Disfunção Erétil: Como Conseguir Tratamento Gratuito pelo SUS

Saiba como o SUS oferece tratamento para disfunção erétil. Guia completo com informações sobre medicamentos gratuitos, consultas especializadas e passo a passo para acesso.

6/10/202518 min read

Disfunção Erétil: Tratamentos Disponíveis no SUS

A disfunção erétil (DE), também conhecida como impotência sexual, afeta milhões de homens brasileiros e tem um impacto significativo na qualidade de vida e nos relacionamentos. Segundo estudos nacionais, cerca de 45% dos homens brasileiros apresentam algum grau de disfunção erétil, número que aumenta consideravelmente com a idade.

Apesar de ser um problema comum, muitos homens ainda evitam buscar ajuda médica por vergonha, constrangimento ou falta de informação sobre os tratamentos disponíveis. A boa notícia é que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diagnóstico e tratamento gratuito para a disfunção erétil, incluindo medicamentos, terapias e, em casos específicos, procedimentos avançados.

Neste artigo, você vai descobrir o que é a disfunção erétil, suas causas, como é feito o diagnóstico pelo SUS, quais tratamentos estão disponíveis gratuitamente e como acessá-los. Também abordaremos os direitos dos pacientes e responderemos às dúvidas mais frequentes sobre o tema.

Importante: A disfunção erétil pode ser um sinal de alerta para problemas de saúde mais graves, como doenças cardiovasculares e diabetes. Por isso, buscar ajuda médica não é apenas importante para a saúde sexual, mas também para a saúde geral.

O que é Disfunção Erétil

A disfunção erétil é definida como a incapacidade recorrente e persistente de obter ou manter uma ereção peniana em 50% das tentativas de uma relação sexual satisfatória. É importante entender que dificuldades ocasionais para conseguir ereção são normais e não caracterizam necessariamente um quadro de disfunção erétil.

A DE pode se manifestar de diferentes formas, desde uma redução parcial da rigidez peniana até a incapacidade completa de obter ereção. O grau de disfunção pode ser classificado como:

  • Leve: O homem consegue ereção na maioria das vezes, mas com qualidade inferior à desejada

  • Moderada: Consegue ereção em algumas tentativas, mas com dificuldade para mantê-la

  • Grave: Raramente ou nunca consegue obter ereção suficiente para a relação sexual

É importante ressaltar que a disfunção erétil se limita à capacidade de ereção do pênis e não inclui outros problemas sexuais, como falta de desejo (libido), distúrbios da ejaculação ou dificuldade para atingir o orgasmo, embora esses problemas possam coexistir em alguns casos.

Prevalência no Brasil

Estudos realizados no Brasil mostram números significativos:

  • Em um estudo nacional realizado em 2002-2003 com 2.862 homens, 45,1% se queixaram de disfunção erétil (31,2% mínima, 12,2% moderada e 1,7% severa)

  • Outro estudo realizado em 2000 com 1.296 homens em nove capitais brasileiras apontou que 46,2% dos entrevistados apresentavam algum grau de disfunção erétil

  • A incidência aumenta conforme a idade: cerca de 50% dos homens acima de 40 anos apresentam algum grau de DE, podendo chegar a 90% aos 70 anos

Projeções indicam que até 2025 poderá haver 322 milhões de homens com disfunção erétil em todo o mundo, com aumento significativo nos países em desenvolvimento, incluindo o Brasil.

Causas e Fatores de Risco

A disfunção erétil pode ter causas físicas (orgânicas), psicológicas ou, como ocorre na maioria dos casos, uma combinação de ambas. Conhecer os fatores de risco é fundamental para a prevenção e o tratamento adequado.

Causas Físicas/Orgânicas

  • Doenças cardiovasculares: Hipertensão arterial, aterosclerose, doença coronariana e outras condições que afetam os vasos sanguíneos podem comprometer o fluxo de sangue necessário para a ereção

  • Diabetes: Afeta tanto os nervos quanto os vasos sanguíneos, podendo causar DE em até 50% dos homens diabéticos

  • Doenças neurológicas: Lesões na medula espinhal, esclerose múltipla, doença de Parkinson e Alzheimer podem interferir nos sinais nervosos necessários para a ereção

  • Distúrbios hormonais: Baixos níveis de testosterona, problemas na tireoide e outras alterações hormonais podem afetar o desejo sexual e a função erétil

