Osteoporose: Prevenção e Tratamento pelo SUS
O SUS adota uma abordagem multifacetada para a osteoporose, focando tanto na prevenção quanto no tratamento das pessoas diagnosticadas ou com alto risco de fratura. As estratégias incluem medidas não medicamentosas e medicamentosas.
5/7/20258 min read


Prevenção e Tratamento da Osteoporose pelo SUS
O SUS adota uma abordagem multifacetada para a osteoporose, focando tanto na prevenção quanto no tratamento das pessoas diagnosticadas ou com alto risco de fratura. As estratégias incluem medidas não medicamentosas e medicamentosas.
1. Medidas Não Medicamentosas (Prevenção e Tratamento)
Estas medidas são fundamentais para todas as pessoas, especialmente aquelas com risco aumentado ou diagnóstico de osteoporose, e são amplamente promovidas pelo SUS na Atenção Primária:
Ingestão Adequada de Cálcio: O cálcio é o principal mineral dos ossos. A recomendação geral é de 1.000 a 1.200 mg de cálcio por dia, preferencialmente através da dieta. Fontes ricas em cálcio incluem leite e derivados (iogurte, queijos), vegetais verde-escuros (couve, brócolis, espinafre), sardinha, gergelim e alimentos fortificados. O SUS pode fornecer suplementos de cálcio (geralmente carbonato de cálcio) quando a ingestão dietética é insuficiente.
Níveis Adequados de Vitamina D: A vitamina D é crucial para a absorção do cálcio. A principal fonte é a exposição solar (15-20 minutos diários, com braços e pernas expostos, fora dos horários de pico de radiação UV). Fontes alimentares são limitadas (peixes gordurosos, gema de ovo, alimentos fortificados). O SUS pode solicitar a dosagem de vitamina D e prescrever suplementos (colecalciferol) se houver deficiência, especialmente em idosos e pessoas com baixa exposição solar.
Prática Regular de Exercícios Físicos: Exercícios que envolvem sustentação de peso (caminhada, corrida leve), exercícios de fortalecimento muscular (musculação, pilates) e exercícios de equilíbrio (tai chi chuan, yoga) ajudam a aumentar a densidade óssea, fortalecer os músculos e reduzir o risco de quedas. O SUS incentiva a prática de atividades físicas através de programas nas UBS e Academias da Saúde.
Prevenção de Quedas: Quedas são a principal causa de fraturas em idosos. Medidas importantes incluem: adaptar o ambiente doméstico (retirar tapetes, melhorar iluminação, instalar barras de apoio), usar calçados adequados, corrigir problemas de visão e audição, e revisar medicamentos que possam causar tontura ou sonolência. A equipe da UBS pode fornecer orientações sobre prevenção de quedas.
Cessação do Tabagismo: Parar de fumar melhora a saúde óssea. O SUS oferece programas gratuitos para ajudar a parar de fumar.
Moderação no Consumo de Álcool: Limitar o consumo de bebidas alcoólicas.
2. Tratamento Medicamentoso
O tratamento medicamentoso é indicado para pessoas com diagnóstico de osteoporose (T-score ≤ -2,5 DP) ou com alto risco de fratura (histórico de fratura por fragilidade, osteopenia com alto risco no FRAX®). O objetivo é reduzir o risco de novas fraturas. Os medicamentos disponíveis gratuitamente no SUS, conforme o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) de Osteoporose, incluem:
Suplementos de Cálcio e Vitamina D: São a base do tratamento e geralmente prescritos em conjunto com outros medicamentos anti-osteoporose.
Bifosfonatos: São a primeira linha de tratamento para a maioria dos pacientes. Eles agem inibindo a reabsorção óssea pelos osteoclastos.
Alendronato de Sódio (70 mg): Comprimido tomado uma vez por semana, em jejum, com água, devendo o paciente permanecer em pé ou sentado por pelo menos 30 minutos após a ingestão. É o bifosfonato oral mais comumente disponibilizado pelo SUS.
Risedronato Sódico (35 mg): Outro bifosfonato oral semanal, com recomendações de uso semelhantes ao alendronato. Sua disponibilidade no SUS pode ser mais restrita.
Ácido Zoledrônico (5 mg): Administrado por infusão intravenosa uma vez por ano. Geralmente reservado para pacientes com intolerância ou contraindicação aos bifosfonatos orais, ou com problemas de adesão ao tratamento. Disponível no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) para casos específicos.
