Sinusite: Tratamentos Completos no SUS, da Medicação à Cirurgia!
Entenda como o SUS aborda a sinusite aguda e crônica, com tratamentos clínicos, medicamentos e cirurgia quando necessário. Guia Viva o SUS.


Sinusite: Diagnóstico e Opções de Tratamento Clínico e Cirúrgico pelo SUS
A sinusite, ou rinossinusite, é uma inflamação da mucosa que reveste os seios paranasais – cavidades ósseas localizadas ao redor do nariz, maçãs do rosto e olhos. Essa condição é bastante comum e pode causar um grande desconforto, com sintomas como dor facial, congestão nasal e dor de cabeça. Felizmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um caminho completo para o diagnóstico e tratamento da sinusite, abrangendo desde medidas clínicas e medicamentos até intervenções cirúrgicas quando necessárias. Este guia do Viva o SUS detalhará como você pode buscar alívio e tratamento para a sinusite através da rede pública.
O Que é Sinusite e Quais São Seus Tipos e Sintomas?
Os seios paranasais têm funções importantes, como aquecer e umidificar o ar inspirado, dar ressonância à voz e diminuir o peso do crânio. Eles são revestidos por uma mucosa que produz muco, constantemente drenado para as fossas nasais. Quando essa drenagem é obstruída por inflamação – causada por infecções (virais, bacterianas, fúngicas), alergias ou alterações anatômicas – o muco se acumula, criando um ambiente propício para a proliferação de germes e o desenvolvimento da sinusite.
Tipos de Sinusite:
Sinusite Aguda: Geralmente surge após um resfriado ou crise alérgica. Os sintomas duram menos de 4 semanas e costumam resolver completamente com tratamento adequado.
Sinusite Subaguda: Os sintomas persistem por 4 a 12 semanas.
Sinusite Crônica: Os sintomas duram mais de 12 semanas, podendo haver períodos de melhora e piora. Pode ser causada por infecções persistentes, pólipos nasais, desvio de septo ou alergias não controladas.
Sinusite Recorrente: Caracterizada por quatro ou mais episódios de sinusite aguda em um ano, com resolução completa dos sintomas entre as crises.
Sintomas Comuns da Sinusite:
Os sintomas podem variar dependendo do tipo e da gravidade da sinusite, mas os mais comuns incluem:
Dor ou pressão facial: Principalmente na testa, maçãs do rosto, ao redor dos olhos ou na arcada dentária superior. A dor pode piorar ao inclinar a cabeça para frente.
Congestão nasal (nariz entupido).
Secreção nasal espessa: Amarelada ou esverdeada, podendo também escorrer pela parte de trás da garganta (gotejamento pós-nasal).
Redução ou perda do olfato (anosmia ou hiposmia).
Dor de cabeça.
Tosse: Especialmente à noite ou ao acordar, devido ao gotejamento pós-nasal.
Febre (mais comum na sinusite aguda bacteriana).
Cansaço e mal-estar geral.
Dor de garganta e mau hálito.
Diagnóstico da Sinusite pelo SUS
O diagnóstico da sinusite no SUS geralmente começa na Unidade Básica de Saúde (UBS). O médico (clínico geral ou médico de família) fará uma avaliação baseada nos seus sintomas, histórico de saúde e um exame físico, que pode incluir a observação da parte interna do nariz.
Na maioria dos casos de sinusite aguda, o diagnóstico é clínico, não sendo necessários exames de imagem inicialmente. No entanto, em casos de sinusite crônica, recorrente, suspeita de complicações ou quando o diagnóstico não é claro, o médico da UBS pode encaminhar o paciente a um otorrinolaringologista. Este especialista poderá solicitar exames complementares, como:
Nasofibroscopia (ou videoendoscopia nasal): Um exame que utiliza um tubo fino e flexível com uma câmera na ponta para visualizar o interior das fossas nasais e os óstios de drenagem dos seios paranasais.
