Andropausa: Como Conseguir Tratamento e Acompanhamento Gratuito pelo SUS
Saiba como o SUS oferece diagnóstico, tratamento e acompanhamento para andropausa. Guia completo com sintomas, exames e medicamentos disponíveis gratuitamente.


Andropausa: Acompanhamento e Tratamento pelo SUS
A andropausa, também conhecida como "menopausa masculina", afeta milhões de homens brasileiros a partir dos 40 anos. Segundo especialistas, cerca de 30% dos homens acima dessa idade apresentam sintomas relacionados à queda nos níveis de testosterona. A boa notícia é que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diagnóstico, acompanhamento e tratamento gratuitos para essa condição.
Neste artigo, você vai descobrir o que é a andropausa, como identificar os sintomas, onde e como conseguir diagnóstico e tratamento pelo SUS, quais exames estão disponíveis gratuitamente e como melhorar sua qualidade de vida. Também vamos abordar os direitos dos pacientes e responder às dúvidas mais frequentes sobre o tema.
O que é Andropausa?
A andropausa, tecnicamente chamada de Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM) ou hipogonadismo masculino tardio, é caracterizada pela diminuição gradual dos níveis de testosterona que ocorre naturalmente com o envelhecimento nos homens.
Diferentemente da menopausa feminina, que acontece de forma mais abrupta e com interrupção completa da produção hormonal, a andropausa é um processo mais lento e gradual. Os níveis de testosterona começam a cair aproximadamente 1% ao ano a partir dos 30 anos, podendo chegar a uma redução de 3% ao ano após os 40 anos.
É importante destacar que, embora seja um processo natural do envelhecimento, quando os sintomas interferem significativamente na qualidade de vida, é necessário buscar acompanhamento médico. O SUS oferece recursos para diagnóstico e tratamento dessa condição.
Diferenças entre Andropausa e Menopausa
Embora sejam frequentemente comparadas, a andropausa e a menopausa apresentam diferenças importantes:
Progressão: A menopausa ocorre de forma mais abrupta, enquanto a andropausa é gradual
Universalidade: Todas as mulheres passam pela menopausa, mas nem todos os homens desenvolvem sintomas significativos de andropausa
Produção hormonal: Na menopausa, há cessação completa da produção de estrogênio pelos ovários; na andropausa, há redução gradual da testosterona, mas não interrupção total
Idade de início: A menopausa geralmente ocorre entre 45-55 anos; a andropausa pode começar a partir dos 40 anos, mas os sintomas mais evidentes costumam aparecer após os 50
Sintomas da Andropausa
Os sintomas da andropausa podem variar em intensidade e não afetam todos os homens da mesma forma. Alguns homens podem apresentar sintomas leves, enquanto outros experimentam manifestações mais intensas que afetam significativamente sua qualidade de vida.
Sintomas físicos
Diminuição da energia e fadiga constante
Redução da massa muscular e aumento da gordura corporal
Diminuição da densidade óssea (risco de osteoporose)
Diminuição da libido (desejo sexual)
Disfunção erétil
Sudorese noturna e ondas de calor
Insônia e alterações no padrão de sono
Redução de pelos corporais
Sintomas emocionais e cognitivos
Irritabilidade e mudanças de humor
Dificuldade de concentração
Problemas de memória
Sentimentos de tristeza ou depressão
Diminuição da autoconfiança
Ansiedade
É importante ressaltar que muitos desses sintomas podem estar relacionados a outras condições de saúde. Por isso, o diagnóstico adequado por um profissional de saúde é fundamental para determinar se os sintomas são realmente causados pela queda nos níveis de testosterona.
Diagnóstico da Andropausa pelo SUS
O SUS oferece gratuitamente o diagnóstico da andropausa através de consultas médicas e exames laboratoriais. O processo geralmente começa com uma avaliação clínica e pode incluir exames específicos para medir os níveis hormonais.
