Quedas em Idosos:Como Prevenir e Obter Reabilitação Gratuita pelo SUS
Saiba como prevenir quedas em idosos, identificar fatores de risco e acessar serviços de reabilitação gratuitos pelo SUS. Guia completo para familiares e cuidadores.


Quedas em Idosos: Prevenção e Reabilitação pelo SUS
As quedas representam um dos principais problemas de saúde pública entre a população idosa brasileira. Segundo dados do Ministério da Saúde, cerca de 30% dos idosos caem pelo menos uma vez ao ano, e esse número sobe para 50% entre aqueles com mais de 80 anos. Mais alarmante ainda: o SUS registra uma média de 285 atendimentos diários relacionados a quedas em idosos.
Além do risco de fraturas e lesões físicas, as quedas podem desencadear uma série de consequências psicológicas e sociais, como o medo de cair novamente, perda de independência, isolamento social e até mesmo depressão. Em casos mais graves, podem levar à hospitalização prolongada, institucionalização e aumento da mortalidade.
A boa notícia é que a maioria das quedas pode ser prevenida com medidas relativamente simples. E, quando ocorrem, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diversos serviços de reabilitação para minimizar as consequências e promover a recuperação.
Neste artigo, você vai conhecer os fatores de risco para quedas em idosos, estratégias eficazes de prevenção e todos os serviços de reabilitação disponíveis gratuitamente pelo SUS. Também compartilharemos orientações práticas para familiares e cuidadores sobre como criar um ambiente mais seguro e acessar os serviços públicos de saúde.
Por que os Idosos Caem? Entenda os Fatores de Risco
As quedas em idosos raramente têm uma única causa. Na maioria das vezes, resultam da interação entre diversos fatores de risco, que podem ser divididos em dois grandes grupos: fatores intrínsecos (relacionados ao indivíduo) e fatores extrínsecos (relacionados ao ambiente).
Fatores Intrínsecos (relacionados ao indivíduo)
Os fatores intrínsecos estão relacionados às condições de saúde e às alterações fisiológicas do envelhecimento:
Alterações fisiológicas do envelhecimento: Diminuição da força muscular, redução da flexibilidade, alterações no equilíbrio e na coordenação motora, tempo de reação mais lento.
Doenças crônicas: Demência, Parkinson, osteoporose, artrite, diabetes, problemas cardíacos e hipertensão arterial.
Uso de medicamentos: Especialmente polifarmácia (uso de cinco ou mais medicamentos), psicotrópicos, diuréticos, anti-hipertensivos e hipoglicemiantes.
Déficits sensoriais: Diminuição da acuidade visual, catarata, glaucoma, perda auditiva e alterações no sistema vestibular (responsável pelo equilíbrio).
Alterações de marcha e equilíbrio: Passos mais curtos e lentos, base de sustentação mais larga, diminuição da altura do passo.
Problemas nos pés: Deformidades, calosidades, dor, unhas compridas ou encravadas.
Estado nutricional: Desnutrição, baixo peso, deficiência de vitamina D e cálcio.
Histórico de quedas anteriores: Quem já caiu tem maior probabilidade de cair novamente.
Fatores Extrínsecos (relacionados ao ambiente)
Os fatores extrínsecos estão relacionados ao ambiente físico e social em que o idoso vive:
Riscos domésticos: Pisos escorregadios ou irregulares, tapetes soltos, fios e cabos pelo chão, móveis no caminho, degraus sem sinalização.
Iluminação inadequada: Ambientes mal iluminados, ausência de iluminação noturna no trajeto do quarto ao banheiro.
Calçados inapropriados: Chinelos, sapatos com solado liso, calçados muito grandes ou pequenos, saltos altos.
Barreiras arquitetônicas: Escadas sem corrimão, ausência de barras de apoio no banheiro, altura inadequada de móveis e sanitários.
Condições climáticas: Piso molhado, gelo, neve (em regiões mais frias).
Transporte público inadequado: Degraus altos, tempo insuficiente para embarque e desembarque.
Vias públicas: Calçadas irregulares, buracos, obstáculos, falta de rampas e corrimãos.
A identificação desses fatores de risco é o primeiro passo para a prevenção eficaz de quedas. Quanto mais fatores de risco presentes, maior a probabilidade de o idoso sofrer uma queda.
Sinais de Alerta: Quando o Idoso Está em Risco de Queda
Alguns sinais podem indicar que um idoso está em maior risco de sofrer quedas. Familiares e cuidadores devem ficar atentos a:
Histórico de quedas anteriores: Se o idoso já caiu nos últimos 12 meses, o risco de novas quedas aumenta significativamente.
Medo de cair (síndrome pós-queda): Quando o idoso desenvolve ansiedade e insegurança após uma queda, limitando suas atividades por medo.
Alterações na marcha: Passos arrastados, dificuldade para iniciar o movimento, desequilíbrio ao caminhar, necessidade de apoio constante.
Tontura e vertigem frequentes: Sensação de desequilíbrio, "cabeça leve" ou de que o ambiente está girando.
Fraqueza muscular: Especialmente nos membros inferiores, dificultando levantar-se de cadeiras ou subir escadas.
Alterações cognitivas: Confusão mental, desorientação, esquecimentos frequentes.
Uso recente de novos medicamentos: Principalmente aqueles que podem causar sonolência, tontura ou hipotensão.
Comportamentos de risco: Subir em banquinhos ou escadas sem apoio, caminhar em superfícies escorregadias, levantar-se rapidamente.
Incontinência urinária: Necessidade frequente e urgente de ir ao banheiro, especialmente à noite.
Desnutrição ou perda de peso recente: Que pode levar à fraqueza generalizada.
Se você identificar vários desses sinais em um idoso, é importante buscar uma avaliação profissional o quanto antes. A Unidade Básica de Saúde (UBS) é o primeiro local a ser procurado para essa avaliação.
