Fisioterapia pelo SUS: Como Conseguir Encaminhamento Médico e Acesso ao Tratamento Gratuito
Guia completo sobre Fisioterapia pelo SUS: aprenda o passo a passo para obter o encaminhamento médico, a documentação necessária e conheça os diversos tipos de tratamento (ortopédico, neurológico, respiratório) oferecidos gratuitamente na rede pública.
11/7/20255 min read


Fisioterapia pelo SUS: Guia Completo de Encaminhamento e Tratamento
A Fisioterapia é uma área da saúde essencial para a reabilitação, prevenção de lesões e promoção da qualidade de vida. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) garante o acesso a esse serviço de forma integral e gratuita, oferecendo tratamento para uma vasta gama de condições, desde problemas ortopédicos e neurológicos até questões respiratórias e cardiovasculares.
Este guia completo tem como objetivo desmistificar o processo de acesso à Fisioterapia pelo SUS, detalhando o fluxo de encaminhamento, os tipos de tratamento disponíveis e como o paciente deve proceder para garantir o seu atendimento.
O Papel da Fisioterapia na Saúde Pública
A Fisioterapia no SUS está inserida em diversos níveis de atenção à saúde, desde a prevenção na Atenção Básica até a reabilitação de alta complexidade em hospitais e centros especializados. O foco é a recuperação da funcionalidade, a redução da dor e a melhoria da autonomia do paciente.
O atendimento é oferecido em:
Unidades Básicas de Saúde (UBS): Onde o fisioterapeuta pode atuar em grupos de prevenção e promoção da saúde, além de realizar atendimentos individuais de menor complexidade.
Centros de Reabilitação: Unidades especializadas que oferecem tratamentos mais intensivos e multidisciplinares.
Hospitais: Para reabilitação pós-cirúrgica, tratamento de pacientes internados (Fisioterapia Hospitalar) e casos de alta complexidade.
O Fluxo de Encaminhamento: O Caminho para o Tratamento
O acesso à Fisioterapia pelo SUS não é direto. O paciente precisa, primeiramente, passar por uma avaliação médica que ateste a necessidade do tratamento.
1. O Ponto de Partida: A Unidade Básica de Saúde (UBS)
O primeiro passo é sempre procurar a Unidade Básica de Saúde (UBS) mais próxima de sua residência. O médico da família, clínico geral ou o especialista da Atenção Básica é quem fará a avaliação inicial.
Se você estiver com dor, dificuldade de movimento ou tiver passado por alguma lesão ou cirurgia, o médico irá analisar o seu caso e, se julgar necessário, emitirá o encaminhamento.
2. O Documento Essencial: O Encaminhamento Médico
O encaminhamento médico é o documento que formaliza a sua necessidade de tratamento fisioterapêutico. Para que ele seja válido e aceito, é fundamental que contenha:
Originalidade: Deve ser o documento original, sem rasuras.
Identificação: Assinatura e carimbo do médico responsável.
Justificativa Clínica: A descrição clara da disfunção ou da condição que exige a Fisioterapia.
Código CID: O Código Internacional de Doenças (CID) que comprova a patologia. Este código é crucial para a regulação do sistema de saúde.
Sem um encaminhamento médico adequado, o processo de agendamento da Fisioterapia não pode ser iniciado.
3. A Regulação e o Agendamento
Com o encaminhamento em mãos, o paciente deve se dirigir ao setor de agendamento da UBS ou, em alguns municípios, à Secretaria Municipal de Saúde.
Neste momento, o seu pedido será incluído no sistema de Regulação do SUS. A Regulação é o mecanismo que organiza as filas de espera e direciona o paciente para a unidade de saúde mais adequada e com disponibilidade de vaga para o seu tipo de tratamento.
É importante ter em mãos a documentação básica:
Cartão do SUS (obrigatório).
Documento de identificação com foto.
O encaminhamento médico original.
O tempo de espera pode variar significativamente de um município para outro, dependendo da demanda e da oferta de serviços.
Tipos de Tratamento Fisioterapêutico Oferecidos
O SUS oferece uma ampla gama de especialidades e modalidades de Fisioterapia, garantindo um tratamento completo e específico para cada caso.
