Andropausa: Como Conseguir Tratamento e Acompanhamento Gratuito pelo SUS

Saiba como o SUS oferece diagnóstico, tratamento e acompanhamento para andropausa. Guia completo com sintomas, exames e medicamentos disponíveis gratuitamente.

6/11/202510 min read

Andropausa: Acompanhamento e Tratamento pelo SUS

A andropausa, também conhecida como "menopausa masculina", afeta milhões de homens brasileiros a partir dos 40 anos. Segundo especialistas, cerca de 30% dos homens acima dessa idade apresentam sintomas relacionados à queda nos níveis de testosterona. A boa notícia é que o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece diagnóstico, acompanhamento e tratamento gratuitos para essa condição.

Neste artigo, você vai descobrir o que é a andropausa, como identificar os sintomas, onde e como conseguir diagnóstico e tratamento pelo SUS, quais exames estão disponíveis gratuitamente e como melhorar sua qualidade de vida. Também vamos abordar os direitos dos pacientes e responder às dúvidas mais frequentes sobre o tema.

O que é Andropausa?

A andropausa, tecnicamente chamada de Deficiência Androgênica do Envelhecimento Masculino (DAEM) ou hipogonadismo masculino tardio, é caracterizada pela diminuição gradual dos níveis de testosterona que ocorre naturalmente com o envelhecimento nos homens.

Diferentemente da menopausa feminina, que acontece de forma mais abrupta e com interrupção completa da produção hormonal, a andropausa é um processo mais lento e gradual. Os níveis de testosterona começam a cair aproximadamente 1% ao ano a partir dos 30 anos, podendo chegar a uma redução de 3% ao ano após os 40 anos.

É importante destacar que, embora seja um processo natural do envelhecimento, quando os sintomas interferem significativamente na qualidade de vida, é necessário buscar acompanhamento médico. O SUS oferece recursos para diagnóstico e tratamento dessa condição.

Diferenças entre Andropausa e Menopausa

Embora sejam frequentemente comparadas, a andropausa e a menopausa apresentam diferenças importantes:

  • Progressão: A menopausa ocorre de forma mais abrupta, enquanto a andropausa é gradual

  • Universalidade: Todas as mulheres passam pela menopausa, mas nem todos os homens desenvolvem sintomas significativos de andropausa

  • Produção hormonal: Na menopausa, há cessação completa da produção de estrogênio pelos ovários; na andropausa, há redução gradual da testosterona, mas não interrupção total

  • Idade de início: A menopausa geralmente ocorre entre 45-55 anos; a andropausa pode começar a partir dos 40 anos, mas os sintomas mais evidentes costumam aparecer após os 50

Sintomas da Andropausa

Os sintomas da andropausa podem variar em intensidade e não afetam todos os homens da mesma forma. Alguns homens podem apresentar sintomas leves, enquanto outros experimentam manifestações mais intensas que afetam significativamente sua qualidade de vida.

Sintomas físicos

  • Diminuição da energia e fadiga constante

  • Redução da massa muscular e aumento da gordura corporal

  • Diminuição da densidade óssea (risco de osteoporose)

  • Diminuição da libido (desejo sexual)

  • Disfunção erétil

  • Sudorese noturna e ondas de calor

  • Insônia e alterações no padrão de sono

  • Redução de pelos corporais

Sintomas emocionais e cognitivos

  • Irritabilidade e mudanças de humor

  • Dificuldade de concentração

  • Problemas de memória

  • Sentimentos de tristeza ou depressão

  • Diminuição da autoconfiança

  • Ansiedade

É importante ressaltar que muitos desses sintomas podem estar relacionados a outras condições de saúde. Por isso, o diagnóstico adequado por um profissional de saúde é fundamental para determinar se os sintomas são realmente causados pela queda nos níveis de testosterona.

Diagnóstico da Andropausa pelo SUS

O SUS oferece gratuitamente o diagnóstico da andropausa através de consultas médicas e exames laboratoriais. O processo geralmente começa com uma avaliação clínica e pode incluir exames específicos para medir os níveis hormonais.

