Esclerose Múltipla no SUS: Guia Completo para Diagnóstico e Tratamento Gratuito!
Saiba como o SUS diagnostica e trata Esclerose Múltipla com medicamentos gratuitos, incluindo a nova cladribina oral. Passo a passo para acessar o tratamento completo. Viva o SUS.
4/28/20258 min read


Esclerose Múltipla: Diagnóstico e Tratamento Completo pelo SUS - Guia Prático
Você ou alguém próximo recebeu o diagnóstico de Esclerose Múltipla e está preocupado com o acesso ao tratamento? Saiba que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece assistência completa e gratuita para pessoas com esta condição.
Neste guia do Viva o SUS, vamos explicar de forma clara e direta como funciona o diagnóstico e tratamento da Esclerose Múltipla pelo SUS, quais medicamentos estão disponíveis gratuitamente (incluindo as novidades mais recentes) e como acessá-los. Nosso objetivo é que você entenda seus direitos e saiba exatamente como buscar o cuidado que precisa.
O que é a Esclerose Múltipla e Como Ela Afeta a Vida
A Esclerose Múltipla (EM) é uma doença autoimune, inflamatória e degenerativa que afeta o sistema nervoso central (cérebro e medula espinhal). Nesta condição, o próprio sistema imunológico ataca a mielina, uma substância que envolve e protege as fibras nervosas, causando inflamação e lesões que prejudicam a transmissão dos impulsos nervosos.
A doença é mais comum em adultos jovens, entre 20 e 40 anos, afetando principalmente mulheres (cerca de três mulheres para cada homem). É considerada a principal causa de incapacidade neurológica não traumática em pessoas jovens.
Principais Sintomas da Esclerose Múltipla:
Fadiga intensa: Um cansaço desproporcional às atividades realizadas
Alterações visuais: Visão embaçada, dupla ou perda temporária da visão
Problemas de equilíbrio e coordenação: Dificuldade para andar ou realizar movimentos precisos
Fraqueza muscular: Especialmente nas pernas e braços
Alterações de sensibilidade: Formigamentos, dormências ou sensação de queimação
Dificuldades cognitivas: Problemas de memória, concentração e raciocínio
Disfunções urinárias e intestinais: Urgência urinária, incontinência ou constipação
Disfunção sexual: Diminuição da libido ou dificuldades de desempenho
Problemas de fala: Fala arrastada ou dificuldade para articular palavras
Dor: Dores neuropáticas ou musculoesqueléticas
A Esclerose Múltipla pode se manifestar de diferentes formas, sendo a mais comum a Esclerose Múltipla Remitente-Recorrente (EMRR), caracterizada por surtos (episódios de piora dos sintomas) seguidos por períodos de remissão (melhora parcial ou total dos sintomas).
Diagnóstico da Esclerose Múltipla pelo SUS: O Caminho para o Tratamento
O diagnóstico correto e precoce é fundamental para iniciar o tratamento adequado e reduzir o impacto da doença. No SUS, esse processo segue um fluxo organizado:
1. Consulta na Atenção Primária (UBS/Posto de Saúde):
O primeiro passo é procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima da residência. Leve o cartão do SUS, documento de identidade e comprovante de residência. O médico da UBS fará uma avaliação inicial, com base nos sintomas relatados e no histórico de saúde.
Se houver suspeita de Esclerose Múltipla, você receberá um encaminhamento para um neurologista da rede SUS.
2. Consulta com Neurologista:
Com o encaminhamento em mãos, o paciente será direcionado para um Centro de Especialidades ou Ambulatório Hospitalar. O neurologista fará uma avaliação detalhada, que inclui:
Histórico médico completo
Exame neurológico minucioso
Avaliação dos sintomas e sua evolução
Solicitação de exames complementares
3. Exames para Diagnóstico:
O SUS oferece diversos exames que auxiliam no diagnóstico da Esclerose Múltipla:
Ressonância Magnética (RM): Principal exame para visualizar lesões no cérebro e medula espinhal
Punção Lombar (exame do líquor): Para análise do líquido cefalorraquidiano e detecção de bandas oligoclonais
Potenciais Evocados: Avaliam a velocidade de condução dos impulsos nervosos
Exames de sangue: Para descartar outras doenças com sintomas semelhantes
O diagnóstico da Esclerose Múltipla é clínico, baseado na combinação de sintomas, exame neurológico e resultados de exames complementares. Segundo os critérios de McDonald (utilizados internacionalmente), é necessário demonstrar lesões disseminadas no tempo e no espaço, ou seja, lesões que ocorrem em diferentes momentos e em diferentes áreas do sistema nervoso central.