Avaliação do Risco de Quedas no SUS
O Sistema Único de Saúde oferece avaliação do risco de quedas para idosos, realizada por equipe multidisciplinar. Essa avaliação é fundamental para identificar fatores de risco específicos e planejar intervenções personalizadas.
Instrumentos de avaliação utilizados
Os profissionais do SUS utilizam diversos instrumentos validados para avaliar o risco de quedas:
Teste Timed Up and Go (TUG): Mede o tempo que o idoso leva para levantar-se de uma cadeira, caminhar três metros, dar a volta, retornar e sentar-se novamente. Tempo superior a 12 segundos indica risco aumentado de quedas.
Escala de Equilíbrio de Berg: Avalia o equilíbrio estático e dinâmico através de 14 tarefas comuns do dia a dia.
Teste de Alcance Funcional: Avalia o equilíbrio dinâmico, medindo a distância máxima que o idoso consegue alcançar à frente com o braço estendido, mantendo os pés fixos no chão.
Escala de Eficácia de Quedas - Internacional (FES-I): Avalia o medo de cair durante a realização de atividades diárias.
Avaliação da força muscular: Especialmente de membros inferiores, utilizando testes como o de sentar e levantar cinco vezes.
Avaliação da marcha: Observação da forma de caminhar, velocidade, estabilidade e simetria dos passos.
Avaliação multidimensional do idoso
Além dos testes específicos para risco de quedas, é realizada uma avaliação multidimensional que inclui:
Avaliação clínica completa
Revisão de medicamentos em uso
Avaliação da acuidade visual e auditiva
Avaliação nutricional
Avaliação cognitiva
Avaliação do ambiente domiciliar (quando possível)
Avaliação da capacidade funcional para atividades diárias
Onde e como é feita a avaliação no SUS
A avaliação do risco de quedas pode ser realizada em diferentes níveis de atenção do SUS:
Unidades Básicas de Saúde (UBS): Porta de entrada para a avaliação inicial, realizada pela equipe de Saúde da Família.
Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF): Com profissionais especializados como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e educadores físicos.
Centros de Referência em Saúde do Idoso: Para casos mais complexos ou que necessitem de avaliação especializada.
Visitas domiciliares: Para idosos com dificuldade de locomoção, a avaliação pode ser realizada em casa pelos Agentes Comunitários de Saúde e equipe.
Para acessar essa avaliação, o idoso ou familiar deve procurar a UBS mais próxima de sua residência, levando documentos pessoais e cartão do SUS. Não é necessário encaminhamento prévio para a avaliação inicial.
Recomenda-se que a avaliação do risco de quedas seja realizada anualmente para todos os idosos e com maior frequência para aqueles que já apresentam fatores de risco ou histórico de quedas.
Prevenção de Quedas: Estratégias Eficazes
A prevenção de quedas deve ser multifatorial, abordando tanto os fatores intrínsecos quanto os extrínsecos. Aqui estão as estratégias mais eficazes, muitas delas disponíveis através do SUS:
Modificações ambientais
Adaptar o ambiente é uma das medidas mais eficazes para prevenir quedas:
Na sala e quartos:
Remover tapetes soltos ou fixá-los com fita antiderrapante
Organizar móveis para criar passagens livres e amplas
Fixar fios e cabos junto às paredes
Manter objetos de uso frequente ao alcance, evitando que o idoso precise subir em banquinhos
Instalar interruptores em locais acessíveis, inclusive próximos à cama
No banheiro:
Instalar barras de apoio próximas ao vaso sanitário e no box do chuveiro
Usar tapetes antiderrapantes no box e na saída do chuveiro
Considerar o uso de cadeira de banho para idosos com maior dificuldade
Elevar a altura do vaso sanitário com assento elevado, se necessário
Na cozinha:
Organizar utensílios mais usados em armários de fácil acesso
Evitar encerar o piso
Limpar imediatamente qualquer líquido derramado
Iluminação:
Garantir boa iluminação em todos os cômodos, especialmente escadas e corredores
Instalar luzes noturnas no trajeto do quarto ao banheiro
Usar interruptores luminosos, fáceis de localizar no escuro
Em alguns municípios, o SUS oferece visitas domiciliares para avaliação ambiental e orientações específicas através das equipes de Saúde da Família ou do NASF.
Exercícios físicos recomendados
A atividade física regular é fundamental para prevenir quedas, pois melhora força muscular, equilíbrio, flexibilidade e tempo de reação. O SUS oferece diversos programas de exercícios para idosos:
Fortalecimento muscular: Especialmente de membros inferiores (coxas, pernas) e core (abdômen e lombar).
Treino de equilíbrio: Exercícios específicos que desafiam o equilíbrio de forma segura e progressiva.
Exercícios de flexibilidade: Alongamentos para manter a amplitude de movimento das articulações.
Atividades aeróbicas: Caminhada, dança, hidroginástica, que melhoram a resistência geral.
Programas específicos: Tai Chi Chuan, que tem se mostrado particularmente eficaz na prevenção de quedas.
Esses exercícios são oferecidos em grupos nas UBS, nos Centros de Convivência para Idosos e nas Academias da Saúde. Para participar, basta procurar a UBS mais próxima e solicitar encaminhamento.
Revisão de medicamentos
Muitos medicamentos podem aumentar o risco de quedas por causarem tontura, sonolência, hipotensão ou alterações no equilíbrio. Por isso, a revisão periódica dos medicamentos é essencial:
Consultas regulares com médico da UBS para revisar todos os medicamentos em uso
Identificação de medicamentos que aumentam o risco de quedas
Ajuste de doses ou substituição por alternativas mais seguras, quando possível
Orientação sobre horários corretos de administração
Organização dos medicamentos em caixas separadoras para evitar erros
O SUS oferece o serviço de revisão da farmacoterapia em muitas UBS e centros especializados, realizado por médicos e farmacêuticos.
