Parkinson no SUS: Guia Completo para Tratamento Multidisciplinar Gratuito!

Saiba como o SUS trata Parkinson com medicamentos, fisioterapia, fonoaudiologia e até cirurgia avançada. Passo a passo para acessar o tratamento completo. Viva o SUS.

5/19/20258 min read

Parkinson: Tratamento Multidisciplinar Completo pelo SUS - Guia Prático

Você ou alguém próximo recebeu o diagnóstico de Parkinson e está preocupado com o acesso ao tratamento? Saiba que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece assistência completa e gratuita para pessoas com esta condição.

Neste guia do Viva o SUS, vamos explicar de forma clara e direta como funciona o diagnóstico e tratamento multidisciplinar da doença de Parkinson pelo SUS, quais medicamentos estão disponíveis gratuitamente e como acessá-los. Nosso objetivo é que você entenda seus direitos e saiba exatamente como buscar o cuidado que precisa.

O que é a Doença de Parkinson e Como Ela Afeta a Vida

A doença de Parkinson é a segunda patologia neurodegenerativa mais comum, ficando atrás apenas da doença de Alzheimer. Ela afeta cerca de 1% a 2% da população acima de 60 anos e até 4% dos idosos com mais de 80 anos.

Trata-se de uma condição progressiva que ocorre quando há perda de células cerebrais que produzem dopamina, um neurotransmissor essencial para o controle dos movimentos. Sem dopamina suficiente, os movimentos se tornam mais lentos e difíceis de iniciar.

Principais Sintomas da Doença de Parkinson:

  • Tremor de repouso: Tremor que ocorre principalmente quando os membros estão em repouso

  • Rigidez muscular: Enrijecimento dos músculos, dificultando os movimentos

  • Bradicinesia: Lentidão nos movimentos

  • Instabilidade postural: Dificuldade para manter o equilíbrio

  • Alteração da marcha: Passos curtos e arrastados, com redução do balanço dos braços

Além desses sintomas motores, a doença também pode causar sintomas não motores, como:

  • Alterações do sono

  • Depressão e ansiedade

  • Constipação intestinal

  • Alterações urinárias

  • Perda do olfato

  • Fadiga

  • Dor crônica

Apesar dos desafios, com o tratamento adequado, muitas pessoas com Parkinson conseguem manter uma boa qualidade de vida por muitos anos.

Diagnóstico da Doença de Parkinson pelo SUS: O Caminho para o Tratamento

O diagnóstico correto é o primeiro passo para o tratamento eficaz do Parkinson. No SUS, esse processo segue um fluxo organizado:

1. Consulta na Atenção Primária (UBS/Posto de Saúde):

O primeiro passo é procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua residência. Leve seu cartão do SUS, documento de identidade e comprovante de residência. O médico da UBS fará uma avaliação inicial, com base nos seus sintomas e histórico de saúde.

Se houver suspeita de Parkinson, você receberá um encaminhamento para um neurologista da rede SUS.

2. Consulta com Neurologista:

Com o encaminhamento em mãos, você será direcionado para um Centro de Especialidades ou Ambulatório Hospitalar. O neurologista fará uma avaliação detalhada, que inclui:

  • Histórico médico completo

  • Exame neurológico específico

  • Avaliação dos sintomas motores e não motores

  • Testes de resposta a medicamentos, quando necessário

É importante saber que o diagnóstico da doença de Parkinson é principalmente clínico, baseado nos sintomas e no exame físico. Não existe um exame específico que confirme a doença, mas alguns exames podem ser solicitados para descartar outras condições.

3. Exames Complementares:

O SUS pode oferecer exames para auxiliar no diagnóstico diferencial:

  • Ressonância magnética (RM) do crânio: Para descartar outras doenças neurológicas

  • Tomografia computadorizada (TC): Em casos específicos

  • Ultrassom transcraniano: Em alguns centros especializados

  • Teste do olfato: Em centros de referência

Dica importante: Anote todos os sintomas que você percebe, quando começaram e como evoluíram. Essas informações são muito valiosas para o médico fazer o diagnóstico correto e planejar o tratamento mais adequado.

Tratamento Multidisciplinar da Doença de Parkinson pelo SUS

O SUS oferece um tratamento multidisciplinar para a doença de Parkinson, seguindo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) estabelecido pelo Ministério da Saúde. O objetivo é controlar os sintomas, melhorar a qualidade de vida e preservar a independência do paciente pelo maior tempo possível.

