Síndrome do Pânico: Como Obter Tratamento Gratuito pelo SUS

Descubra como acessar diagnóstico, medicamentos e terapias para a Síndrome do Pânico através do Sistema Único de Saúde.

6/1/20259 min read

Síndrome do Pânico: Tratamento Disponível no SUS - Guia Completo

Você já sentiu seu coração disparar de repente, falta de ar, tontura e um medo intenso de que algo terrível vai acontecer, mesmo sem motivo aparente? Esses são sintomas típicos da Síndrome do Pânico.

Este transtorno afeta milhões de brasileiros e pode comprometer seriamente a qualidade de vida. A boa notícia é que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento gratuito e eficaz.

Neste artigo, você vai descobrir como acessar esses serviços e retomar o controle da sua vida.

Importante: A Síndrome do Pânico é considerada um transtorno de ansiedade tratável. Com o acompanhamento adequado pelo SUS, cerca de 70% dos pacientes apresentam melhora significativa dos sintomas em até seis meses de tratamento.

O que é a Síndrome do Pânico e como reconhecer os sintomas

A Síndrome do Pânico, também conhecida como Transtorno do Pânico (TP), é caracterizada por crises de ansiedade repentinas e intensas. Estas crises vêm acompanhadas de forte sensação de medo ou mal-estar e diversos sintomas físicos.

Os ataques podem ocorrer em qualquer lugar, contexto ou momento, durando em média de 15 a 30 minutos.

As crises causam intenso sofrimento psíquico e podem levar a mudanças significativas no comportamento. A pessoa passa a evitar situações ou lugares onde teve crises anteriores, com medo de que elas se repitam.

Principais sintomas durante uma crise de pânico:

  • Sintomas físicos:

    • Aceleração dos batimentos cardíacos (taquicardia)

    • Respiração acelerada ou falta de ar

    • Dor ou pressão no peito

    • Tontura ou sensação de desmaio

    • Tremores ou calafrios

    • Suor excessivo

    • Náusea ou desconforto abdominal

    • Formigamento nas extremidades

    • Ondas de calor ou frio

  • Sintomas psicológicos:

    • Medo intenso de morrer

    • Sensação de perda de controle

    • Medo de "enlouquecer"

    • Sensação de irrealidade (despersonalização)

    • Sensação de estar separado do ambiente (desrealização)

Atenção: Muitos dos sintomas físicos da Síndrome do Pânico podem ser confundidos com problemas cardíacos, como infarto. Isso leva muitas pessoas a procurarem repetidamente serviços de emergência. Por isso, o diagnóstico correto é fundamental.

Como funciona o diagnóstico da Síndrome do Pânico pelo SUS

O diagnóstico da Síndrome do Pânico é essencialmente clínico. Isso significa que é baseado na avaliação dos sintomas e no histórico do paciente.

No SUS, esse processo geralmente segue estas etapas:

1. Avaliação inicial na Unidade Básica de Saúde (UBS)

O primeiro passo é procurar a UBS mais próxima da sua residência. Lá, o médico de família ou clínico geral fará uma avaliação inicial, que inclui:

  • Entrevista sobre os sintomas e sua frequência

  • Exame físico para descartar problemas orgânicos

  • Possíveis exames complementares para excluir outras condições médicas

2. Encaminhamento para especialista

Se houver suspeita de Síndrome do Pânico, você será encaminhado para um psiquiatra ou para um serviço especializado em saúde mental, como o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS).

3. Avaliação especializada

O psiquiatra realizará uma avaliação mais detalhada, considerando:

  • Frequência e intensidade das crises

  • Impacto dos sintomas na sua vida cotidiana

  • Presença de comportamentos de evitação (agorafobia)

  • Histórico familiar de transtornos de ansiedade

  • Possíveis comorbidades (outros transtornos que podem ocorrer junto com o pânico)

Com base nessa avaliação, o especialista poderá confirmar o diagnóstico e propor um plano de tratamento personalizado.

