Como o SUS Trata o AVC (Derrame) e Ajuda na Recuperação
O AVC é uma emergência médica! O SUS oferece atendimento rápido e especializado, incluindo trombólise e reabilitação. Descubra como reconhecer os sinais, acionar o SAMU e acessar todo o tratamento gratuito pelo SUS para minimizar sequelas.
4/28/202514 min read


AVC (Derrame): Como Tratar e Reabilitar pelo SUS - Passo a Passo Completo
O que é o AVC (Acidente Vascular Cerebral)?
O Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame cerebral, é uma emergência médica que ocorre quando o fluxo de sangue para uma parte do cérebro é interrompido, causando a morte de células cerebrais. Essa interrupção pode acontecer de duas formas principais, definindo os dois tipos de AVC:
AVC Isquêmico: É o tipo mais comum (cerca de 85% dos casos). Ocorre quando um vaso sanguíneo que leva sangue ao cérebro é bloqueado por um coágulo (trombo ou êmbolo).
AVC Hemorrágico: Ocorre quando um vaso sanguíneo no cérebro se rompe, causando sangramento dentro ou ao redor do tecido cerebral.
O AVC é uma das principais causas de morte e incapacidade no Brasil e no mundo. A rapidez no reconhecimento dos sintomas e no início do tratamento é crucial para minimizar os danos cerebrais e as sequelas.
O Sistema Único de Saúde (SUS) possui uma rede estruturada para o atendimento ao AVC, desde o socorro inicial pelo SAMU (192) até o tratamento hospitalar especializado e a reabilitação. Neste guia completo, vamos explicar como identificar um AVC, como acionar o socorro e como funciona todo o processo de tratamento e reabilitação pelo SUS.
Reconhecendo os Sinais do AVC: A Escala SAMU (FAST)
O tempo é cérebro! Cada minuto conta no atendimento ao AVC. Reconhecer rapidamente os sinais é fundamental para buscar ajuda imediata. A forma mais fácil de identificar os sinais de alerta é utilizando a escala SAMU, também conhecida internacionalmente como FAST (Face, Arms, Speech, Time):
S - Sorriso (Face): Peça para a pessoa sorrir. Observe se um lado do rosto não se move ou está caído (assimetria facial).
A - Abraço (Arms/Braços): Peça para a pessoa levantar os dois braços estendidos à frente. Observe se um dos braços cai ou não se move adequadamente.
M - Música (Speech/Fala): Peça para a pessoa cantar um trecho de música ou repetir uma frase simples. Observe se a fala está enrolada, arrastada, confusa ou se a pessoa não consegue falar.
U - Urgência (Time/Tempo): Se você observar qualquer um desses sinais, mesmo que desapareçam rapidamente, ligue imediatamente para o SAMU (192). Anote a hora em que os sintomas começaram, pois essa informação é vital para o tratamento.
Outros Sintomas Possíveis de AVC
Além dos sinais da escala SAMU, outros sintomas podem ocorrer, dependendo da área do cérebro afetada:
Fraqueza ou dormência súbita: Em um lado do corpo (rosto, braço ou perna);
Confusão mental súbita: Dificuldade para entender ou se expressar;
Alteração visual súbita: Perda de visão em um ou ambos os olhos, visão dupla;
Dificuldade súbita para andar: Tontura, perda de equilíbrio ou coordenação;
Dor de cabeça súbita e intensa: Sem causa aparente, especialmente no AVC hemorrágico.
Atenção: Mesmo que os sintomas durem apenas alguns minutos e desapareçam (Ataque Isquêmico Transitório - AIT), eles são um sinal de alerta importante de que um AVC maior pode ocorrer. Procure atendimento médico imediatamente.
NÃO espere para ver se os sintomas melhoram. NÃO tente medicar a pessoa. Ligue imediatamente para o SAMU (192)!
Causas e Fatores de Risco para o AVC
Entender o que causa o AVC e quais fatores aumentam o risco de sua ocorrência é fundamental para a prevenção.
