Enxaqueca: Tratamento Especializado e Medicamentos pelo SUS
Descubra como conseguir tratamento completo para enxaqueca pelo SUS: medicamentos, consultas especializadas, exames e acompanhamento neurológico gratuito.
1/11/202515 min read


Enxaqueca: Tratamento Especializado e Medicamentos pelo SUS
A enxaqueca é uma doença neurológica crônica que afeta milhões de brasileiros, causando dor de cabeça intensa, pulsátil e frequentemente incapacitante. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento completo e especializado para enxaqueca, incluindo consultas neurológicas, medicamentos para crise e prevenção, exames diagnósticos e acompanhamento multidisciplinar gratuito.
Segundo dados do Ministério da Saúde, a enxaqueca acomete cerca de 15% da população brasileira, sendo três vezes mais comum em mulheres do que em homens. A doença pode causar impacto significativo na qualidade de vida, levando ao absenteísmo no trabalho e limitações nas atividades diárias. Por isso, o SUS disponibiliza uma rede de cuidados especializados para garantir o tratamento adequado e o controle efetivo da doença.
Neste guia completo, você vai entender tudo sobre enxaqueca: o que é, quais são os sintomas, como conseguir tratamento especializado pelo SUS, medicamentos disponíveis gratuitamente, exames necessários e estratégias de prevenção para reduzir a frequência e intensidade das crises.
O que é Enxaqueca
A enxaqueca é uma doença neurológica primária, caracterizada por episódios recorrentes de dor de cabeça com características específicas. Diferentemente de uma dor de cabeça comum, a enxaqueca é uma condição médica complexa que envolve alterações nos vasos sanguíneos cerebrais, neurotransmissores e sistema nervoso central.
Características da Enxaqueca
A enxaqueca apresenta características distintivas que a diferenciam de outros tipos de cefaleia:
Dor pulsátil: Sensação de latejamento ou pulsação
Localização unilateral: Geralmente afeta um lado da cabeça
Intensidade moderada a severa: Dor que interfere nas atividades diárias
Duração: Entre 4 a 72 horas se não tratada
Piora com atividade física: Movimento agrava a dor
Sintomas associados: Náuseas, vômitos, sensibilidade à luz e som
Tipos de Enxaqueca
Enxaqueca sem Aura (Comum):
Representa 80% dos casos
Dor de cabeça sem sintomas neurológicos prévios
Início gradual ou súbito
Duração de 4 a 72 horas
Enxaqueca com Aura (Clássica):
Representa 20% dos casos
Precedida por sintomas neurológicos (aura)
Aura dura de 5 a 60 minutos
Pode incluir distúrbios visuais, sensitivos ou de linguagem
Enxaqueca Crônica:
15 ou mais dias de dor de cabeça por mês
Por pelo menos 3 meses consecutivos
8 ou mais dias com características de enxaqueca
Requer tratamento preventivo especializado
Fases da Enxaqueca
Fase Prodrômica (Pré-ictal):
Ocorre horas ou dias antes da dor
Alterações de humor, apetite e energia
Irritabilidade, depressão ou euforia
Desejo por alimentos específicos
Bocejos frequentes, fadiga ou hiperatividade
Fase da Aura:
Sintomas neurológicos reversíveis
Distúrbios visuais (pontos cegos, luzes piscantes)
Formigamento ou dormência
Dificuldades de fala
Duração de 5 a 60 minutos
Fase da Dor (Ictal):
Dor de cabeça característica
Náuseas e vômitos
Fotofobia e fonofobia
Duração de 4 a 72 horas
Fase Pós-ictal (Resolução):
Fadiga e exaustão
Dificuldade de concentração
Sensibilidade residual
Pode durar até 24 horas
Sintomas da Enxaqueca
Os sintomas da enxaqueca variam entre os indivíduos e podem mudar ao longo do tempo. É importante reconhecer os sinais para buscar tratamento adequado no SUS.
