Tratamento da Pneumonia pelo SUS

O tratamento da pneumonia pelo SUS visa combater o agente infeccioso, aliviar os sintomas e prevenir complicações. A abordagem terapêutica depende da causa suspeita (bacteriana, viral, etc.), da gravidade do quadro e das condições clínicas do paciente.

4/28/20256 min read

Tratamento da Pneumonia pelo SUS

O tratamento da pneumonia pelo SUS visa combater o agente infeccioso, aliviar os sintomas e prevenir complicações. A abordagem terapêutica depende da causa suspeita (bacteriana, viral, etc.), da gravidade do quadro e das condições clínicas do paciente.

Tratamento Ambulatorial (Em Casa)

A maioria dos casos de pneumonia adquirida na comunidade (PAC) em adultos previamente saudáveis e sem sinais de gravidade pode ser tratada em casa (tratamento ambulatorial). O tratamento geralmente inclui:

  • Antibióticos: Se a suspeita for de pneumonia bacteriana (o que é mais comum), o médico prescreverá antibióticos por via oral. A escolha do antibiótico (como amoxicilina, azitromicina, claritromicina, levofloxacino, entre outros) depende dos patógenos mais prováveis, da idade do paciente e de possíveis alergias. O SUS disponibiliza gratuitamente os antibióticos mais comuns para tratamento de pneumonia nas farmácias das UBS ou através do programa Farmácia Popular. É crucial tomar o antibiótico exatamente como prescrito pelo médico, respeitando os horários e a duração total do tratamento (geralmente 7 a 14 dias), mesmo que os sintomas melhorem antes. Interromper o tratamento precocemente pode levar a recidivas ou ao desenvolvimento de resistência bacteriana.

  • Repouso: Descansar é fundamental para a recuperação do corpo.

  • Hidratação: Beber bastante líquido (água, sucos, chás) ajuda a fluidificar as secreções pulmonares, facilitando a expectoração, e a prevenir a desidratação, especialmente se houver febre.

  • Medicamentos Sintomáticos: Podem ser prescritos medicamentos para aliviar a febre e a dor (como paracetamol ou dipirona). Medicamentos para tosse devem ser usados com cautela e apenas sob orientação médica, pois a tosse ajuda a eliminar as secreções.

  • Acompanhamento Médico: O paciente deve retornar ao médico na UBS ou no serviço onde foi atendido para reavaliação após alguns dias (geralmente 48-72 horas) para verificar a melhora dos sintomas. Se não houver melhora ou se os sintomas piorarem, é essencial procurar atendimento médico novamente.

Tratamento Hospitalar (Internação)

A internação hospitalar é necessária para casos de pneumonia considerados moderados ou graves, ou para pacientes com maior risco de complicações. Os critérios para internação podem incluir:

  • Idade avançada (geralmente > 65 anos)

  • Presença de comorbidades (doenças cardíacas, pulmonares, renais, hepáticas, diabetes descompensado, imunossupressão)

  • Sinais de gravidade: confusão mental, frequência respiratória elevada (> 30 irpm), pressão arterial baixa (PAS < 90 mmHg), temperatura muito alta (> 40°C) ou muito baixa (< 35°C), baixa saturação de oxigênio (< 90-92%)

  • Comprometimento extenso dos pulmões no raio-X (envolvimento de mais de um lobo, derrame pleural)

  • Incapacidade de manter a hidratação ou tomar medicação oral

  • Falta de suporte social adequado para tratamento domiciliar

No hospital, o tratamento pelo SUS inclui:

  • Antibióticos Intravenosos: Geralmente são administrados antibióticos diretamente na veia para garantir uma ação mais rápida e eficaz, especialmente no início do tratamento.

  • Oxigenoterapia: Fornecimento de oxigênio suplementar através de cateter nasal ou máscara, caso a saturação de oxigênio esteja baixa.

  • Hidratação Venosa: Administração de soro na veia para garantir a hidratação adequada, se necessário.

  • Monitoramento Contínuo: Acompanhamento rigoroso dos sinais vitais, da função respiratória e da resposta ao tratamento.

  • Fisioterapia Respiratória: Pode ser indicada para ajudar na mobilização e eliminação das secreções pulmonares.

  • Suporte Ventilatório: Em casos de insuficiência respiratória grave, pode ser necessária a ventilação mecânica (invasiva ou não invasiva) em Unidade de Terapia Intensiva (UTI).

A duração da internação varia conforme a gravidade e a resposta ao tratamento. Após a melhora clínica e a estabilização do quadro, o paciente pode receber alta hospitalar para continuar o tratamento com antibióticos orais em casa.

Quando Procurar Atendimento Médico Urgente? (Sinais de Alerta)

Embora muitos casos de pneumonia possam ser tratados em casa, é fundamental saber reconhecer os sinais de gravidade que exigem atendimento médico imediato em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou pronto-socorro hospitalar. Procure ajuda urgente se você ou alguém próximo apresentar:

  • Dificuldade Respiratória Intensa: Falta de ar significativa, respiração muito rápida (taquipneia), sensação de sufocamento, uso da musculatura acessória para respirar (retração das costelas, batimento de asa de nariz).

