Derrame Pleural SUS: Causas, Diagnóstico e Todos os Tratamentos!

Entenda o que é derrame pleural (água na pleura) e como o SUS oferece diagnóstico e tratamento, incluindo toracocentese. Guia Viva o SUS.

5/15/20256 min read

Derrame Pleural (Água na Pleura): Diagnóstico e Tratamento pelo SUS

O derrame pleural, popularmente conhecido como "água na pleura" ou "água no pulmão", é o acúmulo anormal de líquido no espaço pleural – uma fina cavidade que existe entre as duas membranas (pleuras) que revestem os pulmões e a parede interna do tórax. Esse acúmulo pode ser causado por uma variedade de condições, desde doenças cardíacas e infecções até câncer. O Sistema Único de Saúde (SUS) oferece uma estrutura completa para o diagnóstico e tratamento do derrame pleural, visando identificar a causa subjacente e aliviar os sintomas do paciente. Este guia do Viva o SUS detalha como a rede pública aborda essa condição.

O Que é o Espaço Pleural e Por Que o Líquido se Acumula?

Normalmente, existe uma pequena quantidade de líquido no espaço pleural (cerca de 10 a 20 ml), que atua como um lubrificante, permitindo que os pulmões se movam suavemente dentro da caixa torácica durante a respiração. O derrame pleural ocorre quando há um desequilíbrio entre a produção e a absorção desse líquido, levando ao seu acúmulo excessivo.

O líquido pleural pode ser classificado em dois tipos principais, o que ajuda a direcionar a investigação da causa:

  • Transudato: Geralmente é claro e com baixo teor de proteínas. Resulta de um desequilíbrio nas pressões hidrostática e oncótica, comum em condições como insuficiência cardíaca congestiva, cirrose hepática e síndrome nefrótica.

  • Exsudato: É mais rico em proteínas e células, indicando inflamação ou doença da pleura em si. Pode ser causado por infecções (pneumonia, tuberculose), câncer (pulmonar, metástases), embolia pulmonar, doenças autoimunes (como lúpus ou artrite reumatoide) e pancreatite.

Principais Causas e Sintomas do Derrame Pleural

Causas Comuns:

  • Insuficiência Cardíaca Congestiva: É uma das causas mais frequentes de derrame pleural transudativo.

  • Pneumonia (Derrame Parapneumônico): Infecção pulmonar que pode levar ao acúmulo de líquido inflamatório (exsudato) na pleura. Se infectado, torna-se um empiema.

  • Câncer (Derrame Neoplásico): Câncer de pulmão, mama, linfoma ou metástases de outros órgãos para a pleura são causas importantes de derrame exsudativo.

  • Tuberculose Pleural: Infecção pela bactéria da tuberculose que afeta a pleura.

  • Embolia Pulmonar: Bloqueio de uma artéria pulmonar, geralmente por um coágulo, que pode causar derrame.

  • Cirrose Hepática: Doença crônica do fígado que pode levar ao acúmulo de líquido (ascite) que migra para o espaço pleural.

  • Doenças Renais (Síndrome Nefrótica): Perda excessiva de proteínas pela urina, alterando o equilíbrio de fluidos.

  • Doenças Autoimunes: Como lúpus eritematoso sistêmico e artrite reumatoide.

  • Trauma Torácico ou Cirurgias.

  • Pancreatite.

Sintomas do Derrame Pleural:

Os sintomas dependem da quantidade de líquido acumulado, da rapidez com que se forma e da causa subjacente. Pequenos derrames podem ser assintomáticos.

  • Falta de ar (dispneia): É o sintoma mais comum, especialmente ao se esforçar ou deitar.

  • Dor torácica: Geralmente do tipo pleurítica, ou seja, uma dor aguda que piora com a respiração profunda, tosse ou espirro.

  • Tosse seca.

  • Febre e calafrios: Se a causa for infecciosa.

  • Sensação de peso ou pressão no peito.

  • Sintomas da doença de base: Como inchaço nas pernas (insuficiência cardíaca), icterícia (cirrose), perda de peso (câncer).

Diagnóstico do Derrame Pleural pelo SUS

O diagnóstico do derrame pleural e a identificação de sua causa são cruciais para o tratamento adequado. No SUS, o processo geralmente segue estas etapas:

  1. Avaliação Clínica na UBS ou Pronto Atendimento: O médico coletará o histórico dos sintomas, fará um exame físico (ausculta pulmonar pode revelar diminuição dos sons respiratórios na área do derrame).

  2. Exames de Imagem:

    • Radiografia de Tórax: É frequentemente o primeiro exame a ser realizado e pode mostrar o acúmulo de líquido.

    • Ultrassonografia Torácica: Muito útil para confirmar a presença de líquido, estimar o volume, guiar a punção (toracocentese) e identificar septações ou loculacões.

    • Tomografia Computadorizada (TC) de Tórax: Oferece imagens mais detalhadas dos pulmões, pleura e mediastino, ajudando a identificar a causa do derrame (como tumores, pneumonia extensa) e a planejar procedimentos.

  3. Toracocentese Diagnóstica: Este é um procedimento fundamental. Consiste na punção do espaço pleural com uma agulha fina para retirar uma amostra do líquido pleural. O procedimento é geralmente guiado por ultrassom para maior segurança e precisão. O líquido coletado é enviado para análise laboratorial (bioquímica, citologia, microbiologia) para determinar se é um transudato ou exsudato e para investigar a presença de células cancerígenas, bactérias ou outros marcadores.