Dica: Ao procurar ajuda, anote detalhadamente seus sintomas, quando começaram, com que frequência ocorrem e como afetam sua vida. Essas informações são valiosas para o diagnóstico correto.

Tratamentos disponíveis para Síndrome do Pânico no SUS

O SUS oferece uma abordagem multidisciplinar para o tratamento da Síndrome do Pânico, combinando diferentes estratégias terapêuticas.

O tratamento é personalizado de acordo com as necessidades de cada paciente e pode incluir:

Tratamento medicamentoso

Os medicamentos são importantes para controlar os sintomas, especialmente nas fases iniciais do tratamento. O SUS disponibiliza gratuitamente diversos medicamentos eficazes:

Antidepressivos (primeira escolha)
  • Fluoxetina, Sertralina, Paroxetina, Escitalopram

  • Regulam neurotransmissores relacionados á ansiedade e pânico

  • Farmácia da UBS ou Farmácia Popular

Ansiolíticos (uso temporário)
  • Clonazepam, Diazepam, Alprazolam.

  • Aliviam rapidamente os sintomas durante as crises

  • Farmácia da UBS (com receita de controle especial)

Outros medicamentos
  • Clomipramina, Imipramina, Propanolol.

  • Alternativas para casos específicos

  • Farmácia da UBS ou Farmácia Popular

Atenção: Os medicamentos devem ser prescritos e monitorados por um médico. Eles podem ter efeitos colaterais e precisam ser ajustados individualmente. Nunca interrompa ou modifique o tratamento sem orientação profissional.

Psicoterapia

A psicoterapia é um componente fundamental do tratamento da Síndrome do Pânico. O SUS oferece diferentes modalidades de terapia, sendo a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) a mais indicada para este transtorno.

A TCC ajuda o paciente a:

  • Identificar e modificar pensamentos negativos e catastróficos

  • Aprender técnicas de respiração e relaxamento para controlar os sintomas físicos

  • Enfrentar gradualmente situações que causam ansiedade (exposição)

  • Desenvolver estratégias de enfrentamento para lidar com as crises

As sessões de psicoterapia podem ser individuais ou em grupo, dependendo da disponibilidade do serviço e das necessidades do paciente.

Práticas Integrativas e Complementares (PICs)

O SUS também oferece Práticas Integrativas e Complementares que podem auxiliar no tratamento da Síndrome do Pânico:

  • Acupuntura: pode ajudar a reduzir a ansiedade e melhorar o bem-estar geral

  • Meditação e mindfulness: técnicas que ajudam a acalmar a mente e melhorar o autocontrole

  • Yoga: combina exercícios físicos, respiração e meditação, contribuindo para reduzir a ansiedade

  • Auriculoterapia: estimulação de pontos específicos da orelha para aliviar sintomas de ansiedade

  • Arteterapia: uso de expressão artística como forma de lidar com emoções difíceis

A disponibilidade dessas práticas varia de acordo com a região e a estrutura local do SUS.

Passo a passo para conseguir tratamento para Síndrome do Pânico pelo SUS

Se você suspeita que tem Síndrome do Pânico ou já foi diagnosticado e quer iniciar o tratamento pelo SUS, siga estes passos:

1. Procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima

Leve seus documentos pessoais (RG, CPF) e cartão do SUS. Se não tiver o cartão, ele pode ser feito na própria unidade.

2. Passe por consulta com clínico geral ou médico de família

Descreva detalhadamente seus sintomas, quando começaram, com que frequência ocorrem e como afetam sua vida. Seja sincero e não minimize o que está sentindo.

3. Siga as orientações médicas iniciais

O médico da UBS pode iniciar um tratamento básico e/ou encaminhá-lo para um especialista. Em alguns casos, podem ser solicitados exames para descartar outras condições.