Causas do AVC Isquêmico
Trombose: Formação de um coágulo dentro de uma artéria cerebral, geralmente sobre uma placa de aterosclerose (gordura);
Embolia: Um coágulo formado em outra parte do corpo (como no coração, em casos de fibrilação atrial, ou nas artérias carótidas no pescoço) se desprende, viaja pela corrente sanguínea e bloqueia uma artéria cerebral.
Causas do AVC Hemorrágico
Hipertensão Arterial (Pressão Alta): É a principal causa. A pressão elevada enfraquece as paredes dos vasos sanguíneos, tornando-os mais propensos a romper;
Aneurisma Cerebral: Dilatação anormal de um vaso sanguíneo no cérebro que pode se romper;
Malformação Arteriovenosa (MAV): Conexão anormal entre artérias e veias no cérebro, que são mais frágeis e podem sangrar;
Uso de Anticoagulantes: Medicamentos que afinam o sangue podem aumentar o risco de sangramento;
Distúrbios de Coagulação.
Fatores de Risco Modificáveis (Que Podem Ser Controlados)
Hipertensão Arterial: O fator de risco mais importante para ambos os tipos de AVC;
Tabagismo: Danifica os vasos sanguíneos e aumenta a formação de coágulos;
Diabetes Mellitus: Aumenta o risco de aterosclerose e danos aos vasos;
Colesterol Alto (Dislipidemia): Contribui para a formação de placas de aterosclerose;
Fibrilação Atrial e outras Doenças Cardíacas: Podem levar à formação de coágulos no coração que podem viajar para o cérebro;
Sedentarismo: Contribui para obesidade, hipertensão e diabetes;
Obesidade e Sobrepeso;
Dieta Inadequada: Rica em gorduras saturadas, trans, sódio e pobre em frutas e vegetais;
Consumo Excessivo de Álcool;
Uso de Drogas Ilícitas (especialmente cocaína e anfetaminas).
Fatores de Risco Não Modificáveis
Idade: O risco aumenta significativamente com o envelhecimento;
Histórico Familiar: Ter parentes de primeiro grau que tiveram AVC aumenta o risco;
Raça/Etnia: Algumas populações têm maior risco;
Sexo: Homens têm risco ligeiramente maior em idades mais jovens, mas mulheres têm maior risco em idades mais avançadas e maior mortalidade;
AVC ou AIT Prévio: Ter tido um AVC ou AIT aumenta muito o risco de ter outro.
Controlar os fatores de risco modificáveis é a estratégia mais eficaz para prevenir o AVC.
Diagnóstico do AVC no SUS: A Corrida Contra o Tempo
O diagnóstico rápido e preciso do AVC é essencial para determinar o tipo (isquêmico ou hemorrágico) e iniciar o tratamento adequado o mais rápido possível, dentro da janela terapêutica.
Atendimento Pré-Hospitalar (SAMU 192)
Ao ligar para o SAMU (192), a equipe de regulação médica fará perguntas para identificar a suspeita de AVC e enviará a ambulância adequada (Unidade de Suporte Básico ou Avançado). Durante o transporte, a equipe já inicia o monitoramento dos sinais vitais e comunica ao hospital de referência sobre a chegada do paciente com suspeita de AVC, agilizando o atendimento na chegada.
Atendimento Hospitalar de Emergência
O paciente com suspeita de AVC deve ser encaminhado para um hospital capacitado para o atendimento, idealmente um Centro de Atendimento de Urgência aos Pacientes com AVC (popularmente chamado de Unidade de AVC). Ao chegar ao hospital, uma série de avaliações e exames são realizados rapidamente:
1. Avaliação Clínica Rápida
A equipe médica (geralmente neurologista ou emergencista) realiza uma avaliação neurológica focada para confirmar os sintomas, determinar a hora de início e avaliar a gravidade do quadro, utilizando escalas como a NIHSS (National Institutes of Health Stroke Scale).