Tomografia Computadorizada dos Seios Paranasais: É o exame de imagem padrão ouro para avaliar a extensão da inflamação, a presença de pólipos, alterações anatômicas (como desvio de septo) ou outras complicações. Geralmente é solicitada em casos crônicos ou antes de uma cirurgia.
Testes alérgicos: Se houver suspeita de que a alergia é um fator contribuinte.
Tratamento Clínico da Sinusite no SUS
O tratamento clínico da sinusite visa aliviar os sintomas, combater a infecção (se presente) e restaurar a drenagem adequada dos seios paranasais. As abordagens variam conforme o tipo e a causa da sinusite.
Medidas Gerais e Cuidados Caseiros:
Lavagem nasal com solução salina (soro fisiológico): Ajuda a limpar as secreções, umidificar a mucosa e reduzir a inflamação. Pode ser feita várias vezes ao dia com seringas, lotas (neti pot) ou dispositivos específicos. O SUS orienta sobre como preparar a solução em casa (1 litro de água fervida ou filtrada com 1 colher de chá de sal e 1 colher de chá de açúcar, após esfriar).
Inalação de vapor: Pode ajudar a aliviar a congestão.
Hidratação: Beber bastante líquido ajuda a fluidificar o muco.
Repouso: Especialmente em casos de sinusite aguda com febre e mal-estar.
Evitar irritantes: Como fumaça de cigarro, poluição e produtos químicos com cheiro forte.
Medicamentos Disponíveis no SUS:
O médico do SUS poderá prescrever diversos medicamentos, dependendo da avaliação do caso:
Analgésicos e Antitérmicos: Como paracetamol ou dipirona, para aliviar a dor e a febre. Estão amplamente disponíveis nas farmácias das UBS ou via Farmácia Popular.
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs): Como ibuprofeno, podem ser usados para dor e inflamação, com cautela e orientação médica.
Corticosteroides nasais (sprays): São muito eficazes para reduzir a inflamação na mucosa nasal e são a base do tratamento para sinusite crônica e quadros alérgicos. Medicamentos como budesonida e beclometasona podem ser encontrados no programa Farmácia Popular.
Corticosteroides orais: Podem ser prescritos por curtos períodos em casos de inflamação mais intensa ou presença de pólipos nasais.
Descongestionantes nasais e orais: Os nasais (gotas ou sprays) proporcionam alívio rápido da congestão, mas não devem ser usados por mais de 3-5 dias devido ao risco de efeito rebote (rinite medicamentosa). Os orais também devem ser usados com cautela.
Antibióticos: São indicados apenas quando há suspeita de sinusite bacteriana (geralmente sintomas persistentes por mais de 7-10 dias, febre alta, secreção purulenta e dor facial intensa). A escolha do antibiótico e a duração do tratamento são definidas pelo médico. O uso indiscriminado de antibióticos deve ser evitado para não contribuir para a resistência bacteriana.
Antialérgicos (anti-histamínicos): Se a sinusite estiver associada a um quadro alérgico.
Muitos desses medicamentos podem ser obtidos gratuitamente nas farmácias das UBS ou através do programa Farmácia Popular, mediante apresentação da receita médica.
Tratamento Cirúrgico da Sinusite pelo SUS: Quando é Indicado?
A cirurgia para sinusite (sinusectomia) é considerada quando o tratamento clínico máximo, realizado de forma adequada por um período suficiente (geralmente alguns meses para casos crônicos), não apresenta melhora significativa dos sintomas, ou em situações específicas.
Principais Indicações para Cirurgia de Sinusite no SUS:
Sinusite crônica refratária ao tratamento clínico: Quando os sintomas persistem apesar do uso correto de medicamentos e outras medidas.
Sinusite recorrente: Múltiplos episódios de sinusite aguda que impactam a qualidade de vida.
Presença de pólipos nasais que obstruem a drenagem dos seios ou causam sintomas significativos.
Alterações anatômicas que predispõem à sinusite, como desvio de septo acentuado que obstrui os óstios sinusais, ou conchas nasais hipertróficas (bolhosas).
