Foliculite: Tipos, Fluxo de Atendimento, Acesso a Antibióticos e Antifúngicos e Manejo de Casos Recorrentes Garantidos pelo SUS

Saiba como o SUS trata a foliculite, o acesso a medicamentos como Mupirocina e Cefalexina, e as medidas de prevenção para evitar a recorrência da inflamação.

12/9/20255 min read

Foliculite: Tratamento, Prevenção e Acesso a Medicamentos pelo Sistema Único de Saúde (SUS)

A Foliculite é uma condição dermatológica comum que se manifesta como uma inflamação ou infecção dos folículos pilosos, as pequenas estruturas na pele de onde nascem os pelos. Embora muitas vezes seja considerada um problema estético, a foliculite pode causar dor, coceira, e em casos mais graves, evoluir para infecções mais profundas, como furúnculos e carbúnculos. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um caminho completo para o diagnóstico, tratamento e, crucialmente, a prevenção da foliculite, garantindo que o paciente tenha acesso a cuidados desde a atenção primária até o tratamento especializado com medicamentos essenciais.

Este guia detalhado explora os diversos tipos de foliculite (bacteriana, fúngica, não infecciosa), o fluxo de atendimento, o acesso aos medicamentos tópicos e orais (antibióticos e antifúngicos) e as medidas preventivas garantidas pelo SUS, com o compromisso de entregar um conteúdo completo e didático, focado no manejo eficaz desta condição.

1. O que é Foliculite e Seus Tipos Mais Comuns

A foliculite ocorre quando o folículo piloso é danificado, permitindo a entrada de bactérias, fungos ou outros agentes. O dano pode ser causado por atrito, depilação, suor excessivo ou roupas apertadas.

Foliculite Bacteriana (Estafilocócica):

É o tipo mais frequente, causada principalmente pela bactéria Staphylococcus aureus.

  • Sintomas: Pequenas pústulas (bolinhas com pus) vermelhas, com um pelo no centro, que causam coceira e, por vezes, dor.

  • Localização: Pode ocorrer em qualquer área com pelos, mas é comum no couro cabeludo, barba, axilas e nádegas.

Foliculite por Pseudomonas (Foliculite da Banheira Quente):

Causada pela bactéria Pseudomonas aeruginosa, que se prolifera em ambientes úmidos e quentes, como banheiras de hidromassagem ou piscinas mal cloradas.

  • Sintomas: Lesões que surgem horas ou dias após a exposição, geralmente no tronco e nas nádegas.

Foliculite Fúngica (Pityrosporum ou Malassezia):

Causada por um fungo (levedura) que vive naturalmente na pele. Ocorre mais em pessoas que usam antibióticos por longos períodos ou que vivem em climas quentes e úmidos.

  • Sintomas: Pústulas pequenas e pruriginosas (que coçam) no tronco superior, ombros e pescoço.

Pseudofoliculite da Barba (Não Infecciosa):

Não é uma infecção, mas uma inflamação causada por pelos encravados.

  • Causas: Ocorre quando o pelo raspado se curva e cresce de volta para dentro da pele, causando inflamação.

  • Tratamento: Focado em técnicas de barbear e esfoliação, e não em antibióticos.

2. Diagnóstico e Fluxo de Atendimento no SUS

O diagnóstico da foliculite é primariamente clínico, realizado pelo médico ou enfermeiro da Atenção Primária(UBS/USF).

Avaliação na Atenção Primária:

O profissional de saúde da UBS é o ponto de entrada para o tratamento. Ele irá:

  • Avaliar as Lesões: Determinar se a foliculite é superficial ou profunda.

  • Identificar a Causa: Questionar sobre hábitos de higiene, depilação, uso de antibióticos e exposição a ambientes de risco.

  • Prescrever o Tratamento Inicial: Para casos leves e localizados, o tratamento tópico é iniciado imediatamente.

Encaminhamento para Especialidade:

O SUS garante o encaminhamento para o dermatologista (Atenção Secundária) nos seguintes casos:

  • Foliculite crônica ou recorrente.

  • Foliculite profunda (furúnculos e carbúnculos).

  • Casos que não respondem ao tratamento inicial.

  • Suspeita de foliculite fúngica ou por Pseudomonas.

3. Tratamento Medicamentoso Gratuito pelo SUS

O tratamento varia conforme a causa e a gravidade da foliculite, e o SUS disponibiliza os medicamentos essenciais através da Relação Nacional de Medicamentos Essenciais (RENAME).

Tratamento Tópico (Farmácia Básica):

Para a maioria dos casos leves de foliculite bacteriana, o tratamento tópico é suficiente.

  • Mupirocina (Pomada): Antibiótico tópico de escolha para foliculite bacteriana, disponível na Farmácia Básica.

  • Clindamicina (Loção ou Gel): Outro antibiótico tópico eficaz, utilizado em casos de foliculite na face ou couro cabeludo.

  • Peróxido de Benzoíla: Utilizado como coadjuvante, ajuda a reduzir a população bacteriana e a desobstruir os folículos.

Tratamento Oral (Farmácia Básica e CEAF):

Para foliculite extensa, profunda ou recorrente, o tratamento sistêmico (oral) é necessário.

  • Cefalexina: Antibiótico oral de primeira escolha para foliculite bacteriana, disponível na Farmácia Básica.

  • Doxiciclina ou Minociclina: Usados em casos de foliculite mais resistente ou para foliculite gram-negativa.

  • Antifúngicos Orais (Itraconazol ou Fluconazol): Prescritos pelo dermatologista para foliculite fúngica, com acesso garantido pelo SUS, muitas vezes via Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) para tratamentos prolongados.

Manejo da Pseudofoliculite da Barba:

O tratamento é focado em medidas não medicamentosas, como:

  • Interrupção do Barbear: Permitir que os pelos cresçam.

  • Técnicas de Barbear: Uso de lâminas de corte único, barbear no sentido do crescimento do pelo e uso de cremes emolientes.

  • Ácido Salicílico Tópico: Para esfoliação suave e liberação dos pelos encravados.

4. Prevenção e Cuidados Essenciais

A prevenção é a chave para evitar a recorrência da foliculite, e o SUS atua fortemente na educação em saúde.

Higiene e Cuidados com a Pele:

  • Limpeza: Lavar a pele regularmente com sabonete antisséptico, especialmente após exercícios físicos ou transpiração excessiva.

  • Roupas: Evitar roupas apertadas ou que retenham umidade, pois o atrito e o calor favorecem a inflamação.

  • Hidratação: Manter a pele hidratada, mas evitar cremes muito oleosos em áreas propensas à foliculite.

Prevenção em Ambientes Coletivos:

  • Piscinas e Banheiras: O SUS orienta a população a verificar a cloração e a higiene de piscinas e banheiras de hidromassagem, para evitar a foliculite por Pseudomonas.

Prevenção de Complicações:

A foliculite profunda pode evoluir para furúnculos (infecção mais profunda do folículo) e carbunculos(agrupamento de furúnculos). O tratamento imediato na UBS é vital para evitar essa progressão. Em casos de furúnculos, o SUS realiza a drenagem cirúrgica (pequena cirurgia) na própria UBS ou em ambulatórios especializados, quando necessário.

O tratamento da foliculite é um exemplo da atenção integral do SUS, que oferece desde o cuidado básico na UBS até o tratamento de alta complexidade para as formas mais graves da doença, garantindo o acesso a medicamentos e procedimentos essenciais para a saúde da pele.

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Referências