Denosumabe (60 mg): Um anticorpo monoclonal que inibe a formação e atividade dos osteoclastos. Administrado por injeção subcutânea a cada 6 meses. Foi incorporado ao SUS mais recentemente (2023) para o tratamento de mulheres na pós-menopausa com osteoporose e alto risco de fratura que tiveram falha terapêutica ou intolerância aos bifosfonatos. Disponível no CEAF.
Raloxifeno (60 mg): Um modulador seletivo do receptor de estrogênio (SERM). É uma opção para mulheres na pós-menopausa, principalmente para prevenção de fraturas vertebrais. Pode ter benefícios adicionais na redução do risco de câncer de mama invasivo. Disponível no CEAF.
Teriparatida (20 mcg): Um análogo do paratormônio (PTH) que estimula a formação óssea. É um tratamento osteoformador, diferente dos anteriores que são anti-reabsortivos. Indicado para pacientes com osteoporose grave e alto risco de fratura, especialmente aqueles com fraturas vertebrais múltiplas ou que não responderam a outros tratamentos. Administrado por injeção subcutânea diária por um período limitado (geralmente até 24 meses). Disponível no CEAF.
A escolha do medicamento depende do perfil do paciente, da gravidade da osteoporose, do risco de fratura, das comorbidades e das preferências individuais. O tratamento é geralmente de longo prazo, e a adesão é fundamental para sua eficácia.
Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF): Medicamentos como Ácido Zoledrônico, Denosumabe, Raloxifeno e Teriparatida não são retirados diretamente na farmácia da UBS. Eles fazem parte do CEAF (antigo "alto custo") e exigem um processo de solicitação específico, com preenchimento de formulários, laudos médicos e exames, que é iniciado pelo médico e avaliado pela Secretaria Estadual de Saúde.
Como Acessar a Prevenção e Tratamento da Osteoporose pelo SUS: Passo a Passo
O acesso aos cuidados para osteoporose no SUS começa na Atenção Primária:
Procure a UBS: Vá até a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Estratégia Saúde da Família (ESF) do seu bairro.
Consulta de Avaliação: Agende uma consulta com o médico ou enfermeiro. Informe sobre seus fatores de risco (idade, menopausa, histórico familiar, fraturas prévias, uso de medicamentos, etc.).
Avaliação de Risco e Indicação de DMO: O profissional avaliará seu risco de osteoporose e fratura. Se você se enquadrar nos critérios, ele solicitará a Densitometria Óssea.
Realização da Densitometria Óssea: Com a solicitação, você será encaminhada para realizar o exame em um serviço credenciado pelo SUS. O agendamento é feito pela central de regulação do município.
Retorno com Resultado e Diagnóstico: Leve o resultado da DMO de volta à UBS. O profissional interpretará o exame e fará o diagnóstico (normal, osteopenia ou osteoporose).
Orientações de Prevenção: Independentemente do resultado, você receberá orientações sobre medidas não medicamentosas (dieta rica em cálcio, vitamina D, exercícios, prevenção de quedas, etc.).
Definição do Tratamento Medicamentoso (se indicado): Se você tiver diagnóstico de osteoporose ou alto risco de fratura, o médico discutirá as opções de tratamento medicamentoso disponíveis no SUS (geralmente iniciando com Alendronato, Cálcio e Vitamina D).
Prescrição e Retirada dos Medicamentos: O médico fornecerá a receita. Medicamentos básicos (Cálcio, Vitamina D, Alendronato) geralmente podem ser retirados na farmácia da UBS ou municipal.
Solicitação de Medicamentos do CEAF (se necessário): Se for indicado um medicamento do Componente Especializado (Ácido Zoledrônico, Denosumabe, Raloxifeno, Teriparatida), o médico preencherá os formulários e laudos necessários para a solicitação junto à Secretaria de Saúde. Você precisará entregar essa documentação no local indicado pelo município/estado e aguardar a aprovação.
Acompanhamento Regular: O acompanhamento médico regular (geralmente a cada 6-12 meses) é essencial para monitorar a resposta ao tratamento, verificar a adesão, avaliar possíveis efeitos colaterais e repetir a DMO periodicamente (a cada 1-2 anos, conforme indicação médica) para avaliar a evolução da massa óssea.
Encaminhamento para Especialista (se necessário): Casos mais complexos, osteoporose secundária, falha terapêutica ou necessidade de tratamentos mais específicos podem ser encaminhados para avaliação com reumatologista, endocrinologista ou ortopedista em serviços especializados do SUS.