Correção de déficits sensoriais
Problemas de visão e audição contribuem significativamente para o risco de quedas. O SUS oferece:
Consultas oftalmológicas e exames de vista
Fornecimento de óculos em alguns municípios
Cirurgia de catarata e outros procedimentos oftalmológicos
Avaliação auditiva e fornecimento de aparelhos auditivos
Tratamento de problemas vestibulares (relacionados ao equilíbrio)
Para acessar esses serviços, o idoso deve ser encaminhado pelo médico da UBS para os serviços especializados.
Uso correto de dispositivos auxiliares
Quando necessários, dispositivos auxiliares de marcha podem prevenir quedas, desde que sejam adequados e utilizados corretamente:
Bengalas: Indicadas para problemas leves de equilíbrio ou dor em um dos membros inferiores.
Muletas: Para descarga parcial ou total de peso em uma das pernas.
Andadores: Oferecem maior estabilidade, indicados para problemas mais graves de equilíbrio.
O SUS fornece esses dispositivos gratuitamente mediante avaliação e prescrição por profissional habilitado (médico, fisioterapeuta). Além disso, oferece treinamento para o uso correto através de fisioterapeutas.
Programas de Prevenção de Quedas no SUS
O Sistema Único de Saúde oferece diversos programas específicos para prevenção de quedas em idosos, implementados em diferentes níveis de atenção:
Academia da Saúde
O Programa Academia da Saúde consiste em espaços públicos equipados para a prática de atividade física, com acompanhamento de profissionais qualificados:
Equipamentos adaptados para idosos
Aulas em grupo com profissionais de educação física
Exercícios específicos para fortalecimento e equilíbrio
Avaliação periódica da capacidade funcional
Orientações sobre prevenção de quedas
Para participar, o idoso deve procurar a UBS de referência ou diretamente o polo da Academia da Saúde mais próximo de sua residência.
Grupos de atividade física nas UBS
Muitas Unidades Básicas de Saúde oferecem grupos de atividade física específicos para idosos:
Encontros semanais com exercícios adaptados
Orientações sobre prevenção de quedas
Socialização e troca de experiências
Acompanhamento por profissionais da equipe de saúde
Para participar, basta procurar informações na UBS mais próxima.
Programa de Atenção Domiciliar
Para idosos com dificuldade de locomoção ou alto risco de quedas, o SUS oferece o Programa Melhor em Casa, que inclui:
Visitas domiciliares regulares
Avaliação do ambiente doméstico
Orientações para adaptações na casa
Exercícios adaptados para realizar em casa
Acompanhamento por equipe multidisciplinar
O acesso a esse programa é feito por encaminhamento médico, após avaliação da necessidade.
Programas municipais e estaduais
Além dos programas nacionais, muitos municípios e estados desenvolvem iniciativas próprias para prevenção de quedas:
Campanhas educativas
Distribuição de materiais informativos
Eventos em datas comemorativas, como o Dia Nacional de Prevenção de Quedas (24 de junho)
Parcerias com instituições de ensino e pesquisa
Para conhecer os programas disponíveis em sua região, consulte a Secretaria Municipal de Saúde ou a UBS local.
O que Fazer Quando o Idoso Cai: Primeiros Socorros
Mesmo com todas as medidas preventivas, quedas podem ocorrer. Saber como agir nesses momentos é fundamental para minimizar as consequências:
Avaliação inicial
Ao presenciar a queda de um idoso, siga estes passos:
Mantenha a calma e tranquilize o idoso
Não tente levantá-lo imediatamente
Verifique se há resposta (chame pelo nome, toque suavemente)
Observe se há sangramento visível ou deformidades óbvias
Pergunte se há dor intensa e onde está localizada
Verifique se o idoso consegue mover todos os membros
Quando chamar o SAMU
Acione imediatamente o SAMU (192) se observar:
Perda de consciência, mesmo que momentânea
Confusão mental ou desorientação
Sangramento abundante
Deformidade visível em algum membro (possível fratura)
Incapacidade de mover alguma parte do corpo
Dor intensa que não permite a movimentação
Ferimento na cabeça, especialmente se o idoso usar anticoagulantes
Dificuldade para respirar
Cuidados imediatos
Se não houver sinais de gravidade que exijam atendimento de emergência:
Ajude o idoso a se levantar apenas se ele se sentir seguro para isso
Ofereça apoio, deixando que ele use seu corpo como suporte
Levante-o gradualmente: primeiro para sentar, depois para ficar de pé
Observe se há tontura ou mal-estar ao mudar de posição
Em caso de pequenos ferimentos, faça a limpeza com água corrente e sabão
Aplique compressas frias em áreas com inchaço
Observação pós-queda
Mesmo que a queda pareça sem consequências, observe o idoso nas próximas 24-48 horas, atento a:
Dores que surgem ou pioram com o tempo
Inchaço em alguma região do corpo
Dificuldade para caminhar ou realizar movimentos habituais
Alterações no nível de consciência ou comportamento
Náuseas, vômitos ou dor de cabeça (especialmente após queda com impacto na cabeça)
Manchas roxas extensas
Se qualquer desses sinais aparecer, procure atendimento médico, mesmo que dias após a queda.
Documentação do evento
É importante registrar informações sobre a queda para compartilhar com os profissionais de saúde:
Data, hora e local da queda
Circunstâncias (o que o idoso estava fazendo, como caiu)
Possíveis fatores contribuintes (tontura, tropeço, escorregão)
Sintomas imediatos e evolução
Medicamentos em uso no momento da queda
Essas informações ajudarão na avaliação médica e no planejamento de medidas preventivas para evitar novas quedas.
Atendimento de Urgência para Idosos que Sofreram Quedas
Quando uma queda resulta em lesões que exigem atendimento médico imediato, o SUS oferece uma rede de serviços de urgência e emergência.
Fluxo de atendimento no SUS
O atendimento de urgência para idosos que sofreram quedas pode ocorrer em diferentes pontos da rede:
SAMU (192): Atendimento pré-hospitalar móvel para casos graves, com equipes básicas ou avançadas.
Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24h): Para casos de urgência de média complexidade.
Pronto-socorros hospitalares: Para casos mais graves ou que necessitem de recursos não disponíveis nas UPAs.
Unidades Básicas de Saúde: Para casos leves, durante o horário de funcionamento.
O encaminhamento entre esses serviços é feito conforme a gravidade do caso e a necessidade de recursos específicos.
Priorização do idoso nas emergências
Por lei, idosos têm atendimento prioritário nos serviços de saúde. Nas emergências, além da prioridade por idade, é realizada uma classificação de risco que considera:
Gravidade das lesões
Sinais vitais
Nível de dor
Risco de complicações
Essa classificação é geralmente feita por cores (vermelho, laranja, amarelo, verde e azul), determinando o tempo máximo para atendimento.
Exames e avaliações realizados
Dependendo da apresentação clínica, podem ser realizados:
Exames de imagem: Raio-X, tomografia computadorizada, ressonância magnética, ultrassonografia.
Exames laboratoriais: Hemograma, coagulograma, função renal, eletrólitos.
Eletrocardiograma: Para avaliar possíveis causas cardíacas da queda.
Avaliação neurológica: Especialmente em quedas com trauma craniano.
Avaliação ortopédica: Para identificar fraturas e lesões musculoesqueléticas.
O SUS cobre integralmente todos esses exames e avaliações quando necessários.
Critérios para internação
A decisão de internar o idoso após uma queda depende de vários fatores:
Gravidade das lesões (fraturas, traumatismo craniano)
Necessidade de cirurgia
Condições clínicas associadas
Capacidade funcional prévia
Suporte familiar e social disponível
Risco de novas quedas no ambiente domiciliar
Quando a internação é necessária, o SUS garante o atendimento integral, incluindo cirurgias e tratamentos especializados.
Direitos do idoso no atendimento de urgência
Durante o atendimento de urgência, o idoso tem direitos garantidos pelo Estatuto do Idoso e outras legislações:
Atendimento preferencial e imediato
Presença de acompanhante durante todo o atendimento
Informações claras sobre sua condição e tratamentos propostos
Consentimento informado para procedimentos
Alívio adequado da dor
Respeito à sua dignidade e privacidade
Em caso de violação desses direitos, o idoso ou familiar pode recorrer à Ouvidoria do SUS, ao Ministério Público ou ao Conselho do Idoso.
Consequências das Quedas e Tratamentos Disponíveis no SUS
As quedas em idosos podem resultar em diversas lesões, desde escoriações leves até fraturas graves. O SUS oferece tratamento para todas essas condições.
Fraturas mais comuns
As fraturas mais frequentes em idosos após quedas são:
Fratura de quadril (fêmur proximal): Uma das mais graves, com alto impacto na mobilidade e independência.
Fratura de punho (rádio distal): Comum quando o idoso estende os braços para amortecer a queda.
Fraturas vertebrais: Podem ocorrer mesmo com quedas leves em idosos com osteoporose.
Fratura de úmero proximal: Afeta o ombro e limita significativamente os movimentos do braço.
Fraturas de costelas: Dolorosas e podem levar a complicações respiratórias.
Fraturas de tornozelo e pé: Afetam diretamente a capacidade de locomoção.
Tratamentos cirúrgicos oferecidos
O SUS oferece diversos procedimentos cirúrgicos para tratamento de fraturas:
Artroplastia (substituição articular): Principalmente para fraturas de quadril em idosos com artrose avançada.
Osteossíntese: Fixação da fratura com placas, parafusos, hastes ou fios metálicos.
Vertebroplastia e cifoplastia: Para fraturas vertebrais por compressão.
Redução e fixação de fraturas expostas: Procedimentos de urgência para evitar infecções e complicações.
Esses procedimentos são realizados em hospitais de referência do SUS, mediante encaminhamento.
Tratamentos conservadores
Nem todas as fraturas necessitam de cirurgia. O SUS também oferece tratamentos conservadores:
Imobilização com gesso, talas ou órteses
Medicamentos para controle da dor
Suplementação de cálcio e vitamina D
Orientações para repouso e mobilização gradual
Acompanhamento ambulatorial regular
A decisão entre tratamento cirúrgico ou conservador depende do tipo e localização da fratura, condição clínica do idoso e potencial de recuperação funcional.
Manejo da dor
O controle adequado da dor é fundamental na recuperação após quedas. O SUS oferece:
Medicamentos analgésicos e anti-inflamatórios
Opioides para dor intensa, quando necessário
Métodos não farmacológicos: fisioterapia, termoterapia (calor ou frio), técnicas de relaxamento
Bloqueios anestésicos em casos específicos
O tratamento da dor é individualizado, considerando a intensidade, tipo de lesão e condições clínicas do idoso.
Prevenção de complicações
Durante a recuperação, são implementadas medidas para prevenir complicações comuns em idosos acamados ou com mobilidade reduzida:
Prevenção de úlceras por pressão (escaras)
Prevenção de trombose venosa profunda
Cuidados respiratórios para evitar pneumonia
Controle de infecção em feridas cirúrgicas
Prevenção de constipação intestinal
Manutenção do estado nutricional e hidratação
Essas medidas são implementadas tanto durante a internação quanto no acompanhamento ambulatorial ou domiciliar.
Reabilitação após Quedas pelo SUS
A reabilitação é fundamental para a recuperação funcional após quedas, especialmente quando resultam em fraturas ou outras lesões significativas. O SUS oferece diversos serviços de reabilitação.
Serviços de reabilitação disponíveis
A rede de reabilitação do SUS inclui:
Centros Especializados de Reabilitação (CER): Serviços de referência para reabilitação física, intelectual, visual e auditiva.
Núcleos Ampliados de Saúde da Família (NASF): Equipes multiprofissionais que apoiam as equipes de Saúde da Família, incluindo fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos.