2. Exames de Imagem do Cérebro
São cruciais para diferenciar o AVC isquêmico do hemorrágico, o que define o tratamento:
Tomografia Computadorizada (TC) de Crânio sem Contraste: É o exame mais rápido e amplamente disponível na maioria dos hospitais de emergência do SUS. Permite identificar rapidamente um AVC hemorrágico (sangramento) e excluir outras condições. No AVC isquêmico muito recente, a TC pode parecer normal inicialmente;
Ressonância Magnética (RM) de Crânio: É mais sensível para detectar AVC isquêmico nas primeiras horas e para visualizar melhor a extensão da lesão, mas é menos disponível e mais demorada que a TC. Pode ser realizada em casos específicos ou após a fase aguda.
3. Exames de Sangue
São coletados rapidamente para verificar:
Glicemia: Níveis muito baixos ou altos de açúcar podem mimetizar ou piorar o AVC;
Contagem de Plaquetas e Testes de Coagulação (TP, TTPA): Importantes para avaliar o risco de sangramento, especialmente antes de iniciar tratamentos como a trombólise;
Função Renal e Eletrólitos.
4. Eletrocardiograma (ECG)
Para avaliar o ritmo cardíaco e detectar possíveis causas cardíacas para o AVC (como fibrilação atrial).
Todo esse processo diagnóstico deve ocorrer de forma extremamente ágil, pois o tempo para iniciar tratamentos específicos, como a trombólise no AVC isquêmico, é limitado.
Tratamento do AVC Isquêmico Agudo no SUS
O objetivo principal no tratamento do AVC isquêmico agudo é restaurar o fluxo sanguíneo para a área do cérebro afetada o mais rápido possível, limitando o dano cerebral.
1. Terapia Trombolítica Endovenosa (Alteplase - rtPA)
É o tratamento padrão-ouro para o AVC isquêmico agudo. Consiste na administração de um medicamento (Alteplase) na veia que dissolve o coágulo responsável pelo bloqueio da artéria cerebral.
Janela Terapêutica: Este tratamento só pode ser administrado em até 4 horas e 30 minutos após o início dos sintomas do AVC;
Critérios de Inclusão e Exclusão: Nem todos os pacientes são elegíveis. A equipe médica avalia rigorosamente os critérios, como idade, gravidade do AVC, presença de sangramento na TC, pressão arterial, glicemia e uso de anticoagulantes;
Disponibilidade no SUS: A trombólise está disponível nos Centros de Atendimento de Urgência ao AVC habilitados pelo Ministério da Saúde.
Quanto mais cedo a trombólise for iniciada dentro da janela terapêutica, maiores as chances de recuperação sem sequelas ou com sequelas menores.
2. Trombectomia Mecânica
É um procedimento endovascular realizado em casos selecionados de AVC isquêmico causado pela oclusão de uma grande artéria cerebral. Um cateter é inserido através de uma artéria (geralmente na virilha) e guiado até o cérebro para remover mecanicamente o coágulo.
Janela Terapêutica: Pode ser realizada em até 24 horas após o início dos sintomas em pacientes selecionados, com base em exames de imagem avançados;
Indicação: Geralmente indicada para oclusões de grandes vasos (como artéria cerebral média ou carótida interna), podendo ser realizada isoladamente ou após a trombólise venosa;
Disponibilidade no SUS: Está sendo progressivamente incorporada ao SUS em centros de alta complexidade em neurologia/neurocirurgia.
3. Cuidados Gerais na Fase Aguda
Todos os pacientes com AVC isquêmico recebem cuidados de suporte essenciais na Unidade de AVC ou UTI:
Monitoramento Contínuo: Sinais vitais (pressão arterial, frequência cardíaca, oxigenação), nível de consciência e exame neurológico;
Controle da Pressão Arterial: A pressão é mantida em níveis adequados, evitando quedas ou elevações excessivas;
Controle da Glicemia: Manter os níveis de açúcar no sangue dentro da normalidade;
Controle da Temperatura: Tratar a febre agressivamente;
Oxigenoterapia: Se necessário para manter a saturação de oxigênio adequada;
Hidratação e Nutrição: Administrar fluidos intravenosos e iniciar alimentação (oral ou por sonda) assim que seguro;
Prevenção de Complicações: Medidas para prevenir trombose venosa profunda, embolia pulmonar, pneumonia aspirativa, infecções e lesões por pressão.
