Cirurgia de Revascularização pelo SUS
A cirurgia de revascularização do miocárdio é um procedimento de alta complexidade e, como tal, seu acesso pelo SUS segue um fluxo específico, que geralmente começa na Atenção Primária e passa por serviços especializados e sistemas de regulação. O processo pode variar ligeiramente entre estados e municípios, mas as etapas gerais são:
5/6/20256 min read


Como Acessar a Cirurgia de Revascularização pelo SUS: Passo a Passo
A cirurgia de revascularização do miocárdio é um procedimento de alta complexidade e, como tal, seu acesso pelo SUS segue um fluxo específico, que geralmente começa na Atenção Primária e passa por serviços especializados e sistemas de regulação. O processo pode variar ligeiramente entre estados e municípios, mas as etapas gerais são:
Consulta na Atenção Primária (UBS): O primeiro passo para quem apresenta sintomas sugestivos de doença coronariana (como dor no peito/angina, falta de ar aos esforços) é procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou a equipe de Saúde da Família. O médico fará uma avaliação inicial, solicitará exames básicos (como eletrocardiograma) e poderá iniciar o tratamento medicamentoso.
Encaminhamento para Cardiologista: Se houver suspeita de doença coronariana significativa, o médico da UBS encaminhará o paciente para uma consulta com um cardiologista em um ambulatório de especialidades ou centro de referência do SUS.
Investigação Diagnóstica Especializada: O cardiologista solicitará exames mais específicos para confirmar o diagnóstico e avaliar a gravidade da doença. Isso pode incluir teste ergométrico, cintilografia miocárdica, ecocardiograma com estresse e, principalmente, o cateterismo cardíaco (cineangiocoronariografia). O cateterismo é essencial para visualizar as artérias coronárias e identificar a localização exata e o grau das obstruções. Esses exames são realizados em serviços credenciados pelo SUS.
Indicação da Cirurgia (Decisão do Heart Team): Com os resultados dos exames, especialmente do cateterismo, o caso do paciente será discutido pela equipe médica (Heart Team), que inclui cardiologista clínico, cirurgião cardíaco e hemodinamicista. Eles decidirão qual a melhor estratégia de tratamento: continuar com medicamentos, realizar angioplastia com stent ou indicar a cirurgia de revascularização do miocárdio.
Inclusão no Sistema de Regulação (SISREG): Uma vez indicada a cirurgia, o médico especialista (geralmente o cardiologista ou o cirurgião do centro onde foi feita a avaliação) inserirá o pedido no Sistema Nacional de Regulação (SISREG) ou no sistema de regulação estadual/municipal correspondente. Esse sistema gerencia as vagas para procedimentos de alta complexidade. O paciente receberá um número de protocolo para acompanhar o andamento da solicitação.
Lista de Espera e Priorização: O paciente entrará em uma lista de espera para a cirurgia cardíaca. A posição na lista e o tempo de espera dependem de vários fatores: a capacidade dos hospitais credenciados na região, o número de pacientes aguardando e, crucialmente, a gravidade e urgência clínica do caso. Pacientes com maior risco (angina instável, lesões mais graves) são priorizados. O tempo de espera pode variar de semanas a meses, dependendo da localidade e da urgência.
Autorização e Encaminhamento para Hospital Habilitado: Quando surgir a vaga, o sistema de regulação emitirá uma Autorização de Internação Hospitalar (AIH) e encaminhará o paciente para um hospital habilitado pelo SUS em Alta Complexidade Cardiovascular, que tenha capacidade para realizar a cirurgia.
Avaliação Pré-Operatória no Hospital: No hospital designado, o paciente passará por uma nova avaliação pela equipe de cirurgia cardíaca e anestesia, realizando exames pré-operatórios (exames de sangue, avaliação da função pulmonar, etc.) para garantir que está em condições para a cirurgia.
Realização da Cirurgia: A cirurgia é realizada pela equipe do hospital credenciado, com todos os custos cobertos pelo SUS (honorários médicos, materiais, medicamentos, internação).
Cuidados Pós-Operatórios: Após a cirurgia, o paciente permanece na UTI cardiológica por alguns dias e depois é transferido para o quarto (enfermaria ou apartamento, conforme a estrutura do hospital conveniado). Toda a internação e os cuidados necessários são cobertos pelo SUS.
Alta Hospitalar e Orientações: Na alta, o paciente recebe orientações sobre cuidados com a ferida cirúrgica, medicações a serem tomadas, restrições de atividades e a importância do acompanhamento ambulatorial.
Acompanhamento Pós-Alta: O paciente deverá retornar para consultas de acompanhamento com o cardiologista e, eventualmente, com o cirurgião, geralmente no ambulatório do próprio hospital onde operou ou sendo contrarreferenciado para o ambulatório de especialidades de origem.
Reabilitação Cardíaca: O SUS também oferece programas de reabilitação cardíaca, que incluem exercícios físicos supervisionados e orientações multidisciplinares. O paciente pode ser encaminhado para esses programas após a recuperação inicial da cirurgia, visando melhorar a capacidade funcional e prevenir novos eventos. A disponibilidade desses programas varia conforme a região.