Serviços de Reabilitação em Hospitais: Para pacientes internados ou em acompanhamento pós-alta.
Serviços Ambulatoriais de Fisioterapia: Disponíveis em policlínicas e centros de especialidades.
Programa Melhor em Casa: Reabilitação domiciliar para pacientes com dificuldade de locomoção.
O acesso a esses serviços é feito por encaminhamento médico, após avaliação da necessidade de reabilitação.
Fisioterapia
A fisioterapia é um componente essencial da reabilitação após quedas. O SUS oferece:
Fisioterapia motora: Para recuperação da força muscular, amplitude de movimento e função.
Fisioterapia respiratória: Especialmente importante para idosos que ficaram acamados.
Hidroterapia: Exercícios em água, que reduzem o impacto nas articulações.
Eletroterapia: Uso de correntes elétricas para alívio da dor e estimulação muscular.
Treino de marcha e equilíbrio: Fundamental para prevenir novas quedas.
Treino funcional: Focado nas atividades diárias que o idoso precisa realizar.
A frequência e duração do tratamento variam conforme a gravidade da lesão e a evolução do paciente, podendo durar de algumas semanas a vários meses.
Terapia ocupacional
A terapia ocupacional auxilia o idoso a readquirir independência nas atividades diárias:
Treino para atividades básicas: alimentação, higiene, vestir-se
Adaptações para facilitar tarefas domésticas
Treino para transferências seguras (cama-cadeira, cadeira-vaso sanitário)
Orientações sobre adaptações no ambiente doméstico
Prescrição de tecnologias assistivas
Esse serviço está disponível nos CERs, em alguns NASFs e em serviços ambulatoriais especializados.
Fonoaudiologia
Em casos específicos, como quedas que resultam em traumatismo craniano ou AVC, pode ser necessário acompanhamento fonoaudiológico para:
Reabilitação de distúrbios de fala
Tratamento de disfagia (dificuldade para engolir)
Estimulação cognitiva
O SUS oferece esse serviço em CERs e alguns serviços ambulatoriais especializados.
Psicologia
O suporte psicológico é importante para lidar com o medo de cair novamente (síndrome pós-queda) e outras consequências emocionais:
Terapia individual ou em grupo
Técnicas para manejo da ansiedade
Abordagem cognitivo-comportamental para superar o medo
Suporte para adaptação às limitações temporárias ou permanentes
Esse atendimento pode ser acessado nas UBS, NASFs, CERs e CAPS (Centros de Atenção Psicossocial).
Programa Melhor em Casa: Reabilitação Domiciliar
O Programa Melhor em Casa é uma iniciativa do Ministério da Saúde que oferece atendimento domiciliar para pessoas com dificuldade de locomoção, incluindo idosos em recuperação de quedas.
O que é o programa
O Programa Melhor em Casa proporciona atendimento multiprofissional no domicílio do paciente, evitando hospitalizações desnecessárias e promovendo uma recuperação mais humanizada, junto à família.
O programa conta com:
Equipes Multiprofissionais de Atenção Domiciliar (EMAD): compostas por médicos, enfermeiros e técnicos de enfermagem
Equipes Multiprofissionais de Apoio (EMAP): com fisioterapeutas, nutricionistas, psicólogos, assistentes sociais, fonoaudiólogos e terapeutas ocupacionais
Critérios de elegibilidade
Para ser atendido pelo Programa Melhor em Casa, o idoso deve:
Apresentar dificuldade ou impossibilidade física de locomoção até uma unidade de saúde
Necessitar de cuidados mais frequentes que os disponíveis em ambulatórios
Ter condições clínicas estáveis (não estar em situação de emergência)
Contar com um cuidador responsável (familiar ou contratado)
Residir em área de cobertura do programa
Ter ambiente domiciliar que permita a assistência (condições mínimas de higiene e segurança)
Serviços oferecidos
No contexto da reabilitação após quedas, o programa oferece:
Consultas médicas e de enfermagem regulares
Fisioterapia motora e respiratória
Terapia ocupacional para adaptação às atividades diárias
Orientação nutricional
Suporte psicológico
Avaliação e orientação para adaptação do ambiente
Curativos e outros procedimentos de enfermagem
Capacitação dos cuidadores
Como solicitar o atendimento
O processo para solicitar atendimento pelo Programa Melhor em Casa inclui:
Avaliação médica (na UBS, hospital ou serviço de urgência) que indique a necessidade de atenção domiciliar
Encaminhamento para o programa, com relatório detalhando a condição clínica e necessidades
Avaliação pela equipe do programa para confirmar elegibilidade
Elaboração do plano de cuidados individualizado
Início do atendimento domiciliar
Em alguns casos, a solicitação pode ser feita diretamente pela família na UBS de referência, que avaliará a necessidade e fará o encaminhamento.
Frequência das visitas
A frequência das visitas varia conforme as necessidades do paciente:
Visitas médicas: geralmente quinzenais ou mensais
Visitas de enfermagem: semanais ou mais frequentes, se necessário
Fisioterapia: 2 a 3 vezes por semana, dependendo do caso
Outros profissionais: conforme avaliação da equipe
O plano de cuidados é reavaliado periodicamente e ajustado conforme a evolução do paciente.
Vantagens da reabilitação domiciliar
A reabilitação no ambiente domiciliar oferece diversas vantagens:
Maior conforto e bem-estar para o idoso
Redução do risco de infecções hospitalares
Treinamento em situações reais do cotidiano
Adaptações específicas para o ambiente onde o idoso vive
Maior envolvimento da família no processo de recuperação
Redução do estresse e ansiedade associados ao ambiente hospitalar
Manutenção dos vínculos sociais e familiares
Tecnologias Assistivas Disponíveis pelo SUS
Tecnologias assistivas são produtos, equipamentos e dispositivos que auxiliam na mobilidade, cuidados pessoais e realização de atividades diárias, fundamentais para a recuperação após quedas e prevenção de novos episódios.