Sintomas Principais
Dor de Cabeça:
Dor pulsátil ou latejante
Intensidade moderada a severa (6-10 na escala de dor)
Localização unilateral (um lado da cabeça)
Pode se tornar bilateral durante a crise
Piora com atividade física rotineira
Melhora com repouso em ambiente escuro e silencioso
Sintomas Gastrointestinais:
Náuseas (presente em 90% dos casos)
Vômitos (presente em 30% dos casos)
Perda de apetite
Diarreia ou constipação
Sensação de estômago vazio
Sintomas Neurológicos:
Fotofobia (sensibilidade à luz)
Fonofobia (sensibilidade ao som)
Osmofobia (sensibilidade a odores)
Tontura e vertigem
Dificuldade de concentração
Irritabilidade
Sintomas da Aura
Aura Visual (mais comum):
Pontos cegos (escotomas)
Luzes piscantes ou zigue-zague
Linhas em movimento
Perda parcial da visão
Visão embaçada
Halos ao redor de objetos
Aura Sensitiva:
Formigamento (parestesias)
Dormência em face, braço ou perna
Sensação de queimação
Perda de sensibilidade
Progressão dos sintomas
Aura de Linguagem:
Dificuldade para falar (afasia)
Problemas para encontrar palavras
Fala arrastada
Dificuldade de compreensão
Escrita alterada
Sinais de Alerta
Procure atendimento médico imediatamente se apresentar:
Dor de cabeça súbita e intensa: "A pior dor de cabeça da vida"
Mudança no padrão: Alteração significativa nas características
Sintomas neurológicos: Fraqueza, confusão mental, convulsões
Febre e rigidez de nuca: Possível meningite
Alterações visuais persistentes: Perda de visão que não melhora
Dor após trauma: Dor de cabeça após pancada na cabeça
Fatores Desencadeantes
Identificar e evitar os fatores desencadeantes é fundamental para o controle da enxaqueca. O SUS oferece orientação nutricional e acompanhamento para ajudar na identificação desses fatores.
Fatores Alimentares
Alimentos Comuns que Podem Desencadear:
Queijos amarelos envelhecidos: Ricos em tiramina
Embutidos: Linguiças, salsichas, presunto
Chocolate: Especialmente ao leite e meio amargo
Frutas cítricas: Laranja, limão, abacaxi, pêssego
Banana d'água: Rica em tiramina
Alimentos em conserva: Com corantes e conservantes
Frituras e gorduras: Alimentos muito oleosos
Adoçantes artificiais: Aspartame e outros
Glutamato monossódico: Realçador de sabor
Bebidas Desencadeantes:
Bebidas alcoólicas: Vinho tinto, cerveja, destilados
Café em excesso: Mais de 3 xícaras por dia
Refrigerantes: À base de cola, com cafeína
Chás estimulantes: Chá preto, mate, verde em excesso
Bebidas geladas: Quando consumidas rapidamente
Fatores Comportamentais
Padrões de Sono:
Dormir mais ou menos que o habitual
Mudanças bruscas no horário de dormir
Privação de sono
Sono fragmentado ou de má qualidade
Sonecas prolongadas durante o dia
Hábitos Alimentares:
Jejum prolongado (mais de 5 horas)
Pular refeições
Mudanças bruscas na dieta
Desidratação
Consumo irregular de cafeína
Fatores Ambientais
Mudanças climáticas: Variações de pressão atmosférica
Temperaturas extremas: Calor ou frio intenso
Luzes intensas: Fluorescentes, telas de computador
Ruídos altos: Sons intensos ou persistentes
Odores fortes: Perfumes, produtos de limpeza
Altitudes elevadas: Mudanças de pressão
Fatores Hormonais
Ciclo Menstrual:
Período pré-menstrual
Durante a menstruação
Ovulação
Uso de anticoncepcionais orais
Terapia de reposição hormonal
Outras Situações Hormonais:
Gravidez (especialmente primeiro trimestre)
Menopausa
Puberdade
Distúrbios da tireoide
Fatores Emocionais
Estresse: Situações de tensão emocional
Ansiedade: Preocupações excessivas
Depressão: Alterações do humor
Relaxamento após estresse: "Enxaqueca de fim de semana"
Mudanças na rotina: Viagens, férias
Conflitos interpessoais: Problemas familiares ou profissionais
Como Conseguir Tratamento pelo SUS
O SUS oferece tratamento completo para enxaqueca através de uma rede hierarquizada de cuidados, desde a atenção básica até centros especializados em neurologia.
