Doença de Crohn no SUS: Diagnóstico e Tratamento Gratuito
Entenda a Doença de Crohn, como o SUS oferece diagnóstico, tratamento com medicamentos modernos e acompanhamento para melhorar sua qualidade de vida.
5/17/20256 min read


Doença de Crohn: Diagnóstico e Tratamento pelo SUS
A Doença de Crohn é uma condição crônica e inflamatória que afeta o trato gastrointestinal, podendo causar sintomas que impactam significativamente a qualidade de vida dos pacientes. Caracterizada por períodos de atividade e remissão, essa doença exige um diagnóstico preciso e um tratamento contínuo e especializado. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) desempenha um papel fundamental ao oferecer acesso a diversas etapas do cuidado, desde o diagnóstico até o tratamento com medicamentos de alta complexidade. Compreender como o SUS atua no manejo da Doença de Crohn é essencial para pacientes e seus familiares. Este guia completo visa desmistificar a doença, explicar seus sintomas, detalhar o processo de diagnóstico e apresentar as opções de tratamento disponíveis gratuitamente, com foco em como o paciente pode acessar esses serviços e garantir o melhor acompanhamento possível.
O Que é a Doença de Crohn?
A Doença de Crohn é uma das principais formas de Doença Inflamatória Intestinal (DII), ao lado da Retocolite Ulcerativa. É uma condição crônica que causa inflamação em qualquer parte do trato digestivo, da boca ao ânus, mas mais comumente afeta a parte final do intestino delgado (íleo) e o intestino grosso (cólon). A inflamação na Doença de Crohn é transmural, ou seja, atinge todas as camadas da parede intestinal, e pode ocorrer em segmentos descontínuos, deixando áreas saudáveis entre as áreas afetadas.
Causas e Fatores de Risco
A causa exata da Doença de Crohn ainda é desconhecida, mas acredita-se que seja uma combinação de fatores genéticos, ambientais e uma resposta imunológica desregulada. O sistema imunológico, que normalmente protege o corpo de invasores, ataca erroneamente as células saudáveis do trato digestivo, causando inflamação.
Genética: Pessoas com histórico familiar de Doença de Crohn têm maior risco de desenvolvê-la.
Sistema Imunológico: Uma resposta imune anormal pode desencadear a inflamação.
Fatores Ambientais: Fatores como tabagismo, dieta e uso de certos medicamentos (como anti-inflamatórios não esteroides) podem influenciar o desenvolvimento ou a exacerbação da doença.
Sintomas Comuns
Os sintomas da Doença de Crohn variam de pessoa para pessoa e dependem da parte do trato digestivo afetada e da gravidade da inflamação. Os mais comuns incluem:
Diarreia Crônica: Frequentemente com sangue, muco ou pus.
Dor Abdominal: Geralmente na parte inferior direita do abdômen, podendo ser intensa e persistente.
Perda de Peso e Anemia: Devido à má absorção de nutrientes e sangramento intestinal.
Fadiga: Cansaço extremo e persistente.
Febre: Em períodos de atividade da doença.
Complicações: Fístulas (conexões anormais entre partes do intestino ou para a pele), abscessos, estenoses (estreitamento do intestino) e fissuras anais.
É crucial procurar um médico ao primeiro sinal desses sintomas, pois o diagnóstico precoce e o tratamento adequado podem prevenir complicações graves.
Diagnóstico da Doença de Crohn pelo SUS
O diagnóstico da Doença de Crohn pode ser desafiador devido à variedade de sintomas e à semelhança com outras condições gastrointestinais. O SUS oferece uma série de exames e consultas para chegar a um diagnóstico preciso.
1. Primeiro Contato na Unidade Básica de Saúde (UBS)
O primeiro passo é sempre a UBS mais próxima de sua casa. O médico generalista ou enfermeiro fará uma avaliação inicial, coletará seu histórico de saúde e encaminhará para um especialista, geralmente um gastroenterologista.
2. Consulta com Gastroenterologista
O gastroenterologista é o especialista que acompanhará o caso. Ele solicitará exames específicos para confirmar o diagnóstico e avaliar a extensão da doença.
3. Exames Diagnósticos
O diagnóstico da Doença de Crohn é feito por uma combinação de exames:
Exames de Sangue: Podem indicar inflamação (PCR, VHS), anemia (hemograma completo) e deficiências nutricionais.
Exames de Fezes: Para descartar infecções e verificar a presença de sangue oculto ou marcadores inflamatórios (como calprotectina fecal).
Endoscopia Digestiva Alta e Colonoscopia com Biópsia: São os exames mais importantes. Permitem visualizar diretamente o revestimento do trato gastrointestinal e coletar pequenas amostras de tecido (biópsias) para análise laboratorial, confirmando a inflamação e suas características.
Exames de Imagem:
Enterografia por Ressonância Magnética ou Tomografia Computadorizada: Avaliam o intestino delgado, que muitas vezes não é alcançado pela colonoscopia, identificando inflamações, estenoses e fístulas.