  • Doenças da próstata: Tanto a hiperplasia prostática benigna quanto o câncer de próstata e seus tratamentos podem levar à disfunção erétil

  • Medicamentos: Alguns anti-hipertensivos, antidepressivos, anticonvulsivantes, medicamentos para tratamento da próstata e outros podem ter a DE como efeito colateral

  • Tabagismo: Prejudica os vasos sanguíneos e reduz o fluxo de sangue para o pênis

  • Alcoolismo: O consumo excessivo de álcool pode causar danos neurológicos e hormonais que afetam a função sexual

  • Obesidade e sedentarismo: Estão associados a problemas vasculares e metabólicos que aumentam o risco de DE

Causas Psicológicas

  • Ansiedade de desempenho: Preocupação excessiva com o desempenho sexual, muitas vezes após uma experiência negativa

  • Estresse: Níveis elevados de estresse afetam a produção hormonal e a resposta sexual

  • Depressão: Altera o equilíbrio químico cerebral, reduzindo o interesse sexual e a capacidade de ereção

  • Problemas de relacionamento: Conflitos, falta de comunicação ou insatisfação no relacionamento podem interferir na resposta sexual

  • Traumas sexuais: Experiências negativas anteriores podem criar bloqueios psicológicos

Fatores Sociais e Interpessoais

Estudos brasileiros também identificaram fatores sociais que podem estar associados à disfunção erétil:

  • Baixa renda e baixo grau de escolaridade

  • Desemprego e estresse financeiro

  • Estado civil (homens solteiros apresentam maior prevalência)

  • Crenças religiosas restritivas em relação à sexualidade

Atenção: A disfunção erétil pode ser o primeiro sinal de doenças cardiovasculares graves. Homens com DE têm maior risco de infarto e AVC nos anos seguintes ao aparecimento dos sintomas. Por isso, nunca ignore esse problema ou tente tratá-lo por conta própria.

Diagnóstico da Disfunção Erétil pelo SUS

O diagnóstico da disfunção erétil no SUS segue um protocolo estruturado, começando pela atenção primária e, quando necessário, avançando para especialistas. O processo é confidencial e realizado por profissionais capacitados.

Quando Procurar Ajuda Médica

É recomendado buscar avaliação médica quando:

  • As dificuldades de ereção ocorrem em mais de 50% das tentativas de relação sexual

  • O problema persiste por mais de três meses

  • Há impacto significativo na qualidade de vida e no relacionamento

  • Surgem outros sintomas associados, como problemas urinários ou dor

Porta de Entrada: Unidade Básica de Saúde

O primeiro passo é procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da sua residência. Lá, você passará por uma consulta com o médico clínico geral, que fará uma avaliação inicial. É importante ser honesto sobre os sintomas e o histórico médico para um diagnóstico correto.

Avaliação Clínica

Durante a consulta, o médico realizará:

  • Anamnese detalhada: Perguntas sobre o início e a evolução dos sintomas, fatores que melhoram ou pioram o quadro, histórico de doenças, medicamentos em uso, hábitos de vida e histórico sexual

  • Exame físico: Avaliação geral, com atenção especial aos sistemas cardiovascular, neurológico e genital

  • Aplicação de questionários: O SUS utiliza o questionário IIEF-5 (Índice Internacional de Função Erétil), um instrumento validado que ajuda a classificar o grau de disfunção erétil

Exames Complementares

Dependendo da avaliação inicial, o médico poderá solicitar exames para investigar possíveis causas orgânicas:

  • Exames de sangue: Hemograma, glicemia, perfil lipídico (colesterol e triglicerídeos), dosagem hormonal (testosterona, TSH, prolactina)

  • Teste de tumescência peniana noturna: Avalia se ocorrem ereções durante o sono, o que ajuda a diferenciar causas psicológicas de orgânicas

  • Ecodoppler peniano: Avalia o fluxo sanguíneo no pênis e identifica possíveis obstruções

Todos esses exames estão disponíveis pelo SUS mediante solicitação médica, embora o tempo de espera possa variar conforme a região e a demanda local.