Dica: Se você estiver em crise durante a consulta, informe imediatamente o profissional. Isso pode ajudar no diagnóstico e no encaminhamento mais rápido para o serviço especializado.

4. Aguarde o encaminhamento para o especialista

O tempo de espera varia conforme a região e a disponibilidade de profissionais. Enquanto aguarda, mantenha contato regular com a UBS e informe se houver piora dos sintomas.

5. Consulta com psiquiatra ou no CAPS

Quando chamado, compareça à consulta com o especialista, que fará uma avaliação mais detalhada e definirá o plano de tratamento.

6. Acesso aos medicamentos

Com a receita médica em mãos, você pode retirar os medicamentos prescritos na farmácia da própria UBS, na Farmácia Popular ou, em alguns casos, na farmácia do CAPS.

7. Início da psicoterapia

Se indicada, a psicoterapia pode ser realizada no próprio CAPS, em ambulatórios especializados ou em serviços conveniados ao SUS. Siga as orientações para agendamento.

8. Acompanhamento regular

É fundamental manter as consultas de acompanhamento com o médico e o psicoterapeuta, mesmo quando os sintomas melhorarem.

Onde buscar atendimento para Síndrome do Pânico no SUS

O SUS oferece diferentes pontos de atenção para pessoas com Síndrome do Pânico, organizados em uma rede integrada:

Unidades Básicas de Saúde (UBS)

São a porta de entrada para o sistema. Nas UBS, você pode:

  • Receber o primeiro atendimento e avaliação

  • Ser encaminhado para serviços especializados

  • Receber acompanhamento contínuo

  • Ter acesso a medicamentos básicos

Centros de Atenção Psicossocial (CAPS)

Os CAPS são serviços especializados em saúde mental que oferecem:

  • Atendimento com equipe multiprofissional (psiquiatras, psicólogos, terapeutas ocupacionais, etc.)

  • Psicoterapia individual e em grupo

  • Oficinas terapêuticas

  • Atendimento às famílias

  • Medicação assistida

Existem diferentes tipos de CAPS, com diferentes níveis de complexidade. O encaminhamento para o CAPS mais adequado dependerá da gravidade do seu caso.

Ambulatórios Especializados em Saúde Mental

Alguns municípios contam com ambulatórios especializados que oferecem:

  • Consultas com psiquiatras

  • Atendimento psicológico

  • Grupos terapêuticos

Serviços de Emergência

Em caso de crises graves, você pode buscar atendimento em:

  • Unidades de Pronto Atendimento (UPAs)

  • Pronto-socorros de hospitais gerais

  • CAPS III (que funcionam 24 horas)

Histórias reais: superando a Síndrome do Pânico com o SUS

Mariana, 32 anos, professora: "Comecei a ter crises de pânico após um assalto. Não conseguia mais sair de casa sozinha. Procurei a UBS do meu bairro e fui encaminhada para o CAPS.

Lá, recebi medicação e comecei terapia em grupo. Depois de seis meses, já conseguia fazer trajetos curtos sozinha. Hoje, dois anos depois, levo uma vida normal e só tomo medicação em doses baixas. O SUS me devolveu minha vida."

Carlos, 45 anos, motorista: "Minhas crises começaram no trânsito. Achava que estava tendo um infarto. Fui várias vezes ao pronto-socorro até que um médico percebeu que poderia ser Síndrome do Pânico.

Na UBS, comecei tratamento com fluoxetina e fui encaminhado para terapia. Também participo de um grupo de yoga oferecido pelo posto de saúde. A combinação de tratamentos foi fundamental para minha recuperação."

