Asma Infantil pelo SUS: Guia Completo para Pais e Cuidadores

Saiba como funciona o tratamento e acompanhamento da asma infantil pelo SUS, desde o diagnóstico até os medicamentos gratuitos e cuidados necessários.

6/14/202514 min read

Asma Infantil: Tratamento e Acompanhamento pelo SUS

A asma é uma das doenças respiratórias crônicas mais comuns na infância, afetando milhões de crianças brasileiras. Quando não controlada adequadamente, pode comprometer significativamente a qualidade de vida, causar faltas escolares frequentes e até mesmo levar a hospitalizações de emergência. A boa notícia é que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece tratamento completo e gratuito para crianças com asma.

Neste artigo, você vai descobrir como funciona o diagnóstico, tratamento e acompanhamento da asma infantil pelo SUS, quais medicamentos estão disponíveis gratuitamente, como reconhecer os sinais de uma crise e, principalmente, como garantir que seu filho receba o cuidado adequado para controlar a doença e viver com qualidade.

O que é Asma Infantil e Como Ela se Manifesta

A asma é uma doença inflamatória crônica das vias aéreas que causa estreitamento dos brônquios, dificultando a passagem de ar. Nas crianças, a asma pode se manifestar de diferentes formas e intensidades, sendo fundamental reconhecer seus sinais para buscar ajuda médica o quanto antes.

Principais sintomas da asma em crianças

Os sintomas da asma infantil podem variar de leves a graves e incluem:

  • Chiado no peito (sibilância): Som agudo semelhante a um assobio durante a respiração, especialmente ao expirar

  • Tosse persistente: Principalmente à noite, ao acordar ou durante atividades físicas

  • Falta de ar: Respiração rápida ou dificuldade para respirar

  • Aperto no peito: Sensação de pressão ou desconforto no tórax (crianças maiores conseguem relatar este sintoma)

  • Cansaço excessivo: Especialmente durante brincadeiras ou atividades físicas

  • Dificuldade para dormir: Devido à piora dos sintomas durante a noite

Em bebês e crianças pequenas, que não conseguem descrever seus sintomas, os pais podem observar:

  • Respiração rápida ou ofegante

  • Dificuldade para mamar ou se alimentar

  • Retração dos músculos entre as costelas durante a respiração

  • Batimento das asas do nariz ao respirar

  • Irritabilidade ou agitação sem causa aparente

Fatores desencadeantes da asma infantil

Diversos fatores podem desencadear crises de asma em crianças. Conhecê-los é fundamental para evitá-los sempre que possível:

  • Alérgenos: Ácaros da poeira doméstica, pelos de animais, pólen, mofo

  • Infecções respiratórias: Resfriados, gripes e outras infecções virais

  • Exercícios físicos: Especialmente em ambientes frios ou secos

  • Mudanças climáticas: Ar frio, mudanças bruscas de temperatura

  • Poluentes: Fumaça de cigarro, poluição do ar, produtos químicos com cheiro forte

  • Emoções intensas: Choro prolongado, riso excessivo, estresse

  • Alimentos: Em crianças com alergias alimentares específicas

Diagnóstico da Asma Infantil pelo SUS

O diagnóstico correto é o primeiro passo para o tratamento adequado da asma infantil. No SUS, este processo segue um fluxo bem definido, começando pela Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima da sua residência.

Onde buscar atendimento inicial

Para iniciar o processo de diagnóstico da asma infantil pelo SUS, você deve:

  1. Procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) ou Estratégia Saúde da Família (ESF) mais próxima da sua residência

  2. Levar documentos como Cartão SUS da criança, documento de identidade, certidão de nascimento e comprovante de residência

  3. Agendar uma consulta com o pediatra ou médico de família

Se a criança estiver em crise aguda com dificuldade respiratória importante, procure diretamente uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou pronto-socorro.