Encaminhamento para Especialista

Após a avaliação inicial e os exames, o clínico geral poderá encaminhar o paciente para um urologista ou andrologista da rede SUS, especialmente nos seguintes casos:

  • Disfunção erétil moderada a grave

  • Suspeita de causas orgânicas específicas

  • Pacientes jovens com histórico de trauma perineal ou pélvico

  • Pacientes com deformidades penianas (doença de Peyronie, curvatura congênita)

  • Pacientes com distúrbios psiquiátricos ou psicossexuais

  • Pacientes com distúrbios endocrinológicos complexos

O encaminhamento é feito pelo sistema de regulação do SUS, e o tempo de espera para a consulta especializada varia conforme a disponibilidade em cada região.

Tratamentos Não Farmacológicos Disponíveis no SUS

Antes de recorrer a medicamentos, o SUS oferece abordagens não farmacológicas que podem ser eficazes, especialmente quando a disfunção erétil está relacionada a fatores de estilo de vida ou causas psicológicas.

Mudanças no Estilo de Vida

O médico pode recomendar:

  • Alimentação saudável: Dieta rica em frutas, verduras, legumes, grãos integrais e com menos gordura animal pode melhorar a saúde vascular e a função erétil

  • Atividade física regular: Exercícios aeróbicos e de fortalecimento muscular melhoram a circulação sanguínea e os níveis hormonais

  • Controle do peso: A perda de peso em homens obesos pode melhorar significativamente a função erétil

  • Cessação do tabagismo: O SUS oferece grupos de apoio e tratamento gratuito para quem deseja parar de fumar

  • Redução do consumo de álcool: Limitar o consumo de bebidas alcoólicas pode melhorar a função sexual

  • Controle do estresse: Técnicas de relaxamento, meditação e outras estratégias para reduzir o estresse

Fisioterapia do Assoalho Pélvico

A fisioterapia especializada pode ser indicada como tratamento adjuvante, especialmente em casos onde há componente vascular ou quando a disfunção erétil está associada a problemas de controle urinário. O SUS oferece este serviço em centros especializados de reabilitação, mediante encaminhamento médico.

As técnicas incluem:

  • Exercícios para fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico

  • Biofeedback para melhorar o controle muscular

  • Eletroestimulação em casos específicos

Psicoterapia e Terapia Sexual

Quando a disfunção erétil tem componentes psicológicos significativos, o paciente pode ser encaminhado para:

  • Psicoterapia individual: Aborda questões como ansiedade, depressão, traumas e outros fatores emocionais

  • Terapia de casal: Trabalha problemas de relacionamento que podem estar afetando a vida sexual

  • Terapia sexual: Focada especificamente nas dificuldades sexuais, com técnicas comportamentais específicas

Esses serviços estão disponíveis nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), ambulatórios de saúde mental e em alguns hospitais universitários vinculados ao SUS.

Grupos de Apoio e Orientação

Algumas unidades de saúde oferecem grupos educativos voltados para a saúde do homem, onde são abordados temas como saúde sexual, prevenção de doenças e promoção do autocuidado. Participar desses grupos pode ajudar a compreender melhor o problema e reduzir o estigma associado à disfunção erétil.

Saiba mais: Estudos mostram que até 30% dos casos de disfunção erétil leve a moderada podem ser resolvidos apenas com mudanças no estilo de vida, sem necessidade de medicamentos. Mesmo nos casos mais graves, essas mudanças potencializam o efeito dos tratamentos farmacológicos.

Medicamentos para Disfunção Erétil Disponíveis no SUS

O Sistema Único de Saúde disponibiliza medicamentos eficazes para o tratamento da disfunção erétil, com destaque para os inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (iPDE5), considerados a primeira linha de tratamento farmacológico.

Como Funcionam os Medicamentos

Para entender como os medicamentos agem, é importante conhecer o mecanismo da ereção:

  1. Durante a excitação sexual, as terminações nervosas do pênis liberam óxido nítrico

  2. O óxido nítrico ativa uma enzima que aumenta os níveis de GMP cíclico

  3. O GMP cíclico relaxa os músculos lisos do corpo cavernoso, permitindo maior fluxo sanguíneo

  4. O sangue preenche os espaços cavernosos, causando a ereção

Os inibidores da PDE5 bloqueiam a enzima que degrada o GMP cíclico, prolongando seu efeito e facilitando a ereção quando há estímulo sexual.