Dicas para lidar com a Síndrome do Pânico no dia a dia

Além do tratamento formal pelo SUS, existem estratégias que podem ajudar a lidar com a Síndrome do Pânico no cotidiano:

Durante uma crise:

  • Respiração controlada: Inspire lentamente pelo nariz contando até 4, segure por 2 segundos, e expire pela boca contando até 6

  • Técnica de foco: Concentre-se em um objeto próximo e descreva mentalmente suas características

  • Autodiálogo positivo: Lembre-se que a crise vai passar e que você está seguro

  • Relaxamento muscular: Tente relaxar progressivamente os músculos do corpo, começando pelos pés e subindo até a cabeça

Técnica 5-4-3-2-1: Durante uma crise, identifique 5 coisas que você pode ver, 4 coisas que pode tocar, 3 coisas que pode ouvir, 2 coisas que pode cheirar e 1 coisa que pode provar. Esta técnica ajuda a reconectar com o ambiente e reduzir a ansiedade.

No dia a dia:

  • Pratique exercícios físicos regularmente: A atividade física ajuda a reduzir a ansiedade e libera endorfinas, que melhoram o humor

  • Evite cafeína, álcool e cigarro: Estas substâncias podem piorar os sintomas de ansiedade

  • Mantenha uma rotina de sono regular: A privação de sono pode aumentar a vulnerabilidade às crises

  • Pratique técnicas de relaxamento diariamente: Meditação, mindfulness ou yoga podem ajudar a reduzir o nível geral de ansiedade

  • Busque apoio social: Compartilhar suas experiências com pessoas de confiança ou grupos de apoio pode ser muito benéfico

Perguntas frequentes sobre Síndrome do Pânico e tratamento pelo SUS

Quanto tempo dura uma crise de pânico?

As crises de pânico geralmente duram de 15 a 30 minutos, raramente ultrapassando uma hora. Embora pareçam intermináveis para quem está passando por elas, são limitadas no tempo.

Os sintomas costumam atingir seu pico em cerca de 10 minutos e depois diminuem gradualmente.

A Síndrome do Pânico tem cura?

Sim, a Síndrome do Pânico tem tratamento eficaz e muitas pessoas conseguem recuperação completa. Com a combinação adequada de medicamentos e psicoterapia, cerca de 70% dos pacientes apresentam melhora significativa em até seis meses.

Mesmo nos casos mais resistentes, é possível obter controle dos sintomas e qualidade de vida.

Posso morrer durante uma crise de pânico?

Não. Embora durante uma crise de pânico a pessoa possa sentir que está tendo um ataque cardíaco ou que vai morrer, as crises não são fatais por si só.

Os sintomas físicos são causados pela resposta de "luta ou fuga" do corpo e, apesar de muito desconfortáveis, não causam danos permanentes ao organismo.

Preciso tomar medicação para sempre?

Não necessariamente. A duração do tratamento medicamentoso varia de pessoa para pessoa. Muitos pacientes podem reduzir gradualmente e eventualmente interromper a medicação após um período de estabilidade, geralmente entre 12 e 24 meses.

No entanto, isso deve ser feito sempre sob orientação médica, nunca por conta própria.

O SUS oferece psicoterapia para Síndrome do Pânico?

Sim, o SUS oferece psicoterapia para pessoas com Síndrome do Pânico, principalmente a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC), que é a mais indicada para este transtorno.

O atendimento pode ser realizado nos CAPS, em ambulatórios especializados ou em serviços conveniados ao SUS, dependendo da disponibilidade em cada região.

Conclusão

A Síndrome do Pânico é um transtorno que causa intenso sofrimento, mas tem tratamento eficaz disponível gratuitamente pelo SUS. Com a combinação adequada de medicamentos, psicoterapia e práticas complementares, é possível recuperar a qualidade de vida.

Se você identifica em si mesmo ou em alguém próximo os sintomas descritos neste artigo, não hesite em buscar ajuda. O primeiro passo é procurar a Unidade Básica de Saúde mais próxima.

Lembre-se: você não está sozinho nessa jornada. O SUS oferece uma rede de cuidados em saúde mental que pode ajudá-lo a superar a Síndrome do Pânico e retomar o controle da sua vida.

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