Avaliação médica e exames disponíveis

Durante a consulta médica, o profissional fará:

  • Anamnese detalhada: Perguntas sobre os sintomas, frequência, fatores desencadeantes, histórico familiar de asma ou alergias

  • Exame físico: Avaliação da respiração, ausculta pulmonar e verificação de sinais de dificuldade respiratória

  • Solicitação de exames: Dependendo da idade da criança e da gravidade dos sintomas

Os exames disponíveis pelo SUS para diagnóstico da asma infantil incluem:

  • Espirometria: Para crianças acima de 5-6 anos que conseguem realizar o teste corretamente. Mede a função pulmonar e a resposta aos broncodilatadores

  • Pico de fluxo expiratório (PFE): Medição da velocidade máxima do ar expirado

  • Radiografia de tórax: Para descartar outras condições que podem simular asma

  • Exames de sangue: Para avaliar alergias ou inflamação

  • Teste cutâneo de alergia: Disponível em alguns centros especializados do SUS

Critérios para diagnóstico em diferentes faixas etárias

O diagnóstico da asma infantil varia conforme a idade da criança:

  • Bebês e crianças menores de 5 anos: O diagnóstico é principalmente clínico, baseado nos sintomas recorrentes, resposta ao tratamento e exclusão de outras condições

  • Crianças acima de 5-6 anos: Além da avaliação clínica, podem realizar testes de função pulmonar como a espirometria

Em crianças pequenas, o médico pode iniciar um tratamento de teste para verificar a resposta aos medicamentos para asma, o que ajuda a confirmar o diagnóstico.

Classificação da Asma Infantil e Níveis de Controle

Para definir o melhor tratamento, os médicos classificam a asma infantil de acordo com sua gravidade e nível de controle. Esta classificação orienta as decisões terapêuticas e o acompanhamento.

Classificação quanto à gravidade

A asma infantil pode ser classificada em:

  • Asma intermitente: Sintomas ocorrem menos de duas vezes por semana, com crises breves e função pulmonar normal entre as crises

  • Asma persistente leve: Sintomas mais de duas vezes por semana, mas não diários, com algumas crises que podem afetar as atividades

  • Asma persistente moderada: Sintomas diários que afetam as atividades e o sono, com crises frequentes

  • Asma persistente grave: Sintomas contínuos, limitação física importante, crises frequentes e graves

Avaliação do controle da asma

O controle da asma é avaliado regularmente durante o acompanhamento médico:

  • Asma controlada: Sem sintomas diurnos ou com sintomas ≤ 2 vezes por semana, sem limitação de atividades, sem sintomas noturnos, uso de medicação de resgate ≤ 2 vezes por semana

  • Asma parcialmente controlada: Presença de sintomas diurnos > 2 vezes por semana, alguma limitação de atividades, sintomas noturnos, uso de medicação de resgate > 2 vezes por semana

  • Asma não controlada: Três ou mais características da asma parcialmente controlada presentes em qualquer semana, ou crise grave nos últimos 12 meses

Esta avaliação ajuda o médico a ajustar o tratamento conforme necessário, aumentando ou reduzindo medicações de acordo com o controle dos sintomas.

Tratamento da Asma Infantil pelo SUS

O SUS oferece tratamento completo e gratuito para crianças com asma, incluindo consultas médicas, exames e medicamentos. O objetivo do tratamento é controlar os sintomas, prevenir crises e permitir que a criança tenha uma vida normal e ativa.

Medicamentos disponíveis gratuitamente

O SUS disponibiliza diversos medicamentos para o tratamento da asma infantil através do Componente Básico da Assistência Farmacêutica e do Programa Farmácia Popular:

  • Medicamentos de alívio (broncodilatadores de ação rápida):

    • Salbutamol (spray/aerossol)

    • Fenoterol (solução para nebulização)

  • Medicamentos de controle (uso contínuo):

    • Beclometasona (spray/aerossol) - corticoide inalatório

    • Budesonida (spray/aerossol) - corticoide inalatório

    • Formoterol (cápsulas para inalação) - broncodilatador de ação prolongada

    • Formoterol + Budesonida (cápsulas para inalação) - associação

    • Prednisolona (solução oral) - corticoide oral para tratamentos curtos

    • Prednisona (comprimidos) - corticoide oral para tratamentos curtos

Para receber esses medicamentos gratuitamente, é necessário apresentar a receita médica do SUS na farmácia da UBS ou nas unidades da Farmácia Popular.

