Infarto: Como o SUS salva vidas com atendimento rápido e reabilitação completa!

Descubra como o SUS oferece atendimento de emergência para infarto, desde o SAMU até a angioplastia e reabilitação cardíaca. Guia completo para pacientes e familiares.

5/21/20258 min read

Infarto: Atendimento de Emergência e Reabilitação pelo SUS - Guia Completo

Você sabe o que fazer se você ou alguém próximo apresentar sintomas de infarto? O tempo é crucial nessa situação, e conhecer o caminho certo pelo SUS pode salvar vidas.

No Brasil, ocorrem cerca de 300 a 400 mil casos de infarto por ano, com um óbito a cada 7 casos. Para diminuir esse número, o SUS oferece uma rede completa de atendimento de emergência e reabilitação.

Neste guia do Viva o SUS, você vai descobrir como identificar os sintomas de um infarto, como acionar o atendimento de emergência, quais procedimentos são realizados e como funciona a reabilitação cardíaca pelo Sistema Único de Saúde.

ATENÇÃO! Em caso de suspeita de infarto, ligue imediatamente para o SAMU: 192

Cada minuto conta! O atendimento nos primeiros 90 minutos após o início dos sintomas (chamado "hora de ouro") aumenta significativamente as chances de sobrevivência e reduz sequelas.

O que é Infarto Agudo do Miocárdio e Como Reconhecer os Sintomas

O Infarto Agudo do Miocárdio (IAM) ocorre quando há uma obstrução no fluxo sanguíneo para o coração, geralmente causada por um coágulo que bloqueia uma artéria coronária. Sem oxigênio e nutrientes, as células do músculo cardíaco começam a morrer rapidamente.

Principais Sintomas de Infarto:

  • Dor ou desconforto no peito: Sensação de aperto, pressão, queimação ou peso no centro do peito, que pode durar vários minutos ou ir e voltar

  • Dor que se espalha: Para os braços (principalmente o esquerdo), ombros, pescoço, mandíbula, costas ou parte superior do abdômen

  • Falta de ar: Dificuldade para respirar, com ou sem desconforto no peito

  • Outros sintomas: Suor frio, náusea, vômito, tontura, fraqueza extrema, ansiedade ou sensação de morte iminente

Atenção aos sintomas diferentes em grupos específicos:

  • Em mulheres: Podem apresentar sintomas menos típicos como fadiga incomum, desconforto na parte superior das costas, pescoço ou abdômen

  • Em idosos: O principal sintoma pode ser apenas falta de ar, sem dor no peito

  • Em diabéticos: Podem ter um "infarto silencioso", com sintomas leves ou ausentes devido à neuropatia

Atendimento de Emergência para Infarto pelo SUS: O Passo a Passo

O SUS possui uma Linha de Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio, que é um conjunto de medidas para melhorar a qualidade e agilidade do atendimento em situações emergenciais. Veja como funciona:

1. Identificação dos Sintomas e Chamada ao SAMU (192)

Ao perceber os sintomas de infarto, a primeira ação deve ser ligar para o SAMU através do número 192. Este serviço é gratuito e está disponível 24 horas por dia.

Ao ligar, informe com clareza:

  • Os sintomas que estão sendo apresentados

  • Há quanto tempo começaram

  • Endereço completo com pontos de referência

  • Nome e idade da pessoa com sintomas

O atendente do SAMU fará perguntas para avaliar a gravidade e dará orientações até a chegada da ambulância.

2. Atendimento Pré-Hospitalar pelo SAMU

O SAMU enviará uma ambulância com equipe treinada que realizará:

  • Avaliação inicial dos sinais vitais

  • Eletrocardiograma (ECG) no local, quando disponível

  • Administração de medicamentos iniciais (AAS, nitrato, analgésicos)

  • Estabilização do paciente para transporte

Em algumas cidades, o SAMU já conta com o sistema de tele-eletrocardiograma, que permite enviar o ECG diretamente para o cardiologista no hospital, agilizando o diagnóstico.

3. Transporte para o Hospital de Referência

O paciente será transportado para o hospital mais próximo com capacidade para atendimento de emergências cardíacas. O SUS possui uma rede de hospitais de referência para casos de infarto.

Durante o transporte, a equipe do SAMU mantém contato com o hospital, informando a condição do paciente e o tempo estimado de chegada.

Se não conseguir acionar o SAMU: Procure o serviço de emergência mais próximo, como UPA 24h ou pronto-socorro. Em casos de infarto, qualquer unidade de saúde deve prestar o primeiro atendimento e providenciar a transferência para um hospital especializado, se necessário.

