ISTs: Como Conseguir Diagnóstico e Tratamento Gratuito pelo SUS
Saiba como o SUS oferece diagnóstico e tratamento gratuito para ISTs. Guia completo com passo a passo, tipos de exames e medicamentos disponíveis.


ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis): Diagnóstico e Tratamento pelo SUS
As Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) afetam milhões de brasileiros anualmente. Segundo dados do Ministério da Saúde, são registrados mais de 10 milhões de casos de ISTs por ano no Brasil. A boa notícia é que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diagnóstico e tratamento gratuitos para todas essas infecções.
Neste artigo, você vai descobrir o que são as ISTs, como identificar os sintomas, onde e como conseguir diagnóstico e tratamento pelo SUS, quais exames estão disponíveis gratuitamente e como prevenir essas infecções. Também vamos abordar os direitos dos pacientes e responder às dúvidas mais frequentes sobre o tema.
O que são ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis)?
As ISTs são infecções causadas por mais de 30 agentes etiológicos diferentes, incluindo vírus, bactérias, fungos e protozoários. São transmitidas principalmente por meio do contato sexual (oral, vaginal, anal) sem o uso de preservativo com uma pessoa infectada.
Além da via sexual, algumas ISTs também podem ser transmitidas da mãe para a criança durante a gestação, o parto ou a amamentação, e, eventualmente, por contato sanguíneo.
É importante destacar que o Ministério da Saúde recomenda o uso da nomenclatura "IST" (Infecções Sexualmente Transmissíveis) no lugar de "DST" (Doenças Sexualmente Transmissíveis). Isso porque muitas infecções podem não apresentar sintomas visíveis (assintomáticas), mas ainda assim podem ser transmitidas.
Principais ISTs atendidas pelo SUS
O SUS oferece diagnóstico e tratamento para todas as ISTs conhecidas. Entre as mais comuns estão:
HIV/AIDS: Infecção pelo Vírus da Imunodeficiência Humana
Sífilis: Causada pela bactéria Treponema pallidum
Gonorreia: Causada pela bactéria Neisseria gonorrhoeae
Clamídia: Causada pela bactéria Chlamydia trachomatis
HPV (Papilomavírus Humano): Responsável por verrugas genitais e associado ao câncer de colo do útero
Herpes genital: Causada pelo vírus Herpes simplex
Hepatites virais B e C: Infecções que afetam o fígado
Tricomoníase: Causada pelo protozoário Trichomonas vaginalis
Cancro mole: Causado pela bactéria Haemophilus ducreyi
Linfogranuloma venéreo: Causado por cepas específicas da Chlamydia trachomatis
Sintomas e Sinais de Alerta das ISTs
Muitas ISTs podem ser assintomáticas, ou seja, não apresentam sinais visíveis, especialmente nas mulheres. Por isso, é importante realizar exames periódicos, mesmo sem sintomas, principalmente após relações sexuais desprotegidas.
Quando presentes, os sintomas mais comuns das ISTs incluem:
Em homens e mulheres
Feridas, bolhas ou verrugas nos órgãos genitais, ânus ou boca
Corrimentos anormais
Ardência ao urinar
Coceira e irritação nas áreas genitais
Dor durante as relações sexuais
Ínguas (caroços) na virilha
Febre, mal-estar e dores pelo corpo
Sintomas específicos em mulheres
Corrimento vaginal com odor forte
Dor no baixo ventre (abaixo do umbigo)
Sangramento vaginal fora do período menstrual
Dor pélvica
Sintomas específicos em homens
Secreção ou pus saindo pelo pênis
Dor ou inchaço nos testículos
Na presença de qualquer um desses sintomas, é fundamental procurar atendimento médico o mais rápido possível. O diagnóstico e tratamento precoces são essenciais para evitar complicações e interromper a cadeia de transmissão.
Diagnóstico de ISTs pelo SUS
O SUS oferece gratuitamente diversos métodos para diagnóstico de ISTs. O processo geralmente começa com uma avaliação clínica e pode incluir exames laboratoriais específicos.