Tadalafila

A tadalafila é um dos principais medicamentos disponíveis no SUS para o tratamento da disfunção erétil. Está disponível em duas apresentações:

  • Tadalafila 5mg: Uso diário, independente da atividade sexual. Mantém níveis constantes do medicamento no organismo, permitindo resposta sexual mais espontânea

  • Tadalafila 20mg: Uso sob demanda, tomada antes da relação sexual. Tem efeito por até 36 horas, sendo conhecida como "medicamento do fim de semana"

Características:

  • Início de ação: 30 minutos após a administração

  • Pico de concentração: 2 horas

  • Duração do efeito: até 36 horas

  • Meia-vida: 17,5 horas

  • Pode ser tomada com ou sem alimentos

Sildenafila

A sildenafila (princípio ativo do Viagra) também está disponível no SUS em algumas regiões, nas doses de 25mg, 50mg e 100mg:

  • Uso sob demanda, cerca de 1 hora antes da relação sexual

  • Efeito dura aproximadamente 4 a 6 horas

  • A absorção pode ser reduzida por alimentos gordurosos

Comparação entre os Medicamentos

Tadalafila 5mg
  • Forma de uso: Diário

  • Inicio da ação: Contínuo

  • Duração do efeito: Contínuo.

  • Interferência Alimentar: Não

  • Espontaneidade: Alta

Tadalafila 20mg
  • Forma de uso: Sob demanda

  • Inicio da ação: 30 minutos

  • Duração do efeito: Até 36 Horas

  • Interferência Alimentar: Não

  • Espontaneidade: Média

Sildenafila 50mg
  • Forma de uso: Sob demanda

  • Inicio da ação: 30-60 minutos

  • Duração do efeito: 4-6 Horas

  • Interferência Alimentar: Sim ( Alimentos gordurosos)

  • Espontaneidade: Baixa

Efeitos Colaterais

Os inibidores da PDE5 são geralmente bem tolerados, mas podem causar alguns efeitos colaterais:

  • Dor de cabeça (mais comum)

  • Rubor facial

  • Congestão nasal

  • Dispepsia (má digestão)

  • Dor muscular (mais comum com tadalafila)

  • Alterações visuais temporárias (mais comum com sildenafila)

A maioria desses efeitos é leve e transitória, tendendo a diminuir com o uso continuado.

Contraindicações

Existem algumas situações em que esses medicamentos não devem ser utilizados:

  • Uso concomitante de nitratos: Medicamentos para angina como isossorbida, mononitrato, dinitrato e nitroglicerina

  • Hipersensibilidade aos componentes

  • Condições cardiovasculares graves: Infarto recente (menos de 90 dias), angina instável, insuficiência cardíaca grave

  • Hipotensão grave ou hipertensão não controlada

  • AVC recente (menos de 6 meses)

Atenção: Nunca use medicamentos para disfunção erétil sem prescrição médica. A automedicação pode mascarar problemas de saúde subjacentes e causar interações medicamentosas perigosas, especialmente com medicamentos para o coração.

Passo a Passo para Conseguir Tratamento pelo SUS

O acesso ao tratamento para disfunção erétil pelo SUS segue um fluxo organizado. Veja como proceder:

Documentos Necessários

Para iniciar o processo, você precisará de:

  • Documento de identidade com foto (RG, CNH)

  • CPF

  • Cartão do SUS (pode ser feito na própria unidade de saúde)

  • Comprovante de residência

Fluxo de Atendimento Detalhado

  1. Procure a UBS mais próxima:

    • Vá até a Unidade Básica de Saúde ou Estratégia de Saúde da Família da sua área de residência

    • Solicite agendamento de consulta com o médico clínico geral

    • Informe que deseja uma avaliação para problemas relacionados à saúde sexual masculina

  2. Consulta com clínico geral:

    • Relate seus sintomas com honestidade

    • Informe sobre outras condições de saúde e medicamentos em uso

    • O médico fará uma avaliação inicial e poderá solicitar exames

  3. Realização de exames:

    • Agende os exames solicitados na própria UBS ou em laboratórios conveniados

    • Realize os exames conforme orientação

    • Guarde os resultados com cuidado

  4. Retorno ao clínico geral:

    • Leve os resultados dos exames para avaliação

    • O médico poderá iniciar um tratamento ou encaminhar para especialista

  5. Encaminhamento para urologista/andrologista:

    • O encaminhamento é feito pelo sistema de regulação do SUS

    • Você receberá uma guia com a data e local da consulta especializada

    • O tempo de espera varia conforme a região e a disponibilidade

  6. Consulta com especialista:

    • O urologista fará uma avaliação detalhada

    • Poderá aplicar questionários específicos (como o IIEF-5)