É importante ter paciência durante o processo, especialmente na fase de espera pela regulação, e manter o acompanhamento regular com o cardiologista enquanto aguarda a cirurgia, seguindo rigorosamente o tratamento medicamentoso prescrito.
Perguntas Frequentes sobre a Cirurgia de Revascularização pelo SUS
1. A cirurgia de ponte de safena/mamária é totalmente gratuita pelo SUS?
Sim. Quando realizada através do SUS, a cirurgia de revascularização do miocárdio é totalmente gratuita para o paciente. Isso inclui a internação hospitalar (UTI e quarto), os honorários da equipe médica (cirurgião, anestesista, etc.), todos os materiais utilizados durante a cirurgia (fios, tubos, etc.), os medicamentos administrados durante a internação e os exames realizados no hospital.
2. Quanto tempo demora para conseguir a cirurgia pelo SUS?
O tempo de espera na fila da regulação é variável. Depende da urgência clínica do caso (pacientes mais graves são priorizados), da demanda na região e da capacidade dos hospitais habilitados. Pode variar de algumas semanas (para casos urgentes) a vários meses (para casos eletivos estáveis). É fundamental manter o acompanhamento médico enquanto aguarda.
3. O SUS cobre as técnicas mais modernas, como cirurgia minimamente invasiva ou robótica?
A técnica padrão e mais amplamente disponível pelo SUS é a cirurgia convencional com esternotomia (abertura do osso do peito), com ou sem circulação extracorpórea. Técnicas minimamente invasivas (incisões menores) ou robóticas são mais recentes, mais caras e exigem treinamento e equipamentos específicos. Embora alguns hospitais universitários ou centros de excelência que atendem pelo SUS possam oferecer essas técnicas em protocolos de pesquisa ou situações selecionadas, elas não são a regra e não estão amplamente disponíveis na rede SUS para este tipo de cirurgia.
4. Os medicamentos após a alta são fornecidos pelo SUS?
Após a alta, o paciente precisará tomar várias medicações continuamente (antiagregantes plaquetários, estatinas, anti-hipertensivos, etc.). Muitos desses medicamentos essenciais estão disponíveis gratuitamente nas farmácias das UBS ou com grande desconto através do programa Farmácia Popular. No entanto, pode haver medicamentos específicos que não são cobertos e precisam ser comprados pelo paciente. Converse com seu médico sobre as opções disponíveis no SUS.
5. O SUS oferece reabilitação cardíaca após a cirurgia?
Sim, o SUS prevê a reabilitação cardíaca como parte do cuidado integral. O paciente pode ser encaminhado pelo cardiologista para serviços de fisioterapia ou programas específicos de reabilitação cardíaca, que incluem exercícios supervisionados e educação em saúde. A disponibilidade e estrutura desses programas podem variar bastante entre os municípios.
Conclusão: Um Procedimento Vital Acessível pelo SUS
A cirurgia de revascularização do miocárdio (ponte de safena/mamária) é um procedimento complexo, mas que representa uma esperança e uma melhora significativa na qualidade e expectativa de vida para muitos pacientes com doença arterial coronariana grave. O Sistema Único de Saúde garante o acesso gratuito a essa cirurgia de alta complexidade, desde o diagnóstico até a recuperação pós-operatória.
Embora o caminho para acessar a cirurgia possa envolver etapas de encaminhamento, exames e, por vezes, um período de espera na fila de regulação, é fundamental que os pacientes e seus familiares compreendam o processo e mantenham o acompanhamento médico regular. A cirurgia, quando bem indicada e realizada em centros habilitados, oferece excelentes resultados.
Após a cirurgia, a adesão ao tratamento medicamentoso, a participação na reabilitação cardíaca (quando disponível) e a adoção de um estilo de vida saudável (alimentação equilibrada, atividade física, controle do estresse, cessação do tabagismo) são essenciais para garantir os benefícios a longo prazo e prevenir a progressão da doença. O SUS continua sendo um parceiro fundamental em todas essas fases do cuidado cardiovascular.
Referências
1. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretrizes Brasileiras sobre Angina Instável e Infarto Agudo do Miocárdio sem Supradesnível do Segmento ST. Arq Bras Cardiol. 2021; 117(1):181-303.
2. Sociedade Brasileira de Cardiologia. Diretriz de Cirurgia de Revascularização Miocárdica. Arq Bras Cardiol. 2014; 103(2Supl.2):1-24.
3. Hospital SOS Cárdio. Revascularização do Miocárdio: quando é indicada? Disponível em: https://soscardio.com.br/revascularizacao-do-miocardio/
4. Tua Saúde. Ponte de safena: o que é, para que serve, como é feita e recuperação. Disponível em: https://www.tuasaude.com/ponte-de-safena/
5. Ministério da Saúde. Portaria de Consolidação nº 3/GM/MS, de 28 de setembro de 2017 - Anexo XLII (Rede de Atenção às Pessoas com Doenças Crônicas).
6. Governo de Santa Catarina. Hospital Regional de Oeste realiza primeira cirurgia cardíaca pelo SUS após habilitação pelo Estado. 2025. Disponível em: https://estado.sc.gov.br/noticias/hospital-regional-de-oeste-realiza-primeira-cirurgia-cardiaca-pelo-sus-apos-habilitacao-pelo-estado/
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