Onde buscar diagnóstico

O diagnóstico da andropausa pelo SUS pode ser realizado em:

  • Unidades Básicas de Saúde (UBS): Porta de entrada preferencial para o sistema de saúde

  • Ambulatórios de Urologia: Disponíveis em hospitais da rede pública

  • Ambulatórios de Andrologia: Serviços especializados em saúde masculina

  • Ambulatórios de Endocrinologia: Para avaliação hormonal

Exames disponíveis

O SUS disponibiliza diversos exames para o diagnóstico da andropausa:

  • Dosagem de testosterona total: Principal exame para avaliar os níveis do hormônio

  • Testosterona livre: Mede a porção ativa do hormônio

  • Hormônio Luteinizante (LH): Ajuda a determinar a causa da baixa testosterona

  • Hormônio Folículo-Estimulante (FSH): Complementa a avaliação hormonal

  • Prolactina: Para descartar outras causas de sintomas semelhantes

  • Hemograma completo: Avaliação geral da saúde

  • Glicemia: Para verificar diabetes, que pode estar associado à baixa testosterona

  • Perfil lipídico: Avaliação dos níveis de colesterol e triglicerídeos

Além dos exames laboratoriais, o médico realizará uma avaliação clínica completa, incluindo histórico médico, exame físico e aplicação de questionários específicos para avaliar os sintomas da andropausa, como o questionário AMS (Aging Males' Symptoms).

Critérios para diagnóstico

De acordo com os protocolos clínicos adotados pelo SUS, o diagnóstico da andropausa (DAEM) é baseado na combinação de:

  • Presença de sintomas clínicos característicos

  • Níveis baixos de testosterona total (geralmente abaixo de 300 ng/dL)

  • Exclusão de outras causas para os sintomas apresentados

É importante destacar que apenas a queda nos níveis de testosterona, sem a presença de sintomas, não é suficiente para o diagnóstico de andropausa que necessite de tratamento.

Como Acessar o Tratamento para Andropausa pelo SUS

O acesso ao tratamento para andropausa pelo SUS é um direito de todos os cidadãos brasileiros. Veja o passo a passo para conseguir atendimento:

Passo a passo para diagnóstico e tratamento

  1. Procure a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima: Leve seus documentos pessoais (RG, CPF) e o Cartão SUS, se tiver. Caso não tenha o Cartão SUS, ele pode ser feito na própria unidade.

  2. Passe por uma consulta inicial: Um médico clínico geral fará uma avaliação inicial e, se necessário, encaminhará para um especialista (urologista ou endocrinologista).

  3. Realize os exames solicitados: O médico solicitará exames para avaliar os níveis hormonais e descartar outras condições.

  4. Retorne para avaliação dos resultados: Com os exames em mãos, retorne ao médico para avaliação dos resultados e definição do diagnóstico.

  5. Inicie o tratamento, se indicado: Caso seja diagnosticada a andropausa, o médico prescreverá o tratamento adequado, que pode incluir reposição hormonal e outras medidas.

  6. Faça acompanhamento regular: É fundamental realizar consultas de acompanhamento para ajustar o tratamento e monitorar possíveis efeitos colaterais.

Documentos necessários

Para acessar os serviços de diagnóstico e tratamento de andropausa pelo SUS, você precisará de:

  • Documento de identidade com foto (RG, CNH)

  • CPF

  • Cartão Nacional de Saúde (Cartão SUS) - não é obrigatório, pode ser feito na hora

  • Comprovante de residência (para alguns serviços)

Serviços especializados

Alguns estados e municípios contam com serviços especializados em saúde do homem, que oferecem atendimento específico para andropausa:

  • Ambulatórios de Andrologia: Dedicados à saúde sexual e reprodutiva masculina

  • Ambulatórios de Urologia: Atendem diversas condições da saúde masculina

  • Centros de Referência em Saúde do Homem: Oferecem atendimento integral

Por exemplo, o Hospital Regional da Asa Norte (Hran), em Brasília, conta com o Ambulatório de Andrologia dedicado ao diagnóstico, tratamento e prevenção de doenças associadas às funções reprodutivas e sexuais dos homens, incluindo a andropausa.

Tratamento da Andropausa pelo SUS

O SUS oferece diferentes abordagens para o tratamento da andropausa, que são definidas de acordo com a gravidade dos sintomas, os níveis hormonais e as condições de saúde de cada paciente.

Terapia de Reposição de Testosterona (TRT)

A principal forma de tratamento para a andropausa é a Terapia de Reposição de Testosterona (TRT), que visa normalizar os níveis do hormônio no organismo. O SUS disponibiliza gratuitamente diferentes formas de reposição:

  • Injeções intramusculares: Aplicações de testosterona a cada 2-4 semanas

  • Gel transdérmico: Aplicado diariamente na pele

  • Adesivos: Aplicados na pele e trocados periodicamente

A escolha da forma de administração depende da avaliação médica, considerando as características do paciente, a praticidade de uso e a disponibilidade no sistema público de saúde da região.