Dica importante: Anote todos os sintomas que você sente, quando começaram e como evoluíram. Essas informações são muito valiosas para o médico fazer o diagnóstico correto. Se possível, leve um familiar ou amigo próximo à consulta, pois ele pode ajudar a lembrar detalhes importantes.
Tratamento da Esclerose Múltipla pelo SUS
O SUS oferece tratamento multidisciplinar para a Esclerose Múltipla, seguindo o Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) estabelecido pelo Ministério da Saúde. O objetivo é reduzir a frequência e gravidade dos surtos, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida do paciente.
1. Tratamento Medicamentoso:
O SUS disponibiliza gratuitamente diversos medicamentos para o tratamento da Esclerose Múltipla através do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF):
Medicamentos de primeira linha:
Betainterferonas (1a e 1b)
Acetato de glatirâmer
Teriflunomida
Medicamentos de segunda linha:
Fumarato de dimetila
Fingolimode
Natalizumabe
Medicamentos de terceira linha:
Alentuzumabe
Cladribina (recentemente incorporada)
Para tratamento de surtos:
Metilprednisolona
Prednisona
Novidade importante: Em 2025, o SUS incorporou a cladribina oral (Mavenclad) para o tratamento da Esclerose Múltipla. Este medicamento é a primeira terapia oral de curta duração disponível no SUS, oferecendo maior comodidade aos pacientes, pois é administrado em apenas dois ciclos de tratamento com intervalo de um ano.
A escolha do medicamento depende do tipo de Esclerose Múltipla, da gravidade da doença, da resposta a tratamentos anteriores e da avaliação médica individualizada.
2. Terapias Não Medicamentosas:
Além dos medicamentos, o SUS também oferece abordagens não medicamentosas que são fundamentais para o tratamento integral:
Fisioterapia: Para manter a mobilidade, força muscular e equilíbrio
Terapia ocupacional: Ajuda a manter a independência nas atividades diárias
Fonoaudiologia: Para problemas de fala e deglutição
Suporte psicológico: Para lidar com o impacto emocional da doença
Nutrição: Orientação para uma alimentação adequada
Grupos de apoio: Para troca de experiências e suporte emocional
Essas terapias são oferecidas em centros de referência, CAPS (Centros de Atenção Psicossocial), Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) e ambulatórios especializados do SUS.
Como Acessar os Medicamentos para Esclerose Múltipla pelo SUS: Passo a Passo
Os medicamentos para Esclerose Múltipla são fornecidos pelo Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) do SUS. Para acessá-los, siga estes passos:
Consulta com neurologista: O especialista deve preencher o Laudo de Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamento (LME) e a receita médica
Documentos necessários:
Cópia do Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS)
Cópia do RG e CPF
Comprovante de residência
Laudo médico (LME) preenchido pelo neurologista
Prescrição médica atualizada
Exames que comprovem o diagnóstico, conforme exigido pelo PCDT (geralmente incluem ressonância magnética e exame do líquor)
Termo de Esclarecimento e Responsabilidade (TER) assinado pelo paciente ou responsável
Local de solicitação: Farmácia de Medicamentos Especializados do seu estado ou município. O endereço pode ser obtido na Secretaria de Saúde local ou na UBS
Avaliação e autorização: A solicitação será avaliada por profissionais da saúde para verificar se atende aos critérios estabelecidos no PCDT. Se aprovada, você receberá uma autorização para retirar o medicamento
Retirada mensal: Os medicamentos são dispensados mensalmente. É necessário apresentar a receita atualizada a cada três meses e renovar o processo a cada seis meses
Critérios para receber os medicamentos: De acordo com o PCDT, para ter direito aos medicamentos, o paciente deve:
Ter diagnóstico confirmado de Esclerose Múltipla segundo os critérios de McDonald
Apresentar a forma remitente-recorrente da doença ou outras formas específicas, dependendo do medicamento
Ter realizado os exames necessários para exclusão de outras doenças
Não apresentar contraindicações aos medicamentos
Centros de Referência para Tratamento de Esclerose Múltipla no SUS
O SUS conta com centros especializados em diversas regiões do país, que oferecem atendimento multidisciplinar para pacientes com Esclerose Múltipla. Esses centros geralmente estão vinculados a hospitais universitários e hospitais de referência.
Alguns exemplos de centros de referência incluem:
Centro de Investigação em Esclerose Múltipla de Minas Gerais (CIEM), do Hospital das Clínicas da UFMG
Hospital Universitário Onofre Lopes, da UFRN
Hospital das Clínicas da USP
Hospital das Clínicas da UFPE
Hospital de Base do Distrito Federal
Nos centros de referência, são oferecidos serviços como:
Consultas com neurologistas especializados em doenças desmielinizantes
Exames de diagnóstico e acompanhamento
Administração de medicamentos endovenosos
Terapias não medicamentosas
Orientação para familiares e cuidadores
Grupos de apoio
O encaminhamento para esses centros é feito pelo neurologista da rede SUS, quando necessário.
