Tétano: Vacinação Gratuita e Fluxo de Tratamento pelo SUS
Guia completo sobre Tétano: entenda a importância da vacinação gratuita pelo SUS, o esquema vacinal para crianças e adultos, a profilaxia pós-exposição (Soro Antitetânico) e o tratamento complexo em UTI para casos manifestados.
11/11/20256 min read


Tétano: Vacinação e Tratamento Completo pelo SUS
O Tétano é uma doença infecciosa grave, mas totalmente prevenível por meio da vacinação. Causada pela bactéria Clostridium tetani, que produz uma potente neurotoxina, a doença se manifesta por rigidez muscular e espasmos dolorosos, podendo levar à morte. No Brasil, o combate ao tétano é uma prioridade do Sistema Único de Saúde (SUS), que oferece gratuitamente tanto a vacina para prevenção quanto o tratamento complexo para os casos manifestados.
Este guia detalhado visa esclarecer como o cidadão pode se proteger do tétano, qual o esquema vacinal completo e como é o fluxo de atendimento e tratamento oferecido pelo SUS.
A Importância da Vacinação: A Principal Barreira Contra o Tétano
A vacinação é a forma mais eficaz e segura de prevenir o tétano. O SUS disponibiliza a vacina em todas as Unidades Básicas de Saúde (UBS) e a inclui no Calendário Nacional de Vacinação para todas as faixas etárias.
Esquema Vacinal na Infância
A imunização contra o tétano começa logo nos primeiros meses de vida, fazendo parte das vacinas combinadas:
Vacina Penta (DTP/Hib/Hep B): Administrada aos 2, 4 e 6 meses de idade. Esta vacina protege contra difteria, tétano, coqueluche, Haemophilus influenzae tipo b e hepatite B.
Vacina DTP (Tríplice Bacteriana): São aplicados dois reforços, o primeiro aos 15 meses e o segundo aos 4 anos de idade.
Reforços na Vida Adulta: A Regra dos 10 Anos
A imunidade conferida pela vacina não é permanente, exigindo doses de reforço ao longo da vida. Para adolescentes, adultos e idosos, o SUS utiliza a Vacina Dupla Adulto (dT), que protege contra difteria e tétano.
Reforço Padrão: Deve ser feito a cada 10 anos após a última dose.
Esquema Incompleto ou Desconhecido: Pessoas que não têm certeza do seu histórico vacinal devem iniciar ou completar o esquema, que geralmente consiste em três doses, com intervalos definidos pelo profissional de saúde.
Vacinação em Gestantes: Proteção Dupla
A vacinação de gestantes é crucial para prevenir o Tétano Neonatal, uma forma grave da doença que afeta recém-nascidos.
Vacina dTpa (Tríplice Bacteriana Acelular): É recomendada uma dose a cada gestação, a partir da 20ª semana. Esta vacina, além de proteger a mãe, transfere anticorpos para o bebê, garantindo sua proteção nos primeiros meses de vida.
Transmissão e Profilaxia Pós-Exposição
O tétano não é transmitido de pessoa para pessoa. A infecção ocorre quando a bactéria Clostridium tetani, presente no solo, poeira, fezes de animais ou em objetos enferrujados, entra em contato com o organismo através de ferimentos na pele ou mucosas.
O Que Fazer Após um Ferimento
Qualquer ferimento, por menor que seja, deve ser tratado com atenção. O primeiro passo é a limpeza imediata:
Lavar com Água e Sabão: Limpar o local do ferimento vigorosamente com água e sabão para remover sujeira e detritos.
Procurar o Serviço de Saúde: O paciente deve se dirigir à UBS ou a um serviço de emergência para avaliação médica.
A Decisão Médica: Vacina, Soro ou Imunoglobulina
No serviço de saúde, o profissional avaliará o tipo de ferimento (limpo, sujo, profundo, com tecido desvitalizado) e o histórico vacinal do paciente para definir a conduta de profilaxia pós-exposição.
Reforço da Vacina (dT ou dTpa): É a conduta mais comum para a maioria dos ferimentos, especialmente se o último reforço tiver mais de 5 ou 10 anos.
Soro Antitetânico (SAT) ou Imunoglobulina Humana Antitetânica (IGHAT): Estes são imunobiológicos passivos, ou seja, fornecem anticorpos prontos para neutralizar a toxina. São indicados para ferimentos de alto risco (contaminados com terra, fezes, objetos perfurantes) em pessoas com esquema vacinal incompleto ou desconhecido. O SUS fornece ambos, sendo a IGHAT (de origem humana) preferível por ter menos risco de reações alérgicas.
O Tratamento do Tétano Manifestado pelo SUS
Quando a doença se manifesta, o tratamento é uma emergência médica complexa, que exige internação em Unidade de Terapia Intensiva (UTI) e uma abordagem multidisciplinar. O SUS garante todo o suporte necessário para o tratamento do tétano.
Princípios do Tratamento
O tratamento visa neutralizar a toxina, eliminar a bactéria e controlar os sintomas neurológicos:
Neutralização da Toxina: É feita com a administração de IGHAT ou SAT. O objetivo é impedir que a toxina circulante se ligue a mais neurônios.
