Bronquiectasia Tratamento SUS: Guia Completo para Pacientes!
Saiba tudo sobre o diagnóstico, tratamento (medicamentos, fisio) e acompanhamento da bronquiectasia pelo SUS. Informações essenciais.
5/15/20256 min read


Bronquiectasia: Diagnóstico, Tratamento Multidisciplinar e Acompanhamento pelo SUS
A bronquiectasia é uma condição pulmonar crônica caracterizada pela dilatação anormal e permanente dos brônquios (as vias aéreas que levam o ar aos pulmões). Essa dilatação dificulta a eliminação de secreções (muco), tornando os pulmões mais vulneráveis a infecções recorrentes e inflamação. Embora menos conhecida que outras doenças respiratórias como asma ou DPOC, a bronquiectasia pode impactar significativamente a qualidade de vida. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece uma estrutura para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento de pacientes com bronquiectasia, visando controlar os sintomas, prevenir exacerbações e preservar a função pulmonar. Este guia do Viva o SUS explora como a rede pública aborda essa condição complexa.
O Que Causa a Bronquiectasia e Quais São Seus Principais Sintomas?
A bronquiectasia ocorre devido a danos nas paredes dos brônquios, que perdem sua elasticidade e capacidade de limpar o muco eficientemente. Diversas condições podem levar a esse dano, sendo as causas mais comuns:
Infecções pulmonares graves ou recorrentes na infância ou vida adulta: Como pneumonia, tuberculose, coqueluche ou infecções por micobactérias não tuberculosas.
Fibrose Cística: Embora seja uma causa genética específica, é uma das principais causas de bronquiectasia grave. Este post focará nas bronquiectasias não relacionadas à fibrose cística.
Doenças obstrutivas crônicas: Como a Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC) e asma grave.
Doenças autoimunes: Como artrite reumatoide e síndrome de Sjögren.
Deficiências do sistema imunológico (imunodeficiências primárias ou secundárias): Que aumentam a suscetibilidade a infecções.
Obstrução brônquica: Por corpos estranhos, tumores ou compressão externa.
Aspergilose broncopulmonar alérgica (ABPA): Uma reação alérgica a um fungo (Aspergillus) que pode colonizar as vias aéreas.
Causas idiopáticas: Em uma parcela significativa dos casos, a causa específica da bronquiectasia não é identificada.
Sintomas Característicos da Bronquiectasia:
Os sintomas podem variar em intensidade e frequência, mas geralmente incluem:
Tosse crônica produtiva: Com expectoração diária de grande quantidade de muco (catarro), que pode ser claro, amarelado, esverdeado ou, em alguns casos, com sangue (hemoptise).
Infecções respiratórias frequentes (exacerbações): Com piora da tosse, aumento da quantidade e/ou mudança na cor do escarro, falta de ar, febre e mal-estar.
Falta de ar (dispneia): Especialmente durante esforços físicos.
Chiado no peito.
Dor torácica.
Fadiga e cansaço crônico.
Perda de peso não intencional (em casos mais avançados).
Baqueteamento digital (alargamento das pontas dos dedos e unhas curvadas), em casos de longa data e mais graves.
Diagnóstico da Bronquiectasia no SUS
O diagnóstico da bronquiectasia pelo SUS envolve uma avaliação clínica detalhada e exames complementares. O processo geralmente se inicia na Unidade Básica de Saúde (UBS) e, conforme a necessidade, o paciente é encaminhado ao pneumologista.
Avaliação Clínica Inicial na UBS: O médico da UBS (clínico geral ou médico de família) investigará o histórico de sintomas, infecções respiratórias prévias, outras condições de saúde e histórico familiar.
Exames Iniciais: Uma radiografia de tórax pode ser solicitada, mas muitas vezes não é suficiente para confirmar a bronquiectasia, podendo apenas sugerir a condição.
Encaminhamento ao Pneumologista: Diante da suspeita, o paciente é encaminhado ao pneumologista para investigação especializada.
Tomografia Computadorizada de Alta Resolução (TCAR) do Tórax: Este é o exame padrão-ouro para o diagnóstico de bronquiectasia, pois permite visualizar as dilatações brônquicas e avaliar a extensão da doença. O SUS disponibiliza este exame mediante solicitação médica justificada.
Provas de Função Pulmonar (Espirometria): Ajudam a avaliar o impacto da doença na capacidade respiratória e a identificar obstrução ao fluxo aéreo.
Exames para Investigar a Causa: Dependendo da suspeita clínica, o pneumologista pode solicitar exames de escarro (para identificar bactérias ou fungos), exames de sangue (para investigar imunodeficiências, doenças autoimunes, marcadores inflamatórios), teste do suor (para excluir fibrose cística em casos suspeitos), entre outros.
Tratamento da Bronquiectasia pelo SUS: Uma Abordagem Multidisciplinar
O tratamento da bronquiectasia no SUS é focado em controlar os sintomas, reduzir a frequência e a gravidade das infecções (exacerbações), melhorar a qualidade de vida e preservar a função pulmonar. A abordagem é geralmente multidisciplinar, envolvendo pneumologistas, fisioterapeutas respiratórios e, conforme a necessidade, outros especialistas.
1. Higiene Brônquica e Fisioterapia Respiratória:
Este é um pilar fundamental do tratamento. O objetivo é facilitar a remoção do excesso de muco das vias aéreas, prevenindo infecções.
