Blefarite: Guia Completo de Causas, Higiene Palpebral e Acesso a Pomadas Antibióticas e Tratamento Especializado pelo SUS
Saiba como o SUS trata a Blefarite, a diferença entre os tipos anterior e posterior, a técnica correta de higiene palpebral e como acessar medicamentos e o acompanhamento com oftalmologista para o controle da inflamação crônica das pálpebras.
12/4/20255 min read


Blefarite: Causas, Diagnóstico e o Tratamento Completo Disponível no SUS
A blefarite é uma condição oftalmológica crônica e comum, caracterizada pela inflamação das margens das pálpebras. Embora não seja contagiosa e raramente cause danos permanentes à visão, seus sintomas – como coceira, ardência e a sensação de areia nos olhos – são extremamente incômodos e podem afetar significativamente a qualidade de vida. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece o diagnóstico, a orientação e o tratamento necessários para o manejo eficaz da blefarite, com foco na atenção primária e no acesso a medicamentos essenciais.
Este guia detalhado explora as causas da blefarite, a importância da higiene palpebral como pilar do tratamento e o fluxo completo para o acesso a medicamentos e ao acompanhamento oftalmológico especializado através da rede pública de saúde.
Entendendo a Blefarite: Tipos e Sintomas
A blefarite é essencialmente um problema de higiene e inflamação na base dos cílios. Ela pode ser classificada em dois tipos principais, que frequentemente coexistem:
1. Blefarite Anterior
Afeta a parte externa da pálpebra, onde os cílios se inserem. Geralmente é causada por bactérias (Blefarite Estafilocócica) ou por problemas de pele como a caspa (Blefarite Seborreica).
Sintomas: Formação de crostas e caspas nos cílios (semelhante à caspa no couro cabeludo), vermelhidão na margem palpebral e coceira.
2. Blefarite Posterior (Disfunção da Glândula de Meibomius - DGM)
Afeta a parte interna da pálpebra, onde estão localizadas as glândulas de Meibomius, responsáveis por produzir a camada oleosa da lágrima. Quando essas glândulas ficam obstruídas ou produzem óleo de má qualidade, ocorre a inflamação.
Sintomas: Olho seco associado, ardência, sensação de corpo estranho e pálpebras avermelhadas e espessadas. É a forma mais comum e frequentemente associada a condições sistêmicas como a Rosácea.
Sinais e Consequências da Blefarite
A blefarite, por ser crônica, pode levar a complicações recorrentes:
Terçol (Hordéolo): Infecção aguda de uma glândula da pálpebra, manifestada como um nódulo doloroso.
Calázio: Inflamação crônica e não infecciosa de uma glândula de Meibomius, manifestada como um nódulo indolor.
Olho Seco: A DGM é uma das principais causas de olho seco evaporativo.
Perda de Cílios (Madarose): Em casos crônicos e não tratados.
O Pilar do Tratamento no SUS: Higiene Palpebral
O tratamento da blefarite, independentemente do tipo, tem como base a Higiene Palpebral. Este é um procedimento simples, mas que exige disciplina e é a principal orientação fornecida pelos profissionais de saúde na Atenção Primária do SUS.
A higiene palpebral consiste em três passos essenciais:
Compressas Quentes: Aplicar compressas mornas ou quentes sobre as pálpebras fechadas por 5 a 10 minutos. O calor ajuda a amolecer as crostas e, principalmente, a liquefazer o óleo espesso dentro das glândulas de Meibomius, facilitando sua drenagem.
Massagem: Após a compressa, massagear suavemente as pálpebras na direção dos cílios para ajudar a expelir o material oleoso das glândulas.
Limpeza: Limpar a margem palpebral e a base dos cílios com uma solução de limpeza. O SUS orienta o uso de xampu neutro infantil diluído (uma gota em um copo de água morna) ou soluções de limpeza palpebral específicas, que podem ser adquiridas pelo paciente.
A equipe de saúde da UBS/USF é responsável por demonstrar a técnica correta e reforçar a importância da rotina diária, que deve ser mantida mesmo após a melhora dos sintomas, devido à natureza crônica da doença.