Onde buscar diagnóstico
O diagnóstico da andropausa pelo SUS pode ser realizado em:
Unidades Básicas de Saúde (UBS): Porta de entrada preferencial para o sistema de saúde
Ambulatórios de Urologia: Disponíveis em hospitais da rede pública
Ambulatórios de Andrologia: Serviços especializados em saúde masculina
Ambulatórios de Endocrinologia: Para avaliação hormonal
Exames disponíveis
O SUS disponibiliza diversos exames para o diagnóstico da andropausa:
Dosagem de testosterona total: Principal exame para avaliar os níveis do hormônio
Testosterona livre: Mede a porção ativa do hormônio
Hormônio Luteinizante (LH): Ajuda a determinar a causa da baixa testosterona
Hormônio Folículo-Estimulante (FSH): Complementa a avaliação hormonal
Prolactina: Para descartar outras causas de sintomas semelhantes
Hemograma completo: Avaliação geral da saúde
Glicemia: Para verificar diabetes, que pode estar associado à baixa testosterona
Perfil lipídico: Avaliação dos níveis de colesterol e triglicerídeos
Além dos exames laboratoriais, o médico realizará uma avaliação clínica completa, incluindo histórico médico, exame físico e aplicação de questionários específicos para avaliar os sintomas da andropausa, como o questionário AMS (Aging Males' Symptoms).
Critérios para diagnóstico
De acordo com os protocolos clínicos adotados pelo SUS, o diagnóstico da andropausa (DAEM) é baseado na combinação de:
Presença de sintomas clínicos característicos
Níveis baixos de testosterona total (geralmente abaixo de 300 ng/dL)
Exclusão de outras causas para os sintomas apresentados
É importante destacar que apenas a queda nos níveis de testosterona, sem a presença de sintomas, não é suficiente para o diagnóstico de andropausa que necessite de tratamento.
Como Acessar o Tratamento para Andropausa pelo SUS
O acesso ao tratamento para andropausa pelo SUS é um direito de todos os cidadãos brasileiros. Veja o passo a passo para conseguir atendimento:
Passo a passo para diagnóstico e tratamento
Procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima: Leve seus documentos pessoais (RG, CPF) e o Cartão SUS, se tiver. Caso não tenha o Cartão SUS, ele pode ser feito na própria unidade.
Passe por uma consulta inicial: Um médico clínico geral fará uma avaliação inicial e, se necessário, encaminhará para um especialista (urologista ou endocrinologista).
Realize os exames solicitados: O médico solicitará exames para avaliar os níveis hormonais e descartar outras condições.
Retorne para avaliação dos resultados: Com os exames em mãos, retorne ao médico para avaliação dos resultados e definição do diagnóstico.
Inicie o tratamento, se indicado: Caso seja diagnosticada a andropausa, o médico prescreverá o tratamento adequado, que pode incluir reposição hormonal e outras medidas.
Faça acompanhamento regular: É fundamental realizar consultas de acompanhamento para ajustar o tratamento e monitorar possíveis efeitos colaterais.
Documentos necessários
Para acessar os serviços de diagnóstico e tratamento de andropausa pelo SUS, você precisará de:
Documento de identidade com foto (RG, CNH)
CPF
Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS) - não é obrigatório, pode ser feito na hora
Comprovante de residência (para alguns serviços)
Serviços especializados
Alguns estados e municípios contam com serviços especializados em saúde do homem, que oferecem atendimento específico para andropausa:
Ambulatórios de Andrologia: Dedicados à saúde sexual e reprodutiva masculina
Ambulatórios de Urologia: Atendem diversas condições da saúde masculina
Centros de Referência em Saúde do Homem: Oferecem atendimento integral
Por exemplo, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília, conta com o Ambulatório de Andrologia dedicado ao diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças associadas às funções reprodutivas e sexuais dos homens, incluindo a andropausa.
Tratamento da Andropausa pelo SUS
O SUS oferece diferentes abordagens para o tratamento da andropausa, que são definidas de acordo com a gravidade dos sintomas, os níveis hormonais e as condições de saúde de cada paciente.
Terapia de Reposição de Testosterona (TRT)
A principal forma de tratamento para a andropausa é a Terapia de Reposição de Testosterona (TRT), que visa normalizar os níveis do hormônio no organismo. O SUS disponibiliza gratuitamente diferentes formas de reposição:
Injeções intramusculares: Aplicações de testosterona a cada 2-4 semanas
Gel transdérmico: Aplicado diariamente na pele
Adesivos: Aplicados na pele e trocados periodicamente
A escolha da forma de administração depende da avaliação médica, considerando as características do paciente, a praticidade de uso e a disponibilidade no sistema público de saúde da região.
