SOP no SUS: Guia Completo para Diagnóstico e Tratamento Gratuito
Descubra como a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é diagnosticada e tratada gratuitamente pelo SUS, incluindo medicamentos, acompanhamento e dicas para gerenciar a condição.
4/21/20256 min read


Síndrome dos Ovários Policísticos pelo SUS: Tratamento e Acesso
A Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP) é uma condição hormonal comum que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva em todo o mundo. Caracterizada por um desequilíbrio hormonal, a SOP pode manifestar-se de diversas formas, impactando a saúde reprodutiva, metabólica e até mesmo a autoestima. Sintomas como irregularidades menstruais, excesso de pelos, acne e dificuldade para engravidar são frequentemente associados à síndrome. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diagnóstico e tratamento para a SOP, garantindo que as mulheres afetadas possam gerenciar a condição e melhorar sua qualidade de vida. Este guia completo visa esclarecer o que é a SOP, como ela é diagnosticada e, principalmente, como acessar o tratamento e o acompanhamento necessários através do SUS.
O Que é a Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP)?
A SOP é um distúrbio endócrino complexo que envolve a produção excessiva de androgênios (hormônios masculinos) pelos ovários. Apesar do nome, nem todas as mulheres com SOP apresentam cistos nos ovários, e a presença de cistos por si só não é suficiente para o diagnóstico. A síndrome é diagnosticada com base em um conjunto de critérios, que incluem:
Irregularidades Menstruais: Ciclos menstruais longos, ausência de menstruação (amenorreia) ou sangramentos irregulares. Isso ocorre devido à falta de ovulação regular.
Hiperandrogenismo: Sinais de excesso de hormônios masculinos, como hirsutismo (crescimento excessivo de pelos em locais como rosto, peito e costas), acne severa e queda de cabelo (alopecia androgenética).
Ovários Policísticos: Identificados por ultrassonografia, caracterizados pela presença de múltiplos pequenos folículos (que parecem cistos) nos ovários. É importante ressaltar que ter ovários policísticos na ultrassom não significa necessariamente ter SOP.
A causa exata da SOP ainda não é totalmente compreendida, mas acredita-se que fatores genéticos e ambientais desempenhem um papel. A resistência à insulina também é um fator comum em mulheres com SOP, o que pode levar ao aumento da produção de androgênios e contribuir para o desenvolvimento de diabetes tipo 2 e outras complicações metabólicas.
Diagnóstico da SOP pelo SUS
O diagnóstico da SOP é clínico e laboratorial, e o SUS oferece todos os recursos necessários para essa investigação. O primeiro passo é procurar uma Unidade Básica de Saúde (UBS).
1. Primeiro Contato na Unidade Básica de Saúde (UBS)
A UBS é a porta de entrada para o SUS e o local onde você deve iniciar a investigação da SOP. Ao procurar a UBS, explique seus sintomas e preocupações ao médico generalista ou ginecologista da unidade. Eles farão uma avaliação inicial, que inclui:
Anamnese Detalhada: O médico perguntará sobre seu histórico menstrual, presença de pelos, acne, dificuldade para engravidar, histórico familiar e outros sintomas.
Exame Físico: Avaliação de sinais de hiperandrogenismo, como hirsutismo e acne.
Solicitação de Exames: Para confirmar o diagnóstico e descartar outras condições, o médico solicitará exames de sangue e ultrassonografia.
2. Exames Laboratoriais e de Imagem
Os exames solicitados pelo SUS para o diagnóstico da SOP incluem:
Exames de Sangue:
Hormônios: Testosterona total e livre, SHBG (Globulina Ligadora de Hormônios Sexuais), LH (Hormônio Luteinizante) e FSH (Hormônio Folículo Estimulante) – a relação LH/FSH pode estar alterada na SOP.
Glicemia e Insulina: Para avaliar a resistência à insulina, pode ser solicitado um teste de tolerância à glicose.
Outros Hormônios: Prolactina, TSH (Hormônio Estimulante da Tireoide) para descartar outras condições com sintomas semelhantes.
Ultrassonografia Pélvica ou Transvaginal: Para avaliar a morfologia dos ovários e identificar a presença de múltiplos pequenos folículos. É importante lembrar que a ultrassonografia é apenas um dos critérios e deve ser interpretada em conjunto com os sintomas clínicos e exames hormonais.
3. Confirmação do Diagnóstico e Encaminhamento
Com base nos resultados dos exames e na avaliação clínica, o médico da UBS poderá confirmar o diagnóstico de SOP. Em muitos casos, o tratamento inicial pode ser conduzido na própria UBS. No entanto, se houver necessidade de um acompanhamento mais especializado, o médico fará o encaminhamento para um ginecologista ou endocrinologista em um ambulatório de especialidades do SUS.
Tratamento da SOP pelo SUS
O tratamento da SOP é individualizado e visa controlar os sintomas, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida da mulher. O SUS oferece diversas abordagens terapêuticas.
1. Mudanças no Estilo de Vida
São a base do tratamento da SOP e podem ser orientadas na própria UBS:
Alimentação Saudável: Uma dieta equilibrada, com foco em alimentos integrais, frutas, vegetais e proteínas magras, e redução de açúcares e carboidratos refinados, ajuda a controlar a resistência à insulina e o peso.