Primeira Consulta na Atenção Básica
Unidade Básica de Saúde (UBS):
Primeira porta de entrada no sistema
Avaliação clínica inicial
Diagnóstico de enxaqueca primária
Prescrição de medicamentos básicos
Orientações sobre fatores desencadeantes
Encaminhamento para especialista quando necessário
Como Agendar:
Compareça à UBS mais próxima de sua residência
Leve documento de identidade, CPF e cartão SUS
Informe sobre os sintomas de dor de cabeça
Casos de dor intensa têm prioridade no atendimento
Estratégia Saúde da Família (ESF):
Acompanhamento longitudinal do paciente
Conhecimento do contexto familiar e social
Educação em saúde sobre enxaqueca
Monitoramento da resposta ao tratamento
Suporte para mudanças de estilo de vida
Critérios para Encaminhamento ao Especialista
O médico da atenção básica pode encaminhar para neurologia nos seguintes casos:
Enxaqueca refratária: Não responde ao tratamento inicial
Enxaqueca crônica: Mais de 15 dias de dor por mês
Sintomas atípicos: Características não usuais
Aura complexa: Sintomas neurológicos prolongados
Mudança no padrão: Alteração significativa dos sintomas
Comorbidades: Outras doenças neurológicas
Uso excessivo de medicamentos: Cefaleia por abuso
Atendimento Especializado
Ambulatórios de Neurologia:
Avaliação neurológica especializada
Diagnóstico diferencial detalhado
Prescrição de medicamentos específicos
Tratamento preventivo personalizado
Acompanhamento de casos complexos
Centros de Referência em Cefaleia:
Atendimento multidisciplinar
Protocolos específicos para enxaqueca
Acesso a medicamentos especializados
Procedimentos como aplicação de toxina botulínica
Pesquisa clínica e novos tratamentos
Documentos Necessários
Para Primeira Consulta:
Documento de identidade (RG ou CNH)
CPF
Cartão SUS (se não tiver, pode ser feito na hora)
Comprovante de residência
Cartão de vacinação (se disponível)
Para Consulta Especializada:
Guia de encaminhamento da UBS
Exames anteriores (se houver)
Lista de medicamentos em uso
Diário de dor de cabeça (se disponível)
Medicamentos Disponíveis no SUS
O SUS disponibiliza uma ampla gama de medicamentos para o tratamento da enxaqueca, tanto para o alívio das crises quanto para prevenção.
Medicamentos para Crise (Tratamento Agudo)
Analgésicos Simples:
Paracetamol: 500-1000 mg, até 4 vezes ao dia
Dipirona: 500 mg, até 4 vezes ao dia
Ácido acetilsalicílico: 500-1000 mg, dose única
Anti-inflamatórios Não Esteroidais (AINEs):
Ibuprofeno: 400-600 mg, até 3 vezes ao dia
Diclofenaco: 50 mg, até 3 vezes ao dia
Naproxeno: 500-550 mg, até 2 vezes ao dia
Cetoprofeno: 100 mg, até 2 vezes ao dia
Medicamentos Específicos para Enxaqueca:
Sumatriptana: 50-100 mg, dose única (disponível em alguns estados)
Ergotamina: 1-2 mg, dose única
Tartarato de ergotamina + cafeína: Combinação fixa
Antieméticos (para náuseas e vômitos):
Metoclopramida: 10 mg, via oral ou injetável
Domperidona: 10 mg, via oral
Ondansetrona: 4-8 mg (casos específicos)
Medicamentos Preventivos
Betabloqueadores:
Propranolol: 40-240 mg/dia, dividido em 2-3 doses
Metoprolol: 50-200 mg/dia, dividido em 2 doses
Atenolol: 25-100 mg/dia, dose única
Anticonvulsivantes:
Ácido valproico: 500-1500 mg/dia, dividido em 2 doses
Topiramato: 25-200 mg/dia, dividido em 2 doses
Gabapentina: 300-1800 mg/dia, dividido em 3 doses
Antidepressivos:
Amitriptilina: 10-75 mg/dia, dose única noturna
Nortriptilina: 10-75 mg/dia, dose única noturna
Fluoxetina: 20 mg/dia, dose única matinal
Sertralina: 50-100 mg/dia, dose única
Bloqueadores de Canal de Cálcio:
Flunarizina: 5-10 mg/dia, dose única noturna
Verapamil: 120-480 mg/dia, dividido em 2-3 doses
Medicamentos Especializados
Toxina Botulínica (Botox):
Indicada para enxaqueca crônica
Aplicação a cada 3 meses
Disponível em centros especializados
Requer avaliação neurológica
Protocolo específico do Ministério da Saúde
Critérios para Toxina Botulínica:
Enxaqueca crônica (≥15 dias/mês por ≥3 meses)
Falha de pelo menos 3 medicamentos preventivos
Impacto significativo na qualidade de vida
Ausência de contraindicações
Como Retirar Medicamentos
Farmácia da UBS:
Medicamentos básicos disponíveis
Receita médica do SUS
Documento de identidade
Cartão SUS
Farmácia Distrital/Regional:
Medicamentos especializados
Maior variedade de opções
Atendimento para casos complexos
Programa Farmácia Popular:
Medicamentos com desconto
Alguns gratuitos para hipertensão e diabetes
Rede de farmácias conveniadas
Exames Disponíveis no SUS
O SUS oferece diversos exames para investigação da enxaqueca, especialmente quando há suspeita de causas secundárias ou complicações.
