Colesterol Alto: Medicamentos Gratuitos (Estatinas e Fibratos) e Acompanhamento pelo SUS
Guia completo sobre Colesterol Alto (Dislipidemia): saiba como ter acesso aos medicamentos gratuitos (Sinvastatina, Atorvastatina, Fibratos) e entenda o fluxo de acompanhamento e exames pelo SUS para prevenir infarto e AVC.
11/8/20255 min read


Colesterol Alto: Medicamentos e Acompanhamento pelo SUS
O colesterol alto, clinicamente conhecido como dislipidemia, é uma condição de saúde que afeta milhões de brasileiros e representa um dos principais fatores de risco para doenças cardiovasculares graves, como infarto e Acidente Vascular Cerebral (AVC). Felizmente, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece um suporte completo para o diagnóstico, acompanhamento e tratamento medicamentoso dessa condição, garantindo que o cuidado seja acessível a todos.
Este guia detalhado explora como o SUS aborda o tratamento do colesterol alto, focando nos medicamentos essenciais que são disponibilizados gratuitamente e no fluxo de acompanhamento que o paciente deve seguir para manter a saúde cardiovascular em dia.
O Foco do Tratamento no SUS: Prevenção de Eventos Cardiovasculares
O tratamento da dislipidemia no SUS é guiado por um princípio fundamental: a prevenção de eventos cardiovasculares e pancreatite. O objetivo não é apenas normalizar os números do exame de sangue, mas sim reduzir o risco de complicações graves que comprometem a qualidade de vida e a longevidade do paciente.
Todo o protocolo de tratamento é estabelecido pelo Protocolo Clínico e Diretrizes Terapêuticas (PCDT) da Dislipidemia, um documento oficial do Ministério da Saúde que define os critérios de diagnóstico, tratamento e acompanhamento.
Primeira Linha de Ação: O Tratamento Não Medicamentoso
Antes de iniciar qualquer tratamento com medicamentos, o SUS preconiza a adoção de medidas não medicamentosas, que são a base para o controle do colesterol e triglicerídeos. O acompanhamento inicial é feito na Atenção Básica, nas Unidades Básicas de Saúde (UBS).
1. Terapia Nutricional
A orientação alimentar é o primeiro e mais importante passo. O paciente é aconselhado a:
Reduzir o Consumo de Gorduras Saturadas e Colesterol: Diminuir a ingestão de carnes gordurosas, laticínios integrais, embutidos e frituras.
Aumentar o Consumo de Fibras: Incluir mais frutas, vegetais, leguminosas e grãos integrais na dieta, pois as fibras ajudam a reduzir a absorção de colesterol.
Evitar Alimentos Ultraprocessados: Alimentos ricos em açúcares e gorduras trans, que contribuem para o aumento dos triglicerídeos.
2. Exercícios Físicos
A prática regular de exercícios físicos é essencial para o controle do peso, a melhora do perfil lipídico e a redução do risco cardiovascular global. O SUS incentiva a participação em grupos de atividade física e programas de promoção da saúde oferecidos nas UBS e nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF).
3. Cessação do Tabagismo
O tabagismo é um fator de risco cardiovascular extremamente elevado. O SUS oferece programas de tratamento do tabagismo que incluem acompanhamento profissional e, se necessário, medicamentos para auxiliar o paciente a parar de fumar.
O Tratamento Medicamentoso: Estatinas e Fibratos no SUS
Quando as mudanças no estilo de vida não são suficientes para atingir as metas de colesterol e o paciente apresenta um risco cardiovascular elevado, o tratamento medicamentoso é iniciado.
O SUS disponibiliza os principais medicamentos para o controle da dislipidemia, que são fornecidos gratuitamente nas farmácias da Atenção Básica ou através do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), as chamadas Farmácias de Alto Custo.
Estatinas: A Primeira Escolha
As estatinas são a classe de medicamentos mais utilizada e eficaz para reduzir o LDL-C (o "colesterol ruim"). Elas agem inibindo a produção de colesterol no fígado.
Os medicamentos dessa classe disponíveis no SUS incluem:
Sinvastatina: Disponível em diversas dosagens (10mg, 20mg e 40mg) e amplamente distribuída na Atenção Básica.
Pravastatina: Também disponível em dosagens variadas (10mg, 20mg e 40mg).
