Psoríase: Guia Completo de Tratamentos Gratuitos (Tópicos, Sistêmicos e Biológicos) pelo SUS

Descubra como o SUS oferece o tratamento completo e gratuito para Psoríase, incluindo medicamentos tópicos, sistêmicos e os modernos biológicos (Adalimumabe, Etanercepte). Entenda o fluxo de acesso.

11/22/20255 min read

Psoríase: Tratamentos Disponíveis no SUS

A Psoríase é uma doença inflamatória crônica da pele, não contagiosa, que afeta milhões de brasileiros. Caracterizada pelo surgimento de placas avermelhadas e descamativas, ela vai muito além de uma questão estética, impactando significativamente a qualidade de vida e a saúde mental dos pacientes.

Felizmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) reconhece a gravidade da psoríase e, por meio de seu Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT), garante o acesso a um arsenal terapêutico completo, que inclui desde medicamentos tópicos de baixo custo até os mais modernos e caros medicamentos biológicos.

Este guia detalhado visa esclarecer o que é a psoríase, como ela é classificada e, principalmente, como o paciente pode navegar pelo SUS para ter acesso a todas as etapas do tratamento, desde a Unidade Básica de Saúde (UBS) até o Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), a chamada Farmácia de Alto Custo.

O Que é Psoríase e Como Ela se Manifesta?

A psoríase é uma doença autoimune, o que significa que o sistema imunológico ataca as próprias células do corpo. No caso da psoríase, esse ataque provoca uma aceleração no ciclo de vida das células da pele, resultando em um acúmulo rápido que forma as placas.

A forma mais comum é a Psoríase Vulgar (em placas), que se manifesta como lesões avermelhadas, bem delimitadas e cobertas por escamas esbranquiçadas ou prateadas.

Principais Tipos de Psoríase

Embora a psoríase em placas seja a mais frequente, a doença pode se manifestar de outras formas:

  • Psoríase Gutata: Pequenas lesões em forma de gota, geralmente desencadeadas por infecções (como amigdalite).

  • Psoríase Inversa: Lesões em dobras da pele (axilas, virilha, sob os seios), que são lisas e brilhantes.

  • Psoríase Pustulosa: Caracterizada por bolhas de pus não infecciosas, podendo ser localizada (palmas e plantas) ou generalizada (forma grave).

  • Psoríase Eritrodérmica: Forma rara e grave, que afeta quase toda a superfície do corpo, causando vermelhidão intensa e descamação.

  • Psoríase Ungueal: Acomete as unhas, causando descolamento, espessamento e manchas.

  • Artrite Psoriásica: Uma forma de artrite inflamatória que acompanha a psoríase cutânea em cerca de 30% dos casos, afetando as articulações.

O Fluxo de Atendimento e Classificação no SUS

O primeiro passo para o tratamento da psoríase é procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS). O médico da Atenção Primária fará o diagnóstico inicial e o encaminhamento para o especialista, geralmente o Dermatologista.

O tratamento é escalonado de acordo com a gravidade da doença, que é avaliada por meio de índices como o PASI (Psoriasis Area and Severity Index) e o DLQI (Dermatology Life Quality Index).

Classificação da Gravidade (PCDT)

O PCDT da Psoríase classifica a doença em duas categorias principais para fins de tratamento:

  1. Psoríase Leve:

    • PASI igual ou inferior a 10; OU

    • Acometimento de até 10% da superfície corporal; OU

    • DLQI igual ou inferior a 10 (baixo impacto na qualidade de vida).

  2. Psoríase Moderada a Grave:

    • PASI superior a 10; OU

    • Acometimento superior a 10% da superfície corporal; OU

    • DLQI superior a 10 (alto impacto na qualidade de vida).

    • Inclui também formas específicas como psoríase ungueal extensa ou psoríase palmo-plantar resistente ao tratamento tópico.