Dispositivos inalatórios e espaçadores

Além dos medicamentos, o SUS também fornece dispositivos para auxiliar na administração dos medicamentos inalatórios:

  • Espaçadores: Dispositivos que facilitam o uso de aerossóis/sprays, especialmente em crianças pequenas

  • Inaladores de pó seco: Para medicamentos em cápsulas como o formoterol

  • Nebulizadores: Disponíveis para uso nas unidades de saúde

Em algumas localidades, o SUS também fornece espaçadores para uso domiciliar. Caso não esteja disponível, o médico ou enfermeiro pode orientar sobre como fazer um espaçador caseiro.

Plano de ação individualizado

Cada criança com asma deve ter um plano de ação personalizado, elaborado pelo médico. Este plano inclui:

  • Medicamentos de uso diário (controle)

  • Medicamentos para alívio de sintomas

  • Como reconhecer sinais de piora

  • O que fazer em caso de crise

  • Quando procurar atendimento de emergência

O plano de ação deve ser escrito de forma clara e estar sempre à mão dos pais ou cuidadores, inclusive na escola da criança.

Acompanhamento Contínuo da Asma Infantil no SUS

O controle adequado da asma infantil requer acompanhamento médico regular. O SUS oferece uma rede de atendimento que vai desde a atenção primária até serviços especializados.

Frequência das consultas de rotina

A frequência das consultas varia conforme a gravidade da asma e o nível de controle:

  • Fase inicial do tratamento: Consultas mais frequentes, geralmente a cada 1-2 meses, até alcançar o controle adequado

  • Asma controlada: Consultas a cada 3-6 meses

  • Asma não controlada ou parcialmente controlada: Consultas mais frequentes, conforme orientação médica

  • Após mudanças no tratamento: Reavaliação em 1-3 meses

Durante as consultas, o médico avaliará os sintomas, o uso correto dos medicamentos, a técnica inalatória e fará ajustes no tratamento se necessário.

Fluxo de atendimento no SUS

O acompanhamento da asma infantil no SUS segue um fluxo organizado:

  1. Atenção Primária: UBS ou ESF - porta de entrada para diagnóstico inicial e acompanhamento de casos leves a moderados

  2. Atenção Especializada: Encaminhamento para pneumologista pediátrico ou alergista em casos mais complexos ou de difícil controle

  3. Serviços de Urgência: UPAs e prontos-socorros para atendimento de crises agudas

  4. Hospitais: Para internações em casos graves

O encaminhamento para especialistas é feito pelo médico da atenção primária através do sistema de regulação do SUS.

Quando é necessário encaminhamento para especialista

Algumas situações indicam a necessidade de avaliação por um especialista (pneumologista pediátrico ou alergista):

  • Dificuldade no diagnóstico ou dúvidas sobre a causa dos sintomas

  • Asma não controlada apesar do tratamento adequado

  • Asma grave com crises frequentes

  • Necessidade de altas doses de medicamentos

  • Hospitalizações recorrentes

  • Presença de complicações ou comorbidades

  • Necessidade de testes adicionais para confirmar o diagnóstico

O encaminhamento é feito pelo médico da UBS através do sistema de regulação, e o tempo de espera pode variar conforme a disponibilidade na região.

Como Reconhecer e Agir em Crises de Asma

Saber identificar os sinais de uma crise de asma e agir rapidamente pode evitar complicações graves e até mesmo salvar vidas.