Acesso a Medicamentos pelo SUS
Embora a higiene seja o tratamento principal, o SUS fornece medicamentos para controlar a inflamação e a infecção associadas à blefarite.
1. Antibióticos Tópicos
Para casos de blefarite estafilocócica ou quando há sinais de infecção bacteriana, o médico pode prescrever pomadas oftálmicas antibióticas.
Pomadas Oftálmicas: Medicamentos como a Eritromicina ou Bacitracina são fornecidos pela Farmácia Básica do município, mediante prescrição médica. A aplicação é feita na margem palpebral, geralmente à noite.
2. Colírios e Pomadas Anti-inflamatórias
Em casos de inflamação intensa que não melhora apenas com a higiene, colírios ou pomadas com corticoides podem ser prescritos.
Corticoides Tópicos: O uso é restrito a curtos períodos e sob estrito acompanhamento do oftalmologista, pois o uso prolongado pode causar efeitos colaterais graves, como o aumento da pressão intraocular (Glaucoma).
3. Antibióticos Orais (Sistêmicos)
Para casos de blefarite posterior grave ou associada à Rosácea, o tratamento pode incluir antibióticos orais, que agem reduzindo a inflamação e a produção de óleo pelas glândulas.
Doxiciclina ou Azitromicina: São exemplos de antibióticos que podem ser prescritos pelo oftalmologista e fornecidos pelo SUS para o tratamento sistêmico da blefarite crônica.
4. Lágrimas Artificiais
A blefarite, especialmente a posterior, está intimamente ligada ao olho seco. O SUS disponibiliza formulações de lágrimas artificiais (colírios lubrificantes) na Farmácia Básica para aliviar a ardência e a sensação de corpo estranho.
O Fluxo de Atendimento Oftalmológico pelo SUS
O diagnóstico da blefarite é primariamente clínico e pode ser feito pelo médico da Atenção Primária.
1. Atenção Primária (UBS/USF)
A UBS é o local ideal para o diagnóstico inicial, a orientação sobre a higiene palpebral e a prescrição dos medicamentos de primeira linha (pomadas antibióticas e lágrimas artificiais).
2. Atenção Especializada (Oftalmologista)
O encaminhamento para o Oftalmologista via sistema de regulação (SISREG) é necessário para:
Casos Refratários: Pacientes que não melhoram após 4 a 6 semanas de tratamento rigoroso com higiene palpebral e medicamentos de primeira linha.
Complicações: Suspeita de complicações como ceratite (inflamação da córnea) ou úlcera de córnea.
Diagnóstico Diferencial: Necessidade de descartar outras doenças oculares que mimetizam a blefarite.
O oftalmologista pode realizar exames mais detalhados, como a Meibografia (para avaliar as glândulas de Meibomius), e ajustar o tratamento, incluindo a prescrição de medicamentos sistêmicos ou o uso cauteloso de corticoides.
Prevenção e Cuidados a Longo Prazo
A blefarite é uma condição que exige manejo contínuo. A prevenção e o controle a longo prazo dependem da adesão do paciente à rotina de higiene palpebral.
Disciplina: A higiene palpebral deve ser incorporada à rotina diária, como escovar os dentes.
Controle de Doenças Associadas: O tratamento de condições como Rosácea e Dermatite Seborreica, também oferecido pelo SUS, é crucial para o controle da blefarite.
Evitar Maquiagem: O uso de maquiagem nos olhos pode agravar a blefarite, pois os produtos podem obstruir as glândulas.
O SUS garante que o paciente com blefarite tenha acesso a um tratamento baseado em evidências, focado na educação em saúde e no fornecimento de medicamentos, permitindo o controle da inflamação e a melhoria da qualidade de vida, prevenindo a recorrência de terçóis e calázios.
Artigos Relacionados
Rosácea: Diagnóstico e Tratamento Dermatológico pelo SUS
Referências
Saúde para todos
Tudo sobre o Sistema Único de Saúde Brasileiro e notícias relacionadas.
Quem somos
© 2024 Viva o SUS. All rights reserved.
Institucional