  • Dor Torácica Forte ou Persistente: Dor no peito intensa, especialmente se piorar com a respiração ou tosse.

  • Febre Alta Persistente: Febre que não cede com antitérmicos comuns ou que dura mais de 3 dias.

  • Confusão Mental ou Sonolência Excessiva: Alterações no nível de consciência, desorientação, dificuldade para acordar.

  • Cianose: Coloração azulada nos lábios ou nas pontas dos dedos, indicando baixa oxigenação do sangue.

  • Expectoração com Sangue (Hemoptise): Tosse com catarro sanguinolento em quantidade significativa.

  • Piora Rápida do Estado Geral: Agravamento súbito dos sintomas, prostração intensa.

  • Sinais de Desidratação: Boca seca, diminuição da urina, tontura ao levantar.

  • Vômitos Persistentes: Incapacidade de reter líquidos ou medicamentos orais.

  • Em Crianças: Respiração muito rápida, gemência ao respirar, recusa em se alimentar, prostração, cianose.

Não hesite em buscar atendimento de urgência se algum desses sinais estiver presente. A pneumonia pode evoluir rapidamente, e o tratamento precoce em casos graves é essencial para evitar complicações como insuficiência respiratória, sepse (infecção generalizada) e abscesso pulmonar.

Prevenção da Pneumonia

Algumas medidas podem ajudar a reduzir o risco de desenvolver pneumonia:

  • Vacinação:

    • Vacina Pneumocócica: Protege contra os tipos mais comuns de pneumococo. O SUS oferece gratuitamente a vacina pneumocócica conjugada 10-valente (VPC10) para crianças no calendário infantil e a vacina pneumocócica polissacarídica 23-valente (VPP23) para grupos de risco (idosos, pessoas com doenças crônicas) nos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE).

    • Vacina contra Influenza (Gripe): A gripe pode levar a complicações como pneumonia. A vacinação anual contra a gripe, oferecida gratuitamente pelo SUS para grupos prioritários durante as campanhas, ajuda a prevenir a doença e suas complicações.

    • Vacina contra Haemophilus influenzae tipo b (Hib): Faz parte da vacina pentavalente no calendário infantil do SUS e protege contra um tipo de bactéria que pode causar pneumonia e meningite.

  • Higiene das Mãos: Lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou usar álcool em gel ajuda a prevenir a disseminação de vírus e bactérias.

  • Etiqueta Respiratória: Cobrir a boca e o nariz ao tossir ou espirrar (com o antebraço ou lenço descartável).

  • Não Fumar: O tabagismo danifica as defesas naturais dos pulmões e aumenta significativamente o risco de pneumonia e outras doenças respiratórias. O SUS oferece programas gratuitos para ajudar a parar de fumar.

  • Evitar o Consumo Excessivo de Álcool: O álcool enfraquece o sistema imunológico.

  • Manter Hábitos Saudáveis: Alimentação equilibrada, sono adequado e prática regular de exercícios físicos ajudam a fortalecer o sistema imunológico.

  • Cuidado com Doenças Crônicas: Manter doenças como diabetes, asma, DPOC e doenças cardíacas sob controle.

  • Evitar Aglomerações e Contato com Pessoas Doentes: Especialmente durante surtos de doenças respiratórias.

Conclusão: Atenção aos Sinais e Confiança no SUS

A pneumonia é uma infecção pulmonar que exige atenção e cuidado. Reconhecer os sintomas, especialmente a tosse persistente, febre, dor no peito e falta de ar, é o primeiro passo para buscar ajuda médica. O diagnóstico precoce, geralmente confirmado por avaliação clínica e radiografia de tórax, permite iniciar o tratamento adequado rapidamente.

O Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel crucial no combate à pneumonia, oferecendo diagnóstico e tratamento gratuitos em todo o país. Seja através da prescrição de antibióticos nas UBS para casos mais leves, seja garantindo a internação hospitalar com oxigenoterapia e medicamentos intravenosos para casos mais graves, o SUS está preparado para cuidar dos pacientes com pneumonia.

É fundamental estar atento aos sinais de alerta que indicam gravidade, como dificuldade respiratória intensa, confusão mental e cianose. Nesses casos, não hesite em procurar uma UPA ou pronto-socorro imediatamente. A prevenção, através da vacinação, bons hábitos de higiene e evitando o tabagismo, também é uma ferramenta poderosa contra a pneumonia.

Confie nos profissionais de saúde do SUS e siga corretamente as orientações médicas. Com diagnóstico e tratamento adequados, a grande maioria das pessoas se recupera completamente da pneumonia.

Referências

1. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde (BVS MS). Pneumonia. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/pneumonia-5/

2. Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). Diretrizes Brasileiras para Pneumonia Adquirida na Comunidade em Adultos Imunocompetentes – 2018. J Bras Pneumol. 2018;44(5):405-424.

3. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Guia de Vigilância em Saúde. 5ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2021.

4. Varella, Drauzio. Pneumonia. Disponível em: https://drauziovarella.uol.com.br/doencas-e-sintomas/pneumonia/

5. Secretaria de Estado de Saúde de Minas Gerais. Pneumonia. 2023. Disponível em: https://www.saude.mg.gov.br/termos-de-uso/page/1929-pneumonia-2023