Exames de Rotina
Exames Laboratoriais Básicos:
Hemograma completo: Avaliar anemia, infecções
Glicemia de jejum: Descartar diabetes
Função renal: Ureia, creatinina
Função hepática: TGO, TGP, bilirrubinas
Eletrólitos: Sódio, potássio, magnésio
Proteína C reativa: Marcador inflamatório
VHS: Velocidade de hemossedimentação
Exames Hormonais (quando indicado):
TSH e T4 livre: Função da tireoide
Prolactina: Descartar prolactinoma
Hormônios sexuais: Em casos específicos
Exames de Imagem
Tomografia Computadorizada (TC) de Crânio:
Indicações: Cefaleia súbita, mudança de padrão, sinais neurológicos
Objetivo: Descartar hemorragias, tumores, lesões estruturais
Disponibilidade: Hospitais e centros de imagem do SUS
Preparo: Geralmente não requer preparo especial
Ressonância Magnética (RM) de Crânio:
Indicações: Investigação mais detalhada, suspeita de lesões específicas
Objetivo: Avaliar estruturas cerebrais, vasos sanguíneos
Disponibilidade: Centros especializados, pode haver fila de espera
Preparo: Remover objetos metálicos, informar sobre implantes
Angiografia por Ressonância:
Avaliação dos vasos cerebrais
Suspeita de malformações vasculares
Investigação de enxaqueca com aura complexa
Exames Especializados
Eletroencefalograma (EEG):
Indicações: Suspeita de epilepsia, alterações de consciência
Objetivo: Avaliar atividade elétrica cerebral
Disponibilidade: Hospitais e centros neurológicos
Preparo: Cabelo limpo, evitar cafeína
Punção Lombar:
Indicações: Suspeita de meningite, hemorragia subaracnóidea
Objetivo: Análise do líquido cefalorraquidiano
Local: Ambiente hospitalar
Cuidados: Repouso após o procedimento
Exame Oftalmológico:
Avaliação do fundo de olho
Medida da pressão intraocular
Campos visuais
Investigação de causas oculares de cefaleia
Quando os Exames São Necessários
Sinais de Alerta que Indicam Exames:
Cefaleia súbita e intensa ("pior dor da vida")
Mudança significativa no padrão da dor
Cefaleia progressiva
Sintomas neurológicos focais
Febre associada
Alterações visuais persistentes
Cefaleia após trauma craniano
Início após os 50 anos
Acompanhamento Multidisciplinar
O SUS oferece acompanhamento multidisciplinar para pacientes com enxaqueca, especialmente nos casos crônicos ou refratários.