Fisioterapia Traumato-Ortopédica
É a modalidade mais comum, voltada para a reabilitação de lesões musculoesqueléticas. Inclui o tratamento de:
Fraturas e luxações.
Lesões ligamentares e tendinosas (como entorses e tendinites).
Reabilitação pós-cirúrgica (próteses de joelho, quadril, cirurgias de coluna).
Dores crônicas na coluna (lombalgia, cervicalgia).
Fisioterapia Neurológica
Essencial para pacientes com alterações no sistema nervoso central ou periférico. O tratamento visa recuperar a mobilidade, o equilíbrio e a coordenação motora em casos de:
Acidente Vascular Cerebral (AVC).
Doença de Parkinson.
Esclerose Múltipla.
Lesão Medular.
Fisioterapia Respiratória
Fundamental para pacientes com doenças pulmonares ou que necessitam de auxílio na função respiratória. É indicada para:
Asma e Bronquite.
Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC).
Reabilitação pós-COVID-19.
Pacientes em Unidades de Terapia Intensiva (UTI).
Outras Especialidades e Modalidades
O SUS também abrange outras áreas importantes, como:
Fisioterapia Cardiovascular: Para reabilitação de pacientes que sofreram infarto ou que possuem doenças cardíacas crônicas.
Fisioterapia Dermatofuncional: Utilizada no tratamento de queimaduras, cicatrizes e edemas.
Fisioterapia Aquática (Hidroterapia): Disponível em Centros de Reabilitação que possuem piscinas terapêuticas.
Práticas Integrativas e Complementares (PICS) e a Fisioterapia
O Ministério da Saúde, por meio da Política Nacional de Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC), ampliou a oferta de terapias que podem ser complementares ao tratamento fisioterapêutico.
É importante saber que o fisioterapeuta, por ser um profissional de saúde de nível superior, pode utilizar algumas dessas práticas em seu tratamento, desde que possua a especialização e habilitação necessárias.
Entre as PICS que se relacionam diretamente com a Fisioterapia e que estão disponíveis no SUS, destacam-se:
Osteopatia e Quiropraxia: Embora sejam especialidades próprias, o SUS as incluiu nas PICS. Fisioterapeutas com formação nessas áreas podem utilizá-las para o tratamento de disfunções musculoesqueléticas, ampliando as opções de cuidado.
Acupuntura: Também disponível e frequentemente utilizada para o manejo da dor crônica.
A Continuidade do Tratamento e a Alta Fisioterapêutica
O tratamento fisioterapêutico no SUS é um processo contínuo, mas não ilimitado. O objetivo é que o paciente atinja a máxima funcionalidade possível e receba alta.
O número de sessões pode ser determinado por protocolos municipais, mas a regra principal é a necessidade clínica. O fisioterapeuta e o médico devem realizar reavaliações periódicas para:
Avaliar o Progresso: Verificar se o paciente está evoluindo conforme o esperado.
Ajustar o Plano: Modificar as técnicas e exercícios, se necessário.
Determinar a Alta: A alta é dada quando os objetivos do tratamento são alcançados e o paciente pode manter a recuperação com exercícios domiciliares.
É fundamental que o paciente siga as orientações do profissional e não abandone o tratamento, pois a interrupção pode comprometer a recuperação.
Dicas para Agilizar o Atendimento
Embora o SUS enfrente desafios de demanda, algumas atitudes podem ajudar a agilizar o seu atendimento:
Documentação Completa: Garanta que o seu encaminhamento médico esteja completo, com o CID e a justificativa clínica.
Busca Ativa: Verifique na sua UBS ou na Secretaria de Saúde se há Centros de Reabilitação ou clínicas conveniadas que possam ter um tempo de espera menor.
Programas Específicos: Alguns municípios possuem programas de saúde da família que incluem o fisioterapeuta na equipe da UBS, o que pode facilitar o acesso a atendimentos de menor complexidade.
A Fisioterapia é um direito e um serviço de extrema importância para a qualidade de vida. Ao entender o fluxo de encaminhamento, você se capacita para buscar o tratamento adequado e gratuito oferecido pelo Sistema Único de Saúde.
Referências
Fisioterapia - Instituto Paulista de Geriatria e Gerontologia (IPGG)
Práticas Integrativas e Complementares (PICS) - Ministério da Saúde
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