Tendinite no SUS: Acesso a Fisioterapia, Medicamentos e Infiltrações

Guia completo sobre o tratamento de Tendinites e Bursites pelo SUS. Saiba como ter acesso a medicamentos, infiltrações e, principalmente, à fisioterapia gratuita.

11/3/20254 min read

Tendinites: Fisioterapia e Medicamentos pelo SUS - Guia Completo

A dor causada pela tendinite é um problema que afeta a qualidade de vida de milhões de brasileiros, limitando movimentos simples do dia a dia, como escovar os dentes, digitar ou levantar um peso. Se você está sofrendo com essa inflamação nos tendões, saiba que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um caminho completo para o diagnóstico, tratamento com medicamentos e, o mais importante, o acesso à fisioterapia.

Neste guia, vamos desmistificar a tendinite, explicar como ela é tratada dentro do SUS e qual o passo a passo para você conseguir a fisioterapia e os medicamentos necessários para voltar a ter uma vida sem dor.

O Que é Tendinite e Por Que Ela Acontece?

A palavra tendinite significa, literalmente, a inflamação de um tendão. Os tendões são estruturas fortes e flexíveis, como "cabos" que ligam os músculos aos ossos. Eles são essenciais para que o movimento aconteça.

Quando um tendão é sobrecarregado por movimentos repetitivos, posturas inadequadas ou traumas, ele pode inflamar, causando dor e inchaço.

Causas Mais Comuns da Tendinite

Entender a causa é o primeiro passo para o tratamento. As causas mais comuns que levam à tendinite incluem:

  • Movimentos Repetitivos: É a causa mais frequente, especialmente em ambientes de trabalho (LER/DORT). Digitar por horas, usar o mouse de forma inadequada ou realizar movimentos repetitivos em linhas de produção são exemplos.

  • Esforço Excessivo: Levantar pesos de forma incorreta ou praticar esportes sem o devido preparo.

  • Idade: Com o envelhecimento, os tendões perdem elasticidade e se tornam mais suscetíveis a lesões.

  • Doenças Reumáticas: Algumas doenças, como a Artrite Reumatoide, podem aumentar o risco de tendinites.

O Fluxo de Atendimento no SUS: Da UBS à Fisioterapia

O tratamento da tendinite no SUS começa na Atenção Primária, ou seja, na Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua casa.

1. O Primeiro Passo: A UBS

Ao sentir dor, procure a UBS. O médico da família ou o clínico geral fará o diagnóstico inicial através do exame físico e da sua história clínica.

  • Diagnóstico: O médico irá perguntar sobre a dor, os movimentos que a causam e se há inchaço. Em casos mais complexos, ele pode solicitar exames de imagem, como ultrassom ou raio-X, que também são cobertos pelo SUS.

  • Tratamento Inicial: O tratamento inicial na UBS é focado em aliviar a dor e a inflamação. Isso inclui:

    • Repouso: Evitar o movimento que causa a dor.

    • Gelo ou Calor: Aplicação de gelo (nas primeiras 48h) ou calor (após a fase aguda) na região afetada.

    • Medicamentos: Prescrição de anti-inflamatórios e analgésicos.

2. Acesso à Fisioterapia pelo SUS

A fisioterapia é a parte mais importante do tratamento da tendinite, pois ela não apenas alivia a dor, mas fortalece o tendão e o músculo para evitar que a inflamação volte.

  • Encaminhamento: Após o diagnóstico e o tratamento inicial, o médico da UBS fará o encaminhamento para a fisioterapia.

  • Critério de Encaminhamento: O Protocolo de Encaminhamento do SUS para Ortopedia e Reumatologia indica que o paciente deve ser encaminhado para a fisioterapia se a dor persistir ou se houver necessidade de reabilitação funcional.

  • Onde Fazer: A fisioterapia é realizada em Centros de Reabilitação, Policlínicas ou em Centros Especializados de Reabilitação (CER), dependendo da estrutura do seu município. O agendamento é feito via SISREG (Sistema Nacional de Regulação).

O Que Esperar da Fisioterapia no SUS?

A fisioterapia para tendinite é um tratamento completo que pode incluir:

  • Eletroterapia: Uso de aparelhos como TENS (Estimulação Elétrica Nervosa Transcutânea) para alívio da dor.

  • Cinesioterapia: Exercícios de alongamento e fortalecimento, essenciais para a recuperação do tendão.

  • Terapia Manual: Massagens e mobilizações para melhorar a circulação e a flexibilidade.

  • Orientação Postural: Correção de postura e orientação sobre como realizar atividades diárias sem sobrecarregar o tendão.

Medicamentos para Tendinite no SUS

O tratamento medicamentoso para tendinite é focado no controle da dor e da inflamação. O SUS garante o acesso a diversos medicamentos através da RENAME (Relação Nacional de Medicamentos Essenciais).

Anti-inflamatórios e Analgésicos

  • Diclofenaco (Oral e Tópico): É um dos anti-inflamatórios mais comuns e está padronizado na RENAME. O Diclofenaco de Dietilamônio (tópico, em gel) é indicado para uso local e tem menor risco de efeitos colaterais gastrointestinais.

  • Ibuprofeno e Naproxeno: Outros anti-inflamatórios que podem ser prescritos pelo médico da UBS.

  • Paracetamol e Dipirona: Usados como analgésicos para alívio da dor.

Infiltrações (Corticoide)

Em casos de dor intensa e persistente, o médico especialista (ortopedista ou reumatologista) pode indicar a infiltração com corticoides.

  • O que é: É a aplicação de um medicamento anti-inflamatório potente (geralmente Betametasona) diretamente no local da inflamação.

  • Acesso: O medicamento para infiltração (como a Betametasona, acetato + fosfato dissódico) está padronizado pelo SUS e o procedimento é realizado na Atenção Especializada.

Sinais de Alerta: Quando a Tendinite é Mais Grave

A maioria dos casos de tendinite se resolve com repouso, medicamentos e fisioterapia. No entanto, existem sinais de alerta que indicam a necessidade de procurar o especialista com urgência:

  • Dor Intensa e Súbita: Pode indicar uma ruptura do tendão.

  • Inchaço e Calor Excessivos: Pode ser sinal de uma infecção ou outra complicação.

  • Perda de Movimento: Incapacidade de mover a articulação afetada.

  • Dor que Não Melhora: Dor que persiste por mais de 6 meses, mesmo com o tratamento otimizado (fisioterapia e medicamentos).

Se a tendinite não responder ao tratamento otimizado na Atenção Básica por um período de 6 meses, o Protocolo do SUS indica o encaminhamento para o especialista (Ortopedista ou Reumatologista) para reavaliação e, se necessário, considerar outras opções, como a cirurgia.

Artigos Relacionados

Referências