4. Atendimento Hospitalar de Emergência

Ao chegar ao hospital, o paciente passará por:

  • Triagem imediata: Pacientes com suspeita de infarto têm prioridade máxima (classificação vermelha no Protocolo Manchester)

  • Confirmação do diagnóstico: Através de ECG, exames de sangue (troponina) e avaliação clínica

  • Definição da estratégia de reperfusão: Restabelecimento do fluxo sanguíneo para o coração

5. Tratamentos de Reperfusão Disponíveis no SUS

Existem dois principais tratamentos para desobstruir a artéria bloqueada:

  • Angioplastia Primária: Procedimento invasivo onde um cateter com balão é inserido até a artéria coronária para desobstruí-la, geralmente com implante de stent (pequena malha metálica que mantém a artéria aberta)

  • Trombólise (Fibrinólise): Administração de medicamentos que dissolvem o coágulo. É utilizada quando a angioplastia não está disponível em tempo hábil

O SUS prioriza a angioplastia primária sempre que possível, pois apresenta melhores resultados. O objetivo é realizar o procedimento dentro de 90 minutos após a chegada ao hospital (tempo porta-balão).

Tempo é músculo cardíaco! Quanto mais rápido for o atendimento, menores serão os danos ao coração. Por isso, o SUS trabalha com metas de tempo para cada etapa do atendimento:

  • Do início dos sintomas até o primeiro contato médico: ideal até 120 minutos

  • Da chegada ao hospital até a angioplastia (tempo porta-balão): ideal até 90 minutos

  • Da chegada ao hospital até a trombólise (quando indicada): ideal até 30 minutos

Internação e Cuidados Pós-Infarto Imediatos

Após o tratamento inicial, o paciente será internado para monitoramento e estabilização. O tempo de internação varia conforme a gravidade do caso:

  • Unidade Coronariana ou UTI: Para os primeiros dias, com monitoramento contínuo

  • Enfermaria de Cardiologia: Após estabilização, para continuidade do tratamento

Durante a internação, o paciente receberá:

  • Medicamentos para prevenir novos eventos (antiagregantes plaquetários, estatinas, betabloqueadores, etc.)

  • Exames complementares para avaliar a extensão do dano cardíaco

  • Orientações iniciais sobre mudanças no estilo de vida

  • Planejamento para a alta hospitalar e acompanhamento

Reabilitação Cardíaca pelo SUS: Recuperação Completa após o Infarto

A reabilitação cardíaca é fundamental para a recuperação após um infarto. O SUS oferece programas de reabilitação que incluem exercícios supervisionados, orientação nutricional e suporte psicológico.

Fases da Reabilitação Cardíaca:

  1. Fase 1 (Hospitalar): Inicia-se ainda durante a internação, com exercícios leves e orientações básicas

  2. Fase 2 (Ambulatorial Supervisionada): Após a alta, com exercícios supervisionados por profissionais de saúde

  3. Fase 3 (Manutenção): Continuidade dos exercícios com supervisão menos intensiva

  4. Fase 4 (Manutenção a Longo Prazo): Incorporação definitiva da atividade física à rotina

O programa de reabilitação cardíaca do SUS é realizado em:

  • Centros Especializados em Reabilitação (CER)

  • Serviços de Reabilitação em hospitais de referência

  • Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF)

  • Policlínicas especializadas

Benefícios da Reabilitação Cardíaca:

  • Redução de 20% a 30% na mortalidade

  • Melhora da capacidade física e qualidade de vida

  • Redução de reinternações hospitalares

  • Controle de fatores de risco (pressão alta, colesterol, diabetes)

  • Suporte psicológico para lidar com ansiedade e depressão pós-infarto

Como Acessar a Reabilitação Cardíaca pelo SUS: Passo a Passo

Para participar do programa de reabilitação cardíaca pelo SUS, siga estes passos:

  1. Encaminhamento médico: Ao receber alta hospitalar, solicite ao cardiologista um encaminhamento para o programa de reabilitação cardíaca

  2. Documentos necessários:

    • Cartão do SUS

    • Documento de identidade

    • Comprovante de residência

    • Relatório médico com diagnóstico e recomendações

    • Resultados de exames recentes (ecocardiograma, teste ergométrico, etc.)

  3. Agendamento: Com o encaminhamento em mãos, procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima para solicitar o agendamento no serviço de reabilitação cardíaca

  4. Avaliação inicial: Na primeira consulta no serviço de reabilitação, você passará por uma avaliação completa para definir seu programa personalizado

  5. Participação no programa: Siga rigorosamente as orientações e frequência recomendadas pelos profissionais

O tempo de espera para iniciar a reabilitação varia conforme a disponibilidade de vagas em cada região. Em alguns locais, o SUS tem parcerias com universidades e instituições privadas para ampliar a oferta desse serviço.

Medicamentos para Prevenção Secundária: Disponíveis Gratuitamente

Após um infarto, é necessário o uso contínuo de medicamentos para prevenir novos eventos. O SUS fornece gratuitamente os principais medicamentos através da Farmácia Básica e do Programa Farmácia Popular:

  • Antiagregantes plaquetários: AAS (ácido acetilsalicílico), clopidogrel

  • Estatinas: Sinvastatina, atorvastatina

  • Betabloqueadores: Propranolol, atenolol, carvedilol, metoprolol

  • Inibidores da ECA/BRA: Captopril, enalapril, losartana

  • Outros: Conforme necessidade individual

Para retirar os medicamentos, você precisará de:

  • Receita médica atualizada (válida por 30 dias para primeira retirada)

  • Documento de identidade

  • Cartão do SUS

Dica importante: Mantenha sempre uma receita atualizada. Para medicamentos de uso contínuo, a receita pode ter validade de até 6 meses para as retiradas subsequentes, dependendo da política local.

