Popular":

    • Receita médica válida (dentro do prazo de validade, geralmente 180 dias para DPOC/asma).

    • Documento de identidade com foto e CPF.

    Consulte a lista de medicamentos disponíveis e as regras do programa Farmácia Popular no site do Ministério da Saúde ou na sua UBS.

  3. Vacinação: Pacientes com bronquite crônica/DPOC têm maior risco de complicações por infecções respiratórias. Por isso, a vacinação anual contra a gripe (influenza) e a vacinação contra pneumonia (pneumocócica) são fortemente recomendadas e oferecidas gratuitamente pelo SUS para este grupo.

  4. Reabilitação Pulmonar: Programas que incluem exercícios físicos supervisionados, educação sobre a doença e apoio psicossocial. A reabilitação ajuda a melhorar a capacidade de exercício, reduzir a falta de ar e melhorar a qualidade de vida. O SUS oferece programas de reabilitação em alguns serviços especializados. Informe-se na sua UBS sobre a disponibilidade na sua região.

  5. Oxigenoterapia Domiciliar: Para pacientes com níveis baixos de oxigênio no sangue (hipoxemia crônica), o SUS fornece oxigênio suplementar para uso em casa, mediante avaliação e prescrição médica especializada.

  6. Tratamento das Exacerbações: As crises (piora aguda dos sintomas) podem necessitar de intensificação do tratamento com broncodilatadores, uso de corticoides orais e, se houver infecção bacteriana, antibióticos. Casos mais graves podem exigir atendimento em UPA ou internação hospitalar.

O acompanhamento regular na UBS ou com o pneumologista (médico especialista em pulmão) no serviço especializado do SUS é fundamental para ajustar o tratamento, monitorar a função pulmonar e orientar o paciente sobre como manejar a doença no dia a dia.

Como Acessar o Tratamento para Bronquite no SUS

O caminho para acessar o diagnóstico e tratamento da bronquite pelo SUS geralmente começa na Unidade Básica de Saúde (UBS), o posto de saúde mais próximo da sua casa.

  1. Procure a UBS: Se você tem sintomas sugestivos de bronquite (tosse persistente, catarro, falta de ar), agende uma consulta com o médico da sua equipe de saúde da família na UBS.

  2. Consulta e Diagnóstico: O médico fará a avaliação clínica, o exame físico e, se necessário, solicitará exames como raio-X ou encaminhará para espirometria.

  3. Tratamento Inicial: Para bronquite aguda, o médico orientará sobre o tratamento sintomático. Para bronquite crônica, ele poderá iniciar o tratamento com medicamentos básicos e fornecer orientações sobre cessação do tabagismo e vacinação.

  4. Retirada de Medicamentos: Com a receita médica, você poderá retirar os medicamentos gratuitos na farmácia da própria UBS ou em farmácias credenciadas no programa Farmácia Popular.

  5. Encaminhamento (se necessário): Se o caso for de bronquite crônica mais complexa, grave ou de difícil controle, o médico da UBS poderá encaminhá-lo para um pneumologista em um ambulatório de especialidades ou centro de referência do SUS para avaliação e acompanhamento especializado.

  6. Atendimento de Urgência (UPAs): Em caso de crises agudas ou piora súbita dos sintomas (falta de ar intensa), procure uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou pronto-socorro hospitalar.

Respirando Melhor com o Apoio do SUS

A bronquite, seja ela aguda ou crônica, pode ser uma condição debilitante, mas o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece recursos importantes para seu diagnóstico e tratamento. Desde o alívio sintomático da bronquite aguda até o manejo completo da bronquite crônica/DPOC, incluindo medicamentos essenciais gratuitos, programas de cessação do tabagismo, vacinação e reabilitação pulmonar, o SUS está presente para apoiar os pacientes.

Se você sofre com tosse frequente, produção de catarro ou falta de ar, não ignore os sintomas. Procure a UBS para uma avaliação médica. O diagnóstico correto e o início do tratamento adequado, especialmente a cessação do tabagismo na bronquite crônica, são fundamentais para controlar a doença, prevenir complicações e garantir uma melhor qualidade de vida. Utilize os recursos gratuitos oferecidos pelo SUS e respire melhor!

Referências

1. Ministério da Saúde. Bronquite. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-de-a-a-z/b/bronquite

2. Varella, Drauzio. Bronquite. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/bronquite/

3. Tua Saúde. Medicamentos gratuitos pelo SUS (farmácia popular). Disponível em: https://www.tuasaude.com/medicamentos-de-graca-no-farmacia-popular/

4. Ministério da Saúde. Programa Nacional de Controle do Tabagismo. Disponível em https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/gestor-e-profissional-de-saude/programa-nacional-de-controle-do-tabagismo

5. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Diretrizes para Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).

6. Ministério da Saúde. Farmácia Popular do Brasil. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/composicao/sectics/farmacia-popular