Apendicite: Diagnóstico, Sinais de Alerta e Cirurgia de Urgência pelo SUS
Guia completo sobre a apendicite. Saiba identificar os sinais de alerta, onde procurar atendimento de urgência e como funciona a cirurgia de apendicectomia gratuita pelo SUS.
11/4/20255 min read


Apendicite: Diagnóstico, Sinais de Alerta e Cirurgia de Urgência pelo SUS
A dor abdominal aguda é uma das queixas mais comuns nos prontos-socorros de todo o Brasil. Entre as causas que exigem atenção imediata, a apendicite aguda se destaca por ser uma emergência cirúrgica. Ela não pode esperar.
Se você ou alguém da sua família está com uma dor forte na barriga, é fundamental saber como o Sistema Único de Saúde (SUS) está preparado para agir rapidamente. O tratamento é a cirurgia de urgência, e o SUS garante o acesso a ela de forma gratuita e imediata.
Neste guia completo, vamos explicar o que é a apendicite, quais são os sinais de alerta que você não pode ignorar e, o mais importante, qual o fluxo de atendimento para garantir que a cirurgia seja feita o mais rápido possível.
O Que é Apendicite e Por Que Ela é uma Urgência?
A apendicite é a inflamação do apêndice, um pequeno órgão em formato de tubo que fica ligado ao intestino grosso, na parte inferior direita do abdômen.
A inflamação geralmente acontece quando o apêndice é obstruído por fezes, um corpo estranho ou, em casos mais raros, por um tumor. Essa obstrução faz com que as bactérias se multipliquem rapidamente, causando inchaço e infecção.
O Risco da Perfuração
A apendicite é uma urgência porque, se não for tratada rapidamente, o apêndice inflamado pode perfurar (romper). Quando isso acontece, o conteúdo infeccioso se espalha pela cavidade abdominal, causando uma infecção generalizada chamada peritonite.
A peritonite é uma condição grave que pode levar à sepse e, em casos extremos, à morte. Por isso, o tratamento é considerado exclusivamente cirúrgico e deve ser realizado o mais rápido possível após o diagnóstico.
Sinais de Alerta: Como Reconhecer a Apendicite
A apendicite pode começar com sintomas leves e inespecíficos, mas evolui rapidamente. É crucial saber identificar os sinais de alerta que indicam a necessidade de procurar o pronto-socorro imediatamente.
A Dor que Migra: O Sinal Clássico
O sintoma mais característico da apendicite é a dor que muda de lugar. Este é o sinal que deve levantar a maior suspeita e que você deve relatar com clareza ao médico:
Início: A dor costuma começar de forma leve e difusa, geralmente ao redor do umbigo (região periumbilical) ou na parte superior do abdômen.
Migração: Após algumas horas (geralmente de 4 a 24 horas), a dor migra e se concentra na parte inferior direita do abdômen, conhecida como fossa ilíaca direita (FID).
Intensidade: A dor na FID se torna constante e muito mais intensa, piorando com o movimento, tosse ou ao caminhar.
Outros Sintomas Comuns
Além da dor migratória, fique atento a estes sinais, que costumam acompanhar o quadro:
Náuseas e Vômitos: Geralmente ocorrem logo após o início da dor.
Perda de Apetite (Hiporexia): É um sintoma muito comum e deve ser levado em consideração.
Febre Baixa: A temperatura pode subir levemente (entre 37,5°C e 38°C). Atenção: Febre alta pode indicar que a perfuração já ocorreu, exigindo ainda mais urgência.
Alterações Intestinais: Pode ocorrer constipação (prisão de ventre) ou, em alguns casos, diarreia.
O Fluxo de Atendimento de Urgência no SUS
A apendicite é tratada como uma emergência. Isso significa que você não deve procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) para agendar uma consulta. Você deve ir diretamente a uma unidade de urgência.
1. Onde Procurar Ajuda Imediata
O local correto para buscar atendimento é:
Unidade de Pronto Atendimento (UPA 24h): É o local ideal para o primeiro atendimento. O médico fará a avaliação inicial, pedirá os primeiros exames e, se a suspeita for alta, fará o encaminhamento imediato para o hospital.
Pronto-Socorro Hospitalar: Se houver um hospital de referência próximo, vá diretamente para lá.
É importante ressaltar que a UBS não é o local para tratar apendicite. A função da UBS, neste caso, é apenas identificar a urgência e orientar o paciente a procurar a UPA ou o hospital mais próximo. Para saber mais sobre a diferença, confira nosso artigo: Febre: Quando Procurar Atendimento no SUS e Como Funciona o Fluxo.
2. O Diagnóstico Rápido no SUS
O diagnóstico da apendicite é feito principalmente pela avaliação clínica (a história da dor migratória e o exame físico). O médico irá procurar o chamado sinal de descompressão brusca dolorosa, que indica inflamação do peritônio.
Para confirmar, o SUS oferece os seguintes exames de urgência, que são realizados na própria UPA ou no hospital:
Exames de Sangue (Hemograma): Para verificar se há aumento de glóbulos brancos (leucocitose), um sinal de infecção.
Exames de Imagem: O ultrassom abdominal é o exame de imagem mais comum e rápido para confirmar a inflamação do apêndice. Em casos de dúvida, pode ser solicitada uma tomografia computadorizada, que é mais precisa, mas nem sempre disponível em todas as UPAs.
3. O Encaminhamento para a Cirurgia
Uma vez confirmada a suspeita, o paciente é internado e encaminhado para a cirurgia de urgência, a apendicectomia.
Por ser uma emergência, o encaminhamento para o centro cirúrgico não passa pela fila de espera do SISREG (Sistema Nacional de Regulação) de consultas eletivas. O hospital aciona a regulação de urgência para garantir a vaga e o procedimento.
A apendicite aguda é tratada com prioridade máxima, pois o tempo é crucial para evitar a perfuração. O tratamento com antibióticos é usado como suporte, especialmente em casos de apendicite perfurada, mas não substitui a cirurgia.
A Cirurgia de Apendicectomia pelo SUS
O tratamento definitivo da apendicite é a remoção do apêndice inflamado. O SUS oferece duas técnicas principais para a cirurgia, ambas cobertas integralmente:
Apendicectomia por Via Aberta (Convencional)
É a técnica mais antiga e consiste em uma incisão (corte) na parte inferior direita do abdômen para remover o apêndice. É a técnica mais rápida e pode ser feita em qualquer hospital com cirurgião geral. A recuperação geralmente exige um tempo de internação e recuperação um pouco maior.
Apendicectomia por Videolaparoscopia
É a técnica minimamente invasiva, realizada através de pequenos furos no abdômen, com o auxílio de uma câmera. Apresenta vantagens como menos dor no pós-operatório, cicatrizes menores e recuperação mais rápida.
Embora seja a técnica preferida, sua disponibilidade depende da estrutura do hospital. Muitos hospitais de referência do SUS já realizam a videolaparoscopia, mas em casos de urgência extrema ou em hospitais com menos recursos, a via aberta pode ser a opção mais rápida e segura.
O Pós-Operatório e a Recuperação Garantida pelo SUS
O tempo de internação varia, mas geralmente é de 1 a 3 dias. Se o apêndice não tiver perfurado, a recuperação é rápida. Se houve perfuração e peritonite, o tempo de internação é maior, com necessidade de antibióticos por mais tempo.
O SUS garante todo o acompanhamento pós-operatório, incluindo:
Medicamentos: Antibióticos e analgésicos durante a internação e para uso domiciliar.
Retorno: Agendamento de retorno com o cirurgião geral para retirada de pontos e acompanhamento.
Fisioterapia: Em casos de recuperação mais lenta ou complicações, o paciente pode ser encaminhado para sessões de fisioterapia pelo SUS.
Lembre-se: a apendicite é grave, mas o SUS está preparado para o diagnóstico e tratamento de urgência. O mais importante é não hesitar e procurar o pronto-socorro assim que os primeiros sinais de dor migratória aparecerem.
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