Atividade Física Regular: Exercícios físicos contribuem para a perda de peso, melhora da sensibilidade à insulina e redução dos níveis de androgênios.
Controle de Peso: A perda de peso, mesmo que modesta (5% a 10% do peso corporal), pode melhorar significativamente os sintomas da SOP, incluindo a regularização menstrual e a ovulação.
2. Tratamento Medicamentoso
O SUS disponibiliza medicamentos para controlar os sintomas específicos da SOP:
Anticoncepcionais Orais: São frequentemente utilizados para regular o ciclo menstrual, reduzir os níveis de androgênios (melhorando acne e hirsutismo) e proteger o endométrio contra o risco de hiperplasia e câncer. O SUS oferece diversas opções de pílulas anticoncepcionais.
Antiandrogênios: Medicamentos como a espironolactona podem ser prescritos para reduzir os efeitos do excesso de androgênios, como hirsutismo e acne, quando os anticoncepcionais não são suficientes.
Sensibilizadores de Insulina: A metformina é um medicamento que melhora a sensibilidade à insulina, sendo útil para mulheres com SOP que apresentam resistência à insulina, auxiliando no controle do peso, na regularização menstrual e na melhora da ovulação.
Indutores de Ovulação: Para mulheres com SOP que desejam engravidar e apresentam anovulação (ausência de ovulação), o SUS pode oferecer medicamentos como o citrato de clomifeno ou letrozol, sob acompanhamento especializado.
3. Acompanhamento Multidisciplinar
O tratamento da SOP muitas vezes exige uma abordagem multidisciplinar, e o SUS pode oferecer acesso a diferentes profissionais:
Ginecologista: Para acompanhamento geral, prescrição de medicamentos e orientação sobre saúde reprodutiva.
Endocrinologista: Especialista em distúrbios hormonais, para casos mais complexos de desequilíbrio hormonal e resistência à insulina.
Nutricionista: Para orientação sobre alimentação saudável e plano alimentar adequado para controle de peso e resistência à insulina.
Psicólogo: Para apoio emocional, pois a SOP pode impactar a autoestima e causar ansiedade ou depressão.
Como Acessar o Tratamento no SUS: Passo a Passo
O caminho para o tratamento da SOP no SUS é o seguinte:
Procure a UBS: Agende uma consulta com o médico generalista ou ginecologista da sua Unidade Básica de Saúde.
Avaliação e Diagnóstico: O médico fará a avaliação clínica e solicitará os exames necessários (sangue e ultrassonografia).
Início do Tratamento na UBS: Muitas vezes, as mudanças no estilo de vida e a prescrição de anticoncepcionais ou metformina podem ser iniciadas na própria UBS.
Encaminhamento para Especialista: Se houver necessidade de um acompanhamento mais complexo ou de indutores de ovulação, o médico da UBS fará o encaminhamento para um ginecologista ou endocrinologista em um ambulatório de especialidades.
Acompanhamento Contínuo: Mantenha o acompanhamento regular com os profissionais de saúde do SUS para monitorar a condição, ajustar o tratamento e prevenir complicações.
SOP e Fertilidade: O Que o SUS Oferece?
A dificuldade para engravidar é uma das principais preocupações de mulheres com SOP. O SUS oferece suporte para casais que buscam a gravidez, incluindo:
Indução da Ovulação: Medicamentos como citrato de clomifeno ou letrozol podem ser prescritos para estimular a ovulação.
Acompanhamento da Ovulação: Monitoramento por ultrassonografia para identificar o período fértil.
Encaminhamento para Reprodução Assistida: Em casos mais complexos, o SUS pode encaminhar para centros de referência em reprodução assistida, onde procedimentos como a Fertilização In Vitro (FIV) podem ser realizados, embora a disponibilidade e o tempo de espera variem bastante entre as regiões.
Dicas para Mulheres com SOP no SUS
Seja Ativa no Seu Tratamento: Entenda sua condição, faça perguntas e siga as orientações médicas.
Mantenha um Diário Menstrual: Anote as datas da sua menstruação, duração e intensidade. Isso ajuda o médico a entender seu ciclo.
Busque Apoio: Converse com familiares, amigos ou grupos de apoio. A SOP pode ser desafiadora, e o suporte emocional é fundamental.
Persista: O tratamento da SOP é contínuo e pode exigir ajustes. Não desista se os resultados não forem imediatos.
O SUS e o Cuidado Integral à Saúde da Mulher
A Síndrome dos Ovários Policísticos é uma condição crônica que exige acompanhamento contínuo. O SUS, através de sua rede de atenção, busca oferecer um cuidado integral e acessível, desde o diagnóstico até o tratamento e o suporte necessário para que as mulheres com SOP possam viver com mais saúde e bem-estar. Conhecer seus direitos e o caminho para acessar esses serviços é o primeiro passo para um tratamento eficaz.
Artigos Relacionados:
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Planejamento Familiar pelo SUS: Métodos Contraceptivos e Orientação
Referências:
Ministério da Saúde. Síndrome dos Ovários Policísticos - Saúde de A a Z. Acesso em: 01 de agosto de 2025.
Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO). Site Oficial. Acesso em: 01 de agosto de 2025.
Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM). Site Oficial. Acesso em: 01 de agosto de 2025.
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