    • Definirá o tratamento mais adequado para seu caso

  7. Início do tratamento:

    • Se indicado, você receberá uma prescrição médica para os medicamentos

    • O especialista também poderá recomendar outras abordagens terapêuticas

  8. Dispensação dos medicamentos:

    • Com a receita em mãos, dirija-se à farmácia do SUS indicada pelo médico

    • Geralmente, os medicamentos são dispensados na farmácia da própria unidade de saúde ou em farmácias de referência

    • Apresente a receita, documento de identidade e cartão do SUS

  9. Acompanhamento:

    • Retorne às consultas de acompanhamento conforme orientação médica

    • Após três meses de tratamento, você será reavaliado para verificar a eficácia

    • O médico poderá ajustar a dose ou mudar a abordagem terapêutica se necessário

Critérios de Inclusão

Para receber o tratamento para disfunção erétil pelo SUS, é necessário:

  • Ser paciente masculino adulto

  • Apresentar sinais e sintomas de disfunção erétil confirmados por avaliação clínica

  • Ter passado por avaliação médica que indique a necessidade do tratamento

  • Não apresentar contraindicações ao uso dos medicamentos

Critérios de Exclusão

O tratamento com inibidores da PDE5 não será oferecido em casos de:

  • Uso concomitante de nitratos (medicamentos para angina)

  • Hipersensibilidade conhecida aos componentes dos medicamentos

  • Condições cardiovasculares graves não controladas

  • Outras contraindicações específicas identificadas pelo médico

Dica: Em algumas cidades, o SUS oferece serviços específicos de saúde do homem, com horários estendidos para facilitar o acesso de quem trabalha durante o dia. Informe-se na sua UBS sobre a disponibilidade desses serviços na sua região.

Tratamentos Avançados para Casos Graves

Para homens que não respondem aos medicamentos orais ou têm contraindicações ao seu uso, o SUS oferece opções terapêuticas mais avançadas, disponíveis em centros especializados mediante encaminhamento médico.

Dispositivos a Vácuo

São aparelhos que criam um vácuo ao redor do pênis, atraindo sangue para os corpos cavernosos e provocando a ereção. Um anel elástico é então colocado na base do pênis para manter a ereção. O SUS disponibiliza esses dispositivos em alguns centros especializados para pacientes que não podem usar medicamentos orais.

Injeções Intracavernosas

Consiste na aplicação de medicamentos vasoativos diretamente nos corpos cavernosos do pênis, provocando ereção independentemente de estímulo sexual. As substâncias mais utilizadas são:

  • Alprostadil (prostaglandina E1)

  • Papaverina

  • Fentolamina

O paciente ou seu parceiro são treinados para aplicar a injeção. Esta opção está disponível em centros de referência do SUS para casos específicos.

Implante de Prótese Peniana

É uma opção cirúrgica para casos graves que não respondem a outros tratamentos. Existem dois tipos principais:

  • Próteses maleáveis: Mais simples e com menor risco de complicações mecânicas

  • Próteses infláveis: Oferecem resultado mais natural, mas são mais complexas

O SUS oferece cirurgia para implante de prótese peniana em hospitais de alta complexidade, mediante avaliação e encaminhamento por equipe especializada. O tempo de espera pode ser longo devido à complexidade do procedimento.

Centros de Referência

Esses tratamentos avançados estão disponíveis em centros especializados, geralmente vinculados a hospitais universitários ou hospitais de referência em urologia. Alguns exemplos incluem:

  • Hospital das Clínicas da USP (São Paulo)

  • Hospital Universitário Pedro Ernesto (Rio de Janeiro)

  • Hospital de Clínicas de Porto Alegre

  • Hospital das Clínicas da UFMG (Belo Horizonte)

  • Hospital Universitário de Brasília

O acesso a esses centros é feito por meio de encaminhamento médico, seguindo o fluxo de referência e contrarreferência do SUS.