Equipe Multidisciplinar
Neurologista:
Diagnóstico especializado
Prescrição de medicamentos específicos
Ajuste de doses e combinações
Acompanhamento de casos complexos
Indicação de procedimentos especializados
Médico de Família:
Cuidado longitudinal
Manejo de comorbidades
Coordenação do cuidado
Educação em saúde
Suporte familiar
Psicólogo:
Avaliação psicológica
Terapia cognitivo-comportamental
Manejo do estresse
Técnicas de relaxamento
Suporte emocional
Nutricionista:
Identificação de gatilhos alimentares
Orientação nutricional personalizada
Planejamento de dieta
Educação alimentar
Acompanhamento nutricional
Fisioterapeuta:
Avaliação postural
Tratamento de tensões musculares
Exercícios específicos
Técnicas de relaxamento
Prevenção de dores cervicais
Programas Especiais
Grupos de Apoio:
Encontros regulares com outros pacientes
Troca de experiências
Educação em saúde
Suporte emocional mútuo
Orientações práticas
Programa de Educação em Saúde:
Palestras sobre enxaqueca
Workshops sobre fatores desencadeantes
Treinamento em técnicas de relaxamento
Orientações sobre medicamentos
Material educativo
Práticas Integrativas e Complementares
O SUS oferece Práticas Integrativas e Complementares (PICS) que podem auxiliar no tratamento da enxaqueca:
Acupuntura:
Disponível em muitas UBS e centros especializados
Eficaz na prevenção de crises
Redução da frequência e intensidade
Sessões semanais ou quinzenais
Profissionais capacitados
Outras PICS Disponíveis:
Fitoterapia: Uso de plantas medicinais
Homeopatia: Tratamento individualizado
Yoga: Exercícios e relaxamento
Meditação: Técnicas de mindfulness
Auriculoterapia: Estimulação de pontos na orelha
Tratamento de Urgência
O SUS oferece atendimento de urgência para crises severas de enxaqueca que não respondem ao tratamento domiciliar.
Quando Procurar Atendimento de Urgência
Dor intensa e refratária: Não melhora com medicação habitual
Vômitos persistentes: Impossibilidade de hidratação oral
Desidratação: Sinais de perda excessiva de líquidos
Status migrainosus: Crise que dura mais de 72 horas
Sintomas neurológicos: Alterações não habituais
Primeira crise severa: Para investigação inicial
Onde Buscar Atendimento
Unidade de Pronto Atendimento (UPA):
Atendimento 24 horas
Medicação injetável
Hidratação venosa
Observação clínica
Encaminhamento se necessário
Pronto Socorro Hospitalar:
Casos mais complexos
Investigação diagnóstica
Internação se necessário
Exames de imagem urgentes
Avaliação neurológica
Tratamento na Urgência
Medicações Injetáveis:
Dipirona: 500 mg-1g, intravenosa
Diclofenaco: 75 mg, intramuscular
Dexametasona: 4-8 mg, intravenosa
Metoclopramida: 10 mg, intravenosa
Sumatriptana: 6 mg, subcutânea (quando disponível)
Hidratação:
Soro fisiológico 0,9%
Reposição de eletrólitos
Correção da desidratação
Melhora dos sintomas associados
Medidas de Conforto:
Ambiente escuro e silencioso
Compressas frias
Posição confortável
Monitorização dos sinais vitais
Prevenção e Mudanças de Estilo de Vida
O SUS enfatiza a importância da prevenção através de mudanças no estilo de vida, oferecendo orientações e suporte para implementar essas mudanças.