Órteses e próteses
O SUS fornece diversos tipos de órteses que podem ser necessárias após quedas:
Coletes para imobilização da coluna vertebral
Órteses para membros inferiores (joelheiras, tornozeleiras)
Órteses para membros superiores (talas para punho)
Palmilhas ortopédicas
Esses dispositivos são prescritos por médicos especialistas (ortopedistas, fisiatras) ou fisioterapeutas, conforme a necessidade específica.
Meios auxiliares de locomoção
O SUS disponibiliza gratuitamente diversos dispositivos para auxiliar na locomoção:
Bengalas (simples, de quatro pontas, canadenses)
Muletas (axilares ou canadenses)
Andadores (fixos ou com rodas)
Cadeiras de rodas (padrão, adaptadas ou motorizadas, conforme necessidade)
Cadeiras de banho
A prescrição desses equipamentos é feita por médicos ou fisioterapeutas, após avaliação da necessidade e treinamento para uso correto.
Adaptações para o domicílio
Em alguns municípios, o SUS oferece ou subsidia adaptações para o domicílio:
Barras de apoio para banheiro
Elevação de vaso sanitário
Rampas removíveis
Corrimãos
Adaptações em mobiliário
A disponibilidade desses itens varia conforme o município e geralmente está vinculada a programas específicos de acessibilidade.
Como solicitar esses dispositivos
Para obter tecnologias assistivas pelo SUS, o processo geralmente inclui:
Consulta com médico especialista ou fisioterapeuta
Avaliação da necessidade e prescrição do dispositivo adequado
Encaminhamento para serviço de referência em órteses e próteses
Preenchimento de formulários específicos
Agendamento para medidas e adaptações, quando necessário
Treinamento para uso correto do dispositivo
Acompanhamento e ajustes periódicos
Documentação necessária
Para solicitar tecnologias assistivas pelo SUS, geralmente são necessários:
Documento de identidade e CPF
Cartão do SUS
Comprovante de residência
Laudo médico detalhando a necessidade
Prescrição do dispositivo específico
Em alguns casos, relatório social (para comprovação de vulnerabilidade)
A documentação exata pode variar conforme o município e o tipo de dispositivo solicitado.
Passo a Passo: Como Acessar os Serviços de Prevenção e Reabilitação
Para facilitar o acesso aos serviços de prevenção de quedas e reabilitação oferecidos pelo SUS, siga este passo a passo:
1. Cadastro na Unidade Básica de Saúde
O primeiro passo é garantir que o idoso esteja cadastrado na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência:
Compareça à UBS com documento de identidade, CPF, comprovante de residência e cartão do SUS (se já possuir)
Caso não tenha o cartão do SUS, ele pode ser emitido na própria UBS
Informe sobre condições de saúde preexistentes e histórico de quedas
Verifique se o idoso será acompanhado por uma equipe de Saúde da Família
2. Consulta inicial e avaliação
Após o cadastro, agende uma consulta para avaliação inicial:
Consulta com médico da família ou clínico geral da UBS
Avaliação do risco de quedas
Revisão de medicamentos em uso
Solicitação de exames, se necessário
Encaminhamento para especialistas, quando indicado
Leve para a consulta todos os medicamentos em uso (ou lista detalhada) e exames anteriores.
3. Participação em programas preventivos
Com base na avaliação inicial, o idoso pode ser encaminhado para programas preventivos:
Grupos de atividade física na UBS
Academia da Saúde
Grupos de educação em saúde
Orientações para adaptação do ambiente domiciliar
Para participar, siga as orientações da equipe de saúde quanto a horários, locais e documentação necessária.
4. Acesso a serviços especializados
Quando necessário, o médico da UBS fará encaminhamento para serviços especializados:
Consulta com geriatra, ortopedista ou neurologista
Avaliação com fisioterapeuta ou terapeuta ocupacional
Serviços de reabilitação
O agendamento geralmente é feito pelo sistema de regulação do SUS, e o paciente é informado sobre data, horário e local da consulta.
5. Reabilitação após quedas
Se o idoso sofreu uma queda e necessita de reabilitação:
O médico que realizou o atendimento (na UBS, UPA ou hospital) fará o encaminhamento para o serviço de reabilitação
Será realizada uma avaliação inicial no serviço de reabilitação
Um plano terapêutico será elaborado, definindo tipo, frequência e duração do tratamento
O tratamento pode ser realizado em centros especializados ou, em alguns casos, no domicílio
6. Solicitação de tecnologias assistivas
Para obter dispositivos auxiliares como bengalas, andadores ou órteses:
Solicite ao médico ou fisioterapeuta a prescrição do dispositivo adequado
Com a prescrição, procure o serviço de referência em órteses e próteses do município
Apresente a documentação necessária
Aguarde o contato para medidas e adaptações, quando necessário
Participe do treinamento para uso correto do dispositivo
7. Acompanhamento contínuo
Mesmo após a recuperação de uma queda ou conclusão da reabilitação, é importante manter acompanhamento regular:
Consultas periódicas na UBS
Participação contínua em programas de prevenção
Revisão periódica de medicamentos
Reavaliação do risco de quedas
Manutenção e ajustes de dispositivos auxiliares
Esse acompanhamento contínuo é fundamental para prevenir novas quedas e manter a capacidade funcional do idoso.
Direitos do Idoso na Prevenção e Reabilitação de Quedas
Os idosos possuem direitos específicos garantidos por lei, especialmente pelo Estatuto do Idoso (Lei nº 10.741/2003) e pela Política Nacional de Saúde da Pessoa Idosa, que se aplicam aos serviços de prevenção e reabilitação de quedas.