As Três Etapas do Tratamento Gratuito pelo SUS

O tratamento da psoríase no SUS segue uma abordagem em etapas, começando pelo mais simples e avançando para o mais complexo, conforme a resposta do paciente.

1. Tratamento Tópico (Para Psoríase Leve)

Para a psoríase leve, o tratamento de primeira linha é o tópico, ou seja, aplicado diretamente nas lesões. Os medicamentos tópicos fornecidos gratuitamente pelo SUS incluem:

  • Corticosteroides Tópicos: São a base do tratamento, utilizados para reduzir a inflamação e a proliferação celular. O SUS fornece diversas potências (ex: Clobetasol, Dexametasona).

  • Análogos da Vitamina D: Como o Calcipotriol, que ajudam a normalizar o crescimento das células da pele.

  • Queratolíticos: Como o Ácido Salicílico a 5%, que ajudam a remover as escamas.

2. Fototerapia e Tratamento Sistêmico (Para Psoríase Moderada a Grave)

Se o tratamento tópico não for suficiente ou se a doença for classificada como moderada a grave, o paciente é encaminhado para a segunda linha de tratamento.

  • Fototerapia: Consiste na exposição controlada à luz ultravioleta (UVB ou PUVA), realizada em centros especializados do SUS. É um tratamento eficaz que age diminuindo a inflamação.

  • Tratamento Sistêmico Convencional: São medicamentos tomados por via oral ou injetável, que agem em todo o organismo. O SUS fornece:

    • Metotrexato (MTX): Considerado o tratamento sistêmico de primeira linha, é um imunossupressor que controla a inflamação.

    • Ciclosporina: Utilizada em casos de falha ou contraindicação ao MTX.

    • Acitretina: Um derivado da vitamina A, usado principalmente para formas pustulosas ou em combinação com a fototerapia.

3. Medicamentos Biológicos (Para Casos Refratários)

Os medicamentos biológicos representam a terapia mais avançada para a psoríase e são reservados para pacientes com psoríase moderada a grave que não responderam ou tiveram intolerância a pelo menos dois tratamentos sistêmicos convencionais (MTX, Ciclosporina, Acitretina ou Fototerapia).

Esses medicamentos são fornecidos pelo Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), popularmente conhecido como Farmácia de Alto Custo. O SUS incorporou diversos biológicos, que agem de forma mais seletiva no sistema imunológico, reduzindo a inflamação com maior eficácia e menos efeitos colaterais que os imunossupressores tradicionais.

Medicamentos Biológicos Disponíveis no SUS (PCDT):

  • Adalimumabe

  • Etanercepte

  • Infliximabe

  • Ustequinumabe

  • Secuquinumabe

  • Guselcumabe

  • Risanquizumabe

O acesso a esses medicamentos é rigorosamente regulamentado pelo PCDT, exigindo laudos médicos detalhados, exames e a comprovação da falha terapêutica anterior.

O Fluxo de Acesso aos Biológicos (CEAF)

O acesso aos medicamentos biológicos é um processo que exige paciência e documentação completa:

  1. Avaliação na UBS: O paciente inicia o tratamento na UBS.

  2. Encaminhamento para Especialista: O Dermatologista confirma o diagnóstico e a gravidade.

  3. Comprovação de Falha: O especialista administra os tratamentos convencionais (tópicos e sistêmicos) e documenta a falha terapêutica.

  4. Abertura de Processo: O médico preenche o Laudo para Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos (LME) e anexa todos os exames e relatórios que comprovam o enquadramento nos critérios do PCDT.

  5. Análise e Autorização: O processo é enviado para a Farmácia de Alto Custo (CEAF) do estado, onde é analisado por uma equipe técnica.

  6. Retirada do Medicamento: Após a aprovação, o paciente pode retirar o medicamento biológico gratuitamente na unidade de saúde designada.

A psoríase é uma doença crônica que exige acompanhamento contínuo. O SUS oferece todo o suporte necessário para que o paciente possa ter uma vida com qualidade, controlando a doença em todas as suas fases.

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Referências