Critérios para receber a TRT pelo SUS
De acordo com os protocolos clínicos do SUS, para receber a Terapia de Reposição de Testosterona, o paciente deve atender aos seguintes critérios:
Idade igual ou superior a 35 anos
Presença de sinais e sintomas de hipogonadismo
Níveis baixos de testosterona confirmados por exames laboratoriais
Ausência de contraindicações ao tratamento
Contraindicações para a TRT
A Terapia de Reposição de Testosterona não é indicada para todos os pacientes. As principais contraindicações incluem:
Câncer de próstata ativo ou suspeito
Câncer de mama masculino
Nódulos palpáveis na próstata
PSA elevado (acima de 4 ng/ml)
Hematócrito elevado (acima de 54%)
Insuficiência cardíaca descompensada
Desejo de fertilidade a curto prazo
Abordagens complementares
Além da reposição hormonal, o tratamento da andropausa pelo SUS pode incluir outras abordagens:
Mudanças no estilo de vida: Orientações sobre alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos, controle do peso, redução do consumo de álcool e cessação do tabagismo
Acompanhamento psicológico: Para lidar com os aspectos emocionais da andropausa
Tratamento de condições associadas: Como diabetes, hipertensão e dislipidemia
Medicamentos específicos: Para sintomas como disfunção erétil, quando necessário
Acompanhamento e Monitoramento
O acompanhamento regular é fundamental para o sucesso do tratamento da andropausa. O SUS oferece consultas de seguimento e exames periódicos para monitorar a eficácia do tratamento e detectar possíveis efeitos colaterais.
Frequência das consultas
O protocolo de acompanhamento geralmente inclui:
Primeira consulta de retorno: 3 meses após o início do tratamento
Consultas subsequentes: a cada 6 meses
Consultas adicionais: sempre que necessário, em caso de efeitos colaterais ou ajustes no tratamento
Exames de acompanhamento
Durante o tratamento com reposição de testosterona, o SUS oferece exames periódicos para monitoramento:
Dosagem de testosterona: Para verificar se os níveis estão adequados
Hemograma: Para monitorar o hematócrito e a hemoglobina
PSA (Antígeno Prostático Específico): Para monitorar a saúde da próstata
Perfil lipídico: Para avaliar os níveis de colesterol
Função hepática: Para monitorar possíveis efeitos no fígado
Exame digital da próstata: Realizado periodicamente
Ajustes no tratamento
Com base nos resultados dos exames e na evolução dos sintomas, o médico pode fazer ajustes no tratamento, como:
Alteração da dose de testosterona
Mudança na forma de administração
Inclusão de tratamentos complementares
Suspensão temporária ou definitiva da reposição hormonal, se necessário
Benefícios e Riscos do Tratamento
É importante conhecer tanto os benefícios quanto os possíveis riscos da Terapia de Reposição de Testosterona para tomar uma decisão informada junto com seu médico.
Benefícios potenciais
Aumento da energia e disposição
Melhora da libido e função sexual
Aumento da massa muscular
Redução da gordura corporal
Melhora do humor e redução dos sintomas depressivos
Aumento da densidade óssea
Melhora da função cognitiva
Aumento da qualidade de vida geral
Possíveis riscos e efeitos colaterais
Aumento do hematócrito (espessamento do sangue)
Acne e oleosidade da pele
Ginecomastia (aumento das mamas)
Retenção de líquidos
Apneia do sono
Possível aumento do risco cardiovascular em alguns pacientes
Potencial estímulo do crescimento de câncer de próstata pré-existente
Redução da fertilidade
Por isso, o acompanhamento médico regular é essencial para monitorar esses possíveis efeitos e ajustar o tratamento quando necessário.