Sinais de alerta de uma crise

Os principais sinais que indicam uma crise de asma em crianças são:

  • Chiado no peito (sibilância) intenso

  • Falta de ar progressiva

  • Dificuldade para falar frases completas

  • Retração dos músculos entre as costelas ou abaixo delas

  • Batimento das asas do nariz

  • Coloração azulada nos lábios ou unhas (cianose) - sinal de emergência

  • Agitação ou sonolência excessiva

  • Pouca ou nenhuma resposta ao broncodilatador de alívio

Primeiros socorros durante uma crise

Se a criança estiver tendo uma crise de asma, siga estas orientações:

  1. Mantenha a calma e tranquilize a criança

  2. Coloque a criança em posição sentada, ligeiramente inclinada para frente

  3. Administre o broncodilatador de alívio (salbutamol ou fenoterol) conforme orientação médica prévia

  4. Use o espaçador para melhorar a eficácia do medicamento

  5. Aguarde 20 minutos e observe a resposta

  6. Se não houver melhora, repita a dose do broncodilatador

  7. Se após a segunda dose não houver melhora significativa, procure atendimento médico imediatamente

Quando procurar atendimento de emergência

Leve a criança imediatamente a uma UPA ou pronto-socorro se:

  • Houver dificuldade respiratória grave

  • A criança não conseguir falar ou caminhar devido à falta de ar

  • Os lábios ou unhas ficarem azulados

  • Houver retração intensa dos músculos entre as costelas

  • Não houver melhora após o uso do broncodilatador de alívio

  • A criança estiver muito sonolenta ou confusa

Estas são situações de emergência que requerem atendimento médico imediato.

Prevenção e Controle Ambiental

O controle do ambiente onde a criança vive é fundamental para reduzir a exposição aos fatores desencadeantes da asma.

Como reduzir alérgenos domésticos

Algumas medidas simples podem ajudar a reduzir os alérgenos em casa:

  • Ácaros da poeira:

    • Use capas anti-ácaros em colchões e travesseiros

    • Lave roupas de cama semanalmente em água quente

    • Reduza o acúmulo de objetos que juntam poeira

    • Limpe a casa regularmente com pano úmido

    • Evite tapetes, cortinas pesadas e bichos de pelúcia

  • Mofo:

    • Mantenha ambientes bem ventilados

    • Corrija infiltrações e vazamentos

    • Limpe áreas úmidas com produtos anti-mofo

  • Pelos de animais:

    • Mantenha animais fora dos quartos

    • Dê banhos regulares nos animais de estimação

    • Limpe frequentemente os locais onde os animais ficam

Orientações para diferentes estações do ano

As mudanças climáticas podem influenciar os sintomas da asma. Algumas recomendações por estação:

  • Inverno:

    • Mantenha a criança agasalhada, especialmente ao sair de ambientes quentes para frios

    • Evite mudanças bruscas de temperatura

    • Mantenha a casa ventilada, mesmo nos dias frios

    • Esteja atento a infecções respiratórias, mais comuns nesta época

  • Primavera:

    • Período crítico para alérgicos a pólen

    • Mantenha janelas fechadas nos horários de maior concentração de pólen

    • Lave o rosto e as mãos da criança ao entrar em casa

  • Verão:

    • Atenção à umidade e mofo em dias chuvosos

    • Use desumidificadores se necessário

    • Evite exposição à poluição em dias muito quentes

  • Outono:

    • Cuidado com folhas secas que podem acumular mofo

    • Prepare-se para as mudanças de temperatura

Importância da vacinação

Crianças com asma devem seguir rigorosamente o calendário vacinal, com atenção especial para:

  • Vacina contra Influenza (gripe): Anualmente, disponível gratuitamente no SUS para crianças com asma

  • Vacina pneumocócica: Protege contra infecções por pneumococo, que podem ser graves em crianças asmáticas

  • Outras vacinas do calendário infantil: Fundamentais para evitar infecções que podem desencadear crises

Mantenha a caderneta de vacinação em dia e informe ao médico sobre a condição de asma da criança ao levá-la para vacinar.

Asma e Atividade Física

Ao contrário do que muitos pensam, crianças com asma não apenas podem como devem praticar atividades físicas. O exercício regular, quando bem orientado, ajuda a melhorar a capacidade respiratória e o controle da doença.

