Eczema (Dermatite Atópica): Guia Completo de Tipos, Fluxo de Diagnóstico e Acesso aos Novos Medicamentos (Tacrolimo, Mometasona, Metotrexato) pelo SUS
Saiba como o SUS trata o Eczema, especialmente a Dermatite Atópica, a importância da hidratação, o uso de corticoides e o acesso aos novos medicamentos incorporados (Tacrolimo, Furoato de Mometasona e Metotrexato) para casos moderados a graves.
12/5/20255 min read


Eczema: Tratamento Integral, Medicamentos e Cuidados Disponíveis pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
O termo Eczema é um guarda-chuva que engloba diversas condições dermatológicas caracterizadas por inflamação da pele, manifestada por vermelhidão, coceira intensa (prurido), ressecamento e, em casos mais agudos, formação de vesículas e crostas. Embora existam vários tipos de eczema – como a Dermatite de Contato (alérgica e irritativa), a Dermatite Seborreica e o Eczema Disidrótico – o foco principal e a maior preocupação em saúde pública recaem sobre a Dermatite Atópica (DA), uma doença crônica, inflamatória e não contagiosa, com forte componente genético, que afeta milhões de brasileiros, especialmente crianças.
O Sistema Único de Saúde (SUS) tem evoluído significativamente no tratamento do eczema, especialmente da Dermatite Atópica moderada a grave, garantindo o acesso a um protocolo de cuidados que vai desde a atenção primária até a incorporação de medicamentos de alta complexidade.
A Dermatite Atópica (DA): O Eczema Crônico Mais Prevalente
A Dermatite Atópica é a forma mais comum de eczema crônico. Ela faz parte da chamada "marcha atópica", que inclui também asma e rinite alérgica. A DA é causada por uma combinação de fatores genéticos, disfunção da barreira cutânea e desregulação do sistema imunológico.
Manifestações Clínicas da Dermatite Atópica:
Coceira Intensa (Prurido): É o sintoma cardinal, que leva ao ciclo vicioso de coçar-coçar-inflamar.
Pele Seca (Xerose): Devido à disfunção da barreira cutânea, a pele perde água facilmente.
Lesões Típicas:
Bebês: Lesões avermelhadas e úmidas, principalmente na face e nas superfícies extensoras dos membros.
Crianças e Adultos: Lesões secas, espessas (liquenificação), localizadas nas dobras dos braços e pernas (fossa cubital e poplítea).
O Fluxo de Atendimento e Diagnóstico pelo SUS
O diagnóstico do eczema, em suas diversas formas, é essencialmente clínico e começa na porta de entrada do SUS.
1. Atenção Primária (UBS/USF)
O médico da família ou pediatra da Unidade Básica de Saúde (UBS) é o responsável pelo diagnóstico inicial e pelo manejo dos casos leves. O foco é na educação do paciente e no início dos cuidados básicos:
Diagnóstico Diferencial: É crucial diferenciar a DA de outras formas de eczema (como a Dermatite Seborreica, que afeta o couro cabeludo e face, ou a Dermatite de Contato).
Prescrição de Cuidados Básicos: Orientação sobre hidratação e o uso de corticoides tópicos de baixa potência.
2. Atenção Especializada (Dermatologista)
O encaminhamento para o Dermatologista é feito via sistema de regulação (SISREG) para pacientes com:
Casos Moderados a Graves: Que não respondem ao tratamento inicial.
Dúvida Diagnóstica: Necessidade de confirmação ou exclusão de outras doenças.
Necessidade de Tratamento Sistêmico: Prescrição de imunossupressores orais ou biológicos.
O Tratamento Integral e os Medicamentos do SUS
O tratamento do eczema, especialmente da Dermatite Atópica, é baseado em três pilares: hidratação, controle da inflamação e, em casos graves, modulação do sistema imunológico. O SUS garante o acesso a medicamentos em diferentes níveis de complexidade.
Pilar 1: Hidratação e Cuidados Essenciais
A hidratação é o tratamento mais importante e deve ser contínuo. O SUS fornece:
Emolientes e Hidratantes: Embora a disponibilidade possa variar entre os municípios, o SUS garante o acesso a formulações básicas de cremes e loções para restaurar a barreira cutânea.