Eliminação da Bactéria: O foco infeccioso (o ferimento) deve ser limpo e desbridado cirurgicamente para remover o tecido morto e a bactéria. Além disso, são administrados antibióticos, como o Metronidazol, para eliminar o Clostridium tetani no local.
Controle dos Espasmos: A sedação e o uso de relaxantes musculares são essenciais para controlar os espasmos e a rigidez muscular, que podem causar fraturas e insuficiência respiratória.
O Fluxo de Atendimento
O paciente com suspeita de tétano deve ser imediatamente encaminhado para um hospital de referência com UTI. O tratamento é longo e exige monitoramento constante da função respiratória e cardiovascular.
Internação em UTI: Necessária para o manejo da ventilação mecânica (se houver insuficiência respiratória) e o controle dos espasmos.
Reabilitação: Após a fase aguda, o paciente necessita de fisioterapia e reabilitação, que também são oferecidas pelo SUS, para recuperar a função muscular e motora.
Tétano Neonatal: Uma Tragédia Evitável
O tétano neonatal, que afeta recém-nascidos, é quase sempre fatal e ocorre quando o coto umbilical é contaminado, geralmente por práticas inadequadas de corte ou curativo. A prevenção é 100% eficaz e depende da vacinação da gestante.
O SUS tem como meta a eliminação do tétano neonatal, e a vacinação de rotina das gestantes com a vacina dTpa é a principal estratégia para garantir que o bebê nasça protegido.
Vigilância Epidemiológica e a Importância da Notificação
O tétano é uma doença de notificação compulsória no Brasil. Isso significa que todo caso suspeito ou confirmado deve ser imediatamente comunicado às autoridades de saúde. Essa vigilância é fundamental para monitorar a circulação da doença e avaliar a cobertura vacinal da população.
O Papel da Notificação
A notificação permite que o Ministério da Saúde e as Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde:
Monitorem a Incidência: Acompanhar o número de casos de tétano acidental e neonatal, identificando áreas de maior risco.
Avaliem a Cobertura Vacinal: Casos de tétano em adultos ou crianças são um indicador de falha na cobertura vacinal, permitindo que o SUS direcione campanhas e ações de busca ativa de não vacinados.
Planejem a Distribuição de Imunobiológicos: Garantir que haja estoque suficiente de vacinas, Soro Antitetânico (SAT) e Imunoglobulina Humana Antitetânica (IGHAT) nas unidades de saúde.
A Diferença entre Soro Antitetânico (SAT) e Imunoglobulina (IGHAT)
No contexto da profilaxia pós-exposição e do tratamento, o SUS utiliza dois tipos de imunobiológicos passivos, que agem fornecendo anticorpos prontos para combater a toxina: o SAT e a IGHAT.
Soro Antitetânico (SAT)
Origem: É um soro heterólogo, produzido a partir do plasma de cavalos hiperimunizados.
Vantagem: É mais amplamente disponível e tem um custo menor.
Desvantagem: Por ser de origem animal, apresenta um risco maior de reações alérgicas (hipersensibilidade), exigindo que o paciente passe por um teste de sensibilidade antes da aplicação.
Imunoglobulina Humana Antitetânica (IGHAT)
Origem: É um soro homólogo, produzido a partir do plasma de doadores humanos com altos títulos de anticorpos contra o tétano.
Vantagem: Possui um risco muito menor de reações alérgicas e tem uma meia-vida mais longa no organismo (cerca de 3 semanas), oferecendo proteção mais duradoura. É o imunobiológico de escolha para o tratamento do tétano manifestado.
Disponibilidade: Embora seja o ideal, sua disponibilidade pode ser mais restrita em algumas unidades, sendo reservada prioritariamente para casos de tratamento e para pacientes com histórico de alergia ao SAT.
O SUS, através dos Centros de Referência para Imunobiológicos Especiais (CRIE), garante o acesso à IGHAT para os casos que realmente necessitam, seguindo critérios clínicos rigorosos. A escolha entre SAT e IGHAT é sempre uma decisão médica, baseada na avaliação do risco-benefício para o paciente.
A Importância da Fisioterapia na Recuperação
A recuperação do tétano é um processo lento e desafiador. Após a fase aguda, a reabilitação é fundamental para que o paciente recupere a força e a função muscular.
Fisioterapia Motora: Essencial para combater a rigidez muscular residual e recuperar a amplitude de movimento das articulações.
Fisioterapia Respiratória: Em pacientes que necessitaram de ventilação mecânica, a fisioterapia respiratória é crucial para restabelecer a capacidade pulmonar.
O SUS oferece esses serviços de reabilitação através dos Centros Especializados em Reabilitação (CER) e nas próprias unidades hospitalares, garantindo a continuidade do cuidado após a alta da UTI.
O tétano é uma doença que exige a atenção de toda a sociedade. A vacinação é um ato de responsabilidade individual e coletiva, e o SUS é o principal guardião dessa proteção no Brasil. Mantenha sua caderneta em dia e ajude a eliminar o tétano do nosso país.
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Referências
Tétano - Ministério da SaúdeTétano Acidental - Ministério da SaúdeTétano Neonatal - Ministério da SaúdeProfilaxia do tétano após ferimento - Secretaria da Saúde de SP
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