Cápsula Endoscópica: Em alguns casos, uma pequena câmera em formato de cápsula é engolida para registrar imagens do intestino delgado.
Todos esses exames são oferecidos pelo SUS, mas podem ter filas de espera, dependendo da região e da urgência do caso.
Tratamento da Doença de Crohn pelo SUS
O tratamento da Doença de Crohn é complexo e individualizado, visando controlar a inflamação, aliviar os sintomas, prevenir complicações e melhorar a qualidade de vida. O SUS oferece uma abordagem multidisciplinar e acesso a uma gama de medicamentos, incluindo os mais modernos.
1. Abordagem Multidisciplinar
O tratamento envolve uma equipe de profissionais, incluindo gastroenterologistas, nutricionistas, psicólogos, enfermeiros e, em alguns casos, cirurgiões. O acompanhamento regular é fundamental.
2. Medicamentos
O SUS, por meio dos Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) do Ministério da Saúde, garante o acesso a diversos medicamentos para a Doença de Crohn. Os principais incluem:
Aminossalicilatos (5-ASA): Como a mesalazina, usados para inflamações leves a moderadas.
Corticosteroides: Como a prednisona, usados para controlar surtos agudos da doença, mas com uso limitado devido aos efeitos colaterais.
Imunomoduladores: Como azatioprina e metotrexato, que suprimem o sistema imunológico para reduzir a inflamação e manter a remissão.
Terapia Biológica: São medicamentos mais recentes e potentes, indicados para casos moderados a graves que não respondem aos tratamentos convencionais. O SUS incorporou diversos biológicos, como:
Infliximabe: Disponível também na formulação subcutânea para Doença de Crohn com fístula perianal.
Adalimumabe: Outro anti-TNF alfa amplamente utilizado.
Vedolizumabe: Incorporado ao SUS para tratamento da Doença de Crohn moderada a grave.
Ustequinumabe: Também disponível para casos moderados a graves, especialmente após falha de outras terapias.
O acesso a esses medicamentos de alto custo é feito via Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) do SUS, mediante apresentação de laudo médico, exames e preenchimento de formulários específicos.
3. Nutrição
Acompanhamento nutricional é crucial. O nutricionista do SUS pode ajudar a identificar alimentos que agravam os sintomas e a elaborar um plano alimentar que forneça os nutrientes necessários, especialmente em períodos de má absorção.
4. Cirurgia
Em alguns casos, a cirurgia pode ser necessária para tratar complicações como estenoses, fístulas ou abscessos, ou quando o tratamento medicamentoso não é eficaz. O SUS oferece esses procedimentos cirúrgicos.
Como Acessar o Tratamento da Doença de Crohn pelo SUS: Passo a Passo
Para acessar o tratamento completo da Doença de Crohn pelo SUS, siga estas etapas:
Procure a UBS: Seu primeiro contato deve ser com a Unidade Básica de Saúde para avaliação e encaminhamento.
Consulta com Especialista: Com o encaminhamento, você será agendado para um gastroenterologista em um ambulatório de especialidades ou hospital.
Realização dos Exames: O especialista solicitará os exames necessários para diagnóstico e acompanhamento.
Acesso aos Medicamentos: Uma vez diagnosticado e com a prescrição do gastroenterologista, você será orientado sobre como acessar os medicamentos. Para os biológicos e de alto custo, o processo envolve a abertura de um processo administrativo no Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF) da sua Secretaria de Saúde.
Acompanhamento Contínuo: Mantenha as consultas regulares com a equipe multidisciplinar e siga todas as orientações para o manejo da doença.
Vivendo com Doença de Crohn: Dicas e Apoio
Viver com Doença de Crohn exige adaptação e autocuidado. Além do tratamento médico, algumas dicas podem ajudar:
Adesão ao Tratamento: Siga rigorosamente as orientações médicas e use os medicamentos conforme prescrito.
Dieta Adequada: Trabalhe com um nutricionista para encontrar a dieta que melhor se adapta a você.
Controle do Estresse: O estresse pode desencadear ou agravar os sintomas. Técnicas de relaxamento e apoio psicológico podem ser muito úteis.
Não Fume: O tabagismo é um dos maiores fatores de risco para a Doença de Crohn e pode piorar a condição.
Grupos de Apoio: Conectar-se com outras pessoas que têm a doença pode oferecer suporte emocional e troca de experiências.
O SUS está em constante aprimoramento para oferecer o melhor cuidado possível aos pacientes com Doença de Crohn, incorporando novas tecnologias e medicamentos. Não desanime e busque sempre o apoio necessário.
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Referências:
Ministério da Saúde. Site Oficial. Acesso em: 01 de agosto de 2025.
CONITEC - Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS. Site Oficial. Acesso em: 01 de agosto de 2025.
GEDIIB - Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal do Brasil. Site Oficial. Acesso em: 01 de agosto de 2025.
Biblioteca Virtual em Saúde (BVS) do Ministério da Saúde. Site Oficial. Acesso em: 01 de agosto de 2025.
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