Acompanhamento Contínuo após Infarto pelo SUS

O acompanhamento após um infarto deve ser contínuo e envolve diferentes níveis de atenção do SUS:

1. Atenção Primária (UBS/ESF)

A Unidade Básica de Saúde ou Estratégia Saúde da Família será responsável por:

  • Monitoramento dos fatores de risco (pressão arterial, glicemia, colesterol)

  • Renovação de receitas de medicamentos de uso contínuo

  • Orientações sobre alimentação saudável e atividade física

  • Encaminhamento para especialistas quando necessário

2. Atenção Especializada (Cardiologista)

As consultas com cardiologista são agendadas via Sistema de Regulação do SUS e incluem:

  • Avaliação periódica da função cardíaca

  • Ajustes na medicação quando necessário

  • Solicitação de exames de controle

3. Exames de Acompanhamento

O SUS oferece os seguintes exames para monitoramento:

  • Eletrocardiograma

  • Ecocardiograma

  • Teste ergométrico

  • Exames laboratoriais (perfil lipídico, glicemia, etc.)

  • Outros exames conforme necessidade individual

A frequência das consultas e exames varia conforme o caso, mas geralmente segue este padrão:

  • Primeiro mês após alta: consulta com cardiologista

  • 3 a 6 meses: nova avaliação cardiológica com exames

  • Após estabilização: consultas a cada 6-12 meses

  • Acompanhamento na UBS: mensal nos primeiros meses, depois trimestral ou semestral

Direitos do Paciente com Infarto no SUS

Após sofrer um infarto, o paciente tem direitos garantidos por lei:

  • Atendimento prioritário em todos os serviços de saúde

  • Transporte sanitário para tratamento fora do domicílio (TFD), quando necessário

  • Medicamentos gratuitos para tratamento contínuo

  • Reabilitação cardíaca pelo SUS

  • Auxílio-doença durante o período de recuperação (via INSS)

  • Aposentadoria por invalidez, em casos de incapacidade permanente para o trabalho

  • Isenção de imposto de renda para aposentados com cardiopatia grave

  • Saque do FGTS para tratamento de saúde

Para acessar esses benefícios, é necessário laudo médico detalhado e, em alguns casos, passar por perícia médica.

Prevenção de Novos Infartos: Mudanças no Estilo de Vida

Além do tratamento médico, mudanças no estilo de vida são fundamentais para prevenir novos eventos cardíacos:

  • Pare de fumar: O SUS oferece grupos de apoio para cessação do tabagismo

  • Alimentação saudável: Reduza sal, gorduras saturadas e açúcares

  • Atividade física regular: Conforme orientação médica e do programa de reabilitação

  • Controle do estresse: Busque atividades relaxantes e, se necessário, apoio psicológico

  • Controle de doenças associadas: Hipertensão, diabetes, colesterol alto

  • Sono adequado: 7-8 horas por noite

  • Peso saudável: Manutenção do IMC adequado

O SUS oferece suporte para essas mudanças através de:

  • Grupos de educação em saúde nas UBS

  • Consultas com nutricionistas

  • Programa Nacional de Controle do Tabagismo

  • Academias da Saúde (em algumas cidades)

Lembre-se: Após um infarto, você não está sozinho. O SUS oferece uma rede completa de cuidados para sua recuperação e prevenção de novos eventos. Siga as orientações médicas, compareça às consultas e participe ativamente do seu tratamento.

Conclusão: O SUS Salva Vidas no Atendimento ao Infarto

O infarto é uma emergência médica que exige atendimento rápido e especializado. O SUS oferece uma linha de cuidado completa, desde o atendimento pré-hospitalar pelo SAMU até a reabilitação cardíaca e acompanhamento contínuo.

Conhecer os sintomas e saber como acionar o serviço de emergência pode fazer toda a diferença entre a vida e a morte. Lembre-se: ao primeiro sinal de infarto, ligue 192!

Se você já sofreu um infarto, siga rigorosamente as orientações médicas, participe do programa de reabilitação cardíaca e faça as mudanças necessárias no estilo de vida. Com o tratamento adequado, é possível ter qualidade de vida e reduzir significativamente o risco de novos eventos.

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Referências:

Ministério da Saúde. Linha de Cuidado do Infarto Agudo do Miocárdio. 2022.

Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz Brasileira de Reabilitação Cardiovascular. 2020.

Ministério da Saúde. Protocolo Clínico Síndromes Coronarianas Agudas. 2021.

DATASUS. Estatísticas de morbimortalidade por doenças cardiovasculares no Brasil. 2023.