Atorvastatina: Fornecida em dosagens de 10mg, 20mg e 40mg, sendo frequentemente utilizada em pacientes com risco cardiovascular mais elevado.
Fibratos: Para Triglicerídeos Elevados
Os fibratos são a classe de medicamentos utilizada para reduzir os níveis de triglicerídeos e, em menor grau, aumentar o HDL-C (o "colesterol bom").
Os fibratos disponíveis no SUS são:
Genfibrozila: Fornecida em cápsulas de 300mg e 600mg.
Fenofibrato: Disponível em cápsulas de 200mg e comprimidos de liberação retardada de 250mg.
Outros Medicamentos
Em casos específicos, o SUS também pode fornecer outros medicamentos, como o Ácido Nicotínico (Niacina), que é utilizado para reduzir o LDL-C e os triglicerídeos, e a Colestiramina, que atua na redução da absorção de colesterol.
Critérios de Acesso aos Medicamentos de Alto Custo (CEAF)
O acesso a algumas estatinas em doses mais altas ou a outros medicamentos de segunda linha é feito através do Componente Especializado da Assistência Farmacêutica (CEAF), as Farmácias de Alto Custo. Para ter acesso, o paciente deve se enquadrar nos critérios rigorosos estabelecidos pelo PCDT.
Os principais critérios de inclusão para o tratamento medicamentoso são:
Risco Cardiovascular Elevado: Pacientes que já tiveram um evento cardiovascular (como infarto ou AVC) ou que possuem um risco muito alto de ter, conforme avaliação médica e escores de risco.
Doenças Crônicas Associadas: Pacientes com diabetes mellitus, hipertensão arterial sistêmica ou doença arterial coronariana precoce.
Hipercolesterolemia Familiar: Casos de colesterol alto de origem genética, que exigem tratamento mais agressivo.
O médico da Atenção Básica ou o especialista (cardiologista ou endocrinologista) é quem preenche o Laudo de Solicitação, Avaliação e Autorização de Medicamentos (LME), que deve ser acompanhado de exames e relatórios médicos que comprovem a necessidade do tratamento.
O Fluxo de Acompanhamento no SUS
O tratamento do colesterol alto é de longo prazo e exige acompanhamento contínuo para garantir a eficácia e a segurança dos medicamentos.
1. Atenção Básica (UBS)
A UBS é a porta de entrada e o principal ponto de acompanhamento. O médico da família e a equipe de saúde são responsáveis por:
Diagnóstico e Rastreamento: Solicitação do exame de perfil lipídico (colesterol total, HDL-C, LDL-C e triglicerídeos).
Início do Tratamento: Prescrição das estatinas de primeira linha e orientação sobre o tratamento não medicamentoso.
Monitoramento: Solicitação de exames de acompanhamento (perfil lipídico, função hepática e CPK) para monitorar a resposta ao tratamento e possíveis efeitos colaterais.
2. Atenção Especializada
Em casos mais complexos, como hipercolesterolemia familiar, dislipidemia refratária ao tratamento inicial ou pacientes com alto risco cardiovascular, o paciente é encaminhado para a Atenção Especializada, onde será acompanhado por um cardiologista ou endocrinologista.
O especialista irá ajustar a medicação, solicitar exames mais específicos e auxiliar no preenchimento do LME para acesso aos medicamentos de alto custo.
3. Exames de Monitoramento
O uso de estatinas exige o monitoramento de enzimas hepáticas (transaminases) e musculares (CPK), pois, em casos raros, podem causar lesões no fígado ou nos músculos. O SUS garante a realização desses exames periodicamente, conforme a necessidade clínica.
A Importância da Adesão ao Tratamento
O sucesso no controle do colesterol alto depende diretamente da adesão do paciente ao tratamento, tanto medicamentoso quanto não medicamentoso.
A interrupção da medicação ou o abandono das mudanças no estilo de vida podem levar ao aumento dos níveis de colesterol e, consequentemente, ao aumento do risco de eventos cardiovasculares.
O SUS, ao fornecer os medicamentos gratuitamente e garantir o acompanhamento contínuo, oferece todas as ferramentas necessárias para que o paciente mantenha a sua saúde cardiovascular protegida. É fundamental que o paciente utilize a rede de saúde, tire suas dúvidas e siga rigorosamente as orientações médicas.
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