Bronquiolite: Como o SUS Oferece Tratamento e Prevenção para Bebês

Entenda a bronquiolite, seus sintomas e como o SUS oferece diagnóstico, tratamento de suporte e medidas de prevenção, incluindo a nova vacina para bebês.

8/20/20257 min read

Bronquiolite pelo SUS: Diagnóstico, Tratamento e Prevenção

A bronquiolite é uma infecção respiratória comum que afeta principalmente bebês e crianças pequenas, especialmente nos primeiros dois anos de vida. Embora muitas vezes seja confundida com um resfriado comum, a bronquiolite pode ser grave e levar à hospitalização, pois causa inflamação e inchaço nas pequenas vias aéreas dos pulmões, chamadas bronquíolos, dificultando a respiração. O Vírus Sincicial Respiratório (VSR) é o principal agente causador, responsável pela maioria dos casos. Diante da importância dessa doença para a saúde infantil, o Sistema Único de Saúde (SUS) oferece todo o suporte necessário para o diagnóstico, tratamento e, mais recentemente, medidas de prevenção, garantindo que as famílias brasileiras tenham acesso aos cuidados essenciais para seus filhos.

O que é Bronquiolite e Como Ela Afeta os Pulmões dos Bebês?

A bronquiolite é uma infecção viral aguda que atinge as vias aéreas inferiores, especificamente os bronquíolos, que são os menores tubos dentro dos pulmões. Quando um vírus, como o VSR, infecta essas vias, ele causa uma inflamação intensa, levando ao inchaço da parede dos bronquíolos e ao aumento da produção de muco. Esse processo resulta no estreitamento e, em alguns casos, na obstrução dessas pequenas passagens de ar, dificultando a respiração do bebê.

Principais Causas e Período de Maior Incidência:

  • Vírus Sincicial Respiratório (VSR): É o grande vilão da bronquiolite, responsável por cerca de 70% a 80% dos casos.

  • Outros Vírus: Rinovírus, adenovírus, influenza e parainfluenza também podem causar bronquiolite.

  • Período de Incidência: A doença é mais comum nos meses de outono e inverno, quando há maior circulação de vírus respiratórios.

Quem Está em Maior Risco?

Embora qualquer bebê possa contrair bronquiolite, alguns grupos são mais vulneráveis a desenvolver formas graves da doença:

  • Bebês prematuros (nascidos antes de 37 semanas de gestação).

  • Bebês com doenças cardíacas congênitas.

  • Bebês com doenças pulmonares crônicas (como displasia broncopulmonar).

  • Bebês com imunodeficiência.

  • Bebês com menos de 6 meses de idade.

  • Bebês expostos à fumaça do cigarro.

Sintomas da Bronquiolite: Quando Procurar Ajuda no SUS

Os sintomas da bronquiolite geralmente começam como um resfriado comum, com coriza, tosse leve e febre baixa. No entanto, após alguns dias, os sintomas podem piorar e evoluir para um quadro respiratório mais grave.

Sinais de Alerta que Exigem Atenção Médica Imediata:

  • Dificuldade para Respirar: Respiração rápida e ofegante, com a criança fazendo esforço para puxar o ar (narinas dilatadas, retração da pele entre as costelas ou abaixo do pescoço).

  • Chiado no Peito: Um som sibilante ao respirar, semelhante a um "gatinho miando".

  • Tosse Persistente e Intensa: Que pode dificultar a alimentação e o sono.

  • Irritabilidade ou Sonolência Excessiva: O bebê pode parecer muito cansado ou apático.

  • Dificuldade para Mamá ou se Alimentar: Devido ao esforço para respirar.

  • Lábios ou Pontas dos Dedos Azulados (Cianose): Sinal de falta de oxigênio, uma emergência médica.

  • Febre Alta e Persistente.

Ao observar qualquer um desses sinais, procure imediatamente uma Unidade Básica de Saúde (UBS), uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) ou um pronto-socorro do SUS. O diagnóstico precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações.

Diagnóstico da Bronquiolite pelo SUS:

O diagnóstico da bronquiolite é essencialmente clínico, ou seja, baseado na avaliação dos sintomas e no exame físico realizado pelo médico. Exames complementares são solicitados apenas em casos específicos ou para descartar outras condições.

Como o Diagnóstico é Realizado no SUS:

  1. Consulta Médica: O médico (pediatra ou clínico geral) irá perguntar sobre os sintomas, o histórico de saúde do bebê e realizar um exame físico detalhado, auscultando os pulmões para identificar chiados e a frequência respiratória.

  2. Oximetria de Pulso: É um exame simples e não invasivo que mede a saturação de oxigênio no sangue. É fundamental para avaliar a gravidade da condição respiratória do bebê.

  3. Radiografia de Tórax: Geralmente não é necessária para o diagnóstico de bronquiolite, mas pode ser solicitada em casos de dúvida diagnóstica, para descartar pneumonia ou outras complicações.

  4. Testes para VSR (Vírus Sincicial Respiratório): Em alguns hospitais e laboratórios do SUS, é possível realizar testes rápidos para identificar a presença do VSR em secreções nasais, o que pode ajudar no manejo da doença e no controle de infecções em ambientes hospitalares.