Orientações de Banho: Banhos rápidos, mornos e o uso de sabonetes neutros ou syndets (sabonetes sem sabão) são recomendados.
Pilar 2: Controle da Inflamação (Medicamentos Tópicos)
Os medicamentos tópicos são usados para controlar as crises e a inflamação.
Corticosteroides Tópicos: A base do tratamento de crises. O SUS disponibiliza diversas potências na Farmácia Básica:
Acetato de Hidrocortisona (baixa potência): Ideal para face e áreas de dobras.
Dexametasona ou Betametasona (média/alta potência): Para lesões mais espessas no corpo.
Furoato de Mometasona: Recentemente incorporado (2025) ao SUS para casos moderados a graves, sendo um corticoide de potência média/alta com menor risco de atrofia cutânea.
Inibidores de Calcineurina Tópicos (Imunomoduladores): Usados para tratamento de manutenção e em áreas sensíveis, pois não causam atrofia da pele.
Tacrolimo (0,03% e 0,1%): Incorporado recentemente (2025) ao SUS para DA moderada a grave. É uma alternativa crucial para pacientes que não podem usar corticoides por longos períodos.
Pilar 3: Modulação Imunológica (Medicamentos Sistêmicos)
Para pacientes com DA moderada a grave que não respondem ao tratamento tópico, o SUS oferece medicamentos sistêmicos através do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF).
Imunossupressores Orais:
Ciclosporina: Disponível no SUS há mais tempo, é um imunossupressor potente usado para o controle rápido de crises graves.
Metotrexato: Incorporado recentemente (2025) ao SUS para DA moderada a grave. É uma opção de tratamento de longo prazo para pacientes que não toleram ou não respondem à Ciclosporina.
Terapia Biológica (Avanço Recente):
O Dupilumabe (um anticorpo monoclonal) é o principal medicamento biológico para DA grave. Embora a incorporação ao SUS tenha sido recomendada, o acesso ainda está em fase de implementação e regulamentação em muitos estados, sendo um marco na oferta de tratamento de alta complexidade.
Eczema e a Saúde Mental: O Cuidado Multidisciplinar
A coceira crônica e as lesões visíveis do eczema, especialmente da Dermatite Atópica, têm um impacto profundo na saúde mental e na qualidade de vida. O SUS reconhece a necessidade de um cuidado multidisciplinar:
Apoio Psicológico: O paciente com eczema crônico deve ter acesso a psicólogos e psiquiatras na rede de atenção psicossocial (CAPS ou UBS) para lidar com a ansiedade, depressão e o impacto social da doença.
Grupos de Apoio: Muitos centros de referência em Dermatologia do SUS promovem grupos de apoio e educação para pacientes e familiares.
O Futuro do Tratamento no SUS
A incorporação dos novos medicamentos (Tacrolimo, Furoato de Mometasona e Metotrexato) em 2025 representa um avanço significativo, permitindo um tratamento mais individualizado e eficaz para a Dermatite Atópica. O SUS continua trabalhando na regulamentação e distribuição desses medicamentos, bem como na ampliação do acesso aos biológicos, reforçando o compromisso com o tratamento integral das doenças crônicas de pele.
O paciente com eczema deve sempre buscar a UBS como porta de entrada, garantindo o diagnóstico correto e o acesso a todos os níveis de cuidado que o Sistema Único de Saúde oferece.
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Referências
Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Dermatite Atópica.
Ministério da Saúde. Nota Técnica sobre a Incorporação do Tacrolimo e Furoato de Mometasona no SUS.
Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Consenso Brasileiro sobre Dermatite Atópica.
Ministério da Saúde. Guia de Medicamentos Essenciais (RENAME).
Ministério da Saúde. Portaria que aprova o PCDT da Dermatite Atópica.
Conselho Federal de Medicina (CFM). Diretrizes para o Tratamento da Dermatite Atópica.
Ministério da Saúde. Atenção Primária à Saúde: Dermatologia.
Associação Brasileira de Alergia e Imunologia (ASBAI). Orientações sobre Atopia.
Ministério da Saúde. Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF).
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