Direitos do Paciente com Disfunção Erétil

Todo homem com disfunção erétil tem direito a diagnóstico, tratamento e acompanhamento pelo Sistema Único de Saúde. Conheça seus direitos:

Legislação e Normativas

Embora não exista uma lei específica sobre o tratamento da disfunção erétil, o direito ao tratamento está amparado por:

  • Constituição Federal (Art. 196): Saúde como direito de todos e dever do Estado

  • Lei 8.080/90 (Lei Orgânica da Saúde): Estabelece a integralidade da assistência

  • Política Nacional de Atenção Integral à Saúde do Homem (PNAISH): Inclui a saúde sexual como componente da saúde integral masculina

  • Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas: Estabelecidos por secretarias estaduais e municipais de saúde

Direito à Privacidade e Confidencialidade

O paciente tem direito a:

  • Atendimento em ambiente que garanta sua privacidade

  • Confidencialidade de todas as informações relacionadas ao seu diagnóstico e tratamento

  • Acesso ao seu prontuário médico

  • Sigilo profissional por parte de todos os profissionais envolvidos no seu atendimento

Como Proceder em Caso de Negativa

Se houver dificuldade para acessar o tratamento, siga estes passos:

  1. Ouvidoria do SUS: Registre sua reclamação pelo telefone 136 ou no site da ouvidoria do SUS

  2. Secretaria Municipal de Saúde: Procure o setor responsável pela assistência farmacêutica

  3. Conselho Municipal de Saúde: Órgão de controle social que pode intervir em situações de negativa de atendimento

  4. Defensoria Pública: Oferece assistência jurídica gratuita para garantir o acesso ao tratamento

  5. Ministério Público: Pode ser acionado em casos de violação do direito à saúde

Judicialização: Quando é Necessária

A judicialização deve ser o último recurso, quando todas as vias administrativas forem esgotadas. Para isso:

  • Reúna toda a documentação médica (laudos, receitas, exames)

  • Obtenha um relatório médico detalhado justificando a necessidade do tratamento

  • Guarde comprovantes de tentativas anteriores de obter o medicamento pelo SUS

  • Procure a Defensoria Pública ou um advogado para orientação

Importante: A maioria dos casos pode ser resolvida administrativamente, sem necessidade de ações judiciais. O diálogo com os profissionais de saúde e gestores locais do SUS é sempre o primeiro caminho a ser tentado.

Perguntas Frequentes sobre Disfunção Erétil e Tratamento pelo SUS

A disfunção erétil tem cura?

A disfunção erétil pode ser tratada com sucesso na maioria dos casos, mas a "cura" depende da causa subjacente. Quando a causa é psicológica, a terapia adequada pode resolver completamente o problema. Quando há causas orgânicas, como diabetes ou doenças cardiovasculares, o tratamento dessas condições pode melhorar significativamente a função erétil. Em alguns casos, o tratamento será contínuo, especialmente quando há fatores de risco não modificáveis como a idade avançada. O importante é que, com o tratamento adequado, a grande maioria dos homens consegue recuperar uma vida sexual satisfatória.

Qualquer homem pode receber os medicamentos para disfunção erétil pelo SUS?

Para receber medicamentos para disfunção erétil pelo SUS, é necessário passar por avaliação médica e atender aos critérios de inclusão estabelecidos nos protocolos clínicos. Geralmente, são elegíveis pacientes masculinos adultos com sinais e sintomas de disfunção erétil confirmados por avaliação clínica. O tratamento é iniciado após consulta com médico especialista (urologista/andrologista) e pode requerer exames complementares. Existem algumas contraindicações, como o uso concomitante de nitratos (medicamentos para angina), hipersensibilidade aos componentes dos medicamentos e certas condições cardiovasculares graves. Cada caso é avaliado individualmente pelo médico especialista.

Os medicamentos para disfunção erétil causam dependência?

Não, os medicamentos para disfunção erétil, como os inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (sildenafila, tadalafila), não causam dependência física ou química. No entanto, alguns homens podem desenvolver uma dependência psicológica, acreditando que não conseguirão ter ereções sem o medicamento, mesmo quando a causa original do problema já foi resolvida. Por isso, é importante seguir a orientação médica quanto à frequência e duração do tratamento. Em muitos casos, especialmente quando há componentes psicológicos envolvidos, o médico pode recomendar um uso temporário ou intermitente, associado a outras abordagens terapêuticas, como psicoterapia ou mudanças no estilo de vida.

É possível usar os medicamentos preventivamente?

Os medicamentos para disfunção erétil não são indicados para uso preventivo em homens que não apresentam o problema. Seu uso deve ser sempre sob orientação médica e para tratar uma condição diagnosticada. O uso indiscriminado, sem necessidade real, pode mascarar problemas de saúde subjacentes que precisariam ser investigados e pode criar uma dependência psicológica desnecessária. Além disso, como todo medicamento, os inibidores da PDE5 podem ter efeitos colaterais e interações medicamentosas que devem ser considerados.

