Doença de Crohn e Retocolite: Guia Completo de Tratamento Gratuito pelo SUS!

Saiba como o SUS trata Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa. Acesso a medicamentos, exames, especialistas e direitos do paciente. Viva o SUS.

5/17/20257 min read

Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa: Tratamento Completo pelo SUS - Guia Prático

Você ou alguém próximo recebeu o diagnóstico de Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa e está preocupado com o tratamento? Saiba que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece assistência completa e gratuita para essas condições.

Neste guia do Viva o SUS, vamos explicar de forma clara e direta como funciona o diagnóstico e tratamento dessas doenças inflamatórias intestinais pelo SUS, quais medicamentos estão disponíveis gratuitamente e como acessá-los. Nosso objetivo é que você entenda seus direitos e saiba exatamente como buscar o cuidado que precisa.

O que são Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa?

Antes de falarmos sobre o tratamento, é importante entender o que são essas doenças. A Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa são as principais Doenças Inflamatórias Intestinais (DII), condições crônicas que causam inflamação no trato digestivo.

Doença de Crohn:

É uma inflamação que pode afetar qualquer parte do trato digestivo, da boca até o ânus, mas ocorre mais frequentemente no final do intestino delgado (íleo) e início do intestino grosso (cólon). A inflamação pode atingir todas as camadas da parede intestinal.

Retocolite Ulcerativa:

Diferente da Doença de Crohn, a Retocolite afeta apenas o intestino grosso (cólon) e o reto, e a inflamação ocorre apenas na camada mais interna da parede intestinal (mucosa).

Ambas as doenças são crônicas, ou seja, são condições de longo prazo que exigem tratamento contínuo. Elas se manifestam com períodos de atividade (crises) e remissão (quando os sintomas diminuem ou desaparecem).

Sintomas: Como Identificar Essas Doenças

Os sintomas da Doença de Crohn e da Retocolite Ulcerativa podem ser semelhantes, mas existem algumas diferenças. É importante conhecê-los para buscar ajuda médica o quanto antes.

Sintomas comuns da Doença de Crohn:

  • Dor abdominal (geralmente no lado direito inferior)

  • Diarreia persistente (que pode conter sangue)

  • Perda de peso não intencional

  • Fadiga e sensação de fraqueza

  • Febre em alguns casos

  • Lesões ao redor do ânus (fístulas e fissuras)

  • Aftas na boca

  • Manifestações fora do intestino como inflamações nas articulações, olhos e pele

Sintomas comuns da Retocolite Ulcerativa:

  • Diarreia com sangue e muco (sintoma mais característico)

  • Urgência para evacuar

  • Dor abdominal (geralmente no lado esquerdo)

  • Tenesmo (sensação de evacuação incompleta)

  • Fadiga e fraqueza

  • Perda de apetite e perda de peso

  • Febre em casos mais graves

Se você apresenta alguns desses sintomas de forma persistente, é fundamental procurar atendimento médico para investigação adequada.

Diagnóstico pelo SUS: O Caminho para Confirmar a Doença

O diagnóstico das Doenças Inflamatórias Intestinais é um processo que envolve várias etapas e exames. No SUS, esse processo segue um fluxo organizado:

1. Consulta na Atenção Primária (UBS/Posto de Saúde):

O primeiro passo é procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima da sua residência. Leve seu cartão do SUS, documento de identidade e comprovante de residência. O médico da UBS fará uma avaliação inicial, com base nos seus sintomas e histórico de saúde.

Se houver suspeita de Doença de Crohn ou Retocolite Ulcerativa, você receberá um encaminhamento para um gastroenterologista da rede SUS.

2. Consulta com Gastroenterologista:

Com o encaminhamento em mãos, você será direcionado para um Centro de Especialidades ou Ambulatório Hospitalar. O gastroenterologista fará uma avaliação mais detalhada e solicitará exames específicos para confirmar o diagnóstico.