Critérios para receber a TRT pelo SUS

De acordo com os protocolos clínicos do SUS, para receber a Terapia de Reposição de Testosterona, o paciente deve atender aos seguintes critérios:

  • Idade igual ou superior a 35 anos

  • Presença de sinais e sintomas de hipogonadismo

  • Níveis baixos de testosterona confirmados por exames laboratoriais

  • Ausência de contraindicações ao tratamento

Contraindicações para a TRT

A Terapia de Reposição de Testosterona não é indicada para todos os pacientes. As principais contraindicações incluem:

  • Câncer de próstata ativo ou suspeito

  • Câncer de mama masculino

  • Nódulos palpáveis na próstata

  • PSA elevado (acima de 4 ng/ml)

  • Hematócrito elevado (acima de 54%)

  • Insuficiência cardíaca descompensada

  • Desejo de fertilidade a curto prazo

Abordagens complementares

Além da reposição hormonal, o tratamento da andropausa pelo SUS pode incluir outras abordagens:

  • Mudanças no estilo de vida: Orientações sobre alimentação saudável, prática regular de exercícios físicos, controle do peso, redução do consumo de álcool e cessação do tabagismo

  • Acompanhamento psicológico: Para lidar com os aspectos emocionais da andropausa

  • Tratamento de condições associadas: Como diabetes, hipertensão e dislipidemia

  • Medicamentos específicos: Para sintomas como disfunção erétil, quando necessário

Acompanhamento e Monitoramento

O acompanhamento regular é fundamental para o sucesso do tratamento da andropausa. O SUS oferece consultas de seguimento e exames periódicos para monitorar a eficácia do tratamento e detectar possíveis efeitos colaterais.

Frequência das consultas

O protocolo de acompanhamento geralmente inclui:

  • Primeira consulta de retorno: 3 meses após o início do tratamento

  • Consultas subsequentes: a cada 6 meses

  • Consultas adicionais: sempre que necessário, em caso de efeitos colaterais ou ajustes no tratamento

Exames de acompanhamento

Durante o tratamento com reposição de testosterona, o SUS oferece exames periódicos para monitoramento:

  • Dosagem de testosterona: Para verificar se os níveis estão adequados

  • Hemograma: Para monitorar o hematócrito e a hemoglobina

  • PSA (Antígeno Prostático Específico): Para monitorar a saúde da próstata

  • Perfil lipídico: Para avaliar os níveis de colesterol

  • Função hepática: Para monitorar possíveis efeitos no fígado

  • Exame digital da próstata: Realizado periodicamente

Ajustes no tratamento

Com base nos resultados dos exames e na evolução dos sintomas, o médico pode fazer ajustes no tratamento, como:

  • Alteração da dose de testosterona

  • Mudança na forma de administração

  • Inclusão de tratamentos complementares

  • Suspensão temporária ou definitiva da reposição hormonal, se necessário

Benefícios e Riscos do Tratamento

É importante conhecer tanto os benefícios quanto os possíveis riscos da Terapia de Reposição de Testosterona para tomar uma decisão informada junto com seu médico.

Benefícios potenciais

  • Aumento da energia e disposição

  • Melhora da libido e função sexual

  • Aumento da massa muscular

  • Redução da gordura corporal

  • Melhora do humor e redução dos sintomas depressivos

  • Aumento da densidade óssea

  • Melhora da função cognitiva

  • Aumento da qualidade de vida geral

Possíveis riscos e efeitos colaterais

  • Aumento do hematócrito (espessamento do sangue)

  • Acne e oleosidade da pele

  • Ginecomastia (aumento das mamas)

  • Retenção de líquidos

  • Apneia do sono

  • Possível aumento do risco cardiovascular em alguns pacientes

  • Potencial estímulo do crescimento de câncer de próstata pré-existente

  • Redução da fertilidade

Por isso, o acompanhamento médico regular é essencial para monitorar esses possíveis efeitos e ajustar o tratamento quando necessário.