4. Prevenção Secundária Precoce
Após a estabilização, inicia-se precocemente a prevenção para evitar um novo AVC:
Antiagregantes Plaquetários: Aspirina (AAS) ou Clopidogrel são iniciados geralmente nas primeiras 24-48 horas para evitar a formação de novos coágulos;
Anticoagulantes: Indicados para pacientes com AVC causado por embolia de origem cardíaca (ex: fibrilação atrial);
Estatinas: Para controle do colesterol;
Controle rigoroso dos fatores de risco: Hipertensão, diabetes, etc.
Tratamento do AVC Hemorrágico Agudo no SUS
O tratamento do AVC hemorrágico foca em controlar o sangramento, reduzir a pressão dentro do crânio e prevenir complicações.
1. Controle da Pressão Arterial
Manter a pressão arterial sob controle rigoroso é crucial para evitar a expansão do hematoma (acúmulo de sangue). Medicamentos anti-hipertensivos são administrados na veia.
2. Reversão de Anticoagulação
Se o paciente estiver usando medicamentos anticoagulantes (como varfarina ou novos anticoagulantes orais), são administrados agentes reversores específicos para normalizar a coagulação e parar o sangramento.
3. Monitoramento e Tratamento da Hipertensão Intracraniana (HIC)
O sangramento pode aumentar a pressão dentro do crânio, o que é perigoso. Medidas para controlar a HIC incluem:
Elevação da cabeceira da cama;
Medicamentos para reduzir o inchaço cerebral (Manitol, solução salina hipertônica);
Sedação e analgesia;
Em casos graves, monitoramento da pressão intracraniana (PIC) com cateter e, eventualmente, cirurgia.
4. Cirurgia (Casos Selecionados)
A intervenção cirúrgica pode ser necessária em algumas situações:
Drenagem do Hematoma: Para remover o coágulo e aliviar a pressão, especialmente em hematomas maiores ou em localizações específicas (como o cerebelo);
Clipagem de Aneurisma ou Embolização: Se o sangramento foi causado por um aneurisma roto, realiza-se cirurgia para "clipar" o aneurisma ou um procedimento endovascular para preenchê-lo com molas (embolização), prevenindo novo sangramento;
Tratamento de Malformação Arteriovenosa (MAV): Pode envolver cirurgia, embolização ou radiocirurgia.
A decisão pela cirurgia depende do tamanho e localização do sangramento, da causa e da condição clínica do paciente.
5. Prevenção de Complicações
Assim como no AVC isquêmico, são tomadas medidas para prevenir trombose venosa profunda, pneumonia, infecções, etc.
Reabilitação Pós-AVC no SUS: Recuperando a Função e a Qualidade de Vida
Após a fase aguda do AVC, a reabilitação é fundamental para ajudar o paciente a recuperar as funções perdidas, minimizar as sequelas e readquirir a maior independência possível. O SUS oferece serviços de reabilitação em diferentes níveis de atenção.
Equipe Multiprofissional de Reabilitação
A reabilitação pós-AVC é um trabalho de equipe, envolvendo diversos profissionais:
Fisioterapeuta: Trabalha a recuperação dos movimentos, força muscular, equilíbrio e marcha;
Terapeuta Ocupacional: Ajuda o paciente a reaprender atividades da vida diária (vestir-se, alimentar-se, higiene pessoal) e a adaptar o ambiente doméstico;
Fonoaudiólogo: Atua nos problemas de fala (afasia), deglutição (disfagia) e comunicação;
Médico Fisiatra: Especialista em medicina física e reabilitação, coordena o plano terapêutico;
Neurologista: Acompanha a evolução neurológica e o controle dos fatores de risco;
Enfermeiro: Orienta sobre cuidados gerais, prevenção de complicações e uso de medicamentos;
Nutricionista: Adequa a dieta às necessidades do paciente, especialmente se houver disfagia;
Psicólogo: Oferece suporte emocional para o paciente e a família lidarem com as mudanças e desafios após o AVC (depressão, ansiedade);
Assistente Social: Orienta sobre direitos sociais, benefícios e acesso a recursos da comunidade.