3. Exames para Diagnóstico:

O SUS oferece todos os exames necessários para o diagnóstico correto. Os principais são:

  • Exames de sangue: Hemograma completo, marcadores inflamatórios (PCR, VHS), função hepática, função renal, entre outros.

  • Exames de fezes: Para descartar infecções intestinais e verificar a presença de sangue oculto ou calprotectina fecal (marcador de inflamação intestinal).

  • Colonoscopia com biópsia: Exame fundamental que permite visualizar o interior do intestino grosso e a parte final do intestino delgado, além de coletar pequenas amostras de tecido para análise.

  • Endoscopia digestiva alta: Em casos de suspeita de Doença de Crohn com acometimento do trato digestivo superior.

  • Exames de imagem: Como tomografia computadorizada, ressonância magnética ou ultrassonografia, que podem ajudar a avaliar a extensão da doença e possíveis complicações.

O diagnóstico final é feito com base na combinação dos sintomas, resultados de exames laboratoriais, achados endoscópicos e análise das biópsias.

Tratamento pelo SUS: Opções Gratuitas e Atualizadas

O SUS oferece tratamento completo para Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa, seguindo os Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) estabelecidos pelo Ministério da Saúde. O objetivo do tratamento é controlar a inflamação, aliviar os sintomas, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida.

Medicamentos Disponíveis no SUS para Doença de Crohn:

O tratamento é individualizado e depende da gravidade, localização e comportamento da doença. Os medicamentos disponíveis incluem:

  • Aminossalicilatos: Sulfassalazina e Mesalazina

  • Corticosteroides: Prednisona, Prednisolona e Hidrocortisona

  • Imunossupressores: Azatioprina, 6-Mercaptopurina e Metotrexato

  • Antibióticos: Metronidazol e Ciprofloxacino (em casos específicos)

  • Medicamentos biológicos: Infliximabe, Adalimumabe e Certolizumabe pegol

  • Nova opção recentemente incorporada: Ustequinumabe (para casos moderados a graves com resposta inadequada a outros tratamentos)

Medicamentos Disponíveis no SUS para Retocolite Ulcerativa:

O tratamento da Retocolite também é personalizado e pode incluir:

  • Aminossalicilatos: Sulfassalazina e Mesalazina (oral e retal)

  • Corticosteroides: Prednisona, Prednisolona e Hidrocortisona

  • Imunossupressores: Azatioprina e 6-Mercaptopurina

  • Medicamentos biológicos: Infliximabe e Vedolizumabe

  • Inibidores de JAK: Tofacitinibe (recentemente incorporado para casos moderados a graves)

Importante: O tratamento é dividido em duas fases principais:

  1. Fase de indução da remissão: Quando o objetivo é controlar rapidamente a inflamação e os sintomas durante uma crise.

  2. Fase de manutenção da remissão: Quando o objetivo é manter a doença sob controle e prevenir novas crises.

Como Acessar os Medicamentos pelo SUS: Passo a Passo

Os medicamentos para Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa são fornecidos pelo SUS através de diferentes componentes da Assistência Farmacêutica:

1. Componente Básico da Assistência Farmacêutica:

Alguns medicamentos mais simples, como certos antibióticos, podem ser retirados diretamente nas farmácias das UBS com a receita médica, cartão SUS e documento de identidade.

2. Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF):

A maioria dos medicamentos para DII (como imunossupressores e biológicos) faz parte do Componente Especializado, que exige um processo específico:

  1. Consulta com especialista do SUS: O médico gastroenterologista da rede SUS deve preencher o Laudo de Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamento (LME) e a receita médica.

  2. Documentos necessários:

    • Cópia do Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS)

    • Cópia do RG e CPF

    • Comprovante de residência

    • Laudo médico (LME) preenchido pelo médico especialista

    • Receita médica atualizada

    • Exames que comprovem o diagnóstico e a necessidade do medicamento (conforme exigido pelo PCDT)

    • Termo de Esclarecimento e Responsabilidade (TER) assinado pelo paciente ou responsável

  3. Local de solicitação: Você deve entregar toda a documentação na Farmácia de Medicamentos Especializados (também conhecida como Farmácia de Alto Custo) do seu estado ou município. O endereço pode ser obtido na Secretaria de Saúde local ou na UBS.

  4. Avaliação e autorização: A solicitação será avaliada por profissionais da saúde para verificar se atende aos critérios estabelecidos no PCDT. Se aprovada, você receberá uma autorização para retirar o medicamento.

  5. Retirada mensal: Os medicamentos são dispensados mensalmente. É necessário apresentar a receita atualizada a cada três meses e renovar o processo a cada seis meses ou conforme orientação local.

Medicamentos Biológicos e de Alto Custo:

Para medicamentos biológicos (como Infliximabe, Adalimumabe, Vedolizumabe e Ustequinumabe), além da documentação básica, podem ser exigidos exames adicionais e relatórios médicos detalhados que comprovem:

  • Falha ou intolerância ao tratamento convencional

  • Gravidade da doença

  • Ausência de contraindicações ao uso do medicamento biológico

O Infliximabe, que é administrado por infusão intravenosa, geralmente é aplicado em hospitais ou centros de infusão do SUS. Já o Adalimumabe, Certolizumabe pegol e Ustequinumabe, que são de aplicação subcutânea, podem ser autoadministrados pelo paciente após treinamento adequado.

Acompanhamento Multidisciplinar no SUS

O tratamento das DII vai além dos medicamentos. O SUS oferece acompanhamento multidisciplinar que pode incluir:

  • Consultas regulares com gastroenterologista para ajustes no tratamento

  • Acompanhamento nutricional para orientações alimentares específicas

  • Suporte psicológico para lidar com o impacto emocional da doença crônica

  • Fisioterapia em casos de manifestações articulares

  • Cirurgia em casos específicos que não respondem ao tratamento medicamentoso ou que apresentam complicações

O intervalo entre as consultas varia conforme a atividade da doença e o esquema de tratamento, mas geralmente ocorre a cada 3-6 meses durante a fase de remissão.

Direitos do Paciente com Doença de Crohn e Retocolite Ulcerativa

Além do acesso ao tratamento pelo SUS, pacientes com DII têm outros direitos importantes:

  • Auxílio-doença: Em casos de afastamento temporário do trabalho devido a crises ou complicações

  • Aposentadoria por invalidez: Em casos graves com incapacidade permanente para o trabalho

  • Isenção de imposto de renda: Para pacientes aposentados por invalidez devido à doença

  • Passe livre no transporte público: Em alguns municípios, para pacientes com limitações de mobilidade

  • Acesso a banheiros em estabelecimentos comerciais: Garantido por leis municipais em algumas cidades

Para acessar esses benefícios, é necessário laudo médico detalhado e, em alguns casos, passar por perícia médica.

Dicas Práticas para Pacientes com DII

Além do tratamento médico, algumas medidas podem ajudar no controle da doença:

  • Mantenha um diário alimentar para identificar alimentos que pioram seus sintomas

  • Evite o tabagismo, que pode piorar a Doença de Crohn

  • Pratique atividade física regular, conforme orientação médica

  • Gerencie o estresse, que pode desencadear crises

  • Mantenha-se hidratado, especialmente durante episódios de diarreia

  • Não interrompa o tratamento sem orientação médica, mesmo quando estiver se sentindo bem

  • Participe de grupos de apoio para troca de experiências com outros pacientes

Conclusão: O SUS é Seu Aliado no Tratamento das DII

A Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa são condições crônicas que exigem cuidado contínuo, mas com o tratamento adequado, é possível controlar os sintomas e ter qualidade de vida. O SUS oferece diagnóstico, medicamentos e acompanhamento multidisciplinar de forma gratuita.

Lembre-se de seguir corretamente o tratamento prescrito, comparecer às consultas regularmente e não hesitar em procurar atendimento médico durante crises. Você não está sozinho nessa jornada!

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