Quanto tempo dura o efeito dos medicamentos?

A duração do efeito varia conforme o medicamento. A sildenafila (Viagra e genéricos) tem efeito por aproximadamente 4 a 6 horas, devendo ser tomada cerca de 1 hora antes da relação sexual. Já a tadalafila tem duas apresentações: a dose diária de 5mg, que mantém o efeito continuamente quando tomada todos os dias no mesmo horário; e a dose de 20mg, que tem efeito por até 36 horas, sendo conhecida como "medicamento do fim de semana". A vardenafila tem duração intermediária, entre 8 e 12 horas. É importante ressaltar que esses medicamentos não provocam ereção espontânea, mas facilitam a resposta natural ao estímulo sexual durante o período de ação.

Os medicamentos funcionam mesmo sem estímulo sexual?

Não. Os inibidores da fosfodiesterase tipo 5 (como sildenafila e tadalafila) não provocam ereções espontâneas na ausência de estímulo sexual. Eles funcionam aumentando o fluxo sanguíneo para o pênis quando há excitação sexual, facilitando o processo natural de ereção. O estímulo sexual é necessário para liberar óxido nítrico nas terminações nervosas do pênis, iniciando a cascata bioquímica que leva à ereção. Os medicamentos potencializam esse processo, mas não o substituem. Por isso, fatores como atração, desejo e estimulação adequada continuam sendo fundamentais para o sucesso do tratamento.

O SUS oferece tratamento para outros problemas sexuais masculinos?

Sim, o SUS oferece tratamento para diversos problemas relacionados à saúde sexual masculina, além da disfunção erétil. Isso inclui ejaculação precoce, diminuição da libido (desejo sexual), distúrbios hormonais como hipogonadismo (baixa produção de testosterona), infertilidade masculina, doenças da próstata que afetam a função sexual, e problemas anatômicos como fimose e varicocele. O acesso a esses tratamentos segue o mesmo fluxo: consulta inicial na Unidade Básica de Saúde, com posterior encaminhamento para especialistas (urologistas, andrologistas, endocrinologistas ou psicólogos) conforme a necessidade de cada caso.

Existe idade mínima ou máxima para o tratamento?

Não há uma idade máxima estabelecida para o tratamento da disfunção erétil pelo SUS. Homens idosos podem se beneficiar do tratamento, desde que não apresentem contraindicações médicas. A avaliação é sempre individualizada, considerando o estado geral de saúde e as condições cardiovasculares. Quanto à idade mínima, os protocolos geralmente se referem a "pacientes masculinos adultos", o que normalmente significa a partir dos 18 anos. Casos de disfunção erétil em homens muito jovens são menos comuns e geralmente têm causas psicológicas ou estão associados a condições específicas, requerendo avaliação especializada.

Conclusão

A disfunção erétil é um problema de saúde que afeta milhões de homens brasileiros e tem impacto significativo na qualidade de vida, autoestima e relacionamentos. Felizmente, o Sistema Único de Saúde oferece diagnóstico e tratamento gratuito, com opções terapêuticas eficazes para a maioria dos casos.

É fundamental entender que a disfunção erétil não é apenas um problema sexual, mas pode ser um sinal de alerta para condições de saúde mais graves, como doenças cardiovasculares e diabetes. Por isso, buscar ajuda médica é importante não apenas para recuperar a função sexual, mas também para cuidar da saúde como um todo.

O tratamento pelo SUS inclui desde abordagens não farmacológicas, como mudanças no estilo de vida e terapias psicológicas, até medicamentos orais como a tadalafila e a sildenafila, e, em casos específicos, tratamentos avançados como injeções intracavernosas e implante de prótese peniana.

O acesso a esses tratamentos segue um fluxo organizado, começando pela Unidade Básica de Saúde e podendo avançar para especialistas e centros de referência conforme a necessidade. Embora possam existir desafios como tempo de espera em algumas regiões, o direito ao tratamento é garantido por lei e pode ser reivindicado pelos canais apropriados.

Lembre-se: a disfunção erétil é um problema médico comum e tratável. Não deixe que o constrangimento ou o preconceito impeçam você de buscar ajuda e recuperar sua saúde sexual. O primeiro passo é procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima e conversar com um profissional de saúde.

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