Direitos dos Pacientes com Andropausa no SUS
Homens diagnosticados com andropausa têm direitos garantidos no Sistema Único de Saúde:
Direito ao diagnóstico: Acesso a consultas e exames necessários
Direito ao tratamento: Fornecimento gratuito dos medicamentos prescritos
Direito ao acompanhamento: Consultas regulares com especialistas
Direito à informação: Receber todas as informações sobre sua condição e tratamento
Direito à privacidade: Confidencialidade das informações médicas
Direito à segunda opinião: Possibilidade de consultar outro profissional
Em caso de dificuldade para acessar esses direitos, o paciente pode recorrer à Ouvidoria do SUS pelo telefone 136 ou ao Ministério Público.
Prevenção e Hábitos Saudáveis
Embora a queda nos níveis de testosterona seja um processo natural do envelhecimento, alguns hábitos podem ajudar a minimizar os sintomas da andropausa e melhorar a qualidade de vida:
Alimentação saudável
Uma dieta equilibrada pode ajudar a manter os níveis hormonais mais estáveis:
Consumo adequado de proteínas
Inclusão de gorduras saudáveis (azeite, abacate, castanhas)
Consumo de zinco (presente em carnes, frutos do mar, sementes de abóbora)
Vitamina D (exposição solar moderada, peixes gordurosos)
Redução do consumo de açúcares e carboidratos refinados
Controle do consumo de álcool
Exercícios físicos
A prática regular de atividade física contribui para a saúde hormonal:
Exercícios de resistência (musculação)
Treinamento intervalado de alta intensidade
Caminhadas regulares
Atividades aeróbicas moderadas
Controle do estresse
O estresse crônico pode afetar negativamente os níveis hormonais. Algumas estratégias para controle do estresse incluem:
Técnicas de relaxamento e meditação
Sono adequado (7-8 horas por noite)
Atividades de lazer e socialização
Terapia, quando necessário
Exames preventivos
O SUS recomenda que homens acima de 40 anos realizem exames preventivos regularmente:
Check-up anual
Exame de próstata
Avaliação cardiovascular
Exames de sangue para verificar níveis hormonais
Perguntas Frequentes sobre Andropausa e o SUS
A andropausa afeta todos os homens?
Nem todos os homens desenvolvem sintomas significativos de andropausa. Estima-se que cerca de 30% dos homens acima de 40 anos apresentem sintomas que interferem na qualidade de vida e necessitam de tratamento.
Qual a idade média de início da andropausa?
Os níveis de testosterona começam a cair gradualmente a partir dos 30 anos, mas os sintomas mais evidentes da andropausa geralmente aparecem entre 40 e 55 anos, variando de acordo com fatores genéticos e estilo de vida.
O tratamento com testosterona é para toda a vida?
Não necessariamente. A duração do tratamento varia de acordo com a resposta individual e a evolução dos sintomas. Alguns homens podem precisar de tratamento por períodos mais longos, enquanto outros podem ter o tratamento ajustado ou descontinuado após a melhora dos sintomas.
A reposição de testosterona causa câncer de próstata?
Não há evidências conclusivas de que a TRT cause câncer de próstata em homens sem histórico da doença. No entanto, pode estimular o crescimento de um câncer pré-existente. Por isso, a avaliação da próstata antes e durante o tratamento é fundamental.
Posso fazer tratamento para andropausa pelo SUS mesmo sem plano de saúde?
Sim. O SUS é universal e gratuito, oferecendo diagnóstico e tratamento para andropausa a todos os cidadãos brasileiros, independentemente de terem ou não plano de saúde privado.
O SUS fornece todos os tipos de reposição de testosterona?
O SUS fornece principalmente as formas injetáveis de testosterona. A disponibilidade de géis e adesivos pode variar de acordo com a região e os protocolos locais. O médico indicará a melhor opção disponível para cada caso.
Conclusão
A andropausa é uma condição natural do envelhecimento masculino que, quando causa sintomas significativos, pode e deve ser tratada. O SUS oferece uma rede completa de serviços gratuitos para diagnóstico, tratamento e acompanhamento dessa condição.
Se você tem mais de 40 anos e apresenta sintomas como fadiga constante, diminuição da libido, alterações de humor e redução da massa muscular, não hesite em procurar uma unidade de saúde. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar significativamente sua qualidade de vida.
Lembre-se de que, além do tratamento médico, a adoção de hábitos saudáveis é fundamental para minimizar os sintomas da andropausa e promover o envelhecimento saudável.
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