Onde Acontece a Reabilitação no SUS
A reabilitação pode ocorrer em diferentes locais, dependendo da fase e da necessidade do paciente:
1. Reabilitação Hospitalar
Inicia-se precocemente, ainda durante a internação hospitalar, assim que o paciente está clinicamente estável. Fisioterapia, fonoaudiologia e terapia ocupacional podem começar no leito.
2. Centros Especializados em Reabilitação (CER)
São serviços de referência do SUS que oferecem reabilitação intensiva e especializada para pacientes com sequelas mais complexas. Contam com equipe multiprofissional completa e equipamentos específicos. O acesso é feito por encaminhamento da Atenção Primária ou do hospital.
3. Reabilitação Ambulatorial
Realizada em clínicas, ambulatórios ou na própria Unidade Básica de Saúde (através do NASF - Núcleo de Apoio à Saúde da Família, onde disponível). Indicada para pacientes com sequelas leves a moderadas ou após a alta do CER.
4. Atenção Domiciliar (Programa Melhor em Casa)
Para pacientes com dificuldade de locomoção ou acamados, o SUS oferece o serviço de Atenção Domiciliar, onde uma equipe multiprofissional realiza visitas e procedimentos de reabilitação em casa.
Tecnologias Assistivas
O SUS também pode fornecer, mediante avaliação e prescrição, tecnologias assistivas para auxiliar na independência do paciente, como órteses, próteses, cadeiras de rodas, andadores e adaptações.
A duração e a intensidade da reabilitação variam muito de acordo com a gravidade das sequelas e o potencial de recuperação de cada paciente. O engajamento do paciente e o apoio da família são fundamentais para o sucesso do processo.
Passo a Passo: Como Agir em Caso de Suspeita de AVC e Acessar o Tratamento no SUS
Passo 1: Reconheça os Sinais (Escala SAMU)
Sorriso torto?
Abraço não consegue levantar um braço?
Música com fala enrolada ou estranha?
Urgência! Ligue IMEDIATAMENTE para o SAMU (192).
Passo 2: Ligue para o SAMU (192)
Informe claramente que suspeita de um AVC;
Descreva os sintomas observados;
Informe a hora exata em que os sintomas começaram (ou a última vez que a pessoa foi vista bem);
Forneça o endereço completo e pontos de referência;
Siga as orientações do atendente.
Passo 3: Enquanto Aguarda o SAMU
Deite a pessoa confortavelmente, com a cabeça ligeiramente elevada;
Afrouxe roupas apertadas;
Não dê nada para a pessoa comer ou beber;
Não medique a pessoa (nem mesmo AAS, pois pode piorar um AVC hemorrágico);
Mantenha a calma e tranquilize a pessoa;
Separe documentos (RG, Cartão SUS) e uma lista de medicamentos que a pessoa usa, se possível.
Passo 4: Atendimento Hospitalar
O SAMU levará o paciente para um hospital de referência preparado para atender AVC;
No hospital, serão realizados exames rápidos (TC de crânio, exames de sangue, ECG);
Se for AVC isquêmico e estiver dentro da janela terapêutica (até 4h30min), a trombólise pode ser indicada;
Se for oclusão de grande vaso, a trombectomia mecânica pode ser considerada (até 24h em casos selecionados);
Se for AVC hemorrágico, o foco será controlar a pressão arterial e avaliar a necessidade de cirurgia.
Passo 5: Internação e Início da Reabilitação
O paciente será internado, preferencialmente em uma Unidade de AVC, para monitoramento e cuidados;
A reabilitação (fisioterapia, fonoaudiologia, terapia ocupacional) deve começar o mais cedo possível, ainda no hospital.
Passo 6: Planejamento da Alta e Continuidade da Reabilitação
Antes da alta, a equipe multiprofissional avaliará as necessidades do paciente e definirá o plano de reabilitação pós-hospitalar;
O paciente pode ser encaminhado para um Centro Especializado em Reabilitação (CER), reabilitação ambulatorial ou atenção domiciliar, conforme o caso;
Serão fornecidas orientações sobre medicamentos, cuidados gerais e controle dos fatores de risco;
Consultas de acompanhamento com neurologista e/ou médico da UBS serão agendadas.