Estatuto do Idoso e garantias legais
O Estatuto do Idoso assegura:
Atendimento preferencial imediato e individualizado em todos os serviços de saúde
Direito à saúde integral, incluindo prevenção, promoção, proteção e recuperação
Acesso universal e igualitário aos serviços de saúde
Atendimento domiciliar para idosos impossibilitados de se locomover
Fornecimento gratuito de medicamentos, especialmente de uso continuado
Fornecimento gratuito de órteses, próteses e outros recursos para tratamento, habilitação ou reabilitação
Reabilitação orientada pela geriatria e gerontologia, para redução das sequelas decorrentes de agravos à saúde
Atendimento prioritário
O atendimento prioritário ao idoso inclui:
Filas preferenciais em todos os serviços de saúde
Prioridade na marcação de consultas, exames e procedimentos
Prioridade no atendimento em casos de urgência e emergência
Prioridade na dispensação de medicamentos
Prioridade na concessão de órteses e próteses
Essa prioridade deve ser respeitada em todos os serviços, públicos e privados.
Direito a acompanhante
O Estatuto do Idoso garante:
Direito a acompanhante durante internação hospitalar
Direito a acompanhante em consultas e exames
Direito a acompanhante durante sessões de reabilitação
As instituições de saúde devem proporcionar condições adequadas para a permanência do acompanhante.
Acesso a medicamentos e tecnologias assistivas
O idoso tem direito a:
Medicamentos gratuitos, especialmente de uso continuado
Órteses e próteses necessárias para sua reabilitação
Meios auxiliares de locomoção (bengalas, andadores, cadeiras de rodas)
Adaptações para melhorar sua mobilidade e segurança
Esses itens devem ser fornecidos pelo SUS mediante prescrição médica ou de profissional habilitado.
Transporte sanitário
Em muitos municípios, o SUS oferece transporte sanitário para idosos que necessitam se deslocar para tratamentos de saúde:
Transporte para consultas e exames
Transporte para sessões de reabilitação
Transporte adaptado para cadeirantes
Para acessar esse serviço, é necessário solicitação médica e agendamento prévio junto à Secretaria Municipal de Saúde.
Como proceder em caso de negativa de atendimento
Se os direitos do idoso forem violados, é possível recorrer a:
Ouvidoria do SUS: Pelo telefone 136 ou site oficial
Conselho Municipal do Idoso: Presente na maioria dos municípios
Ministério Público: Através das Promotorias de Justiça de Defesa do Idoso
Defensoria Pública: Para assistência jurídica gratuita
Disque 100: Para denúncias de violação de direitos
É importante registrar a reclamação por escrito e guardar cópias de todos os documentos relacionados ao caso, como encaminhamentos, prescrições e negativas de atendimento.
Orientações para Familiares e Cuidadores
Familiares e cuidadores desempenham papel fundamental na prevenção de quedas e na reabilitação do idoso após esses eventos. Aqui estão orientações práticas para auxiliar nesse cuidado:
Identificação de riscos no ambiente
Faça uma avaliação regular do ambiente doméstico, identificando e corrigindo possíveis riscos:
Remova tapetes soltos ou fixe-os com fita antiderrapante
Organize os móveis para criar passagens amplas e desobstruídas
Instale corrimãos em escadas e corredores
Coloque barras de apoio no banheiro (vaso sanitário e chuveiro)
Melhore a iluminação, especialmente em escadas e corredores
Instale luzes noturnas no trajeto do quarto ao banheiro
Mantenha fios elétricos e telefônicos presos junto às paredes
Organize objetos de uso frequente em locais de fácil acesso
Supervisão adequada sem comprometer a autonomia
É importante encontrar um equilíbrio entre segurança e independência:
Observe discretamente o idoso durante suas atividades, sem interferir desnecessariamente
Ofereça ajuda apenas quando realmente necessário
Incentive a realização de atividades diárias de forma independente, mas segura
Esteja atento a sinais de fadiga, tontura ou instabilidade
Respeite o ritmo próprio do idoso, sem apressá-lo
Valorize e celebre as conquistas, por menores que sejam
Estímulo à atividade física segura
A atividade física regular é fundamental para prevenir quedas:
Incentive a participação em programas de exercícios oferecidos pelo SUS
Acompanhe o idoso em caminhadas curtas e regulares
Estimule a realização dos exercícios recomendados pelos profissionais de saúde
Crie uma rotina diária que inclua momentos de atividade física
Observe sinais de cansaço excessivo ou dor durante os exercícios
Garanta que o idoso use calçados adequados durante as atividades
Administração correta de medicamentos
O uso incorreto de medicamentos pode aumentar o risco de quedas:
Organize os medicamentos em caixas separadoras por horário
Crie uma tabela com nomes, doses e horários dos medicamentos
Verifique regularmente se os medicamentos estão sendo tomados corretamente
Esteja atento a efeitos colaterais como tontura, sonolência ou confusão
Informe ao médico sobre qualquer reação adversa
Nunca interrompa ou altere medicamentos sem orientação médica
Mantenha uma lista atualizada de todos os medicamentos em uso
Quando e como solicitar ajuda profissional
Procure atendimento médico se observar:
Quedas recorrentes, mesmo sem lesões aparentes
Aumento da dificuldade para caminhar ou manter o equilíbrio
Tontura ou vertigem frequentes
Fraqueza muscular progressiva
Confusão mental ou alterações de comportamento
Efeitos colaterais de medicamentos
Dificuldade crescente para realizar atividades cotidianas
Para solicitar ajuda, procure a UBS de referência ou, em casos urgentes, acione o SAMU pelo telefone 192.
Cuidados com o idoso após uma queda
Após uma queda, mesmo sem lesões aparentes, é importante:
Observar o idoso nas primeiras 24-48 horas
Estar atento a dores que surgem ou pioram com o tempo
Verificar se há manchas roxas extensas
Observar alterações na mobilidade ou no nível de consciência
Seguir rigorosamente as orientações médicas
Garantir que o idoso tome os medicamentos prescritos
Acompanhá-lo às sessões de reabilitação
Prevenção da síndrome do imobilismo
A imobilização prolongada após uma queda pode levar a complicações graves. Para preveni-las:
Estimule a mobilização precoce, conforme orientação médica
Realize mudanças de posição frequentes, se o idoso estiver acamado
Incentive exercícios passivos e ativos no leito
Mantenha uma boa hidratação e alimentação
Previna úlceras por pressão com colchões adequados e proteção das áreas de risco
Estimule a respiração profunda e a tosse para prevenir complicações pulmonares
Lembre-se que o cuidador também precisa de cuidados. Não hesite em buscar apoio quando necessário e reserve momentos para seu próprio descanso e lazer.