Direitos dos Pacientes com Andropausa no SUS

Homens diagnosticados com andropausa têm direitos garantidos no Sistema Único de Saúde:

  • Direito ao diagnóstico: Acesso a consultas e exames necessários

  • Direito ao tratamento: Fornecimento gratuito dos medicamentos prescritos

  • Direito ao acompanhamento: Consultas regulares com especialistas

  • Direito à informação: Receber todas as informações sobre sua condição e tratamento

  • Direito à privacidade: Confidencialidade das informações médicas

  • Direito à segunda opinião: Possibilidade de consultar outro profissional

Em caso de dificuldade para acessar esses direitos, o paciente pode recorrer à Ouvidoria do SUS pelo telefone 136 ou ao Ministério Público.

Prevenção e Hábitos Saudáveis

Embora a queda nos níveis de testosterona seja um processo natural do envelhecimento, alguns hábitos podem ajudar a minimizar os sintomas da andropausa e melhorar a qualidade de vida:

Alimentação saudável

Uma dieta equilibrada pode ajudar a manter os níveis hormonais mais estáveis:

  • Consumo adequado de proteínas

  • Inclusão de gorduras saudáveis (azeite, abacate, castanhas)

  • Consumo de zinco (presente em carnes, frutos do mar, sementes de abóbora)

  • Vitamina D (exposição solar moderada, peixes gordurosos)

  • Redução do consumo de açúcares e carboidratos refinados

  • Controle do consumo de álcool

Exercícios físicos

A prática regular de atividade física contribui para a saúde hormonal:

  • Exercícios de resistência (musculação)

  • Treinamento intervalado de alta intensidade

  • Caminhadas regulares

  • Atividades aeróbicas moderadas

Controle do estresse

O estresse crônico pode afetar negativamente os níveis hormonais. Algumas estratégias para controle do estresse incluem:

  • Técnicas de relaxamento e meditação

  • Sono adequado (7-8 horas por noite)

  • Atividades de lazer e socialização

  • Terapia, quando necessário

Exames preventivos

O SUS recomenda que homens acima de 40 anos realizem exames preventivos regularmente:

  • Check-up anual

  • Exame de próstata

  • Avaliação cardiovascular

  • Exames de sangue para verificar níveis hormonais

Perguntas Frequentes sobre Andropausa e o SUS

A andropausa afeta todos os homens?

Nem todos os homens desenvolvem sintomas significativos de andropausa. Estima-se que cerca de 30% dos homens acima de 40 anos apresentem sintomas que interferem na qualidade de vida e necessitam de tratamento.

Qual a idade média de início da andropausa?

Os níveis de testosterona começam a cair gradualmente a partir dos 30 anos, mas os sintomas mais evidentes da andropausa geralmente aparecem entre 40 e 55 anos, variando de acordo com fatores genéticos e estilo de vida.

O tratamento com testosterona é para toda a vida?

Não necessariamente. A duração do tratamento varia de acordo com a resposta individual e a evolução dos sintomas. Alguns homens podem precisar de tratamento por períodos mais longos, enquanto outros podem ter o tratamento ajustado ou descontinuado após a melhora dos sintomas.

A reposição de testosterona causa câncer de próstata?

Não há evidências conclusivas de que a TRT cause câncer de próstata em homens sem histórico da doença. No entanto, pode estimular o crescimento de um câncer pré-existente. Por isso, a avaliação da próstata antes e durante o tratamento é fundamental.

Posso fazer tratamento para andropausa pelo SUS mesmo sem plano de saúde?

Sim. O SUS é universal e gratuito, oferecendo diagnóstico e tratamento para andropausa a todos os cidadãos brasileiros, independentemente de terem ou não plano de saúde privado.

O SUS fornece todos os tipos de reposição de testosterona?

O SUS fornece principalmente as formas injetáveis de testosterona. A disponibilidade de géis e adesivos pode variar de acordo com a região e os protocolos locais. O médico indicará a melhor opção disponível para cada caso.

Conclusão

A andropausa é uma condição natural do envelhecimento masculino que, quando causa sintomas significativos, pode e deve ser tratada. O SUS oferece uma rede completa de serviços gratuitos para diagnóstico, tratamento e acompanhamento dessa condição.

Se você tem mais de 40 anos e apresenta sintomas como fadiga constante, diminuição da libido, alterações de humor e redução da massa muscular, não hesite em procurar uma unidade de saúde. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem melhorar significativamente sua qualidade de vida.

Lembre-se de que, além do tratamento médico, a adoção de hábitos saudáveis é fundamental para minimizar os sintomas da andropausa e promover o envelhecimento saudável.

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