Perguntas Frequentes sobre Osteoporose
1. Osteopenia precisa de tratamento medicamentoso?
Geralmente, a osteopenia (baixa massa óssea) é tratada com medidas não medicamentosas (cálcio, vitamina D, exercícios, etc.). O tratamento medicamentoso (como alendronato) pode ser considerado para pessoas com osteopenia se elas tiverem um alto risco de fratura calculado pelo FRAX® ou se já tiverem sofrido uma fratura por fragilidade.
2. Por quanto tempo preciso tomar os medicamentos para osteoporose?
O tratamento da osteoporose é geralmente de longo prazo, muitas vezes por vários anos. A duração exata depende do medicamento utilizado e da resposta individual. Para os bifosfonatos orais (como alendronato), após 3 a 5 anos de uso, o médico pode reavaliar o risco e considerar uma "pausa terapêutica" (drug holiday) em pacientes de baixo risco, mantendo o acompanhamento. Para outros medicamentos, a duração pode variar. A teriparatida, por exemplo, é usada por no máximo 24 meses.
3. Quais os efeitos colaterais dos medicamentos para osteoporose?
Os efeitos colaterais variam conforme o medicamento. Os bifosfonatos orais podem causar irritação no esôfago e estômago (por isso as recomendações de tomar em jejum e permanecer em pé). Efeitos colaterais raros, mas graves, associados ao uso prolongado de bifosfonatos e denosumabe incluem osteonecrose de mandíbula e fraturas atípicas do fêmur. A teriparatida pode causar tontura e cãibras. É importante relatar qualquer efeito colateral ao seu médico.
4. Quem teve fratura por osteoporose pode se recuperar totalmente?
A recuperação após uma fratura osteoporótica depende do local e da gravidade da fratura, da idade e da saúde geral do paciente. Fraturas de punho geralmente têm boa recuperação. Fraturas vertebrais podem causar dor crônica e deformidade. Fraturas de quadril são as mais graves, frequentemente exigindo cirurgia e reabilitação intensiva, e podem levar à perda de independência e aumento da mortalidade. O tratamento da osteoporose após uma fratura é crucial para prevenir novas fraturas.
5. Homens também podem ter osteoporose?
Sim. Embora seja mais comum em mulheres, homens também podem desenvolver osteoporose, especialmente após os 70 anos ou devido a causas secundárias (uso de corticoides, alcoolismo, hipogonadismo). O SUS indica a DMO para homens a partir dos 70 anos ou antes, se houver fatores de risco.
Conclusão: Cuide da Saúde dos Seus Ossos com o SUS
A osteoporose é uma condição séria que pode levar a fraturas debilitantes, mas que pode ser prevenida e tratada. O SUS oferece uma estrutura completa para o cuidado da saúde óssea, desde a avaliação de risco e diagnóstico com a densitometria óssea até o fornecimento gratuito de medicamentos essenciais e orientações sobre estilo de vida saudável.
Se você está em um grupo de risco (mulher na pós-menopausa, idoso, histórico familiar, etc.), converse com a equipe da sua UBS sobre a avaliação da saúde óssea. Adotar medidas preventivas, como dieta rica em cálcio, exposição solar adequada, exercícios físicos e evitar fumo e álcool, é fundamental em todas as idades.
Para aqueles com diagnóstico de osteoporose, seguir o tratamento prescrito pelo SUS é a melhor forma de fortalecer os ossos e reduzir significativamente o risco de fraturas, garantindo mais qualidade de vida e independência por mais tempo.
Referências
1. Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas: Osteoporose. Portaria Conjunta SAES/SECTICS/MS Nº 19, de 28 de setembro de 2023. Disponível em: https://www.gov.br/conitec/pt-br/midias/protocolos/resumidos/PCDTResumidoOsteoporose.pdf
2. Biblioteca Virtual em Saúde (BVS MS). 20/10 – Dia Mundial e Nacional da Osteoporose. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/20-10-dia-mundial-e-nacional-da-osteoporose-2/
3. Sociedade Brasileira de Reumatologia. Osteoporose. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/osteoporose/
4. Secretaria de Saúde do Distrito Federal. Dia Mundial da Osteoporose: entenda a importância da prevenção. 2024. Disponível em: https://www.saude.df.gov.br/web/guest/w/dia-mundial-da-osteoporose-entenda-a-import%C3%A2ncia-da-preven%C3%A7%C3%A3o
5. PR Newswire. SUS INCORPORA TRATAMENTO PARA MULHERES COM OSTEOPOROSE NA PÓS-MENOPAUSA. 2023. Disponível em: https://www.prnewswire.com/news-releases/sus-incorpora-tratamento-para-mulheres-com-osteoporose-na-pos-menopausa-1--804632647.html
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