Higiene do Sono
Horários Regulares:
Dormir e acordar sempre no mesmo horário
Manter rotina mesmo nos fins de semana
Evitar mudanças bruscas no padrão de sono
Dormir 7-9 horas por noite
Ambiente Adequado:
Quarto escuro, silencioso e fresco
Colchão e travesseiro confortáveis
Evitar telas 1 hora antes de dormir
Usar cortinas blackout se necessário
Hábitos Noturnos:
Evitar cafeína após 14h
Não fazer refeições pesadas antes de dormir
Praticar técnicas de relaxamento
Evitar exercícios intensos à noite
Alimentação Adequada
Regularidade das Refeições:
Fazer refeições em horários regulares
Não ficar mais de 4-5 horas sem comer
Incluir lanches saudáveis entre as refeições
Manter hidratação adequada (2-3 litros/dia)
Alimentos Recomendados:
Carboidratos complexos: Cereais integrais, aveia
Proteínas magras: Peixes, frango, leguminosas
Frutas e vegetais: Ricos em antioxidantes
Magnésio: Folhas verdes, nozes, sementes
Ômega-3: Peixes, linhaça, chia
Alimentos a Evitar:
Alimentos processados e ultraprocessados
Excesso de açúcar e adoçantes artificiais
Bebidas alcoólicas em excesso
Cafeína em excesso (mais de 400mg/dia)
Alimentos identificados como gatilhos pessoais
Atividade Física
Exercícios Recomendados:
Aeróbicos moderados: Caminhada, natação, ciclismo
Frequência: 150 minutos por semana
Intensidade: Moderada, sem exageros
Regularidade: Pelo menos 3 vezes por semana
Exercícios Específicos:
Alongamento: Pescoço, ombros, costas
Fortalecimento: Músculos posturais
Relaxamento: Yoga, tai chi, pilates
Respiração: Técnicas de respiração profunda
Cuidados:
Iniciar gradualmente
Evitar exercícios muito intensos
Manter hidratação durante o exercício
Parar se desenvolver dor de cabeça
Manejo do Estresse
Técnicas de Relaxamento:
Respiração diafragmática: Respiração lenta e profunda
Relaxamento muscular progressivo: Tensão e relaxamento
Meditação: Mindfulness, atenção plena
Visualização: Imagens mentais relaxantes
Organização da Rotina:
Planejamento das atividades
Estabelecimento de prioridades
Delegação de tarefas quando possível
Tempo para atividades prazerosas
Suporte Social:
Manter relacionamentos saudáveis
Buscar apoio de familiares e amigos
Participar de grupos de apoio
Comunicar necessidades e limitações
Diário de Dor de Cabeça
O SUS recomenda o uso de diário de dor de cabeça para melhor controle e tratamento da enxaqueca.
Importância do Diário
Identificação de padrões: Frequência, intensidade, duração
Fatores desencadeantes: Alimentos, situações, hormônios
Eficácia do tratamento: Resposta aos medicamentos
Planejamento terapêutico: Ajustes no tratamento
Comunicação médica: Informações precisas para o médico
Informações a Registrar
Dados da Crise:
Data e hora de início
Duração da crise
Intensidade da dor (escala 0-10)
Localização da dor
Características da dor (pulsátil, constante)
Sintomas Associados:
Náuseas e vômitos
Sensibilidade à luz e som
Sintomas de aura
Outros sintomas neurológicos
Possíveis Desencadeantes:
Alimentos consumidos nas últimas 24h
Padrão de sono
Situações de estresse
Atividade física
Ciclo menstrual (para mulheres)
Mudanças climáticas
Tratamento Utilizado:
Medicamentos usados
Dose e horário
Tempo para alívio
Eficácia (escala 0-10)
Efeitos colaterais
Modelos de Diário
Diário em Papel:
Disponível nas UBS
Formato simples e prático
Fácil de transportar
Não depende de tecnologia
Aplicativos Móveis:
Migraine Buddy
Headache Diary
My Pain Diary
Lembretes automáticos
Gráficos e relatórios
Enxaqueca em Grupos Especiais
Enxaqueca na Mulher
Enxaqueca Menstrual:
Ocorre 2 dias antes até 3 dias após a menstruação
Relacionada à queda dos níveis de estrogênio
Geralmente mais intensa e duradoura
Pode requerer tratamento preventivo específico
Tratamento da Enxaqueca Menstrual:
Preventivo perimenstrual: Naproxeno, sumatriptana
Terapia hormonal: Em casos selecionados
Suplementação: Magnésio, vitamina B2
Mudanças de estilo de vida: Exercícios, dieta
Enxaqueca na Gravidez:
Melhora em 60-70% das mulheres
Especialmente no 2º e 3º trimestres
Limitações no uso de medicamentos
Foco em medidas não farmacológicas
Medicamentos Seguros na Gravidez:
Paracetamol: Primeira escolha