Passo 7: Reabilitação e Prevenção Secundária
Siga o plano de reabilitação proposto (fisioterapia, fono, TO);
Tome os medicamentos prescritos corretamente para prevenir novo AVC (antiagregantes, anticoagulantes, estatinas, anti-hipertensivos, etc.);
Controle rigorosamente os fatores de risco (pressão alta, diabetes, colesterol);
Adote um estilo de vida saudável (alimentação, atividade física, não fumar).
Prevenção do AVC: O Papel do SUS
A prevenção é a melhor estratégia contra o AVC. O SUS atua fortemente na prevenção primária (evitar o primeiro AVC) e secundária (evitar um novo AVC) através da Atenção Primária à Saúde (UBS).
Ações de Prevenção na UBS
Rastreamento e Controle da Hipertensão Arterial: Medição regular da pressão, diagnóstico precoce, fornecimento de medicamentos anti-hipertensivos gratuitos, grupos de hipertensos;
Rastreamento e Controle do Diabetes Mellitus: Testes de glicemia, diagnóstico, fornecimento de medicamentos (insulina, metformina, etc.), grupos de diabéticos;
Controle do Colesterol: Solicitação de exames de sangue, orientação dietética, fornecimento de estatinas;
Aconselhamento e Apoio para Cessação do Tabagismo: Grupos de apoio, fornecimento de adesivos ou medicamentos (bupropiona, vareniclina);
Orientação Nutricional: Promoção de alimentação saudável;
Incentivo à Atividade Física: Programas como Academia da Saúde, grupos de caminhada;
Diagnóstico e Tratamento de Fibrilação Atrial: Através de ECG e encaminhamento ao cardiologista, com fornecimento de anticoagulantes.
Manter um acompanhamento regular na UBS é fundamental para controlar os fatores de risco e reduzir significativamente a chance de ter um AVC.
Direitos das Pessoas que Tiveram AVC
Após um AVC, dependendo das sequelas, o paciente pode ter direitos sociais e previdenciários semelhantes aos de outras condições incapacitantes, como:
Auxílio-doença (INSS);
Aposentadoria por Invalidez (INSS);
Benefício de Prestação Continuada (BPC/LOAS);
Isenção de Imposto de Renda (para aposentados/pensionistas com sequelas graves);
Saque do FGTS/PIS-PASEP;
Transporte Gratuito;
Vagas Especiais de Estacionamento.
A avaliação da elegibilidade para esses direitos depende da gravidade das sequelas e do impacto funcional, comprovados por laudo médico. O assistente social da unidade de saúde ou do CER pode fornecer orientações detalhadas.
Importante
O Acidente Vascular Cerebral é uma condição grave, mas o reconhecimento rápido dos sintomas e o acionamento imediato do SAMU (192) podem fazer toda a diferença. O SUS oferece uma linha de cuidado estruturada para o AVC, desde o atendimento de emergência com possibilidade de tratamentos como trombólise e trombectomia, até a reabilitação multiprofissional essencial para a recuperação.
A prevenção, através do controle rigoroso de fatores de risco como hipertensão, diabetes e tabagismo, com acompanhamento regular na UBS, continua sendo a melhor estratégia. Lembre-se da escala SAMU (Sorriso, Abraço, Música, Urgência) e não hesite em chamar o 192 ao identificar qualquer sinal. Tempo é cérebro!
Referências
Ministério da Saúde. Manual de rotinas para atenção ao AVC. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
Ministério da Saúde. Diretrizes de Atenção à Reabilitação da Pessoa com Acidente Vascular Cerebral. Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
Ministério da Saúde. Linha de Cuidado do Acidente Vascular Cerebral (AVC) na Rede de Atenção às Urgências e Emergências. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
Brasil. Portaria nº 665, de 12 de abril de 2012. Dispõe sobre os critérios de habilitação dos estabelecimentos hospitalares como Centro de Atendimento de Urgência aos Pacientes com Acidente Vascular Cerebral (AVC), no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS).
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