Sinusite fúngica alérgica ou bola fúngica.
Complicações da sinusite: Embora raras, podem incluir infecções orbitárias (ao redor dos olhos) ou intracranianas, que exigem intervenção urgente.
Como é a Cirurgia de Sinusite pelo SUS?
A técnica cirúrgica mais comum e moderna realizada pelo SUS é a Cirurgia Endoscópica Nasossinusal (CENS), também conhecida como sinusectomia funcional por videoendoscopia. Este procedimento é minimamente invasivo:
É realizado através das narinas, sem necessidade de cortes externos no rosto.
O cirurgião utiliza um endoscópio (um tubo fino com uma câmera na ponta) para visualizar o interior do nariz e dos seios paranasais.
Com instrumentos delicados, o médico remove tecidos inflamados, pólipos, corrige alterações anatômicas e amplia os óstios de drenagem dos seios paranasais, restaurando a ventilação e a drenagem adequadas.
Em alguns casos, pode ser associada à septoplastia (correção do desvio de septo) ou turbinectomia/turbinoplastia (redução das conchas nasais).
A cirurgia é geralmente realizada sob anestesia geral e o tempo de recuperação varia, mas muitos pacientes retornam às atividades normais em uma a duas semanas. O acompanhamento pós-operatório com o otorrinolaringologista é crucial, incluindo lavagens nasais e, por vezes, o uso de medicamentos.
Como Acessar o Tratamento Cirúrgico para Sinusite no SUS:
Consulta na UBS: O primeiro passo é procurar a UBS para avaliação inicial.
Encaminhamento ao Otorrinolaringologista: Se o médico da UBS julgar necessário, ou se o tratamento clínico inicial não for eficaz, você será encaminhado a um otorrinolaringologista do SUS.
Avaliação Especializada: O especialista realizará uma avaliação completa, podendo solicitar exames como a tomografia computadorizada.
Indicação Cirúrgica: Se a cirurgia for indicada, o médico explicará o procedimento, os riscos e benefícios, e você será incluído na fila de espera para cirurgias eletivas do SUS. O tempo de espera pode variar conforme a região e a urgência do caso.
Realização da Cirurgia: A cirurgia será realizada em um hospital da rede SUS habilitado para o procedimento.
Dica Viva o SUS: A comunicação aberta com seu médico é fundamental. Tire todas as suas dúvidas sobre as opções de tratamento, os medicamentos e, se for o caso, sobre o procedimento cirúrgico. A adesão correta ao tratamento clínico e às orientações pós-operatórias é essencial para o sucesso terapêutico.
Conclusão: Alívio para a Sinusite ao Alcance de Todos
A sinusite pode ser uma condição persistente e incômoda, mas o SUS oferece um arsenal terapêutico abrangente, desde tratamentos clínicos eficazes até procedimentos cirúrgicos modernos quando necessários. Ao buscar atendimento na rede pública, começando pela UBS e seguindo os encaminhamentos, é possível obter diagnóstico preciso e tratamento adequado para controlar os sintomas da sinusite e melhorar significativamente sua qualidade de vida. Não sofra em silêncio, procure o SUS!
Referências:
Associação Médica Brasileira (AMB) e Conselho Federal de Medicina. (2001). Projeto Diretrizes: Diagnóstico e Tratamento da Rinossinusite. Recuperado de https://amb.org.br/files/_BibliotecaAntiga/rinossinusite.pdf
Melo, VR, et al. (2008). Diretrizes Brasileiras de Rinossinusites. Revista Brasileira de Otorrinolaringologia. Recuperado de https://www.scielo.br/j/rboto/a/xqgHnsqjbQpdrQPtrfFM7fs/?lang=pt
Biblioteca Virtual em Saúde MS. Sinusite. Recuperado de https://bvsms.saude.gov.br/sinusite/
Ministério da Saúde. (Informações sobre acesso a medicamentos e procedimentos podem ser consultadas nos portais oficiais e na Farmácia Popular).
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