Metoclopramida: Para náuseas
Cafeína: Em pequenas quantidades
Evitar: AINEs, ergotamina, triptanos
Enxaqueca na Menopausa:
Pode piorar durante a perimenopausa
Melhora após a menopausa estabelecida
Terapia de reposição hormonal pode influenciar
Avaliação individualizada necessária
Enxaqueca na Criança e Adolescente
Características Especiais:
Duração mais curta (1-4 horas)
Mais frequentemente bilateral
Sintomas gastrointestinais proeminentes
Pode apresentar apenas vômitos (equivalente migranoso)
Tratamento Pediátrico:
Medidas não farmacológicas: Primeira linha
Paracetamol: 10-15 mg/kg/dose
Ibuprofeno: 5-10 mg/kg/dose
Evitar: Ácido acetilsalicílico (risco de Síndrome de Reye)
Prevenção em Crianças:
Regularidade do sono
Alimentação adequada
Hidratação
Redução do estresse escolar
Atividade física regular
Enxaqueca no Idoso
Considerações Especiais:
Início tardio requer investigação
Maior risco de causas secundárias
Comorbidades múltiplas
Interações medicamentosas
Maior sensibilidade aos efeitos colaterais
Tratamento no Idoso:
Doses menores inicialmente
Monitorização cuidadosa
Atenção às contraindicações
Preferência por medicamentos com menos efeitos colaterais
Complicações da Enxaqueca
Status Migrainosus
Definição: Crise de enxaqueca que dura mais de 72 horas
Causas: Uso excessivo de medicamentos, estresse, desidratação
Tratamento: Hospitalização, medicação intravenosa
Prevenção: Uso adequado de medicamentos, hidratação
Cefaleia por Uso Excessivo de Medicamentos
Definição: Dor de cabeça causada pelo uso frequente de analgésicos
Critério: Uso de medicamentos para dor >10-15 dias/mês
Tratamento: Suspensão gradual dos medicamentos
Acompanhamento: Neurológico especializado
Aura Persistente
Definição: Sintomas de aura que duram mais de 1 hora
Investigação: Exames de imagem para descartar AVC
Tratamento: Específico conforme a causa
Prognóstico: Geralmente benigno
Infarto Migranoso
Definição: AVC isquêmico durante crise de enxaqueca com aura
Incidência: Muito rara
Fatores de risco: Mulheres jovens, uso de anticoncepcionais
Prevenção: Controle de fatores de risco cardiovascular
Pesquisa e Inovações
O Brasil participa de pesquisas internacionais sobre enxaqueca e desenvolve estudos próprios através de universidades e centros de pesquisa.
Novos Medicamentos
Antagonistas do CGRP:
Nova classe de medicamentos preventivos
Maior especificidade para enxaqueca
Menos efeitos colaterais
Em processo de avaliação para incorporação no SUS
Dispositivos de Neuromodulação:
Estimulação magnética transcraniana
Estimulação do nervo vago
Dispositivos portáteis
Estudos em andamento no Brasil
Medicina Personalizada
Farmacogenética: Tratamento baseado no perfil genético
Biomarcadores: Identificação de subtipos de enxaqueca
Inteligência artificial: Predição de crises
Telemedicina: Acompanhamento remoto
Direitos do Paciente
Pacientes com enxaqueca têm direitos específicos garantidos pelo SUS e pela legislação brasileira.
Direitos no SUS
Atendimento gratuito: Consultas, exames e medicamentos
Acesso universal: Independente de condição socioeconômica
Integralidade: Cuidado completo e multidisciplinar
Equidade: Atendimento conforme necessidade
Participação: Envolvimento nas decisões sobre o tratamento
Direitos Trabalhistas
Atestado Médico:
Justificativa para faltas durante crises
Válido para até 15 dias consecutivos
Renovável conforme necessidade médica
Não pode ser questionado pelo empregador
Auxílio-Doença:
Para incapacidade temporária superior a 15 dias
Requer avaliação médica do INSS
Enxaqueca crônica pode ser considerada
Necessário histórico médico documentado
Adaptações no Trabalho:
Ambiente com iluminação adequada
Redução de ruídos
Flexibilidade de horários
Pausas para medicação
Direitos Previdenciários
Aposentadoria por Invalidez:
Para casos de incapacidade permanente
Enxaqueca crônica refratária pode qualificar
Avaliação médica rigorosa
Documentação médica extensa necessária
Canais de Informação e Suporte
Informações Oficiais
Portal do Ministério da Saúde: www.gov.br/saude
Biblioteca Virtual em Saúde: bvsms.saude.gov.br
Disque Saúde 136: Informações 24 horas
