Escoliose no SUS: Diagnóstico e Tratamento Completo para Crianças e Adolescentes

Guia completo sobre o tratamento da Escoliose em crianças e adolescentes pelo SUS. Saiba como diagnosticar, quando usar colete, a importância da fisioterapia e como acessar a cirurgia de correção.

10/29/20254 min read

Escoliose: Tratamento em Crianças e Adolescentes pelo SUS

A escoliose, caracterizada por uma curvatura lateral da coluna vertebral, é um tema que gera muitas dúvidas e preocupações, especialmente quando afeta crianças e adolescentes. A boa notícia é que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um tratamento completo e especializado, que vai desde o diagnóstico precoce até a cirurgia de correção em casos mais graves.

Neste guia, você vai entender como a escoliose é identificada, quais são as opções de tratamento disponíveis pelo SUS – como o uso de coletes e a fisioterapia – e, principalmente, qual é o caminho para acessar o atendimento especializado e a cirurgia, se necessário, garantindo o desenvolvimento saudável e a qualidade de vida dos jovens.

O Que é Escoliose e Por Que o Diagnóstico Precoce é Vital?

A escoliose mais comum em crianças e adolescentes é a Escoliose Idiopática do Adolescente (EIA), que não tem uma causa conhecida e geralmente se manifesta após os 10 anos. A curvatura da coluna pode progredir rapidamente durante o estirão de crescimento, tornando o diagnóstico precoce essencial.

Como a Escoliose é Identificada no SUS

O primeiro passo para o diagnóstico geralmente ocorre na Atenção Primária à Saúde (APS), ou seja, na Unidade Básica de Saúde (UBS) ou em programas de saúde escolar. O exame mais simples e eficaz é o Teste de Adams:

  • Teste de Adams: A criança ou adolescente inclina o tronco para frente, com os pés juntos e os braços pendurados. O profissional de saúde observa a coluna por trás para identificar qualquer assimetria ou elevação de um lado das costas.

  • Encaminhamento: Se houver suspeita, o paciente é encaminhado para um especialista (Ortopedista Pediátrico ou Cirurgião de Coluna) via regulação do SUS, para confirmação com exames de imagem.

  • Exame de Imagem: O diagnóstico é confirmado por meio de uma radiografia panorâmica da coluna, que permite medir o ângulo da curva (Ângulo de Cobb) e determinar a gravidade.

As Opções de Tratamento Oferecidas pelo SUS

O tratamento da escoliose é definido com base em três fatores principais: o grau da curvatura (Ângulo de Cobb), a idade do paciente e o potencial de crescimento restante.

1. Observação e Fisioterapia (Curvas Leves)

Para curvas menores que 20 graus, o tratamento inicial é a observação e o acompanhamento regular, geralmente a cada 4 a 6 meses. O foco é na prevenção da progressão e na melhoria da postura e força muscular.

  • Fisioterapia: O SUS oferece sessões de fisioterapia e reabilitação, que são cruciais para fortalecer a musculatura do tronco e manter a flexibilidade da coluna. O encaminhamento é feito pela UBS para os Centros de Reabilitação ou serviços de fisioterapia conveniados.

2. Uso de Colete Ortopédico (Curvas Moderadas)

Para curvas entre 20 e 40 graus em pacientes que ainda estão em crescimento, o uso do colete ortopédico é o tratamento mais comum. O objetivo do colete é impedir que a curva progrida até que o adolescente atinja a maturidade esquelética.

  • Acesso ao Colete: O colete é prescrito pelo ortopedista do SUS e, geralmente, é fornecido gratuitamente por meio de programas estaduais ou municipais de órteses e próteses. O processo envolve a medição e a confecção personalizada do colete.

  • Acompanhamento: O uso do colete deve ser rigoroso (muitas vezes por 18 a 23 horas por dia) e acompanhado de perto pelo ortopedista e pelo fisioterapeuta do SUS.

. Cirurgia de Correção (Curvas Graves)

A cirurgia é reservada para casos de escoliose grave, geralmente com curvas acima de 45 a 50 graus, onde há risco de progressão mesmo após o fim do crescimento, ou quando a curva já está causando problemas respiratórios ou dor intensa.

Como Acessar a Cirurgia de Escoliose pelo SUS

A cirurgia de escoliose é um procedimento de alta complexidade e é realizada em Centros de Referência de Ortopedia e Traumatologia, como hospitais universitários ou institutos especializados (como o INTO - Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia).

  1. Diagnóstico e Indicação: O ortopedista especialista do SUS, após exames detalhados, indica a necessidade da cirurgia.

  2. Regulação: O pedido de cirurgia é inserido no Sistema Nacional de Regulação (SISREG), que gerencia a fila de espera.

  3. Tempo de Espera: Infelizmente, o tempo de espera para cirurgias de escoliose pode ser longo no SUS, chegando a mais de um ano em algumas regiões. No entanto, o Ministério da Saúde tem programas de mutirões e priorização de casos graves para tentar reduzir essa fila.

  4. Acompanhamento Pós-Cirúrgico: O pós-operatório exige um longo período de reabilitação. O SUS cobre toda a internação, o procedimento e a fisioterapia intensiva necessária para a recuperação.

A Importância da Fisioterapia e Reabilitação no SUS

A fisioterapia é um pilar fundamental no tratamento da escoliose, seja para fortalecer a musculatura em curvas leves, seja como complemento ao uso do colete ou no pós-operatório da cirurgia. O SUS garante o acesso a essa reabilitação:

  • Encaminhamento: O encaminhamento para a fisioterapia é feito pelo médico da UBS ou pelo ortopedista.

  • Locais de Atendimento: As sessões podem ser realizadas em Centros Especializados em Reabilitação (CER) ou em clínicas conveniadas ao SUS.

  • Tratamento Individualizado: O tratamento fisioterapêutico deve ser individualizado e focado em exercícios específicos para a escoliose (como o método SEAS ou o método Schroth, que podem ser oferecidos em centros de referência).

Direitos e Acesso a Órteses e Próteses

O colete ortopédico é classificado como uma órtese. O SUS, por meio da Política Nacional de Assistência Farmacêutica e de Órteses, Próteses e Meios Auxiliares de Locomoção (OPM), deve garantir o acesso a esses dispositivos.

Para conseguir o colete, o paciente deve estar em acompanhamento com o especialista do SUS, que fará a prescrição. O processo de solicitação e fornecimento varia de acordo com a gestão estadual ou municipal, mas é um direito garantido.

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Fontes Oficiais Consultadas

A informação contida neste artigo foi baseada em documentos e diretrizes oficiais do Sistema Único de Saúde (SUS) e instituições de saúde brasileiras:

  • Ministério da Saúde - Política Nacional de Atenção à Saúde da Criança e do Adolescente.

  • Nota Técnica sobre o Atendimento de Escoliose em Crianças e Adolescentes e Critérios de Encaminhamento para Atenção Especializada (Secretaria Estadual de Saúde).

  • Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO/MS).