Congestão Nasal: Guia Completo de Causas, Tratamento com Lavagem Nasal

Saiba como o SUS trata a congestão nasal, a diferença entre rinite e sinusite, a importância da lavagem nasal.

12/1/20255 min read

Congestão Nasal: Causas, Tratamento e o Acesso a Medicamentos Essenciais pelo SUS

A congestão nasal, popularmente conhecida como "nariz entupido", é um sintoma extremamente comum que afeta a qualidade de vida de milhões de brasileiros. Embora pareça um problema menor, a obstrução nasal crônica ou recorrente pode levar a distúrbios do sono, dores de cabeça e até mesmo complicações mais sérias, como a sinusite. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um protocolo de tratamento eficaz, focado na atenção primária e no acesso a medicamentos essenciais, especialmente para condições crônicas como a rinite alérgica.

Este guia detalhado explora as principais causas da congestão nasal, a importância da lavagem nasal como pilar do tratamento e como o paciente pode acessar os medicamentos e o tratamento especializado através da rede pública de saúde.

O Que Causa a Congestão Nasal e a Diferença entre Rinite e Sinusite

A sensação de nariz entupido não é causada por muco em excesso, mas sim pelo inchaço (edema) dos vasos sanguíneos e dos tecidos que revestem o interior das narinas. Esse inchaço reduz o espaço para a passagem do ar, gerando a obstrução.

As causas mais comuns da congestão nasal estão ligadas a processos inflamatórios:

  1. Rinite Alérgica: É a inflamação crônica da mucosa nasal desencadeada por alérgenos (ácaros, pólen, pelos de animais). A rinite causa uma tríade de sintomas: espirros em salva, coriza clara e, principalmente, a congestão nasal. O SUS trata a rinite como uma condição crônica que exige manejo contínuo.

  2. Sinusite (Rinossinusite): É a inflamação dos seios paranasais (cavidades ósseas ao redor do nariz). Geralmente, a sinusite é uma complicação de um resfriado, gripe ou rinite. A congestão nasal é acompanhada de dor ou pressão facial, secreção nasal espessa e, por vezes, febre.

  3. Infecções Virais: Resfriados e gripes causam uma inflamação temporária da mucosa, resultando em congestão que dura o período da infecção (geralmente de 5 a 7 dias).

  4. Rinite Não Alérgica: Causada por fatores irritantes (fumaça, poluição, cheiros fortes), alterações hormonais ou uso excessivo de descongestionantes nasais (rinite medicamentosa).

O Pilar do Tratamento no SUS: A Lavagem Nasal

A lavagem nasal com solução salina (soro fisiológico) é o tratamento de primeira linha e o mais recomendado pelo SUS para todas as causas de congestão nasal, desde o resfriado comum até a rinite crônica.

A lavagem nasal atua de forma mecânica e fisiológica:

  • Limpeza: Remove o excesso de muco, crostas, alérgenos e agentes infecciosos da cavidade nasal.

  • Desinchaço: O soro salino ajuda a reduzir o edema da mucosa, facilitando a respiração.

  • Hidratação: Mantém a mucosa nasal hidratada, melhorando a função ciliar (mecanismo de defesa natural do nariz).

O SUS fornece o Cloreto de Sódio 0,9% (soro fisiológico) em suas unidades básicas de saúde e orienta o paciente sobre a técnica correta de lavagem, que deve ser feita com volume adequado e pressão suave, utilizando seringas ou dispositivos específicos.

Acesso a Medicamentos Essenciais pelo SUS

Para o tratamento da congestão nasal crônica, especialmente a rinite alérgica, o SUS garante o acesso a medicamentos de alta eficácia, principalmente através do programa Farmácia Popular e da Farmácia Básica municipal.

Corticosteroides Nasais (Tratamento de Manutenção)

Os corticosteroides nasais são o tratamento mais eficaz para a inflamação crônica da rinite, sendo o pilar do tratamento de manutenção. Eles agem reduzindo o inchaço da mucosa nasal.

O Farmácia Popular disponibiliza gratuitamente para o tratamento da rinite:

  • Budesonida (32mcg e 50mcg/dose) - Solução tópica nasal.

  • Dipropionato de Beclometasona (50mcg/dose) - Solução tópica nasal.

O acesso a esses medicamentos é feito mediante a apresentação de receita médica (válida por 12 meses) e documento de identidade, garantindo que o paciente com rinite crônica tenha o controle contínuo da sua condição.

Anti-histamínicos e Outros Medicamentos

Para o controle dos sintomas alérgicos (espirros e coceira), os anti-histamínicos são frequentemente prescritos. Embora não sejam o tratamento principal para a congestão, eles ajudam a controlar a reação alérgica.

  • Anti-histamínicos: Medicamentos como a Loratadina ou Desloratadina podem estar disponíveis na Farmácia Básica do município, dependendo da Relação Municipal de Medicamentos Essenciais (REMUME).

  • Antibióticos: São reservados apenas para casos de sinusite bacteriana confirmada, que é uma minoria dos casos. O médico da UBS prescreverá antibióticos como a Amoxicilina ou Amoxicilina + Clavulanato se houver suspeita de infecção bacteriana.

O Risco dos Descongestionantes e a Orientação do SUS

É crucial destacar que o SUS não recomenda o uso contínuo de descongestionantes nasais tópicos (como os que contêm Xilometazolina ou Oximetazolina).

Esses medicamentos, embora proporcionem alívio imediato, causam um efeito rebote conhecido como rinite medicamentosa. O uso prolongado leva à dependência e piora a congestão nasal, criando um ciclo vicioso. A orientação do profissional de saúde da rede pública é sempre priorizar a lavagem nasal e o tratamento da causa (com corticosteroide nasal, por exemplo) em vez do uso de descongestionantes.

O Fluxo de Atendimento Especializado

A maioria dos casos de congestão nasal pode ser resolvida na Atenção Primária (UBS) com lavagem nasal e medicamentos do Farmácia Popular. No entanto, alguns casos exigem a avaliação de um especialista.

O encaminhamento para o Otorrinolaringologista é feito via sistema de regulação (SISREG) para pacientes que apresentam:

  • Sintomas Refratários: Congestão nasal que não melhora após 12 semanas de tratamento adequado na UBS.

  • Suspeita de Complicações: Suspeita de pólipos nasais, desvio de septo grave ou sinusite crônica com complicações.

  • Sinusite Crônica: Casos que podem necessitar de exames de imagem (tomografia) ou avaliação cirúrgica.

O especialista pode solicitar exames como a Endoscopia Nasal para visualizar a cavidade nasal e os óstios dos seios paranasais, garantindo um diagnóstico preciso e a definição do tratamento mais adequado, que pode incluir cirurgia em casos específicos de obstrução anatômica.

Prevenção e Cuidados no Dia a Dia

A prevenção da congestão nasal, especialmente a alérgica, envolve o controle ambiental, uma orientação fundamental dada pelas equipes de saúde do SUS:

  • Controle de Alérgenos: Evitar tapetes, cortinas pesadas e bichos de pelúcia. Manter o ambiente limpo e arejado.

  • Umidificação: Utilizar umidificadores ou bacias de água no quarto, especialmente em climas secos.

  • Hidratação: Beber bastante água para fluidificar as secreções.

O tratamento da congestão nasal no SUS é um exemplo de como a atenção primária, aliada a programas de acesso a medicamentos como o Farmácia Popular, pode oferecer soluções de alta qualidade para problemas de saúde comuns, garantindo que o paciente respire melhor e tenha uma melhor qualidade de vida.

Artigos Relacionados

Referências