  4. Biópsia Pleural: Se a análise do líquido não for conclusiva, especialmente se houver suspeita de câncer ou tuberculose, pode ser necessária uma biópsia da pleura. Pode ser feita por agulha (guiada por imagem) ou por videotoracoscopia (um procedimento cirúrgico minimamente invasivo).

  5. Exames Adicionais: Dependendo da suspeita clínica, podem ser solicitados exames de sangue, ecocardiograma, entre outros, para investigar a doença de base.

Todos esses exames e procedimentos são disponibilizados pelo SUS, mediante encaminhamento e justificativa médica.

Tratamento do Derrame Pleural no SUS

O tratamento do derrame pleural no SUS tem dois objetivos principais: aliviar os sintomas causados pelo acúmulo de líquido e tratar a doença subjacente que o causou.

1. Tratamento da Doença de Base:

Este é o aspecto mais importante. Por exemplo:

  • Insuficiência Cardíaca: Tratamento com diuréticos, vasodilatadores e outros medicamentos para o coração.

  • Pneumonia: Uso de antibióticos.

  • Tuberculose: Esquema específico de tuberculostáticos.

  • Câncer: Quimioterapia, radioterapia, imunoterapia ou cirurgia, conforme o tipo e estágio do tumor.

  • Embolia Pulmonar: Anticoagulantes.

2. Alívio dos Sintomas e Remoção do Líquido:

  • Toracocentese Terapêutica (ou de Alívio): Se o derrame for volumoso e causar falta de ar significativa, o médico pode realizar uma toracocentese para remover uma quantidade maior de líquido, proporcionando alívio dos sintomas.

  • Drenagem Torácica (Dreno de Tórax): Em casos de derrames parapneumônicos complicados, empiema (pus na pleura), ou alguns derrames neoplásicos persistentes, pode ser necessário inserir um dreno no tórax. O dreno é um tubo flexível conectado a um sistema de selo d'água que permite a saída contínua do líquido ou pus. O paciente geralmente permanece internado enquanto estiver com o dreno.

  • Pleurodese: Para derrames pleurais malignos recorrentes que causam sintomas, a pleurodese pode ser uma opção. Após a drenagem do líquido, uma substância irritante (como talco, bleomicina ou doxiciclina) é instilada no espaço pleural. Isso causa uma inflamação que leva à aderência das duas pleuras, obliterando o espaço pleural e impedindo novo acúmulo de líquido. Este procedimento é realizado por pneumologistas ou cirurgiões torácicos em ambiente hospitalar.

  • Cateter Pleural de Demora (Dreno Tunelizado): Em alguns pacientes com derrame pleural maligno recorrente e expectativa de vida limitada, pode-se optar pela colocação de um cateter pleural de demora. Este cateter permite que o paciente ou seus cuidadores drenem o líquido em casa, conforme necessário, melhorando a qualidade de vida.

  • Cirurgia (Videotoracoscopia ou Toracotomia): Pode ser necessária para diagnóstico (biópsia pleural), tratamento de empiemas (decorticação pleural, para remover a membrana espessa que se forma ao redor do pulmão) ou, em casos raros, para ressecção de tumores pleurais.

Como Acessar o Tratamento para Derrame Pleural no SUS:

  1. Procure Atendimento Médico: Ao apresentar sintomas como falta de ar ou dor torácica, procure uma UBS ou um serviço de pronto atendimento do SUS.

  2. Diagnóstico e Encaminhamento: O médico fará a avaliação inicial e, se houver suspeita de derrame pleural, solicitará os exames necessários. Conforme a complexidade e a causa suspeita, você poderá ser encaminhado a um pneumologista ou outro especialista (cardiologista, oncologista, cirurgião torácico) da rede SUS.

  3. Realização de Procedimentos: Procedimentos como toracocentese, drenagem torácica e pleurodese são realizados em ambiente hospitalar.

  4. Acompanhamento: Após o tratamento inicial, o acompanhamento regular com o especialista é fundamental para monitorar a evolução da doença de base e prevenir recorrências do derrame.

Dica Viva o SUS: O derrame pleural é frequentemente um sinal de outra doença. É crucial seguir todas as orientações médicas para investigar e tratar a causa raiz, além de aliviar os sintomas do derrame em si. A adesão ao tratamento da condição de base é fundamental para o controle a longo prazo.

Conclusão: Investigação e Cuidado Integral no SUS

O derrame pleural requer uma investigação cuidadosa para determinar sua causa e um plano de tratamento direcionado. O SUS oferece os recursos diagnósticos e terapêuticos necessários, desde exames de imagem e análise do líquido pleural até procedimentos invasivos e tratamento da doença de base. Ao buscar ajuda médica precocemente e seguir o acompanhamento proposto, os pacientes com derrame pleural podem obter alívio dos sintomas e tratamento adequado para a condição subjacente.

Referências:

  • Porcel, J. M. (2018). Pleural effusions: diagnosis and management. Archivos de Bronconeumología (English Edition), 54(7), 380-388.

  • Ministério da Saúde. (Informações sobre protocolos e diretrizes para doenças respiratórias e outras condições associadas ao derrame pleural podem ser encontradas na Biblioteca Virtual em Saúde e portais da CONITEC).

  • Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT). (Diretrizes e consensos sobre doenças pleurais).

  • Artigos de referência como "Derrame Pleural Parapneumônico: uma análise descritiva de pacientes pediátricos e proposta de protocolo de atendimento" (BVSMS) e informações de portais como Drauzio Varella e Hospital Albert Einstein.

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Este conteúdo é informativo e não substitui a consulta médica. Procure sempre um profissional de saúde.