Secretarias estaduais de saúde: Informações regionais
Organizações de Apoio
Sociedade Brasileira de Cefaleia: www.sbcefaleia.com.br
Academia Brasileira de Neurologia: www.abneuro.org.br
Grupos de apoio locais: Através das UBS
Redes sociais: Grupos de pacientes
Ouvidoria e Reclamações
Ouvidoria SUS 136: Reclamações e sugestões
Ouvidorias estaduais: Problemas regionais
Conselhos de saúde: Participação social
Ministério Público: Casos de negativa de tratamento
Mitos e Verdades sobre Enxaqueca
Verdades
✓ É uma doença neurológica real: Não é "frescura" ou "coisa da cabeça"
✓ Tem base genética: Tendência familiar é comum
✓ Afeta mais mulheres: 3 vezes mais comum que em homens
✓ Pode ser incapacitante: Interfere significativamente na qualidade de vida
✓ Tem tratamento eficaz: Medicamentos e medidas preventivas funcionam
✓ SUS oferece tratamento completo: Desde medicamentos básicos até especializados
Mitos
✗ É apenas uma dor de cabeça forte: É uma doença complexa com múltiplos sintomas
✗ Não tem cura, então não adianta tratar: Tratamento controla efetivamente a doença
✗ É causada por problemas de visão: Embora possa haver relação, não é a causa principal
✗ Só afeta adultos: Pode começar na infância
✗ Medicamentos sempre causam dependência: Uso correto não causa dependência
✗ Exercício sempre piora: Exercício regular pode prevenir crises
Dicas Práticas para o Dia a Dia
Durante uma Crise
Tome a medicação assim que possível
Procure um ambiente escuro e silencioso
Aplique compressas frias na testa ou nuca
Mantenha-se hidratado
Evite atividades que exijam concentração
Descanse até a dor passar completamente
Para Prevenção
Mantenha horários regulares de sono
Faça refeições em horários fixos
Pratique exercícios regularmente
Gerencie o estresse
Evite seus gatilhos conhecidos
Mantenha o diário de dor de cabeça
No Trabalho
Ajuste a iluminação do ambiente
Faça pausas regulares
Mantenha postura adequada
Tenha medicação sempre disponível
Comunique suas necessidades ao empregador
Use óculos com filtro azul se necessário
Em Viagens
Leve medicação suficiente
Mantenha horários de sono regulares
Hidrate-se adequadamente
Evite mudanças bruscas na alimentação
Use óculos escuros
Planeje paradas para descanso
A enxaqueca é uma doença neurológica crônica que afeta milhões de brasileiros, mas que pode ser efetivamente controlada com o tratamento adequado. O Sistema Único de Saúde oferece uma rede completa de cuidados, desde a atenção básica até centros especializados, garantindo acesso universal ao diagnóstico, tratamento e acompanhamento.
O sucesso no controle da enxaqueca depende de uma abordagem multidisciplinar que inclui medicamentos apropriados, identificação e evitação de fatores desencadeantes, mudanças no estilo de vida e acompanhamento médico regular. O SUS disponibiliza todos esses recursos gratuitamente, desde medicamentos básicos até procedimentos especializados como a aplicação de toxina botulínica.
É fundamental que os pacientes busquem atendimento médico adequado, mantenham o diário de dor de cabeça, sigam as orientações terapêuticas e participem ativamente do seu tratamento. Com o suporte do SUS e o engajamento do paciente, é possível alcançar uma significativa melhora na qualidade de vida e redução do impacto da enxaqueca nas atividades diárias.
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Referências
1. Ministério da Saúde. Biblioteca Virtual em Saúde. Cefaléia/Enxaqueca. Brasília: BVS-MS, 2024. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/dicas/56cefaleia.html
2. Ministério da Saúde. Enxaqueca: mal antigo com roupagem nova. Brasília: Ministério da Saúde, 2004. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/HSE_URM_ENX_0704.pdf
3. Ministério da Saúde. Relação Nacional de Medicamentos Essenciais - RENAME 2024. Brasília: Ministério da Saúde, 2024.
4. Ministério da Saúde. Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares no SUS. 2ª ed. Brasília: Ministério da Saúde, 2015.
5. Sociedade Brasileira de Cefaleia. Diretrizes para o diagnóstico e tratamento da cefaleia. São Paulo: SBCe, 2024.
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