Onde buscar diagnóstico
O diagnóstico de ISTs pelo SUS pode ser realizado em:
Unidades Básicas de Saúde (UBS): Porta de entrada preferencial para o sistema de saúde
Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA): Unidades especializadas em diagnóstico de ISTs
Serviços de Atenção Especializada (SAE): Para casos mais complexos
Unidades de Pronto Atendimento (UPA): Em casos de sintomas agudos
Tipos de exames disponíveis
O SUS disponibiliza diversos tipos de exames para diagnóstico de ISTs:
Testes rápidos: Para HIV, sífilis e hepatites B e C, com resultado em até 30 minutos
Exames laboratoriais: Análises de sangue, urina e secreções
Exames de biologia molecular: Para detecção de Clamídia e Gonorreia
Exames de imagem: Em casos específicos para avaliar complicações
Exame físico: Avaliação clínica realizada pelo profissional de saúde
Testes rápidos: uma revolução no diagnóstico
Os testes rápidos são uma importante ferramenta para o diagnóstico precoce de ISTs. Eles são gratuitos, confidenciais e o resultado sai em cerca de 30 minutos. O Ministério da Saúde distribui aos serviços de saúde do SUS os testes rápidos para HIV, sífilis e hepatites B e C.
Esses testes podem ser realizados com amostras de sangue total obtidas por punção digital (furada no dedo) ou punção venosa, e também com amostras de soro, plasma e, em alguns casos, fluido oral.
Nos casos de testes rápidos positivos (reagentes), uma amostra de sangue deverá ser coletada e encaminhada para realização de um teste laboratorial para confirmação do diagnóstico.
Uma exceção importante: em caso de gestante com teste rápido positivo para sífilis, devido ao risco de transmissão ao feto, o tratamento deve ser iniciado imediatamente, sem precisar aguardar o resultado do segundo teste.
Como Acessar o Diagnóstico e Tratamento de ISTs pelo SUS
O acesso ao diagnóstico e tratamento de ISTs pelo SUS é um direito de todos os cidadãos brasileiros. Veja o passo a passo para conseguir atendimento:
Passo a passo para diagnóstico e tratamento
Procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima: Leve seus documentos pessoais (RG, CPF) e o Cartão SUS, se tiver. Caso não tenha o Cartão SUS, ele pode ser feito na própria unidade.
Passe por uma consulta inicial: Um profissional de saúde fará uma avaliação, coletando informações sobre seus sintomas e histórico sexual.
Realize os exames indicados: Dependendo da suspeita, serão solicitados exames específicos, que podem ser testes rápidos ou exames laboratoriais.
Retorne para receber os resultados: Após a realização dos exames, retorne à unidade de saúde para receber os resultados e orientações.
Inicie o tratamento, se necessário: Caso seja diagnosticada alguma IST, o tratamento será prescrito e os medicamentos fornecidos gratuitamente pelo SUS.
Siga o tratamento corretamente: É fundamental seguir todas as orientações médicas e completar o tratamento, mesmo que os sintomas desapareçam.
Retorne para consultas de acompanhamento: Dependendo da IST diagnosticada, serão necessárias consultas de acompanhamento para verificar a eficácia do tratamento.
Documentos necessários
Para acessar os serviços de diagnóstico e tratamento de ISTs pelo SUS, você precisará de:
Documento de identidade com foto (RG, CNH)
CPF
Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS) - não é obrigatório, pode ser feito na hora
Comprovante de residência (para alguns serviços)
É importante ressaltar que, mesmo sem documentos, o atendimento de urgência não pode ser negado. Além disso, o diagnóstico e tratamento de ISTs são confidenciais, garantindo a privacidade do paciente.
Serviços especializados
Além das UBS, o SUS conta com serviços especializados para o atendimento de ISTs:
Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA): Oferecem testes rápidos e aconselhamento para ISTs, com atendimento anônimo e confidencial.