Direitos da Pessoa com Esclerose Múltipla
Além do acesso ao tratamento pelo SUS, pessoas com Esclerose Múltipla têm outros direitos importantes:
Tratamento integral e gratuito pelo SUS, incluindo medicamentos, consultas, exames e terapias
Benefício de Prestação Continuada (BPC) para pessoas de baixa renda com incapacidade para o trabalho
Aposentadoria por invalidez para quem não pode mais exercer atividades laborais
Isenção de Imposto de Renda para aposentados com a doença
Isenção de IPI, IOF, ICMS e IPVA na compra de veículos adaptados
Saque do FGTS para tratamento de saúde
Passe livre no transporte público em algumas cidades
Prioridade no atendimento em serviços públicos e privados
Direito a adaptações no ambiente de trabalho e horário especial para servidores públicos
Para acessar esses benefícios, é necessário laudo médico detalhado e, em alguns casos, passar por perícia médica ou processo judicial.
Convivendo com a Esclerose Múltipla: Dicas Práticas
Conviver com a Esclerose Múltipla exige adaptações no estilo de vida. Algumas dicas importantes:
Siga o tratamento corretamente: Não interrompa o uso dos medicamentos sem orientação médica
Pratique exercícios físicos regulares: Adaptados às suas condições e sob orientação profissional
Mantenha uma alimentação saudável: Rica em frutas, verduras, legumes e proteínas magras
Evite o calor excessivo: Altas temperaturas podem piorar os sintomas
Gerencie o estresse: Pratique técnicas de relaxamento, meditação ou mindfulness
Tenha um sono de qualidade: Estabeleça uma rotina regular de sono
Participe de grupos de apoio: Compartilhar experiências ajuda no enfrentamento da doença
Informe-se sobre a doença: Conhecimento é poder para lidar melhor com a condição
Comunique-se com sua equipe médica: Relate mudanças nos sintomas ou efeitos colaterais dos medicamentos
Lembre-se: A Esclerose Múltipla não é uma sentença de finalizações, mas é necessário ter cuidado e planejamento para se viver da melhor forma possível. Como relatou uma paciente do Hospital Universitário Onofre Lopes: "O amor e a fé são ingredientes reais e importantes na minha vida. Sou uma paciente que convivo com a fadiga, com a falha da memória que atrapalha meus estudos e meu dia a dia. Porém, sempre procuro prestar atenção às mudanças físicas e seguir o tratamento e as prescrições médicas."
Avanços no Tratamento da Esclerose Múltipla pelo SUS
Nos últimos anos, o tratamento da Esclerose Múltipla tem evoluído significativamente, com o desenvolvimento de novos medicamentos que agem diretamente nos diferentes mecanismos da doença.
O SUS tem incorporado novas tecnologias, como a recente inclusão da cladribina oral, que oferece maior comodidade aos pacientes por ser administrada em apenas dois ciclos de tratamento com intervalo de um ano.
Além disso, o PCDT (Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas) da Esclerose Múltipla é regularmente atualizado para incluir as melhores evidências científicas disponíveis e novas opções terapêuticas.
Segundo especialistas, "avançamos muito em termos de tratamento nos últimos 30 anos. Conseguimos controlar bem os surtos e reduzimos em 50% a chance de o paciente entrar numa fase degenerativa."
Conclusão: O SUS é Seu Aliado no Enfrentamento da Esclerose Múltipla
A Esclerose Múltipla é uma condição desafiadora que afeta não apenas o paciente, mas toda a família. Embora não tenha cura, o tratamento adequado pode reduzir significativamente os surtos, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida.
O SUS oferece diagnóstico, medicamentos e acompanhamento multidisciplinar de forma gratuita, sendo um importante aliado no enfrentamento da doença. Conhecer os direitos e o caminho para acessar esses serviços é fundamental para garantir o melhor cuidado possível.
Lembre-se de que o diagnóstico precoce e o início rápido do tratamento são essenciais para obter melhores resultados. Se você ou alguém próximo apresenta sintomas sugestivos de Esclerose Múltipla, procure uma Unidade Básica de Saúde o quanto antes.
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Referências:
Ministério da Saúde. Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas da Esclerose Múltipla. 2024.
Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Esclerose múltipla: Avanços em diagnóstico e tratamento auxiliam pacientes do SUS. 2024.
Associação Amigos Múltiplos pela Esclerose (AME). Entenda novo PCDT de Esclerose Múltipla. 2024.
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