1. Tratamento Medicamentoso:

Os medicamentos são a base do tratamento do Parkinson e visam repor ou compensar a falta de dopamina no cérebro. O SUS disponibiliza gratuitamente diversos medicamentos:

  • Levodopa + Carbidopa/Benserazida: Principal medicamento para o tratamento, disponível em diferentes apresentações

  • Pramipexol: Agonista dopaminérgico que pode ser usado sozinho ou em combinação com levodopa

  • Amantadina: Auxilia no controle dos sintomas e das discinesias (movimentos involuntários)

  • Biperideno: Ajuda a controlar o tremor e a rigidez

  • Entacapona: Prolonga o efeito da levodopa

  • Selegilina: Inibidor da MAO-B que pode retardar a progressão dos sintomas

  • Tolcapona: Inibidor da COMT que prolonga o efeito da levodopa

  • Rasagilina: Inibidor da MAO-B de nova geração

2. Fisioterapia:

A fisioterapia é fundamental para manter a mobilidade, melhorar o equilíbrio e prevenir quedas. O SUS oferece este serviço através de:

  • Centros de Reabilitação

  • Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF)

  • Ambulatórios de especialidades

  • Hospitais universitários

As sessões de fisioterapia podem incluir exercícios de fortalecimento muscular, treino de marcha, exercícios de equilíbrio e alongamentos.

3. Fonoaudiologia:

Muitos pacientes com Parkinson desenvolvem problemas de fala (voz baixa, fala arrastada) e dificuldades para engolir. A fonoaudiologia ajuda a:

  • Melhorar a articulação das palavras

  • Aumentar o volume da voz

  • Treinar a deglutição segura

  • Prevenir complicações respiratórias

4. Terapia Ocupacional:

Ajuda o paciente a manter sua independência nas atividades diárias, como:

  • Vestir-se

  • Alimentar-se

  • Tomar banho

  • Escrever

  • Adaptar o ambiente doméstico para maior segurança

5. Suporte Psicológico:

O acompanhamento psicológico é importante para lidar com:

  • Depressão e ansiedade, comuns na doença

  • Adaptação às mudanças impostas pela doença

  • Estratégias de enfrentamento

  • Apoio aos familiares e cuidadores

6. Tratamentos Cirúrgicos Avançados:

Em casos selecionados, quando os medicamentos não controlam adequadamente os sintomas, o SUS também oferece opções cirúrgicas:

  • Estimulação Cerebral Profunda (DBS): Implante de eletrodos no cérebro que emitem estímulos elétricos para controlar os sintomas

  • Palidotomia: Procedimento que cria uma lesão controlada em uma área específica do cérebro para reduzir os sintomas

Esses procedimentos são realizados em centros especializados e hospitais universitários vinculados ao SUS.

Atenção: Nem todos os pacientes têm indicação para cirurgia. A equipe médica avaliará cada caso individualmente, considerando fatores como idade, estágio da doença, resposta aos medicamentos e condições gerais de saúde.

Como Acessar os Medicamentos para Parkinson pelo SUS: Passo a Passo

O acesso aos medicamentos varia conforme o componente da Assistência Farmacêutica:

1. Para medicamentos do Componente Básico (disponíveis nas UBS):

  1. Consulta médica: Obtenha a receita com um médico do SUS (pode ser clínico geral ou neurologista)

  2. Documentos necessários: Receita médica em duas vias, documento de identidade e cartão SUS

  3. Local de retirada: Farmácia da UBS ou Farmácia Municipal de referência

  4. Periodicidade: A receita geralmente tem validade de 30 dias para medicamentos controlados, mas em alguns locais pode ser estendida para até 3 meses

2. Para medicamentos do Componente Especializado (Farmácia de Alto Custo):

  1. Consulta com neurologista: O especialista deve preencher o Laudo de Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamento (LME) e a receita médica

  2. Documentos necessários:

    • Cópia do Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS)

    • Cópia do RG e CPF

    • Comprovante de residência

    • Laudo médico (LME) preenchido pelo neurologista

    • Receita médica atualizada

    • Exames que comprovem o diagnóstico (conforme exigido pelo PCDT)

    • Termo de Esclarecimento e Responsabilidade (TER) assinado pelo paciente ou responsável

  3. Local de solicitação: Farmácia de Medicamentos Especializados do seu estado ou município. O endereço pode ser obtido na Secretaria de Saúde local ou na UBS

  4. Avaliação e autorização: A solicitação será avaliada por profissionais da saúde para verificar se atende aos critérios estabelecidos no PCDT. Se aprovada, você receberá uma autorização para retirar o medicamento

  5. Retirada mensal: Os medicamentos são dispensados mensalmente. É necessário apresentar a receita atualizada a cada três meses e renovar o processo a cada seis meses

Medicamentos para Parkinson disponíveis no Componente Especializado:

  • Pramipexol 0,125mg, 0,25mg e 1mg

  • Entacapona 200mg

  • Tolcapona 100mg

  • Rasagilina 1mg

Centros de Referência para Tratamento de Parkinson no SUS

O SUS conta com centros especializados em diversas regiões do país, que oferecem atendimento multidisciplinar para pacientes com Parkinson. Alguns exemplos são:

  • Hospital Universitário Professor Edgard Santos (Hupes-UFBA/Ebserh) - Bahia

  • Hospital Universitário da Universidade Federal do Maranhão (HU-UFMA/Ebserh) - Maranhão

  • Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF/Ebserh) - Rio de Janeiro

  • Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da USP - São Paulo

  • Hospital de Clínicas de Porto Alegre - Rio Grande do Sul

Nesses centros, são oferecidos serviços como:

  • Consultas com neurologistas especializados em distúrbios do movimento

  • Avaliação para cirurgia de estimulação cerebral profunda

  • Aplicação de toxina botulínica para controle de sintomas específicos

  • Ajuste de medicação

  • Acompanhamento multidisciplinar

O encaminhamento para esses centros é feito pelo neurologista da rede básica, quando necessário.

Direitos da Pessoa com Doença de Parkinson

Além do acesso ao tratamento pelo SUS, pessoas com Parkinson têm outros direitos importantes:

  • Tratamento integral e gratuito pelo SUS, incluindo medicamentos, consultas, exames e reabilitação

  • Auxílio-doença em casos de afastamento temporário do trabalho

  • Aposentadoria por invalidez em casos graves com incapacidade permanente para o trabalho

  • Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas de baixa renda com Parkinson em estágio avançado

  • Isenção de IPI na compra de veículos adaptados

  • Isenção de IPVA em alguns estados

  • Passe livre no transporte público em alguns municípios

  • Isenção de Imposto de Renda para aposentados com a doença

  • Saque do FGTS para tratamento

  • Quitação de financiamento da casa própria em casos específicos

Para acessar esses benefícios, é necessário laudo médico detalhado e, em alguns casos, passar por perícia médica.

Dicas Práticas para Viver Melhor com Parkinson

Além do tratamento médico, algumas medidas podem ajudar no dia a dia:

  • Mantenha uma rotina de exercícios físicos regulares, como caminhada, natação, dança ou tai chi chuan

  • Faça exercícios de alongamento diariamente para combater a rigidez

  • Mantenha uma alimentação saudável e balanceada, rica em fibras para combater a constipação

  • Tome os medicamentos nos horários corretos, conforme a prescrição médica

  • Adapte o ambiente doméstico para prevenir quedas (retire tapetes soltos, instale barras de apoio)

  • Use talheres e copos adaptados se tiver dificuldade para se alimentar

  • Pratique exercícios vocais diariamente para manter a voz forte

  • Participe de grupos de apoio para troca de experiências

  • Mantenha atividades sociais e de lazer que lhe dão prazer

  • Envolva familiares e cuidadores no processo de tratamento

Avanços no Tratamento do Parkinson pelo SUS

O SUS tem investido em tecnologias avançadas para o tratamento da doença de Parkinson. Um exemplo é a cirurgia de Estimulação Cerebral Profunda (DBS), que já está disponível em alguns hospitais universitários da rede.

No Hospital Universitário Professor Edgard Santos, da Universidade Federal da Bahia, por exemplo, já são realizados implantes de eletrodos de estimulação cerebral profunda, trazendo melhora significativa na qualidade de vida dos pacientes.

Além disso, o SUS tem ampliado o acesso a medicamentos mais modernos, como a rasagilina, incorporada recentemente ao tratamento.

Essas inovações representam esperança para pacientes que não respondem bem ao tratamento convencional ou que desenvolvem complicações ao longo do tempo.

Conclusão: O SUS é Seu Aliado no Tratamento do Parkinson

A doença de Parkinson é uma condição crônica que exige cuidado contínuo, mas com o tratamento adequado, é possível manter a qualidade de vida por muitos anos. O SUS oferece diagnóstico, medicamentos e acompanhamento multidisciplinar de forma gratuita.

Lembre-se de seguir corretamente o tratamento prescrito, comparecer às consultas regularmente e buscar apoio quando necessário. O tratamento multidisciplinar, combinando medicamentos, fisioterapia, fonoaudiologia e outros recursos, é a melhor estratégia para enfrentar a doença.

Você não está sozinho nessa jornada. O SUS está à disposição para garantir seu direito à saúde e bem-estar.

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Referências:

Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Doença de Parkinson. 2017.

Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Avanços no tratamento da doença de Parkinson: tecnologia e esperança para pacientes no SUS. 2025.

Ministério da Saúde. Pacientes com Parkinson contarão com novos medicamentos no SUS. 2017.