Benefícios do exercício para crianças asmáticas

A prática regular de atividade física traz diversos benefícios para crianças com asma:

  • Melhora da capacidade cardiorrespiratória

  • Fortalecimento da musculatura respiratória

  • Aumento da tolerância ao exercício

  • Redução da frequência e intensidade das crises

  • Melhora da autoestima e socialização

  • Controle do peso (obesidade é um fator agravante da asma)

Esportes mais indicados

Alguns esportes são mais adequados para crianças com asma:

  • Natação: O ambiente úmido e a respiração controlada fazem da natação um dos melhores esportes para asmáticos

  • Caminhada: Atividade de baixo impacto que pode ser facilmente adaptada

  • Ciclismo: Permite controlar a intensidade do esforço

  • Ginástica: Exercícios que trabalham a respiração e postura

  • Esportes coletivos: Com as devidas precauções, como aquecimento adequado e uso preventivo de medicação quando indicado

Cuidados durante a prática esportiva

Para evitar crises induzidas por exercício:

  • Realize aquecimento adequado antes da atividade

  • Use o broncodilatador 15-30 minutos antes do exercício, se recomendado pelo médico

  • Evite atividades em ambientes muito frios, secos ou poluídos

  • Mantenha boa hidratação

  • Observe sinais de desconforto respiratório e interrompa a atividade se necessário

  • Tenha sempre à mão a medicação de alívio

  • Informe professores e treinadores sobre a condição da criança

Asma na Escola: Orientações para Pais e Professores

A escola é um ambiente onde a criança passa grande parte do seu tempo, por isso é fundamental que professores e funcionários saibam como lidar com a asma.

Comunicação com a escola

Para garantir a segurança da criança com asma na escola:

  • Informe a direção, professores e enfermaria sobre o diagnóstico de asma

  • Forneça uma cópia do plano de ação para crises

  • Deixe medicamentos de alívio na escola, com instruções claras de uso

  • Atualize os contatos de emergência

  • Converse com a criança sobre a importância de comunicar aos professores quando não estiver se sentindo bem

Direitos da criança com asma na escola

Crianças com asma têm direitos garantidos por lei:

  • Direito de portar e utilizar medicamentos de alívio quando necessário

  • Direito a adaptações nas aulas de educação física

  • Direito a faltas justificadas por motivos de saúde

  • Direito a reposição de conteúdos perdidos durante ausências por crises ou consultas

Em caso de dificuldades, converse com a direção da escola e, se necessário, busque orientação na Secretaria de Educação ou no Conselho Tutelar.

Modelo de plano de ação para a escola

Um bom plano de ação para a escola deve conter:

  • Nome completo da criança e dados de contato dos responsáveis

  • Contato do médico responsável

  • Lista de fatores desencadeantes específicos para a criança

  • Sinais de alerta de uma crise

  • Medicamentos utilizados regularmente

  • Instruções claras sobre como e quando usar o medicamento de alívio

  • Passos a seguir em caso de crise leve, moderada ou grave

  • Quando chamar os pais ou serviço de emergência

Este plano deve ser atualizado sempre que houver mudanças no tratamento.

Mitos e Verdades sobre Asma Infantil

Existem muitos mitos sobre a asma que podem levar a condutas inadequadas. Vamos esclarecer alguns deles:

Mito 1: "Asma é uma doença psicológica"

Verdade: A asma é uma doença física, inflamatória, com base genética e ambiental. Embora fatores emocionais possam desencadear crises, a asma não é uma doença psicológica ou "frescura" da criança.

Mito 2: "Crianças com asma não devem praticar esportes"

Verdade: Crianças com asma não apenas podem como devem praticar atividades físicas. O exercício regular, quando bem orientado e com as devidas precauções, ajuda a melhorar a capacidade respiratória e o controle da doença.

Mito 3: "A criança vai depender dos remédios para sempre"

Verdade: Muitas crianças têm melhora significativa dos sintomas com o crescimento. Mesmo aquelas que continuam com asma na vida adulta podem ter períodos longos sem necessidade de medicação, se a doença estiver bem controlada.