Tratamento da Bronquiolite pelo SUS: Suporte e Cuidados Essenciais

O tratamento da bronquiolite é principalmente de suporte, pois, sendo uma infecção viral, não há um medicamento específico para combater o vírus. O objetivo é aliviar os sintomas, garantir a hidratação e a oxigenação do bebê, e prevenir complicações. A maioria dos casos pode ser tratada em casa, com orientações médicas, mas casos mais graves podem exigir internação hospitalar.

Tratamento Domiciliar (para casos leves a moderados):

Se o médico indicar tratamento em casa, as orientações do SUS incluem:

  • Hidratação Adequada: Oferecer líquidos frequentemente (leite materno, fórmula, água) para evitar a desidratação, que pode piorar o quadro respiratório.

  • Controle da Febre: Utilizar antitérmicos (paracetamol ou ibuprofeno, conforme orientação médica) para controlar a febre e o desconforto.

  • Desobstrução Nasal: Lavar as narinas do bebê com soro fisiológico várias vezes ao dia para facilitar a respiração e a alimentação. Isso é crucial, pois bebês respiram predominantemente pelo nariz.

  • Ambiente Arejado: Manter o ambiente limpo e arejado, livre de fumaça de cigarro e poeira.

  • Elevação da Cabeceira: Elevar a cabeceira do berço ou da cama do bebê pode ajudar a aliviar o desconforto respiratório.

Tratamento Hospitalar (para casos graves):

Em situações mais graves, o bebê pode precisar de internação hospitalar para receber suporte mais intensivo. O SUS oferece toda a estrutura para isso:

  • Suplementação de Oxigênio: Administrado por cateter nasal ou máscara, para garantir níveis adequados de oxigênio no sangue.

  • Hidratação Endovenosa: Se o bebê não conseguir se hidratar pela boca.

  • Aspiração de Secreções: Para desobstruir as vias aéreas.

  • Ventilação Mecânica (em casos extremos): Em situações de insuficiência respiratória grave, o bebê pode precisar de suporte ventilatório.

  • Medicamentos: Embora não haja um antiviral específico para o VSR, em alguns casos, broncodilatadores (como salbutamol) podem ser testados para ver se há melhora, mas seu uso é controverso e não é rotineiramente recomendado para todos os casos de bronquiolite. Corticosteroides também não são indicados para a maioria dos casos.

Prevenção da Bronquiolite pelo SUS: Novas Esperanças

A prevenção é a melhor estratégia para combater a bronquiolite, especialmente em bebês de alto risco. O SUS tem avançado significativamente nessa área, incorporando novas tecnologias e reforçando medidas de higiene.

Medidas Gerais de Prevenção:

  • Higiene das Mãos: Lavar as mãos frequentemente com água e sabão ou usar álcool em gel, especialmente antes de tocar no bebê.

  • Evitar Aglomerações: Nos períodos de maior circulação de vírus, evitar levar bebês a locais com muitas pessoas.

  • Evitar Contato com Pessoas Doentes: Pedir para que pessoas com sintomas de resfriado ou gripe evitem contato próximo com o bebê.

  • Não Fumar Próximo ao Bebê: A fumaça do cigarro é um irritante pulmonar e aumenta o risco de bronquiolite e outras doenças respiratórias.

  • Amamentação: O leite materno oferece anticorpos que protegem o bebê contra infecções.

Imunização e Profilaxia pelo SUS:

O SUS oferece importantes ferramentas para proteger os bebês contra a bronquiolite grave:

  • Palivizumabe: É um anticorpo monoclonal que oferece proteção passiva contra o VSR. É indicado para bebês de alto risco, como prematuros extremos (nascidos com idade gestacional igual ou inferior a 28 semanas e 6 dias), bebês com doença pulmonar crônica da prematuridade e bebês com cardiopatia congênita com repercussão hemodinâmica. A aplicação é mensal durante o período de maior circulação do VSR (geralmente de abril a agosto, dependendo da região). O acesso ao Palivizumabe é feito em centros de referência do SUS, mediante avaliação e critérios específicos.

  • Nova Vacina contra o VSR (Abrysvo): Uma grande novidade incorporada ao SUS em 2024 é a vacina Abrysvo, que será administrada em gestantes (entre a 24ª e a 36ª semana de gestação). Ao ser vacinada, a mãe produz anticorpos que são transferidos para o bebê através da placenta, oferecendo proteção contra o VSR nos primeiros meses de vida, período de maior vulnerabilidade. Esta vacina representa um avanço significativo na prevenção da bronquiolite grave em recém-nascidos.

A Importância do SUS na Saúde Infantil:

O SUS é essencial para garantir que todas as crianças brasileiras tenham acesso a um tratamento de qualidade para a bronquiolite, desde o diagnóstico até as medidas de prevenção mais avançadas. A rede de atenção primária, os hospitais e a disponibilidade de medicamentos e imunobiológicos gratuitos são pilares que salvam vidas e promovem a saúde de nossos pequenos cidadãos. A informação e o acesso a esses serviços são direitos que devem ser amplamente divulgados.

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Referências: