Febre: Quando Procurar Atendimento no SUS e Como Funciona o Fluxo

A febre é um dos sintomas mais comuns e que mais gera preocupação, especialmente para quem tem crianças em casa. Ela não é uma doença, mas sim um sinal de que o nosso corpo está lutando contra alguma infecção ou inflamação. Saber quando a febre é um sinal de alerta e qual unidade de saúde do Sistema Único de Saúde (SUS) procurar é fundamental para garantir um atendimento rápido e eficaz.

Este guia prático e humanizado foi criado para você entender o que é a febre, como medi-la corretamente, quais são os sinais de perigo e, principalmente, como funciona o fluxo de atendimento no SUS, diferenciando a Unidade Básica de Saúde (UBS) da Unidade de Pronto Atendimento (UPA).

1. O que é Febre e Como Medir Corretamente

A febre é definida como a elevação da temperatura corporal acima do valor considerado normal. No SUS, a temperatura é classificada da seguinte forma:

• Temperatura Normal: Entre 36°C e 37°C.

• Febrícula: Entre 37,5°C e 37,8°C.

• Febre: Igual ou acima de 37,8°C.

É importante saber que a febre pode ser classificada em níveis para ajudar na avaliação médica:

• Febre Leve: 37,8°C a 38,5°C

• Febre Moderada: 38,5°C a 39°C

• Febre Alta ou Grave: Igual ou acima de 39°C

Como Medir a Temperatura

A forma mais segura e comum de medir a temperatura é usando um termômetro digital na axila. Lembre-se de que a temperatura corporal pode variar ao longo do dia e ser influenciada por fatores como exercícios físicos ou roupas quentes.

2. O Fluxo de Atendimento no SUS: UBS ou UPA?

A maior dúvida de quem está com febre é: devo ir ao posto de saúde (UBS) ou à emergência (UPA)? A resposta depende da intensidade da febre e, principalmente, dos outros sintomas que a acompanham.

Quando Procurar a UBS (Unidade Básica de Saúde)

A UBS é a porta de entrada do SUS e deve ser procurada para casos de febre que não apresentam sinais de gravidade. Ela é o local ideal para o acompanhamento e para a investigação de febre que persiste por alguns dias, mas sem piora do estado geral.

• Febre Baixa ou Febrícula: Se a temperatura estiver abaixo de 38,5°C e você não tiver outros sintomas preocupantes.

• Febre Isolada: Se a febre for o único sintoma e você estiver se sentindo bem no geral.

• Febre de Início Recente: Se a febre começou há poucas horas e você quer uma avaliação inicial e orientação.

Na UBS, o médico ou enfermeiro fará a avaliação, poderá solicitar exames simples (como um hemograma) e prescrever medicamentos para alívio dos sintomas.

Quando Correr para a UPA (Unidade de Pronto Atendimento)

A UPA funciona 24 horas por dia e é o local para urgências e emergências. Você deve ir diretamente para a UPA ou pronto-socorro se a febre estiver acompanhada de qualquer um dos Sinais de Alerta listados abaixo.

• Febre Alta Persistente: Temperatura acima de 39°C que não baixa com antitérmicos.

• Febre que Dura Mais de 72 Horas (3 dias): Especialmente se a causa não foi identificada.

• Sinais de Alerta: Qualquer febre acompanhada de sintomas graves que indicam a necessidade de atendimento imediato.

Na UPA, o atendimento é feito por Classificação de Risco (Protocolo de Manchester), que define a prioridade conforme a gravidade do caso, e não pela ordem de chegada.

3. Sinais de Alerta: Quando a Febre é Perigosa

A febre, por si só, raramente é perigosa. O que a torna uma emergência são os sintomas que vêm junto. Se você ou alguém da sua família apresentar febre acompanhada de qualquer um destes sinais, procure a UPA ou o pronto-socorro imediatamente:

• Dificuldade para Respirar ou Falta de Ar: Indica problemas respiratórios graves, como pneumonia.

• Dor de Cabeça Muito Forte e Rigidez na Nuca: Incapacidade de encostar o queixo no peito, o que pode ser sinal de meningite.

• Vômitos Persistentes ou Diarreia Intensa: Risco de desidratação grave.

• Manchas Vermelhas ou Roxas na Pele: Que não desaparecem quando você pressiona (sinal de alerta para doenças graves como meningococcemia).

• Confusão Mental, Sonolência Excessiva ou Irritabilidade: Alteração do estado de consciência.

• Dor Intensa e Localizada: Dor abdominal forte, dor no peito ou dor ao urinar.

• Convulsões: Principalmente em crianças.

4. O Tratamento da Febre no SUS: Medicamentos e Cuidados

O tratamento da febre no SUS é focado em aliviar o desconforto e tratar a causa subjacente. Os medicamentos antitérmicos são fornecidos gratuitamente nas farmácias das UBS e UPAs.

Medicamentos Antitérmicos Disponíveis

Os medicamentos mais utilizados e disponíveis no SUS são:

• Dipirona: Geralmente a primeira escolha para adultos e crianças (acima de 3 meses), por ser eficaz e segura para a maioria das pessoas.

• Paracetamol: Usado como segunda opção, especialmente para quem tem alergia à dipirona.

• Ibuprofeno: Um anti-inflamatório que também é usado como antitérmico, mas deve ser evitado em casos de suspeita de dengue.

Importante: Nunca tome medicamentos sem a orientação de um profissional de saúde. O intervalo mínimo entre as doses de antitérmico deve ser de 4 a 6 horas.

Cuidados Não Farmacológicos

Além dos medicamentos, o SUS orienta sobre cuidados simples que ajudam a baixar a temperatura e aliviar o mal-estar:

• Hidratação: Beber muita água, sucos e chás é essencial para evitar a desidratação.

• Roupas Leves: Evite agasalhar demais. Use roupas leves e mantenha o ambiente ventilado.

• Compressas: Compressas mornas na testa e nas axilas podem ajudar a reduzir o calor.

  Atenção: Não use álcool nem água gelada, pois podem causar choque térmico.

• Repouso: O corpo precisa de energia para combater a infecção. Descanse o máximo possível.

5. Febre em Crianças: Atenção Redobrada

A febre em crianças é a principal causa de ida à emergência. O manejo é semelhante, mas a atenção aos sinais de alerta deve ser redobrada:

• Bebês Menores de 3 Meses: Qualquer febre em bebês com menos de 3 meses de idade é considerada uma emergência e deve ser avaliada imediatamente em uma UPA ou pronto-socorro.

• Sinais de Alerta Específicos: Choro inconsolável, moleza, dificuldade para mamar ou aceitar líquidos, manchas na pele e respiração muito rápida.

O SUS garante que, mesmo em casos de febre leve, a criança seja avaliada por um pediatra ou médico da família para identificar a causa e iniciar o tratamento adequado.

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Referências e Fontes Oficiais

A informação contida neste artigo foi baseada em documentos e diretrizes oficiais do Sistema Único de Saúde (SUS) e instituições de saúde brasileiras:

• Ministério da Saúde - Notícia: UBS ou UPA: saiba quando procurar a unidade mais próxima de você.

• Protocolo de Manejo da Febre em Adultos (INTs/Prefeitura de SP).

• Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) - Documento Científico: Manejo da Febre Aguda.