Mito 4: "Corticoides inalatórios são perigosos e causam dependência"

Verdade: Os corticoides inalatórios usados no tratamento da asma são seguros nas doses recomendadas e não causam dependência. Eles são fundamentais para controlar a inflamação das vias aéreas e prevenir crises.

Mito 5: "Asma só se manifesta com chiado no peito"

Verdade: Embora o chiado seja um sintoma clássico, a asma pode se manifestar apenas com tosse persistente, especialmente à noite ou durante atividades físicas, sem chiado audível.

Perguntas Frequentes sobre Asma Infantil e SUS

A asma tem cura?

A asma não tem cura definitiva, mas pode ser controlada com tratamento adequado. Muitas crianças apresentam melhora significativa dos sintomas com o crescimento, e algumas podem até mesmo deixar de apresentar sintomas na vida adulta.

Meu filho precisará usar medicamentos para sempre?

Não necessariamente. O tratamento da asma é ajustado conforme o controle dos sintomas. Muitas crianças conseguem reduzir gradualmente a medicação e, em alguns casos, até mesmo suspendê-la após períodos prolongados sem sintomas, sempre sob orientação médica.

Como conseguir os medicamentos gratuitamente?

Os medicamentos para asma estão disponíveis gratuitamente nas farmácias das UBS e nas unidades da Farmácia Popular. Para recebê-los, é necessário apresentar a receita médica do SUS, documento de identidade e Cartão SUS.

Quanto tempo demora para conseguir consulta com especialista pelo SUS?

O tempo de espera para consulta com especialista (pneumologista pediátrico ou alergista) varia conforme a disponibilidade em cada região. Casos mais graves geralmente têm prioridade no agendamento. Enquanto aguarda, mantenha o acompanhamento regular na UBS.

A asma pode desaparecer quando a criança crescer?

Sim, em muitos casos os sintomas da asma diminuem significativamente ou até desaparecem na adolescência ou início da vida adulta. No entanto, isso não ocorre com todas as crianças, e algumas continuarão precisando de tratamento na vida adulta.

Crianças com asma podem tomar vacinas normalmente?

Sim, crianças com asma devem seguir o calendário vacinal normalmente. Na verdade, a vacinação é ainda mais importante para elas, especialmente contra gripe e pneumonia, pois infecções respiratórias podem desencadear crises.

Direitos dos Pacientes com Asma no SUS

Pessoas com asma têm direitos garantidos no Sistema Único de Saúde:

  • Direito ao diagnóstico: Acesso a consultas e exames necessários para o diagnóstico correto

  • Direito ao tratamento integral: Consultas, exames, medicamentos e acompanhamento contínuo

  • Direito a medicamentos gratuitos: Fornecidos pelo SUS ou Farmácia Popular

  • Direito a atendimento de urgência: Em caso de crises

  • Direito a encaminhamento para especialistas: Quando necessário

  • Direito à informação: Sobre a doença, tratamento e autocuidado

Em alguns casos, pacientes com asma grave podem ter direito a benefícios sociais, como o Benefício de Prestação Continuada (BPC) ou isenção de impostos para compra de veículos adaptados, dependendo do grau de comprometimento da capacidade respiratória.

Conclusão

A asma infantil, apesar de ser uma doença crônica, pode ser controlada com tratamento adequado, permitindo que a criança tenha uma vida normal e ativa. O SUS oferece todos os recursos necessários para o diagnóstico, tratamento e acompanhamento da asma, desde consultas e exames até medicamentos gratuitos.

O papel dos pais e cuidadores é fundamental: conhecer a doença, identificar os fatores desencadeantes, administrar corretamente os medicamentos e manter o acompanhamento médico regular são ações que fazem toda a diferença no controle da asma.

Lembre-se de que cada criança é única, e o tratamento deve ser individualizado. Mantenha sempre uma comunicação aberta com os profissionais de saúde e não hesite em buscar ajuda quando necessário. Com o cuidado adequado, crianças com asma podem estudar, brincar, praticar esportes e ter uma infância plena e saudável.

Artigos relacionados