Serviços de Atenção Especializada (SAE): Atendem casos mais complexos, como pessoas vivendo com HIV/AIDS.
Ambulatórios de especialidades: Para acompanhamento de casos específicos que necessitam de especialistas.
Tratamento de ISTs pelo SUS
O SUS oferece tratamento gratuito para todas as ISTs. Os medicamentos são fornecidos nas farmácias das unidades de saúde ou nas Farmácias Populares, mediante apresentação da receita médica.
Medicamentos disponíveis
O tratamento varia conforme a IST diagnosticada:
Sífilis: Penicilina benzatina (Benzetacil) ou outros antibióticos em caso de alergia
Gonorreia e Clamídia: Antibióticos como azitromicina, ceftriaxona, doxiciclina
HIV/AIDS: Antirretrovirais (diversos esquemas disponíveis)
Herpes genital: Antivirais como aciclovir
HPV: Tratamento das lesões por cauterização, crioterapia ou cirurgia
Tricomoníase: Metronidazol ou tinidazol
Hepatites virais: Antivirais específicos conforme o tipo de hepatite
Duração e acompanhamento do tratamento
A duração do tratamento varia conforme a IST diagnosticada:
Algumas ISTs bacterianas, como gonorreia e clamídia, podem ser tratadas com dose única ou esquemas curtos de antibióticos
A sífilis requer uma ou mais doses de penicilina, dependendo do estágio da infecção
ISTs virais como HIV e hepatites B e C podem necessitar de tratamento contínuo
O herpes genital tem tratamento para os surtos, mas o vírus permanece no organismo
O acompanhamento médico é fundamental para garantir a eficácia do tratamento. É importante comparecer a todas as consultas agendadas e realizar os exames de controle solicitados.
Tratamento das parcerias sexuais
Um aspecto fundamental no controle das ISTs é o tratamento das parcerias sexuais. Quando uma pessoa é diagnosticada com uma IST, suas parcerias sexuais recentes também devem ser avaliadas e, se necessário, tratadas, mesmo que não apresentem sintomas.
O SUS oferece um serviço chamado "comunicação de parceiros", que ajuda a notificar as parcerias sexuais de forma confidencial, preservando a privacidade de todos os envolvidos.
Prevenção de ISTs
A prevenção é a melhor forma de combater as ISTs. O SUS oferece diversos recursos gratuitos para prevenção:
Métodos preventivos disponíveis no SUS
Preservativos masculinos e femininos: Distribuídos gratuitamente nas unidades de saúde
PrEP (Profilaxia Pré-Exposição): Medicamento que previne a infecção pelo HIV, disponível para pessoas com maior vulnerabilidade
PEP (Profilaxia Pós-Exposição): Medicamento de emergência que deve ser iniciado em até 72 horas após possível exposição ao HIV
Vacinação: Contra hepatite B e HPV, disponíveis no calendário vacinal do SUS
Aconselhamento: Orientações sobre práticas sexuais seguras
Onde conseguir preservativos gratuitos
Os preservativos masculinos e femininos são distribuídos gratuitamente em:
Unidades Básicas de Saúde (UBS)
Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA)
Serviços de Atenção Especializada (SAE)
Eventos de saúde e campanhas específicas
Não é necessário apresentar documentos ou receita médica para retirar preservativos. Basta solicitar na recepção da unidade de saúde.
Direitos dos Pacientes com ISTs no SUS
Pessoas diagnosticadas com ISTs têm direitos garantidos no Sistema Único de Saúde:
Direito à confidencialidade: As informações sobre o diagnóstico e tratamento são sigilosas
Direito ao atendimento integral: Diagnóstico, tratamento e acompanhamento completos
Direito aos medicamentos: Fornecimento gratuito de todos os medicamentos necessários
Direito à não discriminação: Atendimento respeitoso e livre de preconceitos
Direito à informação: Receber todas as informações sobre sua condição e tratamento
Direito ao acompanhamento multidisciplinar: Acesso a diferentes profissionais de saúde quando necessário
Em caso de violação desses direitos, o paciente pode recorrer à Ouvidoria do SUS pelo telefone 136 ou ao Ministério Público.
Grupos Prioritários e Situações Especiais
Gestantes
As gestantes fazem parte de um grupo prioritário para diagnóstico e tratamento de ISTs, devido ao risco de transmissão vertical (da mãe para o bebê). Durante o pré-natal, são realizados testes para HIV, sífilis e hepatites B e C, no mínimo, em três momentos: primeiro trimestre, terceiro trimestre e no momento do parto.
Em caso de diagnóstico positivo, o tratamento deve ser iniciado imediatamente para reduzir o risco de transmissão ao bebê.
Adolescentes
Adolescentes têm direito ao diagnóstico e tratamento de ISTs pelo SUS, mesmo sem a presença dos pais ou responsáveis. A Lei nº 8.069/1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) garante o direito à saúde e ao sigilo médico para esse público.
O SUS oferece serviços específicos para adolescentes, com profissionais capacitados para um atendimento acolhedor e livre de julgamentos.
Pessoas vivendo com HIV
Pessoas vivendo com HIV têm direito a um acompanhamento especializado nos Serviços de Atenção Especializada (SAE) ou nos Centros de Referência em HIV/AIDS. Além do tratamento antirretroviral, esses serviços oferecem:
Consultas médicas regulares
Exames de carga viral e CD4
Atendimento psicológico
Assistência social
Grupos de apoio
Perguntas Frequentes sobre ISTs e o SUS
Preciso pagar pelos exames de ISTs no SUS?
Não. Todos os exames para diagnóstico de ISTs são gratuitos no SUS, incluindo testes rápidos e exames laboratoriais.
Posso fazer o teste de HIV anonimamente?
Sim. Os Centros de Testagem e Aconselhamento (CTA) oferecem testes anônimos para HIV e outras ISTs. Você não precisa se identificar para realizar o teste.
Quanto tempo dura o tratamento das ISTs?
A duração do tratamento varia conforme a IST diagnosticada. Algumas podem ser tratadas com dose única de medicamento, enquanto outras podem requerer tratamento contínuo. O profissional de saúde fornecerá todas as orientações específicas para cada caso.
Posso pegar ISTs mesmo usando preservativo?
O preservativo é o método mais eficaz para prevenir ISTs, mas não oferece proteção 100% garantida. Algumas ISTs podem ser transmitidas por contato com áreas não cobertas pelo preservativo. Por isso, é importante realizar exames periódicos.
Preciso informar minhas parcerias sexuais se eu for diagnosticado com uma IST?
Sim, é muito importante que suas parcerias sexuais sejam informadas e também busquem atendimento médico. Isso ajuda a interromper a cadeia de transmissão e prevenir complicações. O serviço de saúde pode auxiliar nessa comunicação de forma confidencial.
O SUS fornece PrEP e PEP gratuitamente?
Sim. A PrEP (Profilaxia Pré-Exposição) está disponível para pessoas com maior vulnerabilidade ao HIV, e a PEP (Profilaxia Pós-Exposição) é fornecida em casos de exposição de risco ao vírus, devendo ser iniciada em até 72 horas após a exposição.
Conclusão
O diagnóstico e tratamento precoces das ISTs são fundamentais para evitar complicações e interromper a cadeia de transmissão. O SUS oferece uma rede completa de serviços gratuitos para prevenção, diagnóstico e tratamento dessas infecções.
Se você teve relações sexuais desprotegidas ou apresenta algum sintoma suspeito, não hesite em procurar uma unidade de saúde. Lembre-se: muitas ISTs podem ser assintomáticas, por isso, realizar exames periódicos é essencial, mesmo sem sintomas.
A prevenção continua sendo a melhor estratégia. Use preservativo em todas as relações sexuais, realize exames periódicos e mantenha-se informado sobre saúde sexual.