Perguntas Frequentes
O SUS oferece adaptações para o domicílio gratuitamente?
O SUS não possui um programa nacional específico para fornecimento de adaptações domiciliares, mas alguns municípios oferecem esse serviço através de programas locais. Em geral, o SUS fornece orientações sobre as adaptações necessárias, e alguns itens como barras de apoio e elevadores de vaso sanitário podem ser disponibilizados em programas específicos para idosos em situação de vulnerabilidade. Consulte a Secretaria Municipal de Saúde ou o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS) para verificar os programas disponíveis em sua região.
Quanto tempo dura a reabilitação após uma fratura de quadril?
A reabilitação após uma fratura de quadril é um processo que pode durar de 3 a 12 meses, dependendo de diversos fatores como idade, condição de saúde prévia, tipo de fratura, tratamento realizado (cirúrgico ou conservador) e adesão ao programa de reabilitação. As primeiras 6 a 8 semanas são cruciais, com sessões de fisioterapia mais frequentes (2 a 3 vezes por semana). Após esse período, a frequência pode diminuir, mas o acompanhamento continua até que o idoso recupere sua capacidade funcional máxima.
É possível solicitar fisioterapia domiciliar pelo SUS?
Sim, o SUS oferece fisioterapia domiciliar para pacientes com dificuldade ou impossibilidade de locomoção, principalmente através do Programa Melhor em Casa. Para solicitar esse serviço, é necessário um encaminhamento médico que ateste a necessidade do atendimento domiciliar. O pedido deve ser feito na UBS de referência, que avaliará o caso e, se aprovado, encaminhará para o serviço de atenção domiciliar. A disponibilidade e os critérios podem variar conforme o município.
Quais exercícios são mais recomendados para prevenir quedas?
Os exercícios mais eficazes para prevenção de quedas incluem:
Exercícios de fortalecimento muscular, especialmente de membros inferiores (coxas, pernas) e core (abdômen e lombar)
Treino de equilíbrio, como ficar em pé com os pés juntos, em posição semi-tandem e tandem (um pé à frente do outro)
Tai Chi Chuan, que combina movimentos lentos e controlados com respiração e concentração
Exercícios de flexibilidade para manter a amplitude de movimento das articulações
Caminhada regular em terreno plano e seguro
É importante que esses exercícios sejam orientados por profissionais qualificados e adaptados às condições individuais de cada idoso.
Como obter uma bengala ou andador pelo SUS?
Para obter uma bengala, andador ou outro dispositivo auxiliar pelo SUS, siga estes passos:
Consulte um médico (clínico geral, geriatra, ortopedista ou fisiatra) ou fisioterapeuta no SUS
Solicite a prescrição do dispositivo adequado às suas necessidades
Com a prescrição em mãos, procure o serviço de referência em órteses e próteses do seu município (geralmente vinculado à Secretaria Municipal de Saúde)
Apresente documentos pessoais, cartão do SUS, comprovante de residência e a prescrição
Aguarde o contato para retirada do equipamento
Participe do treinamento para uso correto do dispositivo
O tempo de espera varia conforme a disponibilidade em cada município.
O que fazer se o idoso se recusa a usar dispositivos auxiliares?
A recusa em usar dispositivos auxiliares é comum e pode estar relacionada a questões emocionais, como medo de estigmatização ou negação da necessidade de ajuda. Nessas situações:
Converse abertamente sobre os benefícios do dispositivo para a segurança e independência
Explique que o uso pode ser temporário, se for o caso
Busque dispositivos com design mais moderno e discreto
Personalize o equipamento para torná-lo mais atraente
Solicite apoio de profissionais de saúde para reforçar a importância do uso
Considere o suporte psicológico para trabalhar questões de aceitação
Respeite o tempo de adaptação do idoso, sem imposições
O mais importante é manter o diálogo aberto e respeitoso, compreendendo que a adaptação pode ser gradual.
As quedas representam um dos principais problemas de saúde entre idosos, mas a boa notícia é que a maioria delas pode ser prevenida com medidas relativamente simples. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece uma ampla gama de serviços tanto para prevenção quanto para reabilitação após quedas.
A prevenção eficaz envolve uma abordagem multifatorial, que inclui adaptações no ambiente, exercícios físicos regulares, revisão de medicamentos, correção de déficits sensoriais e uso adequado de dispositivos auxiliares quando necessário. Todos esses serviços estão disponíveis gratuitamente pelo SUS, através das Unidades Básicas de Saúde, Academias da Saúde e programas específicos.
Quando as quedas ocorrem, o SUS oferece desde atendimento de urgência até serviços completos de reabilitação, incluindo fisioterapia, terapia ocupacional e fornecimento de tecnologias assistivas. O Programa Melhor em Casa representa uma importante inovação, levando a reabilitação até o domicílio do idoso, em seu ambiente familiar.
O papel da família e dos cuidadores é fundamental tanto na prevenção quanto na reabilitação. Identificar riscos no ambiente, estimular a atividade física segura, garantir o uso correto de medicamentos e saber quando buscar ajuda profissional são ações que fazem toda a diferença.
Lembre-se que o envelhecimento saudável e seguro é um direito, e o SUS está estruturado para apoiar esse processo. Não hesite em buscar os serviços disponíveis e exigir o cumprimento dos direitos garantidos pelo Estatuto do Idoso.
Para mais informações, procure a Unidade Básica de Saúde mais próxima ou entre em contato com a Ouvidoria do SUS pelo telefone 136.
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