Micoses Superficiais: Tipos, Fluxo de Atendimento, Acesso a Antifúngicos e Cuidados Preventivos Garantidos pelo SUS

Saiba como identificar e tratar as micoses mais comuns (Tinea pedis, Tinea corporis, Onicomicose) e como o SUS oferece o diagnóstico e os medicamentos necessários para a cura.

12/6/20254 min read

Micoses Superficiais: Diagnóstico, Tratamento com Antifúngicos e Prevenção pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

As micoses superficiais, popularmente conhecidas como "frieira" ou "pano branco", são infecções fúngicas comuns que afetam a pele, unhas e cabelos. Embora geralmente não sejam graves, causam grande desconforto e podem ser persistentes se não tratadas corretamente. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o diagnóstico, o tratamento com uma ampla gama de medicamentos antifúngicos e as orientações de prevenção necessárias para o manejo dessas condições.

Este guia detalhado explora os principais tipos de micoses superficiais, o fluxo de atendimento, o acesso aos medicamentos e as medidas preventivas garantidas pelo SUS.

1. Tipos Comuns de Micoses Superficiais e Seus Sintomas

As micoses superficiais são causadas por fungos que se alimentam de queratina, a proteína presente na pele, unhas e cabelos. A umidade e o calor são fatores que favorecem a proliferação desses microrganismos.

Tinea Pedis (Pé de Atleta ou Frieira):

É a micose mais comum, afetando a pele dos pés, principalmente entre os dedos.

  • Sintomas: Coceira intensa, descamação, vermelhidão e, em casos mais avançados, fissuras e maceração (pele esbranquiçada e úmida) entre os dedos.

  • Transmissão: Ocorre em ambientes úmidos e quentes, como vestiários, piscinas e saunas, sendo o uso de calçados fechados um fator de risco.

Tinea Corporis (Impingem):

Afeta a pele do corpo, sendo mais comum no tronco, braços e pernas.

  • Sintomas: Lesões circulares ou ovais, avermelhadas, com bordas elevadas e descamação central. A coceira é frequente.

  • Transmissão: Contato direto com pessoas ou animais infectados, ou através de objetos contaminados.

Pitiríase Versicolor (Pano Branco):

É causada por um fungo leveduriforme (Malassezia furfur) e afeta principalmente o tronco e pescoço.

  • Sintomas: Manchas de cor variável (brancas, rosadas ou acastanhadas), com descamação fina. As manchas brancas são mais evidentes após a exposição solar, pois o fungo impede a pigmentação normal da pele.

Onicomicose (Micose de Unha):

É uma infecção fúngica que atinge as unhas dos pés e das mãos, sendo mais difícil de tratar devido à sua localização.

  • Sintomas: Espessamento, descoloração (amarelada, esbranquiçada ou escura), deformação e descolamento da unha.

2. Diagnóstico e Fluxo de Atendimento pelo SUS

O diagnóstico das micoses superficiais é, na maioria das vezes, clínico, realizado pelo médico ou enfermeiro da Atenção Primária (UBS/USF).

Diagnóstico na UBS:

  • Avaliação Clínica: O profissional de saúde avalia as lesões e o histórico do paciente.

  • Exame Micológico Direto: Em casos de dúvida ou lesões persistentes, o paciente é encaminhado para a coleta de material (raspado da lesão) para o exame micológico, que identifica o fungo causador. Este exame é fundamental para o tratamento correto e é oferecido gratuitamente pelo SUS.

Encaminhamento para Especialidade:

Casos de onicomicose, micoses extensas, ou que não respondem ao tratamento inicial, são encaminhados para o dermatologista na Atenção Especializada.

3. Tratamento com Antifúngicos pelo SUS

O tratamento das micoses superficiais é feito com medicamentos antifúngicos, que podem ser tópicos (cremes, pomadas, loções) ou orais (comprimidos). A escolha depende do tipo, da extensão e da gravidade da micose.

Antifúngicos Tópicos (Farmácia Básica):

Para a maioria das micoses superficiais (Tinea pedis, corporis e Pitiríase versicolor), o tratamento inicial é tópico. O SUS disponibiliza na Farmácia Básica uma variedade de antifúngicos, como:

  • Miconazol (creme)

  • Cetoconazol (creme ou shampoo)

  • Nistatina (creme, para casos de candidíase cutânea)

Antifúngicos Orais (Atenção Especializada):

Para micoses mais resistentes, extensas ou para o tratamento de onicomicose, é necessário o uso de antifúngicos orais, que são medicamentos de uso controlado e podem exigir acompanhamento médico mais rigoroso.

  • Itraconazol

  • Terbinafina

  • Griseofulvina

O acesso a esses medicamentos é feito via Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) ou através de programas específicos, mediante prescrição do dermatologista e o preenchimento de critérios estabelecidos em Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT).

4. Prevenção e Cuidados Essenciais

A prevenção é a chave para evitar a recorrência das micoses, e o SUS promove a educação em saúde para que a população adote medidas simples de higiene.

  • Higiene e Secagem: Manter a pele limpa e, principalmente, seca. Secar bem os espaços entre os dedos dos pés após o banho é a medida mais eficaz contra a frieira.

  • Calçados: Evitar o uso de calçados fechados por longos períodos e optar por meias de algodão, que absorvem melhor a umidade.

  • Ambientes Comuns: Usar chinelos em áreas úmidas de uso comum, como vestiários, banheiros e piscinas.

  • Roupas: Evitar roupas muito justas e úmidas, e não compartilhar toalhas, roupas ou objetos de uso pessoal.

O tratamento das micoses exige paciência e disciplina, pois a eliminação completa do fungo pode levar semanas ou meses, especialmente no caso da onicomicose. O SUS garante o suporte necessário em todas as etapas, desde a prevenção na UBS até o tratamento especializado.

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Referências