Técnicas de depuração das vias aéreas: Ensinadas e acompanhadas por fisioterapeutas respiratórios do SUS. Incluem drenagem postural, percussão/vibração torácica, ciclo ativo da respiração, técnica de expiração forçada (huffing) e uso de dispositivos oscilatórios (como Flutter ou Shaker).
Exercícios respiratórios: Para fortalecer a musculatura respiratória e melhorar a capacidade pulmonar.
Nebulização com solução salina hipertônica: Pode ajudar a fluidificar o muco, facilitando sua expectoração.
O SUS oferece acesso à fisioterapia respiratória em centros de reabilitação, hospitais ou, em alguns casos, em UBS com profissionais capacitados.
2. Tratamento Medicamentoso:
Os medicamentos são usados para controlar a inflamação, tratar infecções e aliviar sintomas.
Antibióticos: Usados para tratar as exacerbações infecciosas. A escolha do antibiótico e a duração do tratamento (geralmente 10-14 dias ou mais) dependem da gravidade da infecção e, idealmente, dos resultados da cultura de escarro. Em alguns casos de infecção crônica por bactérias específicas (como Pseudomonas aeruginosa) ou exacerbações muito frequentes, o médico pode considerar o uso de antibióticos inalatórios de forma contínua ou em ciclos, ou antibióticos orais em regime de longo prazo (macrolídeos como azitromicina, por suas propriedades anti-inflamatórias e imunomoduladoras, em doses baixas).
Broncodilatadores: Medicamentos inalatórios ("bombinhas") podem ser usados se houver obstrução brônquica associada (comum em pacientes com DPOC ou asma concomitante), para ajudar a abrir as vias aéreas e facilitar a respiração e a limpeza do muco.
Corticosteroides inalatórios: Podem ser indicados se houver inflamação brônquica significativa ou asma associada.
Mucolíticos: Medicamentos que ajudam a tornar o muco menos espesso, embora sua eficácia seja variável.
Vacinação: É crucial a vacinação anual contra a gripe (influenza) e a vacina pneumocócica para prevenir infecções respiratórias graves. Ambas são oferecidas gratuitamente pelo SUS.
Muitos medicamentos essenciais para o tratamento da bronquiectasia e suas comorbidades podem ser obtidos gratuitamente nas farmácias das UBS ou através do programa Farmácia Popular.
3. Tratamento das Exacerbações:
As exacerbações são períodos de piora aguda dos sintomas e geralmente requerem intensificação do tratamento, com antibióticos, aumento da frequência da fisioterapia respiratória e, em casos mais graves, internação hospitalar para suporte respiratório e antibioticoterapia intravenosa.
4. Oxigenoterapia Domiciliar:
Em casos de bronquiectasia avançada com insuficiência respiratória crônica e baixos níveis de oxigênio no sangue (hipoxemia), o SUS fornece oxigenoterapia domiciliar.
5. Tratamento Cirúrgico:
A cirurgia (ressecção pulmonar da área afetada pela bronquiectasia) é raramente indicada e reservada para casos muito selecionados, como:
Bronquiectasia localizada em uma pequena área do pulmão, com sintomas persistentes e infecções recorrentes não controladas pelo tratamento clínico máximo.
Complicações como hemoptise maciça (sangramento pulmonar volumoso) que não responde a outras medidas.
Infecção localizada e resistente a antibióticos.
A decisão pela cirurgia é complexa e requer avaliação cuidadosa por uma equipe multidisciplinar, incluindo pneumologista e cirurgião torácico. O procedimento é realizado em hospitais de referência do SUS.
Acompanhamento do Paciente com Bronquiectasia no SUS
O acompanhamento regular com o pneumologista e a equipe multidisciplinar é essencial para monitorar a progressão da doença, ajustar o tratamento, educar o paciente sobre o autocuidado e identificar precocemente as exacerbações.
O acompanhamento no SUS pode incluir:
Consultas médicas periódicas.
Realização regular de provas de função pulmonar.
Coleta de escarro para cultura durante as exacerbações ou para monitoramento de colonização bacteriana.
Acompanhamento fisioterapêutico contínuo.
Suporte nutricional, se necessário.
Educação sobre a doença, técnicas de higiene brônquica, reconhecimento de sinais de exacerbação e plano de ação.
Dica Viva o SUS: A adesão rigorosa ao plano de tratamento, especialmente à fisioterapia respiratória diária e ao uso correto dos medicamentos, é a chave para controlar a bronquiectasia. Mantenha suas vacinas em dia e não hesite em procurar seu médico na UBS ou o especialista ao primeiro sinal de piora dos sintomas.
Gerenciando a Bronquiectasia com o Suporte do SUS
A bronquiectasia é uma condição crônica que exige um manejo contínuo e dedicado. O SUS oferece um caminho para o diagnóstico, tratamento multidisciplinar e acompanhamento, com o objetivo de proporcionar aos pacientes uma melhor qualidade de vida, controle dos sintomas e redução das complicações. Com o suporte da equipe de saúde do SUS e o comprometimento do paciente com o tratamento, é possível conviver melhor com a bronquiectasia.
Referências:
Menezes, MB, et al. (2019). Consenso brasileiro sobre bronquiectasias não fibrocísticas. Jornal Brasileiro de Pneumologia. Recuperado de http://www.jbp.org.br/details/3030/pt-BR
Ministério da Saúde. (Informações sobre protocolos clínicos e diretrizes terapêuticas para doenças respiratórias podem ser consultadas nos portais oficiais, como o da CONITEC e da Biblioteca Virtual em Saúde).
Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). (Informações e diretrizes sobre doenças respiratórias).
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